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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

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quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

Thomas Sowell: a despedida de um sabio socratico, um negro americano

Leitura obrigatória para todos aqueles que pensam (com desculpas antecipadas aos que pouco ou nada pensam, mas que de toda forma não vão ler esta postagem).
Thomas Sowell faz parte desse grupo restrito de pessoas inteligentes que, a despeito da modestíssima condição social de origem, souberam acumular conhecimentos e colocar todo esse conhecimento, e experiência de vida, a serviço daquilo que eu chamo de elevação espiritual da humanidade, uma tarefa nobre, praticada por todos aqueles que valorizam a sabedoria adquirida nos livros e na observação honesta da realidade do mundo, e colocam esse tesouro à disposição de todos os demais, por meio de livros, artigos, palestras.
Esta é uma postagem de leitura obrigatória.

Paulo Roberto de Almeida


27 de dezembro de 2016
Texto originalmente publicado no WND
Tradução de Rodrigo Constantino


Por Thomas Sowell*
Mesmo as melhores coisas chegam ao fim. Após aproveitar um quarto de século escrevendo esta coluna para Creators Syndicate, eu decidi parar. A idade de 86 está bem à frente da idade usual de aposentadoria, então a pergunta não é por que estou parando, mas por que isso levou tanto tempo.
Foi muito enriquecedor poder compartilhar meus pensamentos sobre os acontecimentos ao nosso redor, e receber o retorno de leitores pelo país todo – mesmo que fosse impossível responder a todos eles.
Sendo alguém à moda antiga, eu gostava de conhecer os fatos antes de escrever. Isso demandava não só bastante pesquisa, como também exigia me manter atualizado com aquilo que estava sendo dito pela mídia.
Durante uma estadia no Yosemite National Park em maio passado, tirando fotos com alguns amigos, fiquei quatro dias consecutivos sem ler os jornais ou ver os noticiários da televisão – e a sensação foi maravilhosa. Com as notícias políticas sendo tão terríveis este ano, isso pareceu especialmente maravilhoso.
Isso me fez decidir gastar menos tempo acompanhando política e mais tempo com minha fotografia, adicionando mais fotos ao meu website (www.tsowell.com).
Olhando para trás pelos anos, como os mais velhos estão aptos a fazer, eu vejo grandes mudanças, tanto para melhor como para pior.
Em termos materiais, houve um progresso quase inacreditável. A maioria dos americanos não tinha refrigeradores em 1930, quando eu nasci. Televisão era pouco mais do que um experimento, e tais coisas como ar-condicionado ou viagem aérea eram somente para os muito ricos.
Minha própria família não tinha eletricidade ou água corrente quente em minha infância, o que não era incomum para negros do sul naqueles tempos.
É difícil transmitir à geração de hoje o temor que a doença paralisante da pólio despertava, até que as vacinas pusessem um fim abrupto a seu longo reinado de terror nos anos 50.
A maioria das pessoas vivendo na pobreza oficialmente definida no século 21 possui coisas como TV a cabo, microondas e ar-condicionado. A maioria dos americanos não tinha tais coisas, mesmo tão tarde quanto nos anos 1980. As pessoas que a intelligentsia continua a chamar de “despossuídos” hoje possuem coisas que os “abastados” não tinham, apenas uma geração atrás.
Description: http://ssum.casalemedia.com/usermatchredir?s=183697&cb=http%3a%2f%2fdis.criteo.com%2frex%2fmatch.aspx%3fc%3d24%26uid%3d%25%25USER_ID%25%25
Em alguns outros sentidos, porém, houve sérios retrocessos ao longo dos anos. A política, e especialmente a confiança dos cidadãos em seu governo, desabaram.
Em 1962, o presidente John F. Kennedy, um homem eleito de forma apertada há apenas dois anos, foi à televisão dizer à nação que ele estava nos levando à beira de uma guerra nuclear com a União Soviética, porque os soviéticos tinham construído secretamente bases para mísseis nucleares em Cuba, a apenas 90 milhas da América.
Muitos de nós não questionaram o que ele fez. Ele era o presidente dos Estados Unidos, e ele sabia coisas que o restante de nós não poderia saber – e isso era bom o suficiente para nós. Felizmente, os soviéticos recuaram. Mas algum presidente hoje poderia fazer algo desse tipo e contar com o apoio do povo americano?
Anos de presidentes mentirosos – o democrata Lyndon Johnson e o republicano Richard Nixon, especialmente – destruíram não só sua própria credibilidade, mas também a credibilidade de que o cargo em si já gozou. A perda dessa credibilidade foi uma perda do país, não apenas das pessoas que ocuparam o cargo nos anos seguintes.
Com todos os avanços dos negros ao longo dos anos, nada me fez constatar mais a degradação nos guetos de negros do que uma visita a uma escola em Harlem alguns anos atrás.
Quando olhei pela janela para o parque do outro lado da rua, eu mencionei que, quando criança, costumava passear com meu cachorro naquele parque. Olhares de horror vieram do rosto dos alunos, ao pensamento de um garoto indo para o buraco do inferno que aquele parque se tornou em seu tempo.
Quando eu mencionei que dormia em uma escada de incêndio no Harlem durante as noites quentes de verão, antes que a maioria pudesse bancar um ar-condicionado, os jovens me olharam como se eu fosse de Marte. Mas negros e brancos vinham dormindo em escadas de incêndio em Nova York desde o século 19. Eles não tinham que lidar com tiros voando ao seu redor durante a noite.
Não podemos voltar ao passado, mesmo que desejássemos, mas vamos esperar que possamos aprender algo com o passado para construir um presente e um futuro melhores.
Adeus e boa sorte a todos.
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SOBRE / 

 RODRIGO CONSTANTINO
Rodrigo Constantino
Economista pela PUC com MBA de Finanças pelo IBMEC, trabalhou por vários anos no mercado financeiro. É autor de vários livros, entre eles o best-seller “Esquerda Caviar” e a coletânea “Contra a maré vermelha”. Contribuiu para veículos como Veja.com, jornal O Globo e Gazeta do Povo. Preside o Conselho Deliberativo do Instituto Liberal.

domingo, 1 de abril de 2012

Fim do Diplomatizzando e despedida: explicacao e justificativa


Carta aos meus leitores: infelizmente, fechando o blog Diplomatizzando

Paulo Roberto de Almeida

Ocasionalmente, quando consulto o pequeno quadrilátero dos “leitores” deste blog, ou quando constato algumas estatísticas relativas a temas mais acessados – e, invariavelmente, os campeões são todos os assuntos relativos à carreira diplomática: dicas de concurso, características da profissão, orientação de estudos, etc. – fico com vontade de tomar da pluma – ops, mania de velho escritor: acessar o teclado – para escrever a todos e a cada um para, em primeiro lugar, agradecer a fidelidade e os comentários, dos quais uma parte vai anexa aos posts pertinentes; em segundo lugar, para relatar algum fato novo, ou simplesmente comentar a atualidade, do mundo, do Brasil, deste blog.
Por exemplo, verifico, nesta data, 1ro de Abril de 2012 (usualmente consulto minhas estatísticas no final do mês, mas desta vez me passou), que o número de acessos, e o de leitores, tem aumentado constantemente:


Visualizações de página de hoje
1.101

Visualizações de página de ontem
2.167

Visualizações do mês passado
46.030

Histórico de todas as visualizações
692.412

Pela contagem do próprio blogger, os “membros” inscritos neste blog seriam 535 – inclusive um cachorro que detectei, e agradeço também ao simpático quadrúpede, pois o considero o melhor amigo do homem, junto com o cavalo (antigamente), o uísque (para alguns), e os livros (para mim, claro) – mas entendo que o número de leitores efetivos é bem menor, pois pouca gente tem paciência para ler todas as coisas enfadonhas que acabo postando aqui, sobretudo aquelas coisas horríveis sobre o governo maravilhoso que temos (e como sou injusto nessas críticas infundadas à sapiência dos nossos líderes).
Bem, mas hoje não tenho boas notícias para todos esses leitores, sobretudo para todos esses jovens desesperados por ingressar na carreira diplomática, e que aqui comparecem para saber como se aperfeiçoar para finalmente chegar um dia a entender o bullshit diplomático. Infelizmente vou ter de fechar o blog, ou pelo menos dele me afastar por um tempo indefinido. As razões são várias e me limito a apontar algumas. Talvez não as mais importantes a critério dos leitores, mas as mais relevantes do meu ponto de vista.
Em primeiro lugar, e me desculpo uma vez mais sinceramente, o blog tem ocupado um espaço maior do que o esperado em minha vida e em meus afazeres. Já com um tempo exíguo para ler tudo o que gostaria num dia de apenas 24 horas – e tudo o que é humanamente produzido me interessa – ainda dedico várias horas por dia a ler e a selecionar material para postar neste espaço. E só os leitores mais fieis sabem quanto besteirol entra, ao lado de coisas mais interessantes e palatáveis, que aliás deveriam corresponder ao espírito original e à especialização primeira deste blog: relações internacionais e política externa do Brasil, ponto. Pouco a pouco fui adentrando em temas de economia doméstica, de política, de corrupção, e zut, voilà que o blog se tornou generalista demais, podendo causar certo aborrecimento em leitores mais exigentes. Mas o fato principal, e esta é a razão primordial pela qual decidi interromper temporariamente (ou sem prazos) o serviço, é que tenho ficado com muito pouco tempo para ler, para escrever os textos já projetados e estudar alguns temas que figuram em meu programa pessoal de pesquisas. Esta é a razão principal, portanto, e nisso espero ter a complacência, se não a concordância, dos leitores e fieis seguidores.
Outra razão é que venho detectando invasões em meu computador, seja via e-mail, seja via site (e o próprio provedor, que por vezes se comporta estranhamente, não reconhecendo meu password, por exemplo), seja via o próprio blog, que muda misteriosamente de configurações, sem que eu – que sou um incompetente notório em todas essas coisas – tenha jamais entrado nos settings para mudar qualquer coisa. Estranho tudo isso, não é?
Não sou paranoico, nem adepto de teorias conspiratórias – o que não é razão, diria um desses, para deixar de acreditar que estão me perseguindo – mas pode ser que os meus passos estejam sendo cuidadosamente controlados, vigiados, seguidos, medidos e examinados. Podem ser esses funcionários a soldo das forças ocultas que povoam certas instâncias do poder – My God!: estou com a linguagem dos paranoicos, já – podem ser os espiões da CIA, do sucessor da KGB, o MI6, a Seguridad Cubana, quem sabe até o Vaticano (como eu sou irreligioso, vai lá saber), enfim, podem ser todos esses burocratas que não têm mais nada a fazer, e que acham que eu tenho alguma importância em algum esquema de poder muito poderoso (com perdão pela redundância, mas por vezes ela é necessária).
E adianta eu dizer a todos esses meus malévolos seguidores que eu não tenho poder nenhum? Eles acham que apenas porque eu posto certas coisas incômodas, e questionadoras, eu devo estar a serviço de alguma causa não identificada, forças ainda não definidas, interesses incógnitos, como é que eu posso saber?
Enfim, não é por medo de todos esses bisbilhoteiros profissionais – mas alguns têm um comportamento muito amador, fazendo provocações nos comentários, que são obviamente armadilhas para que eu me desconcerte – que estou encerrando a atividade deste blog, e sim pela razão primeira que apontei: necessito de tempo, todo o meu tempo livre – e ele já é bem pouco, depois de fazer as compras, lavar a louça e colocar os livros em ordem – para ler, refletir, e sobretudo escrever aquilo que me propus há muito tempo: uma série completa sobre a diplomacia econômica no Brasil – e ainda faltam dois volumes –, um outro livro de história diplomática brasileira (mas um bem pensado, e objetivo, não essas contrafações que existem por aí), e mais dois ou três dos meus temas habituais: relações econômicas internacionais, integração, história econômica.
Eu também preciso ler romances, pois tenho dezenas de clássicos nas estantes que estão esperando “aquele dia”, que nunca chega, entre outros motivos porque fico disperso numa série de atividades. Depois tem as viagens, o material já acumulado nas estantes e no computador – que é preciso separar, revisar e aproveitar nesses trabalhos – a gastronomia, sem falar em todas as obrigações familiares que me escuso de não revelar dado meu natural reservoso e um comportamento discreto como sempre foi o meu.

Por todas essas razões, e não querendo desgostar, descontentar, desagradar meus poucos leitores e vários outros seguidores, tenho esse supremo constrangimento de anunciar minha despedida temporária deste blog. Voltarei, ocasionalmente, ou dentro de algum tempo, mas não sei ainda precisar quando e em quais circunstâncias.
Juntando este blog, todos os demais, relacionados em algum canto deste, meu site, e todos os demais textos e colaborações que já produzi, creio que acumulei um bocado de papel sujo e de bits and bytes de arquivos digitais, o que dá para alimentar a curiosidade e as necessidades dos leitores interessados por meses e meses à frente. Se alguém conseguir toda a minha Gesamtwerke, com desculpas pela expressão, só pode ser um maluco ou alguém muito curioso, desses funcionários da Stasi que precisam fazer uma ficha completa sobre seus alvos. Enfim, espero, finalmente, não descontentar o pessoal da CIA, do KGB, da ABIN, o que for, que anda interferindo em minha vida, mas eu diria que eles podem ir catar coquinhos em outra freguesia, que pretendo só fazer leituras amenas pelos próximos meses. Quando eu entrar na política novamente eu aviso, tá?
Obrigado, minha gente, foi muito bom contar com a confiança de vocês, e me desculpando mais uma vez, recomendo aos muito carentes que comecem a ler para trás, até onde a vista alcança: vocês vão encontrar coisas muito interessantes, e até escritos meus que eu próprio desconheço, por falta de registro (tendo sido feitos no próprio blog).
Foi bom enquanto durou, mas tudo o que é bom um dia acaba, como diz o velho ditado.
Sem cartas de condolências, ou de pêsames, por favor. Mantenhamos a dignidade do momento, e a solenidade da ocasião...
Um abraço a todos,

Paulo Roberto de Almeida

Paris, 2379: 1ro abril 2012, 4 p.