O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

Mostrando postagens com marcador crise de civilização. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador crise de civilização. Mostrar todas as postagens

sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Choque dentro de uma civilizacao: o caso do blogueiro condenado a MIL chibatadas - Mario Machado

Meu amigo Mário Machado, animador do Coisas Internacionais, tem uma sensibilidade especial para assuntos "civilizatórios", como eu, e sempre se preocupou com o destino de pessoas, como eu, acima e além dos Estados e das religiões.Sua postagem sobre o caso do infeliz blogueiro saudita, é particularmente feliz (se me permitem a contradição nos termos) em capturar o absurdo da sentença punitiva em face do que ele escreveu, que está no centro do conflito de civilização a que eu já me referi várias vezes, e que divide as sociedades islâmicas (não todas, mas várias) dentro delas. Elas não vão poder evoluir enquanto não equacionarem essa impossibilidade de seus próprios filhos não puderem discutir os textos sagrados e fazerem aquilo que se chama de exegese, ou seja, interpretação e discussão. Até lá, teremos pequenas e grandes tragédias como essa.
Paulo Roberto de Almeida

A punição Raif Badawi
Mario Machado
Coisas Internacionais, 30 Janeiro 2015 08:59 AM PST

Ontem escrevi en passant sobre os conflitos internos sobre os rumos das civilizações e sobre as forças de manutenção cultural tendem a se valer de leis draconianas para artificialmente coibir a força natural pela mudança que existe em qualquer agrupamento humano e como a comparação (facilitada pela migração e tecnologia) entre civilizações pode ser uma força importante.

Um exemplo, extremo desse fenômeno é a punição administrada ao blogueiro saudita Raif Badawi, 1.000 chibatadas. Acredito que nem a mais relativista das almas consegue não se escandalizar diante das 1.000 chibatadas.

O The Guardian fez uma boa seleção de citações do blog (hoje encerrado, obviamente) de Badawi destaco algumas, que são analises sobre a realidade de seu país e de sua ‘civilização’.

Sobre liberdade de expressão e inovação:
As soon as a thinker starts to reveal his ideas, you will find hundreds of fatwas that accused him of being an infidel just because he had the courage to discuss some sacred topics. I’m really worried that Arab thinkers will migrate in search of fresh air and to escape the sword of the religious authorities.

Secularismo:
Secularism respects everyone and does not offend anyone ... Secularism ... is the practical solution to lift countries (including ours) out of the third world and into the first world.

e;

I’m not in support of the Israeli occupation of any Arab country, but at the same time I do not want to replace Israel by a religious state ... whose main concern would be spreading the culture of death and ignorance among its people when we need modernisation and hope. States based on religious ideology ... have nothing except the fear of God and an inability to face up to life. Look at what had happened after the European peoples succeeded in removing the clergy from public life and restricting them to their churches. They built up human beings and (promoted) enlightenment, creativity and rebellion. States which are based on religion confine their people in the circle of faith and fear.

Sobre o terrorismo de inspiração islâmico:

What hurts me most as a citizen of the area which exported those terrorists ... is the audacity of Muslims in New York that reaches the limits of insolence, not taking any regard of the thousands of victims who perished on that fateful day or their families. What increases my pain is this [Islamist] chauvinist arrogance which claims that innocent blood, shed by barbarian, brutal minds under the slogan “Allahu Akbar”, means nothing compared to the act of building an Islamic mosque whose mission will be to ... spawn new terrorists ... Suppose we put ourselves in the place of American citizens. Would we accept that a Christian or Jew assaults us in our own house and then build a church or synagogue in the same area of the attack? I doubt it. We reject the building of churches in Saudi Arabia, not having been assaulted by anyone. Then what would you think if those who wanted to build a church are the same people who stormed the sanctity of our land? Finally, we should not hide that fact that Muslims in Saudi Arabia not only disrespect the beliefs of others, but also charge them with infidelity to the extent that they consider anyone who is not Muslim an infidel, and, within their own narrow definitions, they consider non-Hanbali [the Saudi school of Islam] Muslims as apostates. How can we be such people and build ... normal relations with six billion humans, four and a half billion of whom do not believe in Islam.

As mil chibatadas em Badawi são um drama humanitário e uma história tristemente exemplar sobre os conflitos internos nas civilizações e nos lembram uma vez mais como é incompleta a explicação do terrorismo e autoritarismo somente pela luta de civilizações, ou como culpa do imperialismo “ianque” (como gostam de dizer).

Não entendam esse texto como uma apologia de uma pretensa superioridade do ocidente que seria o exemplo máximo, por que no seio do ocidente os mesmos temas estão presente e causam acalorados debates, mas é aí que reside o ponto, não é mesmo? Afinal, é contra um debate amplo com alternativas múltiplas que se insurgem os radicais, claro que dão nomes como ocidentalização e infiéis, por que como sabemos palavras além de sua carga semântica, carregam uma forte carga emocional.

Mario Machado

domingo, 22 de setembro de 2013

O problema básico do Islamismo: a destruicao de vidas humanas e sua naocondenacao

Aliás, são dois os problemas, corrigindo o título.
Um, a existência de um estoque infindável de homens-bomba, ou seja de pessoas dispostas a se explodir levando junto o maior número possível de vítimas inocentes, em geral de uma seita diferente, mas dentro do islamismo. Isso tem acontecido de forma recorrente em países islâmicos, de um arco que vai do Magreb à Índia, mas também já ocorreu em países islâmicos da Ásia Pacífico, embora com menor incidência. Existe, portanto, um problema civilizatório, desconhecido em qualquer outra religião.
O outro problema é a inexistência completa, ao que se sabe, de líderes religiosos islâmicos -- de todas as seitas e de todas as categorias e títulos -- que possam condenar, da maneira mais veemente possível, inclusíve pelo recurso à própria religião, esses atos absolutamente inadmissíveis sob qualquer critério da vida social.
O cristianismo já conheceu suas guerras de religião, no contexto das quais atos abomináveis foram perpetrados, não só entre seitas cristãs, mas também contra heréticos da corrente dominante, mas jamais se conheceram atos desse tipo, ou seja, a morte, política ou religiosamente motivada, de inocentes a esmo, de forma contínua, regular, sobretudo pelo apelo ao autosacrifícoo, sob alguma promessa de paraíso ou vida eterna. Isso jamais ocorreu no cristianismo, que dignifica a vida e promove a fraternidade, mesmo entre inimigos.
O islamismo dignifica a morte e a destruição, objetivamente.
Gostaria de ser desmentido por fatos, não por declarações vazias.
Os dois problemas básicos são estes: o terrorismo contra inocentes, da forma como temos visto, parece exclusividade de países islâmicos, e seus líderes religiosos não condenam tais atos.
Seria uma podridão dos islamismo, ou um comportamento aceitável?
Paulo Roberto de Almeida
Em tempo: este atentado no Paquistão foi feito contra cristãos, como também ocorre na Nigéria do norte e em outros países. Mas o maior número de atentados é feito entre os próprios islâmicos.

Atentado mata ao menos 60 pessoas no Paquistão

Explosivos foram detonados por homens-bomba quando centenas de fiéis terminavam as orações e saiam de um templo

 Menino observa orações da sexta-feira na mesquita de Wazir Khan, em Lahore, no Paquistão
 Menino observa orações da sexta-feira na mesquita de Wazir Khan, em Lahore, no Paquistão (Damir Sagolj/Reuters )
Um ataque suicida em uma igreja histórica na cidade de Peshawar, no noroeste do Paquistão, deixou ao menos 60 mortos e 120 feridos neste domingo, segundo autoridades locais. O ataque evidencia a ameaça representada pelos grupos islâmicos extremistas, enquanto o governo do país busca um acordo de paz com os militantes talebans nacionais.
Os explosivos foram detonados por homens-bomba quando centenas de fiéis terminavam as orações e se dirigiam para fora do local.
(Com Estadão Conteúdo)