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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

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quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

O governo cria dinheiro e inventa bolhas...

A medida ou é inócua, ou é ilegal. Vejamos:
"Outra novidade da MP 513 foi permitir que excessos de superávit primário (economia de recursos para o pagamento de juros da dívida pública) sejam depositados no FSB."
Ao que saiba, o Brasil, ou melhor, o governo do Brasil não produz superávit, de fato, e sim um déficit, pois o que ele chama de superávit primário é insuficiente para pagar os juros da dívida. Por definição, portanto, esse superávit não existe. Se o governo está usando uma parte do superávit para repassar ao Fundo Soberano -- que não é Fundo, nem Soberano -- ele está extrapolando o sentido da lei que criou esse tal de FSB, cuja única característica é ser do Brasil, como a jabuticaba, mas que não é bem um fundo -- como dito, não existe superávit fiscal ou de contas correntes, e sim déficits, nas duas vertentes -- e muito menos soberano, que existiria se a moeda brasileira fosse conversível.
O que o governo faz é emitir títulos da dívida pública para comprar divisas estrangeiras e assim fazer o seu colchão, que é utilizado completamente de forma arbitrária, sem qualquer controle do Parlamento, que está sendo castrado em seu direito de opinar, e de exigir que todos os recursos usados pelo governo estejam dentro do Orçamento.
Esse governo é um infrator primário da legalidade constitucional.
Paulo Roberto de Almeida

Medida define uso de Fundo Soberano na guerra contra o real valorizado
O Globo, 30.11.2010

O governo deu ontem mais um passo para que o Fundo Soberano do Brasil (FSB) seja usado para conter a excessiva valorização do real. A Medida Provisória (MP) 513, publicada ontem no Diário Oficial, define que compras de ativos feitas com recursos do FSB no exterior tenham o Banco do Brasil como agente de custódia. Embora a ação tenha um caráter técnico, ela abre espaço para que o Fundo entre no mercado de câmbio, utilizando dólares adquiridos no país para a compra de ativos lá fora, reduzindo a pressão sobre a cotação da moeda americana.
Segundo os técnicos do Tesouro Nacional, o FSB já podia adquirir ativos no exterior, mas não tinha um agente de custódia definido. Isso é algo importante dentro da transparência exigida pelas regras do mercado internacional.
Outra novidade da MP 513 foi permitir que excessos de superávit primário (economia de recursos para o pagamento de juros da dívida pública) sejam depositados no FSB. A MP que criou o Fundo em 2008 permitia essa transferência de sobras do caixa do primário, mas como acabou perdendo a validade sem ser votada no Congresso, a possibilidade só voltou a existir agora com uma nova medida.
A MP também autoriza uma capitalização do Banco do Nordeste do Brasil (BNB) em títulos públicos no valor de R$1 bilhão. A MP permite ainda que o Fundo de Compensação das Variações Salariais (FCVS) seja o garantidor do seguro habitacional de seus próprios contratos, reduzindo custos para o mutuário.

terça-feira, 27 de julho de 2010

Economia brasileira: agravamento das contas externas

Não concordo com o jornalista, sobretudo com o seu título, mas abordarei a questão mais adiante. No momento, limito-me a transcrever o material, pela importância do tema.

Falta de política desenvolvimentista produz problemas terríveis nas contas externas
Políbio Braga, 27.07.2010

Em artigo que assinou no jornal O Estado de S. Paulo desta segunda-feira, a senadora Katia Abreu, presidente da CNA, demonstra de que modo as exportações brasileiras dependem, neste momento, do chamado complexo agribusiness, sobretudo das commodities agrícolas.

. O artigo vai em link, a seguir, na íntegra.

. O editor trata deste tema porque saiu atrás de mais informações sobre o enorme saldo negativo da balança de pagamentos brasileira, que fechou o primeiro semestre com número intolerável de US$ 23,7 bilhões. O Banco Central acha que no ano o valor chegará a Us$ 49 bilhões.

. São os piores números desde 1947. Um terror econômico para o futuro.

. A FGV mandou dizer ao editor, nesta terça, que o déficit crescente não está sendo atacado pelo governo federal, porque não existe uma estratégia de desenvolvimento bem definida. Faltam estradas, energia - e até uma solução para o déficit público global, já no limite da LRF. O professor Evaldo Alves, da FGV, também aponta para a importação crescente de bens industriais:

- Temos que produzir volume maior de bens e serviços ao invés de importá-los.

. As declarações da FGV confirmam Kátia Abreu: o Brasil exporta matérias-primas agrícolas e minerais como nunca.

. Aliás, também nesta terça-feira, o editor conversou com a Abimaq, que confirma a análise da FGV:

- As exportações do setor de bens de capital mecânicos cresceram 6,5% no semestre, chegando a US$ 4 bi. Em compensação, a importação foi a US$ 10,6 bilhões, com crescimento de 14,6%.

. A Abimaq acha que a política de juros do governo federal compromete todo o esforço da indústria brasileira de bens de capital, sem contar o câmbio defasado, que favorece as importações.

CLIQUE AQUI
para ler o artigo de Kátia Abreu.