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quinta-feira, 19 de julho de 2012

Argentina: uma economia em frangalhos - Alexandre Schwartsman


O milagre argentino
Alexandre Schwartsman
Folha de S. Paulo, 18/07/2012

Antes, o governo argentino tentava impedir a entrada de dólares; agora, tenta impedir a fuga de capitais
A ARGENTINA, para quem não se lembra, é um país ao sul do Brasil, em cuja seleção joga (e muito) o Messi. Bons vinhos, carne de primeira, Astor Piazzola, Quino e (acima de tudo) Jorge Luis Borges são outros motivos para não nos esquecermos dos vizinhos, já que, economicamente falando, poucas sociedades foram mais cuidadosas no sentido de engendrar sua própria irrelevância.
Para quem não se lembra, a Argentina foi também apontada como uma alternativa à política econômica brasileira (não a de hoje, é bom que se diga, mas a adotada até uns anos atrás), em particular suas tentativas de manipulação da taxa de câmbio.
Certas correntes de pensamento local, para quem tudo se resume ao câmbio (não, não é um exagero meu), apontavam para o Sul como o modelo a ser seguido. Hoje, o silêncio acerca da Argentina ribomba.
Ao contrário do que fazia há tempos, quando tomava medidas para impedir o ingresso de dólares, o governo argentino agora tenta impedir a fuga de capitais, que, pelos números oficiais (sempre um risco), já drenaram US$ 5,5 bilhões das reservas nos últimos 12 meses, uma queda pouco superior a 10%.
No contexto brasileiro isso seria equivalente a uma perda da ordem de US$ 35 bilhões, o que, não tenho dúvida, já teria colocado boa parte dos nossos keynesianos de quermesse em pé de guerra.
Já a inflação, pouco inferior a 9,5% nos 12 meses até junho, segundo os dados oficiais, é estimada pelo sítio Inflación Verdadera na casa de 40%. Apesar disso, nossos agora emudecidos desenvolvimentistas, quando lembrados dos problemas inflacionários platinos, não hesitavam em apontar o forte crescimento argentino como prova definitiva da superioridade da abordagem heterodoxa.
Afinal, a valerem os números do Indec (o IBGE portenho), de 2002 para cá, quando a Argentina superou sua crise, o crescimento médio ficou em 7,7% ao ano, apesar da crise internacional de 2009, um desempenho que, se não é chinês, não seria páreo para a maioria dos países no mundo.
Parece, portanto, que um "poucão" a mais de inflação conseguiria, ao final das contas, comprar um "tantão" a mais de crescimento... Ou não?
Para me certificar sobre a robustez dos números do crescimento argentino, resolvi cruzar os dados relativos ao PIB com os associados à geração de energia. Tenho de confessar certo prazer mórbido nessa investigação, mas os resultados foram mais do que interessantes.
Tomados literalmente, os dados mostram que, em 2004, cada GWh na Argentina correspondia a pouco mais de 12,6 milhões de pesos (a preços de 1993), valor não muito diferente do observado em 2002 e em 2003. Ao final de 2011, porém, cada GWh correspondia a 14,9 milhões de pesos, uma melhora de eficiência energética da ordem de 18%!
Nesse mesmo período, estima-se que a eficiência energética global (PIB/GWh) teria melhorado em torno de 9,5%, pouco mais da metade da evolução argentina.
Obviamente, nada impede que o país tenha conseguido uma evolução superior à global; só cá rumino por qual motivo se preocupariam com isso, dado que as tarifas por lá, por conta de controles de preços, não constituem exatamente em incentivo à economia de energia.
De qualquer forma, meu respeito por crenças e crendices não me permite a palavra final sobre o crescimento argentino. Pode resultar da eficiência platina, mas pode também ser apenas mais em efeito colateral da subestimação persistente da inflação. A decisão final é, como sempre, do leitor.
Só noto (resisto a tudo, exceto à tentação) que o silêncio heterodoxo sobre a Argentina é o veredito derradeiro sobre a tal alternativa de política econômica.
Caso o desempenho argentino pudesse, ainda que remotamente, ser qualificado como um sucesso, pais não faltariam. A orfandade diz muito sobre o que nossos desenvolvimentistas de fato pensam sobre o que por lá ocorreu nos últimos anos.

ALEXANDRE SCHWARTSMAN, 49, é doutor em economia pela Universidade da Califórnia (Berkeley), ex-diretor de Assuntos Internacionais do Banco Central do Brasil, sócio-diretor da Schwartsman & Associados Consultoria Econômica e professor do Insper.
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Valor do dólar paralelo dispara na Argentina
O Globo, 18/07/2012

Limitação do governo à venda da moeda faz seu valor saltar 10,23% no mercado informal este mês
Do La Nación*

BUENOS AIRES . A política do governo de Cristina Kirchner de limitar a venda de dólares no mercado oficial está fazendo com que o dólar paralelo seja comercializado a valores que equivalem a quase o dobro do oficial. A moeda paralela subiu ontem 3,8% em um dia, para 6,55 pesos na venda. O valor atual é 43% mais alto do que o oferecido em bancos ou casas de câmbio da capital do país, 4,58 pesos.
A velocidade da depreciação do peso no mercado informal contrasta com a trajetória da divisa nos segmentos oficiais: na venda para empresas, o dólar subiu ontem cinco milésimos, a 4,552 pesos, enquanto o valor aplicado para negociações com pessoas físicas teve correção de apenas um centavo, a 4,58 pesos na venda.
O dólar paralelo, que ontem tocou o máximo de 6,6 pesos durante o dia e já avançou 10,23% no mês de julho em relação ao oferecido em entidades financeiras e casas de câmbio, por sua vez, valorizou-se 0,88%, ou quatro centavos, no mesmo período.
Em novembro de 2011, o governo criou uma série de restrições à compra de dólares, que se aprofundaram até o último dia 5 de julho, quando o Banco Central argentino proibiu a aquisição de moeda estrangeira para fins de poupança, o que resultou em uma escalada do preço do dólar no mercado informal.
A avidez pela moeda americana também causou uma fuga de dólares, com investidores realizando operações em bolsas de valores para acumular divisa no exterior. Para conseguir a moeda fora do país, grandes investidores compraram títulos a 6,80 pesos.
Os títulos em dólares continuam sendo uma das alternativas dos investidores para acumular divisas. Depois de passar por vários processos de hiperinflação, os argentinos perderam a confiança no peso.

terça-feira, 12 de junho de 2012

Argentina: na descida continua para a decadencia

Pode-se reconhecer que um país está em decadência quando os patrões não mandam mais em suas empresas, quando a República Sindical, que existe, de fato, decide sobre como devem ser conduzidos os negócios da empresa.
Assisti a esse filme na Inglaterra pré-Tatcher, onde os patrões do Times tampouco podiam decidir quantos gráficos iriam imprimir o jornal.
A Inglaterra se safou da decadência, mas foi difícil. A Argentina vai perseverar na decadência, e não se vê quem terá coragem de inverter o processo.
Ah sim: o Brasil vai pelo mesmo caminho...


Com greve de trabalhadores, jornal 'La Nación' não chega às bancas

Pela primeira vez em 142 anos, o jornal não circulou; os funcionários da gráfica pedem melhores salários e a readmissão de 30 colegas

O Estado de S. Paulo, 12 de junho de 2012

O jornal argentino La Nación não foi impresso nesta terça-feira, 12, pela primeira vez em 142 anos de história. O motivo foi uma greve dos trabalhadores das gráficas do jornal que, de acordo com fontes sindicais, pedem melhores salários e a readmissão de 30 funcionários.
Jornal não chegou às bancas nesta terça-feira - Reprodução
Reprodução
Jornal não chegou às bancas nesta terça-feira
Os operários não trabalharam e bloquearam, durante toda a noite de ontem, a entrada dos setores de impressão do jornal em protesto pela suspensão dos 30 trabalhadores, que ocorreu em meio a um conflito salarial. Durante o último fim de semana, os operários reduziram o ritmo da produção para protestar contra os baixos salários.
Segundo representantes da Federação Gráfica Bonaerense (da província de Buenos Aires), o La Nación suspendeu os 30 funcionários no domingo e contratou outros 20 trabalhadores, o que originou a greve. O veículo de comunicação denunciou que a paralisação impediu a distribuição do jornal para as bancas "pela primeira vez em 142 anos" e considerou a medida "intempestiva e ilegal".
"Estes atos repudiáveis e injustificados ocorrem no âmbito de uma negociação conjunta na qual a empresa tem feito todos os esforços para atender as demandas sindicais", acrescentou o jornal em uma nota publicada em sua página na internet. A nota também ressalta a "vontade permanente de diálogo" por parte da empresa.
Com informações da Efe

domingo, 2 de outubro de 2011

Rio Grande do Sul de hoje = Brasil de amanha; ou vice-versa...


Não nos enganemos: o Rio Grande do Sul não está pior do que o Brasil. Como outrora estado mais desenvolvido da federação, o de maior IDH, ele simplesmente chegou na frente de outros estados porque sua população imigrante, seu espírito empreendedor, suas virtudes de trabalho habilitaram o estado a dar um salto à frente dos demais, durante muito tempo.
Não nos esqueçamos que os grandes surtos de modernização nacional, na era Vargas e durante o regime militar, foram impulsionados sobretudo por gaúchos, militares ou civis, em todo caso comprometidos com a causa do progresso social, o desenvolvimento material, a boa gestão da coisa pública via políticas racionais, de corte positivista.
Tudo isso acabou, na redemocratização e na "nordestinização" do Brasil que se seguiu (não tenho nenhum preconceito contra o Nordeste, apenas constato fatos, de cultura e de organização social e política, por isso não me venham com bobagens politicamente corretas; eu sou politicamente incorreto, e digo as coisas como as coisas são).
O Brasil virou um antro de espertezas políticas, de prebendalismo, de patrimonialismo, de fisiologismo, de corrupção, de cultura de bondades estatais e de assistencialismo vagabundo, com políticos medíocres a alimentar tudo isso.
Não se trata apenas de que o RS foi "contaminado" por essa mentalidade; ela já existia, apenas se pode desenvolver mais livremente pós-1985. Não só o RS, mas SP também sofreu com a mesma mentalidade.
Portanto, não se trata de que o RS ficou atrás do Brasil, ao contrário: ele parece cada vez mais com o Brasil. Ele apenas antecipa o que vai ocorrer, já está ocorrendo, aliás, com todo o Brasil. A mediocridade política leva o país para a decadência econômica.
Só ficou visível no RS agora, porque o estado estava muito ¡a frente do Brasil. Agora já está mais "normal", mais parecido com o Brasil.
Bem-vindo à decadência...
Paulo Roberto de Almeida 

Economia
PIB desacelerado não tira a majestade do Rio Grande

Ana Clara Costa, de Porto Alegre
Veja online, 1/10/2011

Rio Grande do Sul sofre as mazelas de um estado que não investe
Economia gaúcha cresceu abaixo da média nacional nos últimos anos, prejudicado pela concorrência asiática, por problemas climáticos e, sobretudo, pelo baixo investimento do estado

É ponto pacífico entre os próprios gaúchos que a economia do Rio Grande do Sul poderia estar melhor. Pouco a pouco, o forte orgulho das raízes, que sempre foi característico da população, dá lugar a uma visão cada vez mais crítica que tem tudo para estimular a melhora do estado. Prejudicado por um cenário externo desfavorável e pela falta de investimento público, o Rio Grande do Sul tenta mudar. A missão exigirá uma atuação forte da sociedade junto aos políticos locais e ao governo federal, cobrando investimentos e boa gestão. Para os gaúchos que desbravaram muitas fronteiras brasileiras, vencer mais um obstáculo não deverá ser impossível.

Duas palavras resumem hoje o sentimento da população gaúcha ao olhar o passado, constatar o presente e vislumbrar o futuro: indignação e impotência. O estado que por décadas figurou como exemplo de desenvolvimento econômico, educação e saúde perde cada vez mais espaço para outras regiões. E não se trata apenas de bravata de números e minúcias de institutos de pesquisa. A questão é profunda. A economia do Rio Grande do Sul, de fato, expande-se menos que a média nacional. Entre 2002 e 2010, enquanto o avanço estadual foi de 25,1%, o Brasil cresceu 36,5%. O estado migrou, na última década, da 1ª para a 4ª posição no ranking de educação no país, além de perder duas posições no cálculo do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Na prática, isso significa que o Rio Grande do Sul, um dos estados com maior potencial para surfar a onda de crescimento que vive a economia brasileira, não consegue fazê-lo.

Para entender o fenômeno da estagnação – e, em alguns casos, retrocesso – que o Rio Grande do Sul vive, o site de VEJA percorreu cidades gaúchas, conversou com lideranças econômicas e políticas e traçou um cenário dos principais desafios que impedem o estado de prosperar como deveria, compondo um especial de quatro matérias que serão publicadas a partir deste domingo.

Os problemas detectados são tanto de origem doméstica como  de origem externa. Os primeiros são velhos conhecidos de todos os brasileiros: os efeitos das mudanças climáticas na agricultura, a apreciação do real ante o dólar e o forte aumento das importações. O setor do agronegócio, por exemplo, responde por mais de 10% da economia do estado e 12% da produção agrícola nacional. Cerca de 13% do que é produzido é exportado. Com o dólar mais barato nos últimos anos, o valor recolhido em reais com as vendas externas ficou menor, prejudicando os investimentos. O mesmo ocorre com os embarques ao exterior de produtos industriais, como calçados, móveis e máquinas agrícolas, que amargam progressiva perda de competitividade. No mercado doméstico, o espaço perdido pelos produtos gaúchos é preenchido pelas importações.  “O Rio Grande do Sul é o estado mais meridional do país e exporta acima da média nacional. Com o real valorizado, ele acaba perdendo mais”, afirma Heitor José Müller, presidente da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs).

Desvantagens – Todos os estados brasileiros compartilham dessa problemática da baixa competitividade – que o câmbio só faz ficar mais evidente – em relação, sobretudo, aos produtos asiáticos. Há fatores próprios do Rio Grande do Sul, no entanto, que ampliam essa desvantagem. Após a pujança industrial dos anos 1990, o governo gaúcho fechou os olhos para investimentos em todo tipo de infraestrutura: de estradas a hidrovias, de ferrovias a portos, e também nos aeroportos. Enquanto São Paulo, por exemplo, concedeu à iniciativa privada a maior parte de suas estradas e hoje possui a maior rede de rodovias duplicadas do país, o Rio Grande do Sul tem menos de 20% de sua malha duplicada. Os rios que desaguam na Lagoa dos Patos formam um complexo de hidrovias que funciona muito abaixo de seu potencial. Já o porto de Rio Grande, no extremo sul do estado, passou por reformas, mas ainda assim é incapaz de suprir toda a necessidade de escoamento de mercadorias. Em Porto Alegre, o trânsito em horários de pico nada fica a dever ao da capital paulista.

Não que o resto do Brasil tenha feito sua “lição de casa” de maneira exemplar. As deficiências na infraestrutura são um mal que afeta a maior parte dos municípios brasileiros, ainda que em escalas diferentes. O que chama a atenção, no entanto, é que o Rio Grande do Sul, ao longo de décadas, muniu-se de armas econômicas e sociais suficientes para voar alto. Sem investimentos mínimos do governo, entretanto, o que poderia ser uma viagem às alturas está prestes a virar um voo de galinha. “O setor empresarial gaúcho sempre procurou fazer as coisas por si só, sem esperar a iniciativa do governo. Mas chega um momento em que não se pode avançar se não houver um mínimo de estrutura”, afirma o empresário Glademir Ferrari, que atua no setor moveleiro e preside o Sindicato das Indústrias do Mobiliário (Sindmóveis) de Bento Gonçalves, o principal polo moveleiro do estado.

Política difícil – Os problemas políticos que levaram o Rio Grande do Sul a esse ponto inserem-se num amplo contexto. Em primeiro lugar, diferentemente de alguns estados do Nordeste beneficiados pelo Programa de Aceleração de Crescimento (PAC), a economia gaúcha ficou para trás nos últimos anos. Em parte, por não precisar de obras consideradas urgentes, como as de saneamento básico, mas também por não abrigar um governo aliado ao Partido dos Trabalhadores. Durante as duas gestões do ex-presidente Lula, Germano Rigotto (PMDB) e Ieda Crusius (PSDB) compuseram um governo estadual pouco articulado com seus opositores e falharam em brigar por benefícios ao estado em Brasília. “O governo passado saneou as contas, embora tenha sido pilotado por uma governadora politicamente truculenta”, afirma o presidente da Fecomércio gaúcha, Luiz Carlos Bohn, ressaltando que o estado pode, agora, voltar a tomar empréstimos internacionais.

Atualmente, com o petista Tarso Genro à frente do governo estadual, a expectativa de alguns é que as coisas mudem de figura. Genro tem, inclusive, flertado com a oposição – em um movimento poucas vezes visto no Rio Grande. No entanto, nada de concreto aconteceu até o momento, a não ser promessas de um metrô para Porto Alegre – um projeto pilotado, sobretudo, pelo prefeito da cidade, José Fortunati (PDT). Apesar de nove meses de mandato sem nenhuma grande realização, o sentimento geral é positivo em relação à gestão de Genro.

Por fim, parte da culpa pela situação atual pode estar numa característica própria do gaúcho, transferida para a política, que é o gosto por uma boa briga. Essa preferência pode ser, em tese, pródiga. De uma boa discussão surgem, às vezes, ótimas ideias, que traduzidas em ação, podem se transformar em políticas bem-sucedidas. Infelizmente, dizem os especialistas, não que é tem sido visto. O poder público local tem dedicado muito tempo às “peleias” sem que as realizações venham a contento com as necessidades do estado. O chamado grenalismo – termo criado para denominar a rivalidade entre gremistas e colorados e que ganhou um sentido maior, de uma dicotomia muito acentuada – faz com que a própria população tenha dificuldade em adotar posições neutras sobre quaisquer temas, prejudicando a convergência de ideias e a criação de consensos. Sem isso, nenhum alinhamento político será suficiente para fazer o Rio Grande do Sul voltar a engrenar.

Leia amanhã: Gosto pela “peleia” nem sempre traz resultado

terça-feira, 27 de setembro de 2011

O declínio do Brasil, ops, dos EUA - Arvind Subramanian

O Brasil não é um império, e não está sendo eclipsado por ninguém, a não por si próprio, ou mais precisamente pela incompetência de seus dirigentes, pela corrupção de sua classe política, pelas políticas erradas de seus tecnocratas e de acadêmicos que fazem diagnósticos equivocados e se enganam de políticas.
Vai demorar para consertar, daí essa possibilidade de declínio, ou de ser eclipsado por outros países que crescem mais rápido.Enfim, uma tartaruga, ou um cágado, para ficar na fábula habitual no Brasil. Não vamos tirar o acento...
Paulo Roberto de Almeida 


Quem eclipsará os EUA?
Simon Johnson
Valor Econômico, 22/09/2011


Alguns anos atrás, algumas pessoas consideravam que o Japão tinha ultrapassado os EUA. A Europa também estava, supostamente, competindo pelo predomínio econômico mundial. Hoje, quaisquer dessas afirmações parecem absurdas.



De acordo com Voltaire, o Império Romano caiu "porque todas as coisas caem". É difícil argumentar contra isso como declaração geral sobre declínio: nada dura para sempre. Mas também não é muito útil. Ao considerar, por exemplo, o predomínio americano no mundo atual, seria bom saber quando a ascendência diminuirá - e se os EUA podem fazer alguma coisa para adiar o inevitável.
À época, comentaristas abandonaram todas as esperanças em relação à sobrevivência do Império Romano por centenas de anos, antes de ele finalmente entrar em colapso. Podem os EUA encontrar seu caminho para um adiamento similar?
Em termos de proporcionar uma estrutura essencial para a discussão desse problema, o novo livro de Arvind Subramanian, "Eclipse: Living in the Shadow of China's Economic Dominance" (Eclipse: vivendo à sombra da dominação econômica da China) é uma grande contribuição. (Transparência total: Subramanian e eu somos colegas no Instituto Peterson de Economia Internacional, e temos trabalhado juntos em outras questões.)
Individualmente, Subramanian compila um índice de predomínio econômico que deverá tornar-se um foco de conversa em qualquer lugar onde as pessoas querem analisar mudanças na liderança econômica mundial. Não é preciso conhecer nada de economia para ficar fascinado por esse livro - ele trata pura e simplesmente de poder.
Os fatos básicos são incontestáveis. O Reino Unido foi a potência econômica dominante no mundo desde a irrupção da industrialização, no início do século XIX. Mas perdeu sua predominância e foi gradualmente eclipsado pelos EUA, que pelo menos desde 1945 é o líder incontestado entre as economias de mercado.
Os EUA ultrapassaram o Reino Unido em termos de produção industrial logo no fim do século XIX, mas isso não foi suficiente para fazer pender a balança. O predomínio econômico mudou somente quando o Reino Unido passou a incorrer em grandes déficits em conta corrente durante a primeira e a segunda guerras mundiais - o país teve que tomar pesados empréstimos para financiar seus esforços bélicos e as importações foram significativamente maiores que as exportações. Grande parte das reservas mundiais de ouro acabaram nas mãos dos EUA.
Isso ajudou a enfraquecer o papel da libra britânica internacionalmente e catapultou o dólar americano para o primeiro plano - especialmente depois da conferência de Bretton Woods, em 1944, quando foi acordado que os países passariam a manter suas reservas tanto em dólares como em ouro.
Mais recentemente, porém, foi a vez dos americanos de registrar sistematicamente grandes déficits em conta corrente, comprando mais do resto do mundo do que ganham com a venda de bens e serviços no exterior. Nessa dimensão, os EUA parecem destinados a repetir o erro dos britânicos.
Ao mesmo tempo, a renda per capita dos países de mercados emergentes cresceu - assim como seu papel internacional. A China, em especial, tem seguido uma estratégia, no decorrer dos últimos dez anos, que implica incorrer em grandes superávits em conta corrente e acumular reservas cambiais, hoje reportadas em mais de US$ 3 trilhões. Com efeito, o argumento mais provocante de Subramanian é de que a China já superou os Estados Unidos em termos de predomínio econômico - mas nós ainda não despertamos para essa nova realidade.
A história é fascinante e bem contada, mas ainda há muito sobre o que vale a pena discutir. Por exemplo, os britânicos declinaram porque os americanos não puderam ser detidos ou devido a problemas no Império Britânico e no Reino Unido?
Alguns anos atrás, algumas pessoas consideravam que o Japão tinha ultrapassado os EUA. A Europa também estava, supostamente, competindo pelo predomínio econômico mundial. Hoje, quaisquer dessas afirmações parecem absurdas. Em ambos os casos, o sistema de crédito escapou de controle, com excesso de empréstimos para o setor privado no Japão dos anos 1980 e com o excessivo endividamento público durante a década de 2000 na zona do euro.
Analogamente, ainda não está claro se o caminho de desenvolvimento chinês permanecerá tranquilo. Os investimentos fixos, na China, estão perto de 50% do PIB - o que parece ser um recorde mundial. O crédito disponibilizado às empresas estatais e às famílias continua a crescer rapidamente. Não será isso uma versão da causa precisa do descarrilhamento do crescimento japonês?
Sobre a questão central da capacidade de emitir uma "moeda de reserva" que investidores e governos querem manter em carteira, Subramanian tem razão: a China satisfaz muitos dos requisitos. Mas ainda carece de alguns elementos chave, entre eles, plenos direitos de propriedade. Se poder tirar seu dinheiro de um país quando os tempos ficam difíceis é uma preocupação, então a China não é um lugar atraente para manter suas reservas.
Problemas externos por vezes fazem Estados ruir. Mais frequentemente, porém, os grandes problemas são internos - o regime não consegue assegurar crescimento, sua legitimidade declina e as pessoas começam a buscar as saídas (ou pelo menos tirar seu dinheiro do país).
Se os EUA forem eclipsados em curto prazo, será mais provável que isso ocorra devido à sua perda de coesão social e seu cenário político disfuncional. A China pode muito bem entrar em cena para preencher esse vácuo, mas isso é bem diferente de ter condições de desalojar os EUA.
(Tradução Sérgio Blum)

Simon Johnson, ex-economista chefe do FMI, é cofundador do blog de economia, BaselineScenario.com , professor da Sloan, no MIT, membro sênior do Instituto Peterson de Economia Internacional e coautor, com James Kwak, de 13 Bankers (13 banqueiros).

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Brasil: para tras, a toda velocidade - Senador Demostenes Torres

Acho que o Senador exagera um pouco, mas só um pouco...


DCI
Brasil pode cair para 40 ª economia mundial
Abnor Gondim

Nos próximos 30 anos, o Brasil corre o risco de sair da 7ª para até a 40ª posição no ranking das maiores economias do planeta por falta de investimentos em infraestrutura, educação e tecnologia e por criar resistências aos produtos nacionais no exterior. O alerta é um dos mais contundentes críticos do governo federal no Congresso, o senador Demóstenes Torres (DEM-GO), 50 anos de idade.

"Ao invés de caminhar para ser a 5ª ou a 4ª economia do mundo, em 30 anos, nós poderemos estar em 30º ou 40º lugar, tudo isso porque não investimos e insistimos apenas em tributar, tributar e tributar", dispara o promotor de Justiça licenciado para exercer o seu primeiro mandato político, em entrevista exclusiva ao DCI.

O senhor acredita que o discurso da presidente Dilma, às vésperas do 7 de setembro, é o início da campanha dela para reeleição?

Tenho certeza disso. A presidente foi para a televisão com uma linguagem de horóscopo e falseando a verdade. Ela nos disse que a inflação estava controlada, que o Brasil vive um momento de pleno emprego, que nós estamos muito tranquilos com a situação dos programas sociais e que o País continuava tendo avanços em Educação, Saúde, Segurança Pública. O discurso dela era de total felicidade, quando na realidade notamos o Brasil atravessando seríssimos problemas econômicos.

O que o senhor achou dela ter dito que o Brasil está forte para enfrentar a crise?

O governo diz que temos uma reserva de US$ 300 bilhões. Desses, US$ 200 bilhões são títulos da dívida americana. E, para manter essas reservas no exterior, o Brasil tem que gastar US$ 30 bilhões por ano, o que é uma quantia superior à soma dos investimentos em infraestrutura. Além disso, o Banco Central já comprou, apenas nesse ano, US$ 60 bilhões para evitar que os especuladores entrassem aqui. Os juros continuam muito alto, então, no meu entendimento essa reserva é artificial. Ninguém sabe se a crise vem e se vamos cambalear ou não.

O senhor considera que a melhoria do crédito que ela destacou no discurso foi relevante?

É obvio que o crédito é algo que não pode ser abruptamente cortado. Até porque implicou realmente em melhorias para a população. Entretanto, está havendo um endividamento muito grande da população brasileira. No Sul do País, por exemplo, 90% das famílias estão endividadas, com a média do endividamento em torno de R$ 1,6 mil por família. O total das dívidas domésticas é de R$ 185 bilhões. No primeiro trimestre desse ano, o endividamento já era de R$ 700 bilhões.

Então, me parece uma irresponsabilidade incentivar o cidadão a ir às compras, quando, no cenário internacional, a realidade é outra. Se estimular a poupança, diminuiríamos essas dívidas. Esse incentivo ao consumo contrasta com o elevado índice de desemprego. Ela disse claramente "nunca antes na história deste País haver tanto emprego". Mas dados do Ministério do Trabalho apontam queda de 14% nos empregos com carteira assinada nos sete primeiros meses deste ano, frente ao mesmo período do ano passado. Foi um discurso de horóscopo. Daqueles que só preveem coisas boas. Isso é inaceitável!

Seria antecipação de campanha?

Total! Ou ela não desceu do palanque ou está com medo do Lula. A presidente disse que a inflação está controlada. Contudo, o IGP-M deu 7,23%. Acima da meta [6,5%]. Descontrolou completamente!

O Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) vinga?

Não vinga. Até porque as pessoas preferem fazer o Bolsa-Família do que participar do Pronatec. Uma coisa concorre com a outra. E o Brasil técnico, desenvolvido e educado cede espaço para o Brasil político, eleitoreiro e assistencialista. Então, nosso País, com a 7ª maior economia do mundo, não tem investimentos em infraestrutura, em educação de qualidade e ciência e tecnologia. E ainda conta com uma carga tributária brutal que impede a concorrência e promove a desindustrialização no Brasil. As leis trabalhistas são extremamente protetoras, então as pessoas estão migrando para outros países. Produzir na Argentina é mais barato. Ao invés de caminhar para ser a 5ª ou a 4ª economia do mundo,em 30 anos, nós poderemos estar em 30º ou 40º lugar, tudo isso porque não investimos e insistimos apenas em tributar, tributar e tributar. Como por exemplo, a elevação no valor do imposto para carros importados, que tenham menos de 65% de componentes fabricados no país.

Mas isso não seria defesa da indústria nacional?

Sim, mas será essa a única política que temos? Por que, ao invés disso, não baixamos o custo da nossa produção? E se os outros países resolverem fazer represália e retaliar o Brasil, em nossos produtos que não sofrem uma tributação excessiva lá fora? Então, muito melhor do que tomar providências emergenciais é investir, de uma maneira segura, na baixa constante da carga tributária brasileira e fazer reforma na área previdenciária, trabalhista. Assim, o País entra na esfera da competitividade.

No que se refere ao combate da corrupção, a presidente tem feito avanços?

O governo da presidente Dilma, nesse aspecto, é muito mais efetivo que o do presidente Lula. Mas todos os institutos que o Brasil tem aumentado muito o seu índice de corrupção.

Quem é o senador

Demóstenes Lázaro Xavier Torres (Anicuns, 23 de janeiro de 1961) é um procurador e político brasileiro.

Nascido em Anicuns, um município no interior goiano, Demóstenes Torres formou-se em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás e é integrante concursado do Ministério Público de Goiás desde 1983. Foi Procurador-Geral do órgão antes de ocupar o cargo de Secretário de Segurança Pública, entre 1999 a 2002, no governo de Marconi Perillo.Filiado ao DEM, foi eleito senador da República em 2002 com 1 239 352 votos. Concorreu ao governo de Goiás em 2006 mas obteve apenas 3,5% dos votos, ocupando a quarta posição. Desde fevereiro de 2009 é presidente da Comissão de Constituição e Justiça do Senado, a mais importante Comissão da Casa.

Como presidente da Comissão de Constituição e Justiça do Senado, Demóstenes Torres participou do I Congresso Mestiço Brasileiro, promovido pelo Nação Mestiça em Manaus, capital do Amazonas, em 20 de junho de 2011, onde discutiu temas como o Estatuto da Igualdade Racial e o sistema de cotas em universidades públicas. Assumiu em março de 2011 a liderança da bancada do Democratas no Senado, substituindo José Agripino Maia. Em 15 de julho de 2011, Demóstenes casou-se com a advogada Flávia Coelho.[4]

Polêmico, às vésperas do 7 de Setembro, o senador usou da tribuna para dizer que "as palavras da presidente foram mentirosas, não passaram de "golpes publicitários" e anteciparam a disputa eleitoral de 2014. "O discurso em rede nacional de rádio e televisão, que de tão eleitoreiro pode ter sido gravado durante a campanha de 2010, tem dez minutos de promessas e balanços e pouquíssimo sobre a Independência", disse o senador.

Na interpretação de Demóstenes, a presidente desdenhou da séria crise econômica pela qual passa o mundo atualmente e mentiu ao povo brasileiro ao afirmar que o Brasil é capaz de enfrentar esses difíceis momentos econômicos sem passar dificuldades.

Questionou a afirmação de Dilma de que as reservas internacionais brasileiras estariam "mais sólidas do que nunca". Para Demóstenes, a afirmação é mentirosa. "Economia que enfrenta terremoto seguido de tsunami e incêndio", acrescentou metaforicamente.

O senador disse ainda que o pronunciamento foi apenas "marketing oficial", com texto e recursos visuais publicitários com o objetivo de enganar o povo brasileiro e vender um falso otimismo.

Para Demóstenes, "o brasileiro está com o pescoço na forca dos carnês".

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Brasil Sem Miseria: que tal primeiro um Pais sem Pobreza Mental?

O governo da presidenta (ugh!) Dilma lançou nesta quinta-feira 2 de junho, em Brasília, um programa integrado de combate à pobreza que se chama "Brasil Sem Miséria".
Não que eu tenha prevenção contra esse programa, ou contra o governo, mas ouso afirmar que esse programa não vai, na verdade, reduzir a pobreza (ou a miséria), e vai apenas esconder essas mazelas por um programa estatal de transferência de renda da classe média para os chamados setores desfavorecidos da população. Ou seja, ele vai fornecer um subsídio ao consumo pelos pobres, que de outra forma teriam de "ir ao mercado" e conseguir seu alimento, de alguma forma: plantando, trabalhando por renda em situação urbana, vivendo de xepa na feira, roubando, etc.
O subsídio dá, assim, uma renda ao pobre e desamparado e permite que ele coma, pelo menos (ou até tome umas e outras, mas essa é outra questão). O fato é que, se por um acaso terminar o subsídio, ele volta à pobreza, talvez até à miséria.
Em outros termos, o que o governo está fazendo não é exatamente terminar com a pobreza, mas sim criando um imenso programa de assistência pública, tornando um terço dos brasileiros oficialmente dependentes da ajuda pública (independentemente do que se pense disso como curral eleitoral).

E o que o governo anunciou ontem como genial programa de combate à miséria?
Basicamente estas medidas:

1) Busca-ativa de público alvo: agora não é o pobre que vai atrás do governo, é o governo que vai caçar pobres para integrar aos seus programas, em especial o Bolsa-Familia. Quem ganhar menos de 70 reais mensais, entra no programa, que deve passar assim de 12,9 milhões de família, para mais de 13 milhões, algo como uma Argentina inteira (mais de 44 milhões de pessoas) no cartão magnético do dinheiro do governo (ops, nosso dinheiro). [Acho que estamos construindo um país de assistidos, um imenso exército vivendo da caridade pública, ou estatal, com o nosso dinheiro, claro.]

2) Qualificação de pessoas nas cidades: a meta é qualificar 1,7 milhão de pessoas entre 18 e 65 anos. [Alguém acredita que isso será mesmo feito?; Esta é a única medida não assistencialista do pacote e provavelmente se repassará, como sempre vem sendo feito, dinheiro do MTb aos sindicatos e as máfias das centrais sindicais, para supostamente "treinarem" e capacitarem trabalhadores. Quem conhece isso, sabe o quanto de fraude existe nesse tipo de atividade.]

3) Apoio aos catadores: ajudar na organização produtiva de 60 mil catadores de lixo para material reciclável. [O ideal seria termos firmas de reciclagem, em bases modernas de qualificação: preservar esse tipo de atividade é o mesmo que impedir a capitalização de mepresas do setor.]

4) Agricultura familiar: quadruplicar para 255 mil o número de famílias que vivem em situação de miséria atendidas pelo Programa de Aquisição de Alimentos. [Essa é extraordinária: dar alimentos a agricultores...]

5) Cisternas e energia elétrica: levar luz para 257 mil famílias e construir cisternas para outras 750 mil nos próximos dois anos e meio. [Isso é parte dos esforços de saneamento básico que os estados e municípios deveriam fazer em bases regulares e contínuas. Criar um programa federal para isso é chamar à corrupção, ineficiência e ter a certeza de que não será feito.]

6) Bolsa Verde: benefício de R$ 300 para as famílias que cumprirem metas de preservação ambiental. [Alguém acredita que isso será feito?; alguém acredito que o governo tem fiscais para atestar tudo isso, em regiões recuadas e junto a famílias pobres? Isso é mais um convite para desvio e desperdício de dinheiro público, como já ocorre com a tal "bolsa-defeso", que é pagar para pescadores não pescarem na época da desova e criação; de repente se descobriu um número extraordinário de pescadores nessa situação, e a tal bolsa foi multiplicada por "n" vezes.]

7) Bolsa-Família: incluir mais 800 mil famílias no programa, que atualmente conta com 12,9 milhões de famílias. [Isso vai terminar um dia? Jamais: nada como desfrutar de uma benesse pública, sem precisar sair para buscar seu alimento. Excelente curral eleitoral, que político nenhum, de qualquer partido, vai querer ou poder terminar...]

Quanto custa atualmente o Bolsa-Família? Cerca de R$ 13,4 bilhões, bem menos que o bolsa-empresários, bolsa-banqueiros, bolsa-juízes, bolsa-deputados e outras bolsas que existem por aí (algumas que nem sabemos da existência, mas que existem, como os conselheiros companheiros de empresas públicas, que se multiplicam como coelhos...). A média recebida por família passou de 24,75 reais em 2003 para R$ 96 atualmente. Não é muito, mas isso tem efeitos não tanto inflacionários, ou fiscais, e sim efeitos tremendos sobre os mercados de trabalho, pois está deformando toda a estrutura ocupacional do Brasil, alterando condições de empregabilidade e distorcendo as regras do jogo para diversas empresas (sobretudo agrícolas, que estão sendo obrigadas a se capitalizar, ou seja, aumentando o desemprego no campo e a continuidade da falta de qualificação das populações rurais).
Mais grave ainda: o governo pretende aumentar o número de filhos beneficiados por família, atualmente limitados a três.
Com o Brasil Sem Miséria, o número sobe para cinco filhos.

Ou seja, o governo está irresponsavelmente chamando a que brasileiras pobres tenham mais filho, um inacreditável programa de expansão demográfica que só vai deixar quem é pobre mais pobre ainda. Essa é sem dúvida alguma fantástica: o governo estimula a pobreza...

Por isso, não hesito em afirmar que pior que o programa Brasil Sem Miséria é a pobreza mental deste governo, que pretende não só perpetuar a pobreza, como gerenciá-la politicamente.
Estamos a caminho da decadência, com certeza.
Vamos embarcar nesta pelos próximos vinte anos, ou mais...
Enfim, a única coisa que nos consola é que outros países, antes do Brasil, conviveram com a pobreza e depois se recuperaram.
Por exemplo, a China: decaiu por 2 séculos, mais de 200 anos de fato, até começar a se recuperar nos anos 1980.
A Grã-Bretanha: decaiu durante 80 anos no século 20, até a Margareth Tatcher começar a reverter ese processo no seu governo.
A Argentina, outro exemplo extremo, de insistência na decadência: ela decai continuamente, desde os anos 1930, e não parou de decair. São 80 anos de decadência, sem parar...
Como vocês vêem, estamos em boa companhia...
Paulo Roberto de Almeida

sábado, 28 de maio de 2011

A decadencia economica brasileira: um trabalho perdido

Já que estamos falando de problemas brasileiros para crescer, vamos dramatizar o quadro.
Não que eu queira ser pessimista, mas por puro acaso.
Eu estava compondo uma lista de livros sobre relações internacionais e de política externa do Brasil, e dentro dela os livros escritos por diplomatas (em qualquer gênero, aliás), quando deparei com este registro, de um trabalho que já não me lembrava mais ter escrito:

1557. “A decadência econômica brasileira: uma inevitável tendência pelos próximos vinte anos?
Brasília, 7 de março de 2006, 5 p.
Publicado no blog do Instituto Millenium em 8.03.06 (link). Reproduzido no site do Instituto Internacional de Planejamento Educacional (link).
Desparecidos nestes links nos dois sites.
Relação de publicados nº 630.

Procurei nos links, e eles obviamente já não funcionavam mais. Por isso vai aqui postado gentilmente.
Não, não sou pessimista, apenas realista...
Paulo Roberto de Almeida

A decadência econômica brasileira: uma inevitável tendência pelos próximos vinte anos?
Paulo Roberto de Almeida

Peço desculpas aos meus leitores pelo tom passavelmente pessimista, quando não francamente niilista, do título deste artigo, mas é que não pude evitar certa sensação de desalento (e talvez também de inveja) ao ler sobre o recente e espetacular recorde na captação de investimentos estrangeiros diretos pela Grã-Bretanha no decorrer de 2005. Nada menos do que US$ 209 bilhões, ultrapassando em muito o segundo colocado, os EUA, que figuram há muitos anos no primeiro lugar, tanto como receptor quanto como principal investidor, seguido, nos últimos dez anos, pela China, como segundo colocado do lado da captação (com cerca de US$ 60 bilhões) e primeiro dos países emergentes. Comparados aos pouco mais de US$ 15 bilhões obtidos pelo Brasil em 2005, a cifra é realmente impressionante para qualquer país engajado no processo de globalização. Mesmo descontando-se, da cifra britânica, US$ 100 bilhões relativos a operações da Shell, que concentrou suas operações a partir da Holanda, remetendo então recursos aos sócios ingleses, ainda assim a Grã-Bretanha ultrapassa os EUA, que “só” atraíram 106 bilhões de dólares em 2005.
Trata-se de um notável feito da economia britânica, hoje, inquestionavelmente, o melhor lugar europeu – e provavelmente mundial, pelo lado financeiro – para se fazer negócios e desenvolver novos projetos, nas diversas áreas da nova e da velha economia, quer seja a indústria manufatureira, quer sejam os “novos serviços”, um conglomerado de atividades que junta tecnologias da informação e pesquisa de ponta em nano ou em biotecnologia. Ele é tanto mais notável em vista do fato de que, duas décadas atrás, a Grã-Bretanha era um dos piores lugares do mundo para se começar novos negócios ou mesmo para manter os existentes. Como isso foi possível?
Lembro-me de que quando eu estava terminando minha tese de doutoramento, em 1984, uma digressão aborrecidamente sociológica sobre os desempenhos capitalistas em escala comparada, a Grã-Bretanha era o protótipo mesmo da decadência econômica, o exemplo acabado de declínio industrial, um modelo notório do atraso tecnológico, da desesperança científica – com sua exportação contínua de cérebros para os EUA – e do desalento político, de que eram testemunhos os freqüentes movimentos grevistas, que conseguiam paralisar até mesmo o enterro dos mortos (um serviço obviamente estatal). Em escala e em estilo talvez diferentes de um outro notável exemplo de decadência, o da Argentina, mas numa dimensão provavelmente comparável à da nação “peronista”, pela amplitude e profundidade do declínio econômico auto-infligido, a Grã-Bretanha, promotora e pioneira da primeira revolução industrial e centro indisputável das finanças internacionais nos 150 anos que seguem aos conflitos napoleônicos, tinha sido vítima, durante todo o século XX, mas mais especialmente no decorrer dos anos 60 e 70 desse século, de um dos mais acabados processos de decadência econômica a que nos foi dado assistir na história econômica mundial.
Lembro-me também que minha bibliografia sobre o “caso” inglês vinha marcada pelos conceitos de “decline”, “fall”, “end” e vários outros do gênero. Naqueles tempos – final dos anos 1970 e início da década seguinte – não parecia haver nenhum limite para a extensão da decadência britânica. Ela era feita de baixo crescimento, inflação, déficits orçamentários e de transações correntes, desvalorização da libra, “sucateamento” da indústria e dos transportes, deterioração dos serviços públicos – notadamente nas áreas da saúde e da educação –, aumento da violência nas metrópoles, enrijecimento dos conflitos sociais, empobrecimento dos equipamentos urbanos, desemprego mais do que residual ou setorial e desesperança geral na sociedade, em especial na juventude. O cenário estava mais para “Laranja Mecânica” do que para “A Wonderful World”, mais para George Orwell do que para Winston Churchill e seu otimismo inveterado quanto ao futuro do império, que aliás já não existia mais, tendo sido irremediavelmente deixado num passado distante de glórias irrecuperáveis.
E, no entanto, vinte anos depois, o que ocorreu? Um notável “renascimento” da indústria e dos negócios na Grã-Bretanha – mais notavelmente ainda na Irlanda vizinha, não esquecer –, um surto de progresso e de modernização que não deixa nada a invejar nos melhores centros da tecnologia mundial, uma recuperação econômica segura, que fez do país o mais dinâmico membro – com a Irlanda – da União Européia, exibindo, ao mesmo tempo, as maiores taxas de crescimento e as menores de desemprego e inflação. Trata-se, como já dito, do melhor lugar para se fazer negócios no continente – mas a Grã-Bretanha sempre brincou com a idéia de que o continente é que vivia “isolado” –, o que vem apoiado no fato de que os investimentos estrangeiros, inclusive dos emergentes da Ásia, têm-se concentrado na ilha. Como foi isso possível, volto a perguntar?
Não pretendo retomar aqui a história da “batalha ideológica” do século XX, já enfaticamente tratada no livro – e vídeo – conjunto de Daniel Yergin e Joseph Stanislaw sobre a luta pelo controle e administração dos commanding heights da economia. Essa batalha política entre os modelos de comando centralizado e de administração pelo mercado se encerrou e não é preciso dizer quem venceu. A Inglaterra lutou o bom combate e conseguiu reverter sua terrível decadência econômica e política. Antes disso, porém, a batalha foi dura: ela teve, primeiro, de ser levada nos “corações e mentes” dos cidadãos britânicos, nos súditos da rainha, para convencê-los de que a decadência não era inevitável ou uma fatalidade do destino, de que era possível, sim, colocar um ponto final na descida para o declínio social e começar lentamente a obra de recuperação. Depois foi preciso se desfazer de velhos mitos – e não apenas mitos, já que respondendo a construções históricas de seu passado mais ou menos “fabiano” – ligados aos papéis respectivos do Estado e do mercado no provimento de emprego e bem-estar social, de modo geral. Foi uma tremenda “reversão de expectativas”, como diria, em relação ao Brasil, o economista Roberto Campos:
Margareth Tatcher teve de sustentar lutas políticas e batalhas literais contra os interesses corporativos consolidados no antigo modelo de “welfare state”, que de “welfare” já não tinha nada e cujo “estado” era um corpo disforme, esgarçado entre as tendências protecionistas da velha indústria, os protestos enraivecidos (mas puramente de retaguarda) dos sindicatos dos setores estatizados e o desalento geral da maioria da população. Foi uma luta terrível para livrar a Grã-Bretanha do “pacto perverso” entre o Labour e a TUC – Trade Union Congress, a confederação sindical – que, durante a maior parte do pós-Segunda Guerra, tinha conduzido o país direto para a decadência, ao garantir aumentos reais de salários para os setores assim protegidos e ao repassar os custos para o conjunto da sociedade. Foi como se, no Brasil, a CUT e a FIESP, por hipótese no exercício do poder central, tivessem “complotado”, durante anos a fio, para se concederem e assim garantirem, reciprocamente, aumentos generosos de preços e de salários, repassando em seguida a conta para os contribuintes e consumidores, o que aliás não deixou de existir, de certo modo, durante as fases de alta inflação no Brasil. Trata-se da mais segura receita para inviabilizar qualquer processo de crescimento com estabilidade que se possa conhecer e ela foi seguida, conscientemente ou não, por vários governos britânicos durante boa parte da segunda metade do século XX na Inglaterra.
Pois bem, isso agora acabou, e a Grã-Bretanha renasce de sua antiga decadência, renovação tanto mais segura de continuar que o “novo Labour” aderiu ao processo e ao modelo iniciados por Lady Tatcher e deles não pretende se desvencilhar. Um pouco, aliás, como vêm fazendo os socialistas e democratas chilenos, que herdaram do período militar uma gestão mais ou menos em ordem e uma economia em franco crescimento nos quadros da globalização e da liberalização comercial. Alguma lição a tirar?
Claro que sim, e a primeira lição a tirar seria, além da inveja, desejar sorte e sucesso continuado a britânicos e chilenos, que podem desfrutar de baixo desemprego, estabilidade de preços, aumento razoável das expectativas de bem-estar, diminuição das “deseconomias” e das externalidades negativas associadas à má gestão da economia, melhora, ainda que gradual, nos padrões gerais dos serviços públicos – ou privados, não importa muito a forma de provimento – relativos à saúde, educação, facilidades urbanas em transporte, segurança etc. Enfim, sem ser preciso nenhuma revolução ou mudança dramática na situação corrente, deve ser melhor viver numa sociedade que conhece progressos incrementais nas condições de vida do que numa outra que, por hipótese, afunde progressivamente na delinqüência, no desemprego, na inflação, na deterioração dos equipamentos sociais, na compressão do poder de compra, na desesperança trazida pela sensação de aumento na corrupção política, enfim, que se debata com vários males de que padecem hoje muitos países ao redor do mundo.
E o que tem nosso país a ver com isso tudo? O Brasil conhece alguns desses males e, felizmente, está ao abrigo de outros, como poderia ser a inflação galopante que ameaça, mais uma vez, a vizinha Argentina, ou a instabilidade política, que já arrastou mais de um presidente para fora dos palácios presidenciais em outros países da região. Mas, nós acabamos de nos converter, junto com o infeliz Haiti, em campeões do baixo crescimento e da carga fiscal, aqui exclusivamente. Mais ainda, conhecendo a trajetória das contas públicas nos próximos anos, não hesito em dizer que teremos anos negros pela frente e, conhecendo também as atuais condições para a atividade empresarial e o ambiente geral dos negócios, tampouco hesito em dizer que o Brasil reúne, sem sombra de dúvida, todos os requisitos para NÃO CRESCER no futuro previsível.
Se essa trajetória não for revertida, a conclusão inevitável me parece ser apenas esta: caminhamos inevitavelmente para a decadência econômica, o baixo crescimento continuado, o desemprego mantido em altas taxas, a desesperança social convertida em humor nacional e o desalento generalizado quanto à capacidade dos nossos políticos em mudar esse quadro de declínio. O Brasil, por certo, não é um país decadente, em espírito ou disposição para a luta, mas ele parece hoje paralisado por um modelo de organização “estatal” da economia que nos garante, apenas e tão somente, isso que vemos: baixo crescimento, incapacidade de investimentos, “despoupança” líquida dos recursos do setor privado por uma máquina estatal prebendalística e perdulária, comportamentos rentistas das corporações que “assaltaram”, literalmente, o Estado, enfim, um quadro negativo de “deseconomias” de escala que nos garante apenas o que já foi mencionado, ou seja, baixo crescimento e perspectivas sombrias para o futuro.
A julgar pela história exemplar de decadência continuada – em certas épocas, mais do que agravada – dos dois casos mais notórios de baixo desempenho econômico no século XX, a Grã-Bretanha e a Argentina, estamos ainda longe de termos atingido o “auge” do declínio. Em outros termos, ainda teremos muitos problemas pela frente, com um espaço ainda aberto para um desempenho ainda mais medíocre da economia e uma deterioração ainda mais sensível dos costumes políticos. Talvez tenhamos de passar, realmente, por vinte anos de decadência, como no exemplo britânico, antes de sequer pensar no caminho da recuperação. Pelo menos é isso que eu concluo, ao constatar, em pesquisas de opinião, que o brasileiro médio ainda confia no Estado como um provedor de “soluções” a seus problemas cotidianos. Pode até ser, mas certamente não será esse Estado que aí se encontra. Reverter esse quadro vai ser difícil, mas não impossível, uma vez que já começamos a reconhecer o problema.
O próprio fato de se poder apontar para a decadência econômica inevitável do Brasil, como acabo de fazer, talvez já seja o primeiro passo para a necessária tomada de consciência e de posição, num sentido contrário à tendência declinista hoje detectada. Esperemos que não tenhamos de esperar por vinte anos, ou mais, de decadência, antes de conhecer uma reversão de tendência. Estou sendo muito pessimista? Talvez, mas não vejo motivos para muito otimismo no momento e nas condições presentes...

Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 7 de março de 2006.

sábado, 30 de abril de 2011

Diploma de Harvard? Esqueca! Melhor ser guarda penitenciario na California...

A California, ou melhor, o tipo especial de organização social e estatal em vigor naquele estado ensolarado -- cujo PIB é muito superior ao do Brasil inteiro, é bom que se diga -- foi objeto de uma matéria de capa e de special survey na Economist de duas semanas atrás.
Recomendo vocês lerem -- deve estar livremente disponível no site da revista -- se quiserem saber como fazer, uma receita muito simples, para afundar um país, uma sociedade, para jogar na decadência tudo de bom que foi construído pelas gerações precedentes, aquelas que trabalharam duro para fazer dos EUA e da Califórnia o lugar mais afluente -- não o mais rico, mas o mais inovador e criativo -- do mundo, sem questionamentos.
Pois bem, os californianos, ou pelo menos alguns californianos, estão destruindo tudo isto, por políticas como a expressa nesta matéria de opinião do Wall Street Journal deste sábado.
Claro, sempre existem caminhos mais rápidos para a decadência, e o Brasil é pródigo nelas, mas a California já tinha ficado rica, quando decidiu voltar a ser pobre outra vez.
O Brasil, para nossa tristeza, nem conseguiu ficar rico, e decidiu continuar pobre para sempre..
Paulo Roberto de Almeida

OPINION
California Prison Academy: Better Than a Harvard Degree
By ALLYSIA FINLEY
The Wall Street Journal, April 30, 2011

Prison guards can retire at the age of 55 and earn 85% of their final year's salary for the rest of their lives. They also continue to receive medical benefits

Roughly 2,000 students have to decide by Sunday whether to accept a spot at Harvard. Here's some advice: Forget Harvard. If you want to earn big bucks and retire young, you're better off becoming a California prison guard.

The job might not sound glamorous, but a brochure from the California Department of Corrections and Rehabilitations boasts that it "has been called 'the greatest entry-level job in California'—and for good reason. Our officers earn a great salary, and a retirement package you just can't find in private industry. We even pay you to attend our academy." That's right—instead of paying more than $200,000 to attend Harvard, you could earn $3,050 a month at cadet academy.

It gets better.
Training only takes four months, and upon graduating you can look forward to a job with great health, dental and vision benefits and a starting base salary between $45,288 and $65,364. By comparison, Harvard grads can expect to earn $49,897 fresh out of college and $124,759 after 20 years.

As a California prison guard, you can make six figures in overtime and bonuses alone. While Harvard-educated lawyers and consultants often have to work long hours with little recompense besides Chinese take-out, prison guards receive time-and-a-half whenever they work more than 40 hours a week. One sergeant with a base salary of $81,683 collected $114,334 in overtime and $8,648 in bonuses last year, and he's not even the highest paid.

Sure, Harvard grads working in the private sector get bonuses, too, but only if they're good at what they do. Prison guards receive a $1,560 "fitness" bonus just for getting an annual check-up.

Most Harvard grads only get three weeks of vacation each year, even after working for 20 years—and they're often too busy to take a long trip. Prison guards, on the other hand, get seven weeks of vacation, five of them paid. If they're too busy racking up overtime to use their vacation days, they can cash the days in when they retire. There's no cap on how many vacation days they can cash in! Eighty officers last year cashed in over $100,000 at retirement.

The cherry on top is the defined-benefit pension. Unlike most Harvard grads working in the private sector, prison guards don't have to delay retirement if their 401(k)s take a hit. Prison guards can retire at the age of 55 and earn 85% of their final year's salary for the rest of their lives. They also continue to receive medical benefits.

So you may be wondering what it takes to become a prison guard. For one, you have to be a U.S. citizen with a high-school diploma or equivalent. Unfortunately, you can't have any felony convictions, but don't worry, possession of marijuana is only an infraction in California.

There's also a vision test, background investigation, psychological evaluation, physical exam, tuberculosis screening, and a fitness test that measures your grip strength. The hardest part, however, is the written test, which includes word problems like this sample test question: "Building D currently has 189 inmates, with 92 beds unfilled. Building D is currently at what capacity?" If you've somehow forgotten how to add and divide, you can bone up on your basic math with Barron's "Correction Officer Exam" prep book.

The application process may seem like a piece of cake compared to Harvard's, but the correctional officer academy is actually more selective than Harvard. Over 120,000 people apply every year, according to the state Legislative Analyst's Office, but the academy only enrolls about 900. That's an acceptance rate of less than 1%. Harvard's is 6.2%. The job also has a better retention rate than Harvard. Only 1.7% dropped out of the service last year, compared to 2% who left Harvard.

If your parents aren't thrilled about you turning down Harvard to become a prison guard in California, just show them the job brochure. Then explain that in another few years instead of paying off thousands of dollars in college loans you'll be taking cruises together. They'll be speechless.

Ms. Finley is assistant editor of OpinionJournal.com.

domingo, 3 de abril de 2011

Como destruir a economia do pais, pensando fazer o bem

O primitivismo da economia política do PT é de espantar.
Não seria assim de espantar se o Brasil recuasse economicamente.
Mentalmente atrasado ele já está.
Teremos mais alguns anos de mediocridade econômica e de decadência progressiva.
Alguns países (como a China, por exemplo) decaíram durante séculos; outros (Inglaterra, é outro exemplo), decaíram durante décadas; alguns conseguem até reincidir nas bobagens e continuam, contra todas as evidências histórica, a decair, como a Argentina, para sermos mais precisos.
Está na hora do Brasil decair um pouco...
Paulo Roberto de Almeida

Governo estuda taxar venda de minério
Por Christiane Samarco e Renato Andrade
Estado de S.Paulo, 01/04/2011

O Palácio do Planalto determinou ao Ministério da Fazenda estudar uma forma de taxar fortemente a exportação de minério de ferro e desonerar o aço. A ideia é reduzir a venda da commodity e aumentar a comercialização de produtos siderúrgicos brasileiros no exterior. O objetivo por trás da medida é forçar a Vale a investir mais na produção de produtos de maior valor.

A equipe do ministro Guido Mantega está encarregada de fazer as contas, para ver se é viável calibrar os tributos incidentes sobre os produtos. A decisão final só sairá depois que os cálculos forem feitos, mas a presidente Dilma Rousseff gostou da ideia, segundo relato de um interlocutor do Planalto.

Embora a proposta afete todo o setor de mineração, a iniciativa em gestação tem endereço certo e objetivo imediato: forçar a Vale a acelerar a construção da siderúrgica que será instalada no Pará. A medida nasce no momento em que o governo conclui o novo marco regulatório da mineração e tem como pano de fundo a disputa entre a mineradora e o Departamento Nacional de Produção Mineral, em torno do valor que a Vale deve pagar pela exploração de minério.

Antes mesmo de ganhar os holofotes, a encomenda do Planalto foi duramente criticada por representantes da mineração ouvidos pelo Estado. “Isso é uma loucura. O Brasil é um país estranho. Os produtores de aço estão investindo em mineração e o governo quer forçar as mineradoras a investir em siderurgia. Não tem o menor sentido”, disse uma importante fonte do setor.

Nem mesmo representantes da siderurgia brasileira acreditam que a taxação do minério possa trazer os resultados esperados pelo governo. “Tem um ruído nessa história de onerar o minério e desonerar o aço. Quando a gente fala em desonerar, tem de ser para a cadeia como um todo”, disse o presidente executivo do Instituto Aço Brasil, Marco Polo de Mello Lopes.

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Complemento do que vai acima:

Desatinos contra a Vale
Editorial - O Estado de S.Paulo
03 de abril de 2011

Derrubado o presidente da Vale, o governo estuda o próximo passo para impor seus interesses e suas concepções econômicas à maior empresa privada do Brasil, segunda maior mineradora do mundo e líder mundial na extração de minério de ferro. O Palácio do Planalto mandou o Ministério da Fazenda examinar uma forma de tributar a exportação do minério, para reduzir os embarques de matéria-prima e aumentar as vendas externas de aço, produto de maior valor agregado. Para isso a empresa teria de ampliar seu investimento em siderurgia. A decisão só será tomada depois dos estudos, informou ao Estado uma fonte ligada ao poder central. Segundo a mesma fonte, a presidente se mostraria sensível ao que era uma das obsessões do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Durante mais de metade de seu segundo mandato, o presidente Lula se esforçou para mandar na Vale e, diante da resistência do presidente da empresa, passou a manobrar para derrubá-lo. Esta parte da tarefa já foi cumprida pela presidente Dilma Rousseff. O afastamento de Roger Agnelli foi anunciado oficialmente pela companhia na sexta-feira. Uma agência foi contratada para buscar e sugerir nomes para a substituição, mas alguns possíveis sucessores já têm sido mencionados por pessoas envolvidas no processo.

O novo presidente da Vale terá um mau começo, se aceitar previamente a interferência do governo. Se estiver disposto a receber ordens do Palácio do Planalto ou de qualquer Ministério, o governo nem precisará tributar o minério para forçar a empresa a investir mais em siderurgia. Ao mostrar submissão, esse presidente iniciará sua nova carreira já enfraquecido e enviará uma péssima informação ao mercado e aos acionistas particulares.

As manobras do governo para comandar a Vale têm sido motivadas por uma combinação de ideias estapafúrdias e de impulsos perigosos. É estapafúrdia, em primeiro lugar, a ideia de forçar maiores investimentos em siderurgia, quando o setor está com uma enorme capacidade ociosa - no País e no exterior. A presidente Dilma Rousseff saberia disso, se tivesse o trabalho de consultar os profissionais do setor. A Vale já investe na produção de aço, mas em ritmo compatível com uma estratégia racional.

Em segundo lugar, é um desatino a ideia de tributar a matéria-prima para forçar a exportação de produto de maior valor agregado. Essa tolice reaparece, de tempos em tempos, sob nova roupagem - estimulada, às vezes, por interesses privados. Há anos, empresas do setor calçadista convenceram o governo a tributar a exportação de um tipo de couro. O governo cedeu à esperteza de alguns e cometeu a bobagem. Um dos efeitos foi o desvio das exportações de couro brasileiro pelo Uruguai. O resultado poderia ter sido pior - a perda de mercados para os concorrentes.

Tributar a exportação de minério concederá uma vantagem aos concorrentes estrangeiros da Vale. Ninguém forçará uma grande potência importadora, como a China, a pagar mais pelo minério ou a comprar mais aço do Brasil por causa dessa manobra ridícula. Depois, a mera ideia de tributar matéria-prima para aumentar a exportação de bens de maior valor agregado é uma infantilidade. No máximo, a medida poderia ter algum efeito se o país tivesse o monopólio da matéria-prima. Não é o caso e, mesmo que fosse, o expediente seria discutível.

Se houvesse alguma inteligência nessa proposta, valeria a pena aplicá-la de forma radical. Por que não tributar também a exportação de aço, para favorecer a venda de automóveis, tratores e outros produtos fabricados com esse tipo de insumo? Por que não taxar o milho, a soja e a ração, para ampliar as vendas de carnes? Ou, ainda, por que não dificultar os embarques de café em grão - o Brasil é o maior exportador do mundo -, para multiplicar as vendas do produto instantâneo e do torrado? O desatino seria o mesmo em todos esses casos.

Mas o governo pode ter outros motivos, também, para mandar numa empresa como a Vale. Orientar seus investimentos para este ou aquele Estado ou município pode ser uma forma de distribuir enormes favores. E, se a ordem é conceder benefícios à custa de uma grande companhia, por que privar os aliados de mais alguns bons empregos?