(comentários ulteriores, agregados abaixo, in fine)
2999. “Auge e
declínio do lulopetismo diplomático: um depoimento pessoal”, Brasília, 22 junho
2016, 18 p.; revisto: 26/06/2016: 19 p. Artigo elaborado para a seção “Contribuição
Especial” da Mural Internacional, revista
eletrônica semestral do Programa de Pós-Graduação em Relações Internacionais da
Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ; site: http://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/muralinternacional/index;
ISSN: e-ISSN: 2177-7314 (2010);
ISSN: 2446-6182 (2015); Qualis: B2),
com base nos trabalhos 2655, 2840, 2841 e 2964. Antecipado no blog Diplomatizzando (23/06/2016; link: http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2016/06/auge-e-declinio-do-lulopetismo.html);
disponível na plataforma Academia.edu (link: https://www.academia.edu/s/c46f707fd7?source=link)
e em Research Gate (link: https://www.researchgate.net/publication/304351768_Auge_e_declinio_do_lulopetismo_diplomatico_um_depoimento_pessoal?ev=prf_pub).
os comentários que reproduzo abaixo seguidos de meus próprios comentários em resposta. Quero agradecer mais uma vez todos os que se dispuseram a ler meu depoimento pessoal, o primeiro feito depois de treze anos e meio de bizarrices lulopetistas na frente externa, mas que ainda não estão totalmente esclarecidas documentalmente (aliás, um aspecto problemático, pois o que mais falta, justamente, nessas loucuras cometidas na frente externa, são documentos comprobatórios de determinadas decisões tomadas, um problema tanto para os historiadores do futuro, que se ocuparem da nossa política externa, como, faço este paralelo, para os policiais do presente que precisam investigar determinados crimes cometidos contra o país pelos mafiosos do partido neobolchevique e que se deparam com laranjas, contas em paraísos fiscais, personagens misteriosos, etc.).
Espero poder contribuir, no futuro, para o esclarecimento de alguns episódios obscuros da diplomacia partidária (e sectária) conduzida pelos lulopetistas desde 2003.
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 29 de junho de 2016
Pedro Scuro Neto
5 hrs ago
5 hrs ago
O texto ainda é - segundo seu autor - parte de um relato ou obra ainda por fazer. Até aqui foi um depoimento vibrante, sensível, mas eivado de adjetivos que nos impedem reconhecer com rigor o "projeto político integral" do tal "lulopetismo". É difícil dizer, mas à primeira vista parece que o principal obstáculo à realização da tarefa do Professor Paulo Roberto pode ser o foco excessivo na "base" (pp. 16-17) "presente em praticamente todos os cursos de relações internacionais" das faculdades brasileiras; "base" a garantir a reprodução do "mito lulopetista diplomático". Se conseguir se livrar desse espantalho, o resultado do esforço do Professor certamente será alvissareiro.
Paulo Roberto de Almeida
34 mins ago
34 mins ago
Grato pelo comentário e concordo inteiramente. Existem aqui dois aspectos. Num texto destinado a uma revista digital, como primeiro texto de uma "Colaboração especial", eu não poderia, sob risco de ultrapassar qualquer critério de razoabilidade, estender-me nas justificativas factuais e empíricas de cada julgamente meu, daí o excesso de adjetivos. As fundamentações estão em outros textos, notadamente em meu livro Nunca Antes na Diplomacia (2014), mas poderão, e deverão vir, em novos depoimentos bem mais extensos, e com apoio documental, o que eu não poderia ter feito agora, por falta de tempo e de espaço. Por outro lado, como expliquei, não considero que a "extirpação" dos mafiosos neobolcheviques do poder tenha a capacidade de afetar corações e mentes dos true believers da academia, que continuam convencidos das virtudes em geral do lulopetismo, e em especial de sua vertente supostamente soberana e altiva na política externa, daí a minha crença na continuidade do apoio a esse lulopetismo diplomático, mesmo quando ele não subsistir mais no plano oficial. Ele só deixará de existir quando os professores que acreditam em suas virtudes forem convencidos de que ele foi nefasto para o país, o que vai ser difícil, pois essas crenças esquerdistas no anti-imperialismo primário do lulismo, no nacionalismo rastaquera, no estatismo exacerbado vão continuar por muito tempo entre nós, sobretudo entre os que eu chamo de gramscianos de academia, os mais infensos a qualquer crítica dos anos passados (inclusive porque continuam, contra todas as evidências de crimes, a apoiar os mafiosos afastados temporariamente do poder). Grato de toda forma. Vou levar em conta esses aspectos.
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Aproveite para também levar em conta Lord Bertrand Russell: "Diante de um problema, prático ou teórico, mantenha o foco nos fatos e na verdade que eles expressam. Não se desvie em nome da sua própria verdade nem do que acha que, do seu jeito, seria melhor. Busque única e exclusivamente os fatos".
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Pedro Scuro Neto
9 hrs ago
9 hrs ago
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Ricardo Velez-Rodriguez
16 hrs ago
16 hrs ago
O magnífico e corajoso depoimento do diplomata Paulo Roberto de Almeida é de capital importância para compreendermos duas coisas: 1) Como as Relações Exteriores do Brasil foram administradas pelos petistas. 2) De que forma Lula tentou cooptar o Itamaraty para sua política pessoal e corrupta.
Quanto ao primeiro aspecto, fica claro, a partir do depoimento que ora comento, que Lula criou uma forma nova de compreensão das nossas relações exteriores: não a partir da tradição secular do Itamaraty, mas a partir dos interesses do PT e do próprio Lula.
Como não havia uma elite diplomática identificada cem por cento com a pretensão lulista, o presidente petralha criou a sua linha própria de atuação "enxertando" no corpo diplomático diplomatas "ad hoc", caso do Chanceler de fato para a América Latina, Marco Aurélio Garcia.
Quanto ao segundo aspecto, Lula tentou cooptar o Itamaraty mediante o processo tradicional lulopetralha aprendido com os cubanos: simplesmente amedrontar diplomatas da velha guarda para que não atrapalhassem os seus "avanços democráticos". Conheço, de amigos diplomatas, depoimentos bastante cruéis. Com o correr dos anos, esses fatos virão à luz do dia. Mas o depoimento de Paulo Roberto de Almeida arroja já bastante luz sobre esse tipo de cooptação.
Os petralhas, é claro, não sumirão do panorama da nossa diplomacia. Por ora submergirão em águas profundas, como o seu grande líder costuma fazer. Mas voltarão a atrapalhar. No entanto, a conclusão que posso tirar do depoimento de Paulo Roberto de Almeida é claro: O Itamaraty vive e pode fazer florir, novamente, a sua respeitável tradição de serviço sério e dedicado aos interesses do Brasil, não apenas às propostas tacanhas de um partido que tentou sindicalizar o Brasil.
Paulo Roberto de Almeida
28 mins ago
28 mins ago
Muito grato, meu caro Ricardo, e agradeço sinceramente seu reforço. Veja, acima, a resposta que dei a meu colega sociólogo Pedro Scuro, que formulou uma crítica justa sobre o excesso de adjetivos em meu texto, pelo fato de que numa "Colaboração Especial" a um boletim universitário eu não tinha espaço para fundamentar cada um dos meus argumentos, do contrário o texto triplicaria de tamanho. Mas, sendo justamente um texto destinado a uma universidade supostamente repleta de gramscianos de academia, meus argumentos foram deliberadamente fortes e provocadores, para suscitar, ou reações contrárias, e assim iniciar um debate, ou simplesmente destinados a "chocar" os mais jovens, que os confrontarão às bobagens repetidas pelos seus professores sobre a tal de diplomacia "ativa e altiva". Não quis aprofundar as críticas aos aspectos verdadeiramente criminosos dessa política por motivos táticos, inclusive porque estando fora do Itamaraty até o momento, não tive oportunidade de compulsar documentos e verificar arquivos, para saber como se desenvolveram certos episódios ainda obscuros desses anos negros de nossa diplomacia. Mas eu o farei um dia, se preciso for passando dias e dias nos arquivos confidenciais. O abraço do Paulo Roberto de Almeida .
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Mario Roberto Branco
4 days ago
4 days ago
Corajoso, Paulo Roberto de Almeida, no mínimo corajoso. Estive envolvido (indiretamente) com o Itamaraty nos últimos 25 anos, sempre às voltas com as negociações do Mercosul. Seu depoimento, da forma como analisa os acontecimentos, me fez perceber com clareza que foi exatamente a atuação lulopetista que não permitiu que o acordo com a União Europeia - longe de ser a panaceia salvadora do comércio exterior brasileiro, mas de grande importância para manter os fluxos de comércio e de investimentos entre as duas regiões, com reflexos altamente positivos para a economia brasileira - até recentemente. Agora, se tem a esperança de que as negociações sejam verdadeiramente retomadas, salvo pelo recentíssimo "Brexit". Quanto terá sido o prejuízo causado ao Brasil, pela atuação lulopetista nesse aspecto comercial? E em outras frentes, como a ALCA, por exemplo?
Paulo Roberto de Almeida
3 days ago
3 days ago
Grato pelos seus comentários meu caro Mario Roberto Branco, e concordo com você em que a diplomacia lulopetista foi no mínimo desconectada da realidade, mas não acredito muito em qualquer acordo com a UE, a não ser um muito inócuo. A Alca seria um grande desafio ao Brasil, mas não o monstro pintado pelos petistas, e até significaria bem mais investimentos recebidos pelo Brasil do que propriamente acesso ampliado a nossos produtos agrícolas, que não viria com facilidade, como sabemos, mas não acredito que por isso teria sido totalmente negativo esse hipotético acordo. Ficamos de fora de qualquer acordo significativo com os aloprados lulopetistas.
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Francisco Júnior
4 days ago
4 days ago
Creio que o lulismo extrapolou a identidade do Brasil como um agente passivo quando se tratou da diplomacia com os países aliados politicamente, e se mostrou fora do habitual ao tentar se tornar mais agressivo e destoante na história da política externa do país. Lembro-me da diplomacia dos não-aliados e o multilateralismo que marcava um caráter de abertura e cooperação com os países. Deturpou-se isso durante o governo petista e desconstruiu quase toda identidade e personalidade da diplomacia brasileira. O Brasil parece ter subido com muitos esforços ao topo e caiu na arrogância ideológica de um partido o levando ao mais fundo poço do complexo de colônia. Espera-se um renascimento genuíno.
Paulo Roberto de Almeida
3 days ago
3 days ago
Muito grato meu caro Francisco Júnior, seus comentários sinceros e ponderados me gratificam em meu trabalho solitário de testemunhar como diplomata sobre aspectos cruciais de nossa política externa.
E um agradecimento anterior, embora genérico, que eu havia feito a pequenos comentários sobre o mesmo texto:
Paulo Roberto de Almeida
3 days ago
3 days ago
Meus agradecimentos a todos os que já comentaram este meu texto, e a todos os que se inscreveram para fazê-lo, mas gostaria de alertar, e de explicar, que este constitui apenas uma pequena parte de um depoimento muito maior, ou de uma história completa, que ainda tenho a dizer ou escrever, relatando tudo o que sei sobre os anos "loucos", quando não destrambelhados, do chamado lulopetismo diplomático, algo que, a rigor, não existe, pois os companheiros são tão ineptos e ignorantes que jamais poderiam ter concebido, desenvolvido e implementado algo tão complexo quanto uma política externa de um grande país como o Brasil, ou administrado uma diplomacia profissional como a do Itamaraty, se não contassem com certas competências internas sobre as quais será preciso também discorrer. No seu devido tempo...
Não, não é o fim, pois recebi estes novos comentários, que agrego aqui, em 30/06/2016:
Rogério de Souza Farias
23 hrs ago
23 hrs ago
Não teria muito a contribuir nesse debate, pois estou afastado dos problemas de ordem mais contemporânea. Talvez tenha sido uma leitura equivocada do texto, mas fica a impressão de esse "projeto político" ter sido algo definido de forma mais formal do que realmente o foi. Até que ponto esse "projeto" não é simplesmente uma forma de organizarmos analiticamente um dado período e a resultante da ação de um governo?
Os que atuaram na Esplanada sabem que, na pressão do cotidiano, é muito difícil todos os atores arregimentarem uma visão comum e estratégica, definirem funções táticas e agirem de acordo com rotas pré-determinadas. Tenho, portanto, certa resistência ao trabalhar nesses termos.
Talvez o mais importante desse texto seja não a questão dos "fins" propriamente ditos, mas a disjunção entre objetivos e resultados (principalmente a partir da página 13). Peco muito por ser condescendente, mas acredito que muitos objetivos não poderiam ser realizados só pela atuação do Brasil, daí a avaliação necessariamente passar pelo estudo das forças externas. A ALCA, por exemplo, no final de 2003, já sofria resistências irremediáveis. O fato de o Brasil ter engavetado não necessariamente indica que o país teria ganhos caso mantivesse uma atitude mais proativa e engajada.
Isso vale para outros casos. O assento no Conselho de Segurança é digno de nota. Foi um objetivo ambicioso, mas não se estudou devidamente o custo de oportunidade da máquina diplomática envolvido em uma campanha. Aqui vale lembrar as percucientes palavras do saudoso Luiz Felipe Lampreia, na década de 1990, quando se levantou a questão. Para ele, era relevante um assento como um meio de exercer influência no sistema internacional. Contudo, isso não poderia subordinar interesses vitais do país. Por isso, afirmou: "Mas não subordinaremos a nossa política externa a esse objetivo, nem deixaremos que ele afete adversamente as prioridades da nossa ação internacional."
Deve-se calibrar meios e fins e não cair na tragédia comum de transformar os primeiros nos segundos.
Paulo Roberto de Almeida
< 1 min ago
< 1 min ago
Agradeço ao Rogerio Farias ter levantado pontos tão importantes da minha análise, certamente subjetiva, por ser um depoimento quase de um observador externo, uma vez que não me encontrava exercendo cargos na SERE durante todo o período (mas me informava regularmente com os colegas sobre o que se passava em cada área, interrogando-os cada vez que tinha a oportunidade, recolhendo, para certas perguntas, silêncios embaraçosos). Em todo caso, sempre soube ler nas entrelinhas e saber o que se passava nos bastidores da diplomacia (não da ação de certos personagens, envolta em mistérios convenientes).
O problema com a atitude dos companheiros em relação à ALCA não é o da equação de lucros e perdas com a sua hipotética implantação e os possíveis desafios a certos setores industriais do Brasil postos em confronto com uma suposta competitividade superior da indústria americana (o que tampouco é correto para todos os setores), ou com o moderado acesso, ou extremamente limitado, aos mercados agrícolas dos EUA, fortemente protegidos ou subsidiados. O problema esteve em que eles partiram, desde o início, de uma oposição ideológica à ALCA, que seria, segundo Lula, um "projeto de anexação" da AL pelo império e não um projeto de integração (o que ela nunca foi, pois era apenas um projeto de acordo de livre comércio, ainda que reforçado, sem pretender entrar em qualquer esforço integracionista mais elaborado, a não ser pela abertura de mercados. Ou seja, eles NUNCA conduziram estudos isentos, econômicos, de simulação dos intercâmbios, de competitividade setorial, para recusar a ALCA, e sim já tinham como projeto, desde o início, destrui-la, o que conseguiram, para maior frustração dos demais países, que se engajaram na via dos acordos minilaterais ou bilaterais, e para maior prejuizo do Brasil e do Mercosul, que ficaram a ver navios, ou a chupar o dedo, sem qualquer acordo significativo.
Quanto ao CSNU, o problema é diferente, mas também quase ideológico: os diplomatas, que tinham essa obsessão, conseguiram convencer o Lula que valia a pena engajar esforços nessa linha, e só conseguiram acirrar ainda mais a oposição da Argentina, e de outros parceiros regionais (Colombia, México desde sempre, mas mesmo outros maiores, inclusive o Chávez, suposto aliado), e de dificultar as coisas inclusive no plano mundial (pois ficamos aliados ao Japão, que tinha e tem a formidável oposição da China, e à Alemanha, que tem a oposição da Itália, e até da Espanha, nesse jogo). O único a opor-se à Índia, com mais vigor, é o Paquistão (além da própria China), mas conseguimos fazer com que o Paquistão assinasse uma nota contra nossas pretensões COM a Argentina! Ou seja, a incompetência de Diplomatas e de Companheiros foi monumental nesse caso. Nem preciso mencionar a destruição, insisto na DESTRUIÇÃO, do Mercosul, e nas inúmeras contradições que marcaram nossa montagem do G20 comercial para as negociações da Rodada Doha.
Em tudo e quase tudo, a diplomacia companheira foi um desastre total para o Brasil, embora nem políticos, nem diplomatas estão prontos a reconhecer isso.
Grato Rogério, pela oportunidade de debater.
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 30/06/2016
Paulo Roberto de Almeida
5 days ago
5 days ago
Meus agradecimentos a todos os que já comentaram este meu texto, e a todos os que se inscreveram para fazê-lo, mas gostaria de alertar, e de explicar, que este constitui apenas uma pequena parte de um depoimento muito maior, ou de uma história completa, que ainda tenho a dizer ou escrever, relatando tudo o que sei sobre os anos "loucos", quando não destrambelhados, do chamado lulopetismo diplomático, algo que, a rigor, não existe, pois os companheiros são tão ineptos e ignorantes que jamais poderiam ter concebido, desenvolvido e implementado algo tão complexo quanto uma política externa de um grande país como o Brasil, ou administrado uma diplomacia profissional como a do Itamaraty, se não contassem com certas competências internas sobre as quais será preciso também discorrer. No seu devido tempo...
Rogério de Souza Farias
23 hrs ago
23 hrs ago
Sim, uma memória será certamente importante. Um registro para o futuro.
Paulo Roberto de Almeida
< 1 min ago
< 1 min ago
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