Este texto, elaborado pouco tempo depois da minha volta ao Brasil, no final de 2015, mais exatamente em janeiro de 2016, tinha ficado inédito desde então, e assim permaneceu nos últimos cinco meses, pois estávamos na agonia do regime companheiro.
Eu tinha esquecido completamente dessas reflexões subjetivas, feitas sem maiores cuidados num momento de nova instalação em Brasília, e teriam permanecido inéditas se, por acaso, eu não repassasse ao acaso minha relação de trabalhos do corrente ano.
Creio que agora já não possuem novidade para ninguém, em face do verdadeiro descalabro que descobrimos ter sido o regime criminoso, imoral, vergonhoso do lulopetismo, quando revelações e mais revelações são feitas sobre os anos e anos de corrupção e de roubalheiras generalizadas, de degradação moral, sob o domínio do partido neobolchevique, e mafioso, que pretendia monopolizar o poder no Brasil.
Mas cabe registrar minhas impressões de corpo presente, num momento em que eu me incorporava ao trabalho no Brasil (ainda não feito totalmente).
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 5 de junho de 2016
A deterioração institucional da administração pública
na era dos companheiros: observações subjetivas
Paulo Roberto de Almeida
Eu sempre considerei, desde o início
da era Lula, que haveria uma deterioração das instituições e da qualidade das
políticas públicas, observando o amadorismo, ou a ignorância crassa dos apparatchiks e militantes de baixa
extração que foram “transportados” (esse é o termo) para Brasília, para assumir
cargos nos vários escalões dos ministérios e de todas as demais agências
públicas. Tendo acompanhado, mesmo à distância (pois estava em Washington) o
trabalho da equipe de transição instalada no Centro Cultural Banco do Brasil
entre outubro e dezembro, sob a égide da lei de meados de 2002 de FHC sobre a
transição entre mandatos presidenciais, eu logo percebi que tudo aquilo era
figuração, que o resultado seria simplesmente jogado nas gavetas e esquecido, e
que os acadêmicos gramscianos que trabalharam nesse grande teatro de enganação
não seriam levados para o governo, pois o Grão-Vizir (JD) não os queria; esse
pessoalzinho da academia acha que sabe mais que os militantes e os
sindicalistas, e tendem a pensar com suas próprias cabeças, e portanto não
serviam para os fins pretendidos, que era ter um exército de robôs
disciplinados, pagantes, que jamais iriam contestar qualquer ordem dos apparatchiks dirigentes. Os militantes
de “chinelo de dedo” do interior, como eu os chamo, vieram deslumbrados a Brasília,
de modestas prefeituras do interior, ou das máquinas partidárias dos Estados, e
se contentaram com os DASs, em pagar não só o dízimo do partido e a cota
percentual dos cargos de confiança (nunca se calculou quanto o partido
arrebanhou com esses milhares de militantes devotados incrustados na máquina do
Estado), mas obedeciam cegamente qualquer coisa.
Encontrei muitos nos restaurantes de
Brasília, esbanjando o dinheiro fácil que ganhavam sem muito esforço em toda a
esplanada.
Mal eu sabia então (estou falando de
meados dos anos 2000) que a coisa se multiplicaria.
Agora, depois de anos fora do Brasil,
quando circulo por Brasília, e entro em escritórios de luxo, por outros motivos,
em todos eles, quando não em prédios exclusivos, também de luxo, ou construídos
expressamente para essa finalidade, encontro invariavelmente um, ou mais, as
insígnias metálicas dos muitos tentáculos da enorme, gigantesca, administração
pública, milhares de “Aspones” que se multiplicaram como coelhos ou como os
mosquitos Aedes Egipty, e que pululam em todas as direções dos dois grandes
eixos de Brasília. Eles estão em todas as partes, e parece que continuam a se
multiplicar…
O próprio MRE inchou, talvez justificadamente,
de mais ou menos 800 diplomatas antes da era do Nunca Antes, para mais de 1.400
atualmente. Também foi afetado pela doença de pele das cotas raciais e do
feminismo rastaquera, que longe de ser uma modernização natural foi feita a
golpes de martelo pela militância diplomática (sim, também temos alguns
bolivarianos no Itamaraty, ainda que a maioria seja simplesmente oportunista e
carreirista, como soe acontecer).
O Estado obeso não é uma figura de
estilo, mas uma realidade terrível, e o mandarinato sabe como aumentar seus
ganhos, pela pressão, pela chantagem, pela esperteza, a começar pela
magistratura e por todas as corporações fascistas que existem de forma mais ou
menos organizada nessa selva burocrática autista, entrópica e autossuficiente
(mas nunca satisfeita).
A sociedade brasileira vai
pagar muito caro, durante anos a fio, pela expansão tentacular do Estado
iniciada por Vargas, continuada pelo regime militar, parcialmente revertida sob
Collor e FHC, e aumentada espetacularmente, irracionalmente, escandalosamente
pelos neobolcheviques totalitários que nos governam.
Brasília, 21 de janeiro de 2016, 2 p.
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