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quarta-feira, 9 de março de 2022

Personagens da história da liberdade: Roberto Campos - Live com Paulo Roberto de Almeida

 Minha live mais recente, a convite do líder do Movimento SC Livre, de Santa Catarina, Rafael Ary, e do deputado Bruno Souza, fundador do movimento.


1443. “A atualidade de Roberto Campos”, Palestra e debate sobre o personagem símbolo da liberdade no Brasil, no Movimento SC Livre (08/02/2022; link: https://youtu.be/L70hyLaBnYQ); Relação de Originais n. 4090.



A atualidade de Roberto Campos

 

 

Paulo Roberto de Almeida

Diplomata, professor; diretor de publicações no IHG-DF.

(www.pralmeida.org; diplomatizzando.blogspot.com)

palestra no Movimento SC Livre, sobre o economista e diplomata; em módulo formativo nomeado “Personagens da História da Liberdade”; dia 8/03; 20:00hs.

Link para a aula: https://youtu.be/L70hyLaBnYQ

 

 

Livros PRA: O Homem Que Pensou o Brasil: trajetória intelectual de Roberto Campos (Curitiba: Appris, 2017); A Constituição Contra o Brasil: ensaios de Roberto Campos sobre a Constituinte e a Constituição de 1988 (São Paulo: LVM, 2018).

Conceito chave: ecletismo; liberdade é um conceito genérico e abstrato

Anos 1940: Oswaldo Aranha o considerava comunista

Anos 1950: planejamento econômico, Comissão Mista Brasil-EUA, BNDE, Plano de Metas de JK; renúncia da presidência do BNDE (acordo com FMI; construção de Brasília);

1961-64: embaixador em Washington; de Jânio ao parlamentarismo e ao presidencialismo;

Anos 1964-67: grandes reformas, que só podiam ser feitas pelo Estado: PAEG (redução gradual da inflação, sem metodologia FMI), criação do BC, reformas financeiras (correção monetária, scala mobile italiana; efeitos delongados, inerciais), novo sistema tributário (racionalidade, para investimentos), BNH, uma nova Lei de Terras (tributação sobre terras ociosas), mercado de capitais, investimentos estrangeiros (recusa da limitação de remessa de lucros, garantias aos investidores, Convenção de NY-1959, aceita 30 anos depois)

Revisão de expectativas: anti-estatismo ao sair do governo

1967 em diante: críticas à estatização, intervencionismo exacerbados, três orçamentos: fiscal, monetário, estatais, subsídios anti-Gatt, financiamentos estatais às Xs, dezenas de estatais produtivas

Constituição de 1967: colaboração no capítulo econômico

1974-82: Embaixador em Londres: intelectuais; José Guilherme Merquior;

1982-1998: parlamentar: Senador MS na Constituinte; cavaleiro solitário; deputado pelo RJ;

1989-1991: queda do muro de Berlim; teve razão antes do tempo; Raymond Aron;

1998: ABL: teve vitórias e decepções

2001: morte e legado

2017: 100 anos do nascimento; homenagens, PRA e Ives Gandra, Paulo Rebello de Castro

 

Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 4090: 25 fevereiro 2022, 1 p.


sexta-feira, 16 de abril de 2021

Roberto Campos e pensamento econômico brasileiro: um dos maiores estadistas do Brasil: conversa com o deputado Bruno Souza (Novo-SC)

 Participei, neste final de sexta-feira, de uma live com o deputado Bruno Souza, do Novo de SC, sobre o economista e diplomata Roberto Campos, suas ideias e suas contribuições para o desenvolvimento do Brasil. 

Podem assistir neste link: https://www.instagram.com/p/CNvva9bnlmj/ 

Eis o roteiro que o deputado preparou para a nossa live, via Instagram: 

Roberto Campos

 


Quem foi:

O maior político brasileiro! 

Dotado de mente privilegiada, foi um dos maiores – senão o maior – intérprete do Brasil. Reconhecido como um dos nossos maiores economistas, era também teólogo e diplomata. 

 

Pergunta: Que outros pensadores influenciaram as ideias de Roberto Campos? 

 

Trajetória pessoal e política: 

Mato-grossense, Roberto de Oliveira Campos dedicou a maior parte de sua vida ao serviço público do país. Teve atuação destacada nos governos de Juscelino Kubitschek, no qual foi um dos formuladores do Plano de Metas, e de Castello Branco, o primeiro do ciclo militar iniciado em 1964 e extinto em 1985.

Nos anos 60 e 70, foi embaixador em Washington e em Londres. A partir dos anos 80, foi eleito senador e deputado federal por dois mandatos consecutivos.

Roberto Campos foi um dos mais conceituados economistas e se destacou na história política do Brasil como defensor ferrenho do liberalismo econômico. Foi essa a bandeira que defendeu durante o período em que foi colunista da Folha, a partir de dezembro de 1994, até interromper a sua colaboração com o jornal em fevereiro de 2000, por motivo de saúde.

"Ele era uma pessoa polêmica, identificada com suas idéias e sobretudo extremamente sincero", disse o acadêmico e escritor Josué Montello, que conheceu Roberto Campos na época em que era subchefe da Casa Civil no governo Kubitschek.

Além de ministro do Planejamento do governo Castello Branco, o primeiro do regime militar iniciado em 1964, Campos foi senador por Mato Grosso, pelo PSD, e deputado federal pelo Estado do Rio, eleito pelo PPB.

Em 1992, doente, foi conduzido em cadeira de rodas ao plenário da Câmara dos Deputados, quando votou pela aprovação do processo de impeachment do ex-presidente Fernando Collor de Mello.

 

Ideias 

O maior legado de Roberto Campos foi no mundo das ideias. Ele foi um dos maiores defensores do liberalismo no país. Encarnou, mais que ninguém, o papel de pregador incansável do pensamento liberal e usava de fina ironia para combater o comunismo, o socialismo e o esquerdismo. Num período em que a defesa do liberalismo era vista como uma espécie de heresia, Campos pregava quase no deserto.

 

Tinha a convicção de que a economia de mercado, a concorrência interna e externa e o Estado mínimo eram a melhor maneira de promover o desenvolvimento sustentável e a prosperidade geral da população, e não se constrangia em expressá-la a qualquer tempo e lugar.

 

Roberto Campos era um fiscalista e combatia a gastança sem lastro do dinheiro público. Acreditava que o controle da inflação era fundamental para alavancar o crescimento sustentável da economia.    

 

-“A Constituição Contra o Brasil” 

 

Livro publicado em 2018, reúne artigos e ensaios escritos por Roberto Campos sobre a Constituição de 1988 e o processo político que deu origem a ela.

 

Roberto Campos e Paulo Roberto de Almeida compartilham da mesma ambição: arrancar o Brasil da "pobreza corrigível" para a "riqueza atingível". Para esse propósito, a Constituição de 1988 é mais um obstáculo do que uma ferramenta.

 

“Na Constituinte de 1988, a lógica econômica entrou de férias”

 

Pergunta: O que Roberto Campos percebeu no processo da Constituinte de 1988 que outros intérpretes não viram? 

 

Roberto Campos denunciava uma doença que chamava de Constitucionalite - a crença de que uma nova Constituição resolveria nossos problemas (entre eles, nossa pobreza e subdesenvolvimento) como que por mágica. A Constituição de 1988 é "Um robusto catálogo de direitos com uma magra lista de deveres"

 

A inflação, o estatismo e o próprio subdesenvolvimento brasileiro são rigorosamente inconstitucionais. Roberto Campos percebeu que problemas sociais e econômicos não se resolvem com apenas por vontade de legisladores ou por decisões jurídicas. 

 

Pergunta: Por que a Constituição é contra o Brasil? 

Porque ao invés de criar o ambiente institucional necessário para o desenvolvimento econômico e a geração de riqueza, ela faz justamente o contrário: regula e taxa demasiadamente a produção; aumenta a burocracia sobre empreendedores; coloca “responsabilidades sociais” demais nas costas do Estado.

 

Frases emblemáticas de Roberto Campos:

 

“Haverá salvação para um país que se declara “deitado eternamente em berço esplêndido” e cujo maior exemplo de dinâmica associativa espontânea é o Carnaval?”

 

“Uma vez criada a entidade burocrática, ela, como a matéria de Lavoisier, jamais se destrói, apenas se transforma.”

 

“Sou chamado a responder rotineiramente a duas perguntas. A primeira é ‘haverá saída para o Brasil?’. A segunda é ‘o que fazer?’. Respondo àquela dizendo que há três saídas: o aeroporto do Galeão, o de Cumbica e o liberalismo. A resposta à segunda pergunta é aprendermos de recentes experiências alheias.”

 

Pergunta: com as restrições em viagens internacionais, duas das três saídas apontadas por Roberto Campos estão, na prática, fechadas. Nos resta o liberalismo. Que experiências recentes podem servir de exemplo para o Brasil se tornar um país mais liberal?

 

“Quando cheguei ao Congresso, queria fazer o bem. Hoje acho que o que dá para fazer é evitar o mal.”

 

“Empresa privada é aquela que o governo controla, empresa estatal é aquela que ninguém controla.”

 

“Nossas esquerdas não gostam dos pobres. Gostam mesmo é dos funcionários públicos. São estes que, gozando de estabilidade, fazem greves, votam no Lula, pagam contribuição para a CUT. Os pobres não fazem nada disso. São uns chatos.”

 

 

“É divertidíssima a esquizofrenia de nossos artistas e intelectuais de esquerda: admiram o socialismo de Fidel Castro, mas adoram também três coisas que só o capitalismo sabe dar – bons cachês em moeda forte, ausência de censura e consumismo burguês. São filhos de Marx numa transa adúltera com a Coca-Cola.”

 

“Continuamos a ser a colônia, um país não de cidadãos, mas de súditos, passivamente submetidos às ‘autoridades’ – a grande diferença, no fundo, é que antigamente a ‘autoridade’ era Lisboa. Hoje, é Brasília.”

Pergunta: como Roberto Campos avaliava o pacto federativo brasileiro?

 

Pergunta: para quem é fã do pensamento e do estilo de Roberto Campos, que outros escritores e intelectuais o senhor recomenda?