Jornalistas não são diplomatas, e por isso mesmo não sabem se ater a uma linguagem diplomática.
Nenhum serviço diplomático sério empregaria tais palavras, ou mandaria tais "recados" pela imprensa, no caso de uma relação tão importante.
Só pode ser coisa de amadores...
Algum gaiato, ou jornalista ainda mais "aéreo", ainda vai sacar aquela famosa frase, tão mal usada, sobre endurecimento e ternura: aguente-se tanta bobagem...
Paulo Roberto de Almeida
Dilma quer endurecer relação com China
NATUZA NERY, SIMONE IGLESIAS, LEILA COIMBRA
DE BRASÍLIA
Folha de S.Paulo, 24.01.2011
Plano prevê raio-X de produtos sensíveis, comitê para tratar de problemas e reforço da embaixada em Pequim
Itamaraty admite elevar o tom em algumas áreas e cobrar mais apoio, por exemplo, para vaga no Conselho de Segurança
Entusiasta do modelo de desenvolvimento chinês e leitora contumaz das dinastias que dominaram o passado milenar da potência asiática, a presidente Dilma Rousseff quer tirar mais da China do que fez qualquer um de seus antecessores.
Ela encomendou à sua equipe uma estratégia para impulsionar a diplomacia sino-brasileira; um plano que reflita posições do governo, não somente do Itamaraty.
Quer ampliar parcerias, mas autorizou seu ministério a endurecer no front comercial e, quando possível, selecionar investimentos que venham de lá.
A estratégia brasileira em discussão indica um reposicionamento do jogo diplomático em relação a Pequim.
Até mesmo o Itamaraty admite elevar o tom em algumas áreas e cobrar mais apoio do aliado em embates internacionais.
Não está claro, porém, se a cobrança se estenderá à defesa dos direitos humanos.
O Ministério do Desenvolvimento já prepara um raio-X de produtos domésticos e setores da economia prejudicados pelos baixos preços dos "made in China".
Dilma Rousseff sugeriu a criação de um comitê exclusivo para tratar de problemas e potenciais oportunidades de negócios.
O governo pretende ainda reforçar sua representação na nação mais populosa do mundo (1,3 bilhão de habitantes) e deve elevar o número de diplomatas atuando lá.
Hoje, são 12, mas poucos fluentes em mandarim. O novo chanceler, Antonio Patriota, tenta sair dessa estatística: toma aulas semanais para aprender a língua.
Outro objetivo, mais difícil, é obter apoio por um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU. Lula jamais arrancou esse compromisso de Hu Jintao.
Quando o presidente Barack Obama convidou Dilma para visitar os EUA em dezembro, ela disse a assessores: "Se for, vou à China também". A petista desembarca em Washington em março.
Em abril, em Pequim, onde participa da reunião com os emergentes que integram os Brics (Rússia e Índia).
Integrantes do novo governo reclamam da ausência de um plano de aproximação na gestão anterior, apesar de reconhecerem o incremento substancial no comércio entre as duas nações.
Foram US$ 30,8 bilhões exportados pelo Brasil em 2010. Na outra mão, o Brasil comprou US$ 25,6 bilhões dos chineses no ano passado. Logo, tem um saldo favorável de US$ 5,2 bilhões.
"Acho que a Dilma vai privilegiar mais o interesse nacional", diz o economista Roberto Giannetti da Fonseca, da Fiesp.
MEDIDAS
Segundo a Folha apurou, Dilma não pretende entrar em batalhas com a China contra a desvalorização do yuan. Julga mais eficaz atacar no front comercial.
Pode, com isso, lançar mão de algumas medidas: salvaguardas para setores sob risco; processos mais rápidos antidumping; nacionalização de cadeias produtivas; imposição de barreiras técnicas e até o estabelecimento de cotas para a entrada de produtos chineses.
Os investimentos de estatais chinesas no Brasil serão avaliados para não impor riscos ao mercado nacional.
O Planalto quer dificultar o avanço da nação asiática no setor de mineração.
Hoje, o governo brasileiro não sabe quantas jazidas de minério de ferro já estão em mãos chinesas. Dilma quer ver o novo código da mineração enviado ao Congresso e aprovado neste ano.
O QUE DILMA QUER DA CHINA
Instrumentos que o governo brasileiro pode usar para pressionar os chineses
1 Impor barreiras técnicas (exigências extras à importação) a produtos "made in China"
2 Criar salvaguardas para tentar impedir a inundação de alguns produtos chineses no mercado brasileiro
3 Agilizar no Ministério do Desenvolvimento a análise de ações antidumping
4 Nacionalizar alguns setores da cadeia produtiva, a exemplo do que ocorreu na construção de plataformas pela Petrobras
5 Regulamentar setores da economia, como um novo marco para a mineração
- O que o Brasil quer politicamente da China
Apoio para obter um assento permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas
- Apoio para ampliar a influência do Brasil no FMI (Fundo Monetário Internacional) e no Banco Mundial
- Maior coordenação entre os Brics nos fóruns internacionais, sobretudo no G20
- Práticas mais respeitosas na área de direitos humanos
Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas. Ver também minha página: www.pralmeida.net (em construção).
Mostrando postagens com marcador endurecimento. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador endurecimento. Mostrar todas as postagens
segunda-feira, 24 de janeiro de 2011
Assinar:
Comentários (Atom)
Postagem em destaque
Livro Marxismo e Socialismo finalmente disponível - Paulo Roberto de Almeida
Meu mais recente livro – que não tem nada a ver com o governo atual ou com sua diplomacia esquizofrênica, já vou logo avisando – ficou final...
-
Uma preparação de longo curso e uma vida nômade Paulo Roberto de Almeida A carreira diplomática tem atraído número crescente de jovens, em ...
-
FAQ do Candidato a Diplomata por Renato Domith Godinho TEMAS: Concurso do Instituto Rio Branco, Itamaraty, Carreira Diplomática, MRE, Diplom...
-
Países de Maior Acesso aos textos PRA em Academia.edu (apenas os superiores a 100 acessos) Compilação Paulo Roberto de Almeida (15/12/2025) ...
-
Mercado Comum da Guerra? O Mercosul deveria ser, em princípio, uma zona de livre comércio e também uma zona de paz, entre seus próprios memb...
-
Reproduzo novamente uma postagem minha de 2020, quando foi publicado o livro de Dennys Xavier sobre Thomas Sowell quarta-feira, 4 de março...
-
Itamaraty 'Memórias', do embaixador Marcos Azambuja, é uma aula de diplomacia Embaixador foi um grande contador de histórias, ...
-
Israel Products in India: Check the Complete list of Israeli Brands! Several Israeli companies have established themselves in the Indian m...
-
O Brics vai de vento em popa, ao que parece. Como eu nunca fui de tomar as coisas pelo seu valor de face, nunca deixei de expressar meu pen...
-
Pequeno manual prático da decadência (recomendável em caráter preventivo...) Paulo Roberto de Almeida Colaboração a número especial da rev...