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domingo, 20 de janeiro de 2019

Trabalhos publicados em 2018 - Paulo Roberto de Almeida

TRABALHOS PUBLICADOS, 23
2018: Do n. 1.273 ao n. 1.299

Paulo Roberto de Almeida

Atualizada em 20 de janeiro de 2019


Final da série de Publicações de 2018, em ordem cronológica inversa:
Número de trabalhos publicados: 26; 394 pp. publicadas

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1273. “A diplomacia na construção da nação: qual o seu papel?”, Mundorama(9/01/2018; link: http://www.mundorama.net/?p=24351). Republicado no site do Instituto Millenium (20/01/2018; link: https://www.institutomillenium.org.br/artigos/diplomacia-na-construcao-da-nacao-qual-o-seu-papel/). Relação de Originais n. 3221.

1274. “Relações internacionais do Brasil: 5 pontos essenciais para as eleições 2018”, podcast do Instituto Millenium (link: https://exame.abril.com.br/blog/instituto-millenium/relacoes-internacionais-5-pontos-para-voce-ficar-atento/). Divulgado no Diplomatizzando(https://diplomatizzando.blogspot.com.br/2018/02/relacoes-internacionais-5-pontos-para.html) e no Facebook (https://www.facebook.com/paulobooks/posts/1827430987320343). Relação de Originais n. 3230.

1275. Volta ao Mundo em 25 ensaios: relações internacionais e economia mundial(Brasília: Edição Kindle, 10/03/2018; ASIN: B07BCRM1YF; disponível na Amazon, link: https://www.amazon.com/dp/B07BCRM1YF); novo prefácio: “Diário de bordo de uma nova volta ao mundo”, Brasília, 25/10/2017, 5 p.; n. 3185. Blog Diplomatizzando(11/03/2018; link: https://diplomatizzando.blogspot.com.br/2018/03/volta-ao-mundo-em-25-ensaios-disponivel.html); nova postagem com prefácio e índice (https://diplomatizzando.blogspot.com.br/2018/03/volta-ao-mundo-em-25-ensaios-prefacio.html). Relação de Originais do livro de 2014 n. 2712.


1277. “Prata da Casa, dezembro de 2017 a março de 2018”, Revista da ADB(ano XX, n. 97, dezembro de 2017 a março de 2018, p. 43-45; ISSN: 0104-8503; links: https://adb.org.br/revista-adb/#revista-adb-97/page42-page43https://adb.org.br/revista-adb/#revista-adb-97/page44-page45). Mini-resenhas sobre os seguintes livros: (1) Paulo Roberto de Almeida: Formação da Diplomacia Econômica no Brasil: as relações econômicas internacionais no Império(3ra. edição, revista; Brasília: Funag, 2017, 2 volumes; Coleção História Diplomática; ISBN: 978-85-7631-675-6; obra completa; 964 p.; vo. I:516 p.; ISBN: 978-85-7631-668-8; vol. II: 464 p.; ISBN: 978-85-7631-669-5); (2) Rubens Ricupero: A diplomacia na construção do Brasil, 1750-2016(Rio de Janeiro: Versal, 2017, 780 p.; ISBN: 978-85-89309-80-6); (3) Sérgio Corrêa da Costa: A diplomacia do marechal: intervenção estrangeira na Revolta da Armada (3a. edição; Brasília: Fundação Alexandre de Gusmão, 2017, 494 p.; ISBN: 978-85-7631-708-1); (4) Sérgio Eduardo Moreira Lima; Paulo Roberto de Almeida; Rogério de Souza Farias (orgs): Oswaldo Aranha: um estadista brasileiro (Brasília: Funag, 2017, 2 vols.; vol. 1, 568 p.; ISBN: 978-85-7631-696-1; vol. 2, 356 p.; ISBN: 978-85-7631-697-8);(5) Paulo Borba Casella, Raphael Carvalho de Vasconcelos, e Ely Caetano Xavier Junior (orgs.): Direito Ambiental: o legado de Geraldo Eulálio do Nascimento e Silva (Brasília: Funag, 2017, 492 p.; ISBN: 978-85-7631-673-2); (6) Henrique Carlos Ribeiro Lisboa:A China e os chins: recordações de viagem(Rio de Janeiro: Fundação Alexandre de Gusmão/CHDD, 2016, 334 p.; ISBN: 978-85-7631-593-3); Publicado no blog Diplomatizzando(13/04/2018; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2018/04/prata-da-casa-os-livros-dos-diplomatas.html). Relação de Originais n. 3198.

1278. A Brazilian Adam Smith: Cairu as the Founding Father of Political Economy in Brazil at the beginning of the 19thcentury”, revista Mises: Interdisciplinary Journal of Philosophy, Law and Economics(São Paulo, SP, Brazil; vol. 6, n. 1, edição 10 (janeiro-abril 2018); ISSN: 2318-0811, pp. 117-129; DOI:https://doi.org/10.30800/mises.2018.v6.64e-ISSN: 2594-9187;link: https://www.misesjournal.org.br/misesjournal/article/view/64; artigo em pdf, link: https://www.misesjournal.org.br/misesjournal/article/view/64/179).Relação de Originais n.3129.


1280. “Incerteza global: Como uma guerra comercial entre EUA e China pode afetar a economia do Brasil e do mundo?”, hangout no site do Instituto Millenium (link: https://www.institutomillenium.org.br/recentes/imil-promove-hangout-incerteza-global-nesta-quinta/); vídeo gravado (link: https://youtu.be/wuQZokgpOV4) e Publicado no blog Diplomatizzando(links: https://diplomatizzando.blogspot.com.br/2018/04/guerra-comercial-eua-china-hangout-do_26.htmlhttps://diplomatizzando.blogspot.com.br/2018/04/incerteza-global-como-uma-guerra.html) e anunciado no Facebook (https://www.facebook.com/paulobooks/posts/1896998733696901). Relação de Originais n. 3270.

1281. “Relações internacionais”,in: Jaime Pinsky, Brasil: o futuro que queremos(São Paulo: Editora Contexto, 2018; ISBN: 978-85-520-0058-7,p. 185-201). Informado no blog Diplomatizzando (3/05/2018; link: http://diplomatizzando.blogspot.com/2018/05/o-brasil-que-queremos-livro-jaime.html). Relação de Originais n. 3241. 

 1282. “Associação Latino-Americana de Livre-Comércio (ALALC)”, com Elisa Ribeiro Pinchemel, In: Elisa de Sousa Ribeiro, André Pires Gontijo, Eloisa Maieski Antunes (coords.),Guia de Organizações Internacionais das Américas(Brasília: UniCEUB : ICPD, 2018; 309 p.; ISBN: 978-85-61990-80-0; p. 94-103; disponível: http://repositorio.uniceub.br/handle/235/12111). Relação de Originais n. 3142.

1283. “Associação Latino-Americana de Integração (ALADI)”, com Elisa Ribeiro Pinchemel, In: Elisa de Sousa Ribeiro; André Pires Gontijo; Eloisa Maieski Antunes (coords.),Guia de Organizações Internacionais das Américas(Brasília: UniCEUB-ICPD, 2018; 309 p.; ISBN: 978-85-61990-80-0; p. 104-112; disponível: http://repositorio.uniceub.br/handle/235/12111).Relação de Originais n. 3142.

1284.“Guerra comercial: rumores a esse respeito já não são mais exagerados”, Gazeta do Povo (Curitiba: 19/06/2018; link: https://www.gazetadopovo.com.br/opiniao/artigos/rumores-de-guerra-comercial-ja-nao-sao-mais-exagerados-0g98vhngxb7hdisynty6x47vo).Relação de Originais n. 3286.

1285. “Uma tragédia brasileira: a loucura amazônica do PCdoB”, Posfácio a Hugo Studart: Borboletas e Lobisomens: vidas, sonhos e mortes dos guerrilheiros do Araguaia(Rio de Janeiro: Editora Francisco Alves, 2018, 660 p.; ISBN: 978-85-265-0490-5; p. 503-507). Versão original publicada no blog Diplomatizzando(9/07/2018; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2018/07/golpes-revolucoes-e-movimentos-armados.html). Relação de Originais n. 3255.

1286. O socialismo morreu: o marxismo cultural tenta mantê-lo vivo”, in: Hattem, Marcel van.Somos nós com uma voz: do megafone à tribuna defendendo a liberdade, o Estado de direito e a democracia(São Paulo: LVM Editora, 2018,
368p.;ISBN: 978-85-93751-24-0), Parte VI: UmaVoz Contra o Marxismo Cultural, Introdução: “O socialismo morreu: O marxismo cultural tenta mantê-lo vivo”, p. 223-229; disponível no blogDiplomatizzando(19/07/2018; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2018/07/o-socialismo-morreu-o-marxismo-cultural.html).Relação de Originais n. 3253.

1287. “Por que votarei em João Amoedo?”, revista digital Amálgama(27/08/2018; link: https://www.revistaamalgama.com.br/08/2018/por-que-votarei-em-joao-amoedo/); blog Diplomatizzando(link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2018/08/por-que-votarei-em-joao-amoedo-paulo.html); Facebook (link: https://www.facebook.com/paulobooks/posts/2027857447277695). Relação de Originais n. 3312.

1288. “Prata da Casa, abril a setembro de 2018”, Resenhas dos seguintes livros para a Revista da ADB: 1) Pardellas, Carlos Alberto Pessoa:Epitácio Pessoana Europa e no Brasil(Brasília: Funag, 2018, 544 p.; ISBN: 978-85-7631-758-6; História Diplomática); 2) Godinho, Rodrigo de Oliveira:A OCDE em rota de adaptação ao cenário internacional: perspectivas para o relacionamento do Brasil com a Organização (Brasília: Funag, 2018; 319 p.; ISBN: 978-85-7931-764-7; Curso de Altos Estudos); 3) Friaça, Guilherme José Roeder:Mulheres diplomatas no Itamaraty (1918-2011): uma análise de trajetórias, vitórias e desafios(Brasília: Funag, 2018, 385 p.; ISBN: 978-85-7631-766-1; Curso de Altos Estudos); 4) Moreira, Gabriel Boff:A política regional da Venezuela entre 1999 e 2012: petróleo, integração e relações com o Brasil(Brasília: Funag, 2018, 355 p.; ISBN: 978-85-7631-765-4; Curso de Altos Estudos); 5) Pontes, Kassius Diniz da Silva: Entre o dever de escutar e a responsabilidade de decidir: o CSNU e os seus métodos de trabalho (Brasília: Funag, 2018, 395 p.; ISBN: 978-85-7631-762-3; Curso de Altos Estudos); 6) Berbert, Cristiano Franco: Reduzindo o custo de ser estrangeiro: o apoio do Itamaraty à internacionalização de empresas brasileiras(Brasília: Funag, 2018, 300 p.; ISBN: 978-85-7631-763-0; Curso de Altos Estudos); 7) Araújo, Ricardo Guerra de:O jogo estratégico nas negociações Mercosul-União Europeia(Brasília: Funag, 2018, 385 p.; ISBN: 978-85-7631-759-3; Curso de Altos Estudos) e 8) Domenech, Aurea:Memórias na chuva(Rio de Janeiro: 7 Letras, 2017, 158 p.; ISBN: 978-85-421-0584-31). Publicado na Revista da ADB, Associação dos Diplomatas Brasileiros (ano XX, n. 98, abril setembro de 2018, p. 46-49; ISSN: 0104-8503). Disponível no site da ADB (link: http://adb.org.br/revista-adb/pdf/revista-adb-98.pdf). Divulgado antecipadamente no blog Diplomatizzando (27/08/208; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2018/08/prata-da-casa-abril-julho-de-2018.html). Relação de Originais n. 3324.

1289. “De la (Non) Démocratie en Amérique (Latine): a Tocqueville report on the state of governance in Latin America”, Revista de Estudos e Pesquisas Avançadas do Terceiro Setor, REPATS(vol. 5, n. 1, jan.-jun. 2008, p. 792-842; ISSN: 2359-5299; link: https://portalrevistas.ucb.br/index.php/REPATS/article/view/10020/5909DOI:http://dx.doi.org/10.31501/repats.v5i1%20Jan/Jun.10020); postado em Academia.edu (link: https://www.academia.edu/37566003/De_la_Non_Démocratie_en_Amérique_Latine_a_Tocqueville_report_on_the_state_of_governance_in_Latin_America_2018_); em Research Gate (link: https://www.researchgate.net/publication/325809199_De_la_Non_Democratie_en_Amerique_Latine_A_Tocqueville_report_on_the_state_of_governance_in_Latin_America). Relação de Originais n. 3284.

1290. “Um debate sobre a guerrilha do Araguaia”, Brasília, 17 outubro 2018, entrevista vídeo ao programa “Iluminuras”, da TV Justiça (registro feito em 17/09/2018; link: https://www.youtube.com/watch?v=McLOEDftRCc&list=PLVwNANcUXyA-uCpVIslCFZaRSokNhM_2S&index=5). Relação de Originais n. 3347.


1292. Paulo Roberto de Almeida (org.), Roberto Campos, A Constituição Contra o Brasil: ensaios de Roberto Campos sobre a Constituinte e a Constituição de 1988(São Paulo: LVM, 2018, 448 p.; ISBN978-85-93751-39-4); com os textos: 1) Prefácio, p. 11-17; 2) “Roberto Campos e a trajetória constitucional brasileira”, p. 19-74; 3) “A Constituição contra o Brasil: uma análise de seus dispositivos econômicos”, p. 379-427 (ensaios e trabalhos n. 3306,233013, 3314, 3315, 3323). Amazon.com (links: http://a.co/d/1wnJvxxe:https://www.amazon.com.br/dp/8593751393/ref=cm_sw_em_r_mt_dp_U__k3j0BbYVJ83P6). Relação de Originais n. 3331.

1293. “O que Margaret Thatcher teria a ensinar ao Brasil?”, podcast a convite do Instituto Millenium (6/11/2018; link: https://www.institutomillenium.org.br/destaque/o-que-o-brasil-pode-aprender-com-margaret-thatcher/). Divulgado no blog Diplomatizzando(link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2018/11/o-que-margaret-thatcher-teria-ensinar.html). Relação de originais n. 3356.

1294. “Diplomacia regional brasileira: visão histórica das últimas décadas”, in: Walter Antonio Desiderá Neto et alii (orgs.), Política externa brasileira em debate: dimensões e estratégias de inserção internacional no pós-crise de 2008 (Brasília: Ipea-Funag, 2018, 626 p.; ISBN: 978-85-7811-334-6prefácio de Rubens Barbosa), pp. 211-233Disponibilizado em Academia.edu (20/03/2018; link: https://www.academia.edu/s/e843ccb1ba/diplomacia-regional-brasileira-visao-historica-das-ultimas-decadas). Livro disponibilizado na plataforma Academia.edu (link: https://www.academia.edu/37887863/Politica_externa_brasileira_em_debate_Ipea-Funag_2018_). Relação de Originais n. 3209.

1295. “Trinta anos da Constituição: evento no Mackenzie”, vídeo em QuickTime, de 6ms, com comentários sobre Roberto Campos e sua postura em face da CF-1988, remetendo à obra: Paulo Roberto de Almeida (org.), Roberto Campos, A Constituição Contra o Brasil: ensaios de Roberto Campos sobre a Constituinte e a Constituição de 1988(São Paulo: LVM, 2018, 448 p.; ISBN: 978-85-93751-39-4). Postado no YouTube (link: https://youtu.be/ZDxNxFQvSUw). Gravação alternativa feita por câmera de vídeo, de menor duração (3ms), também carregada no YouTube (link: https://youtu.be/wpifxapYfBw); ambos disponíveis no Canal Pessoal do YouTube (link: https://www.youtube.com/user/paulomre/videos). Divulgado, com texto do Prefácio, na plataforma Academia.edu (28/11/2018; link:https://www.academia.edu/37864650/A_Constituicao_Contra_o_Brasil_Ensaios_de_Roberto_Campos). Relação de Originais n. 3365.

1296. “O que o Brasil pode aprender com Winston Churchill?”, áudio-entrevista divulgada pelo Instituto Millenium em 29/11/2018 (link: https://www.institutomillenium.org.br/destaque/o-que-o-brasil-pode-aprender-com-winston-churchill/); reproduzido pela revista Exame (29/11/2018; link: https://exame.abril.com.br/blog/instituto-millenium/o-que-o-brasil-pode-aprender-com-winston-churchill/). Texto preparado para essa entrevista disponível no blog Diplomatizzando(26/11/2018; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2018/11/winston-churchill-um-estadista-que-faz.html).

1297. “A educação de Celso Lafer: um reconhecimento ao mestre”, posfácio ao livro Celso Lafer, Relações internacionais, política externa e diplomacia brasileira: pensamento e ação(Brasília: Funag, 2018, 2 vols., 1437 p.; lo. vol., ISBN: 978-85-7631-787-6; 762 p.; 2o. vol., ISBN: 978-85-7631-788-3, 675 p.), 2o. vol., p. 1335-1347. Relação de Originais n. 3302.

1298. “Hipólito da Costa: o primeiro estadista do Brasil”, publicado em versão abreviada na revista 200(Brasília: MRE, ano I, n. 1, outubro-dezembro de 2018, pp. 186-211). Divulgado em versão completa no blog Diplomatizzando(3/010/2018; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2018/10/hipolito-jose-da-costa-o-primeiro.html) e em Academia.edu (link: https://www.academia.edu/s/23837e7fa3/hipolito-da-costa-o-primeiro-estadista-do-brasil-2018). Relação de Originais n. 3317. 

1299. “Direito comercial e políticas comerciais na primeira globalização: o caso do Brasil até a Primeira Guerra Mundial”, História e Economia- revista interdisciplinar(São Paulo-Lisboa: Brazilian Business School, v. 20, n. 1, 2918 pp. 51-65; ISSN: 1808-5318; link: https://www.academia.edu/38185123/Trade_law_and_trade_policies_since_the_first_globalization_the_case_of_Brazil_up_to_the_First_World_War). Relação de Originais n. 2876, 2786 e 2793.


 [Fechamento provisório em 20/01/2019]

REdescobrindo ineditos (4) o problema do Mercosul (2014) - Paulo Roberto de Almeida


O Mercosul é o mais importante problema diplomático do Brasil, mas também econômico-comercial. Estas notas de 2014 pretendiam oferecer algumas sugestões para revitaliza-lo.
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 20 de janeiro de 2019


O problema do Mercosul

Paulo Roberto de Almeida

Hartford, 27/07/2014


O Mercosul, desde 2003, deixou de ser uma ferramenta para a inserção internacional do Brasil, tal como tinha sido concebido no início dos anos 1990, e tornou-se um problema triplo: diplomático, econômico e de política comercial. Os desvios quanto aos objetivos do TA, detectados ainda na fase 1995-1999, foram ampliados depois da crise argentina, e tremendamente potencializados pelo curso errático das políticas adotadas pelas administrações Kirchner e Lula desde 2003. O tripé essencial para a continuidade do bloco – liberalização comercial para dentro, política comercial unificada para fora e coordenação de políticas macro e setoriais – foi totalmente desvirtuado a partir de então, em favor de uma politização indevida das instituições próprias ao bloco, seguindo-se uma verdadeira anarquia institucional.
No campo das negociações externas, ocorreu um desastre incomensurável, ao se adotar uma postura defensiva baseada no mínimo denominador comum, que passou a ser o protecionismo ordinário argentino. A implosão ideológica da Alca e a crença ingênua num acordo com a UE foram dois passos irrefletidos no caminho da insensatez. Nada avançou a partir de então, a não ser acordos ridículos na dimensão Sul-Sul, e um com Israel, apenas para compensação visual. Não estranha, assim, que vizinhos mais sensatos tenham procurado suas próprias soluções para comércio e investimentos, ao negociar acordos com os EUA, com a UE e outros parceiros, e ao adotar seus próprios esquemas de liberalização real dos fluxos comerciais (Aliança do Pacífico), já pensando na grande integração produtiva que terá seu centro na bacia do Pacífico e até no Índico, reunindo todos os grandes atores do comércio internacional (dos EUA à Austrália e NZ, e toda a Ásia Pacífico integrada na globalização). Brasil e Mercosul estão totalmente ausentes desse novo universo absolutamente central da atual e futura economia mundial.
Pior ainda foi a expansão indevida, totalmente política, do Mercosul em direção de vizinhos pouco propensos a adotar os mecanismos básicos da união aduaneira tal como definida em 1991 e supostamente implementada (com defeitos) em 1995. O ingresso desastroso da Venezuela, a suspensão ilegal do Paraguai, a abertura apressada e injustificada a parceiros incapazes de cumprir os requisitos básicos do TA e do POP (como Bolívia, Equador, talvez Suriname) não apenas não retificam o que foi feito de errado no Mercosul, como acrescentam novos problemas ao edifício instável do bloco.

2. Diagnóstico
Existem diferentes problemas no e do Mercosul, nenhum deles derivado de mecanismos e instituições do próprio bloco, todos eles derivados de políticas, atitudes e comportamentos das administrações nacionais, com destaque para a Argentina, mas contando ela com a conivência, complacência e cumplicidade dos governos petistas. Os problemas se situam na zona de livre comércio – e aqui o diálogo único a ser travado é com a Argentina – mas também na união aduaneira, o que envolve todos os parceiros, mas em especial a Argentina e o Paraguai. Nem se considera o problema da Venezuela, que deriva de seu próprio caos econômico: ela deveria ser, simplesmente, colocada em quarentena e isolada das negociações que precisam ser feitas com os sócios originais do bloco, para que se possa iniciar o processo de renegociação diplomática. Uma decisão preliminar é quanto ao sentido desse processo, o que será visto na seção das propostas.
No plano do livre comércio, caberia fazer um mapeamento dos impedimentos práticos à sua total consecução, e isolar esses setores numa espécie de “caixa amarela”, para então começar a discussão sobre seu enquadramento ou dispensa semipermanente. No campo da união aduaneira, caberia, igualmente, contabilizar e identificar os fluxos que são levados ao abrigo e fora da TEC, para um diagnóstico mais detalhado da situação. O mais importante, porém, seria um exercício de exame das políticas comerciais dos quatro membros – uma espécie de TPRM-OMC, adaptado às configurações do bloco – com vistas a ter um panorama real, e realista, sobre todas as políticas nacionais compatíveis e incompatíveis com os objetivos do bloco. Apenas a partir desse diagnóstico mais preciso se poderá partir para o terreno das prescrições de políticas, algumas simplesmente diplomáticas, mas a maior parte dependente de definições nas próprias políticas comerciais e industriais do Brasil (e dos sócios).

3. Propostas
Impossível fazer qualquer proposta realista sobre o maior problema diplomático do Brasil sem partir de uma visão muito clara quanto às demais definições de políticas nacionais, no campo econômico, certamente, mas também no das relações com a Argentina e com os demais parceiros prioritários do Brasil (que não são os do Ibas, do Brics, ou fantasias sulistas do gênero, mas), basicamente, EUA, UE, China, Argentina, demais sul-americanos, e todos os demais, nessa ordem.
Imaginando-se que essa macro-visão e macroplanejamento sejam impossíveis de serem feitos, por dificuldades práticas, e por falta total de “policy planning” no Estado brasileiro, caberia, simplesmente, começar com um grupo de trabalho no âmbito do MRE, integrado por representantes da Fazenda, do MDIC, do BC e talvez Camex (ou qualquer outra configuração restrita, segundo o perfil da nova administração), cujo mandato deverá ser o de uma discussão aberta, extensa e intensa, sobre o que fazer com o Mercosul, no sentido institucional e operacional, o que envolve necessariamente vários exercícios de simulação diplomática e econômica de dimensões variáveis.
A primeira grande definição, porém, mais de caráter estratégico do que propriamente diplomática, é a de saber se vale a pena prosseguir com o Mercosul, no seu formato e mandato atuais (do TA e do POP, sem os penduricalhos petistas), ou se cabe propor uma redefinição geral de seus pressupostos e fundamentos. É opinião deste que subscreve estas linhas que o Brasil deveria recuperar totalmente sua liberdade de estabelecer políticas econômicas e comerciais, e opções diplomáticas. Ou seja, o Mercosul deve servir ao Brasil, não o contrário, embora isso não possa ser dito.
Se não houver, contudo, definição pela reconfiguração estratégica da nossa política diplomática para o Mercosul e para a América do Sul, o grupo de trabalho deveria ser orientado a propor, em três meses, a convocação de uma “comissão de trabalho do Mercosul” para, no prazo de seis meses, definir, com os demais membros, as grandes linhas de uma nova conferência diplomática destinada a dar um novo rumo ao Mercosul. Seria uma espécie de refundação, ou um novo formato de convivência.
As definições a serem alcançadas pelo grupo de trabalho do MRE serviriam de balizamento para as posições brasileiras na comissão quadrilateral do Mercosul, e depois para a conferência diplomática a ser convocada em no máximo um ano a partir da posse do novo governo. Não é preciso dizer que essa conferência diplomática deverá ter posicionamentos compatíveis com todas as demais definições que o Brasil pretende ter nas suas políticas macro e setoriais nos âmbitos econômicos interno e externo.
Em síntese, o Mercosul precisaria voltar a ser um componente na estratégia brasileira de inserção internacional na economia mundial, não o problema que ele é hoje. Se isso não for possível, a nova administração precisaria estar disposta a aceitar o ônus de o Brasil “ficar sozinho” na América do Sul. Ficar sozinho, nesse contexto, significa deixar a Argentina entregue a seus próprios demônios, e seguir na mesma trajetória que outros grandes atores da região e fora dela estão adotando nesta conjuntura de reconfiguração geral – TPP, Tafta, etc. – da economia mundial. O Brasil nunca ficaria sozinho adotando uma grande estratégia de inserção internacional; ele pode, sim, virar anão diplomático se ficar amarrado a um Mercosul moribundo como é hoje esse bloco outrora promissor.

Paulo Roberto de Almeida
Hartford, 27/07/2014

Redescobrindo ineditos (3): rumos adequados para a politica externa (2014) - Paulo Roberto de Almeida

Dado continuidade a esta série de trabalhos esparsos, nunca antes divulgados, vou reproduzir aqui o que eu escrevia ainda antes da campanha eleitoral de 2014, a partir de meu posto de observação nos Estados Unidos.
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 20 de janeiro de 2019


Rumos adequados à política externa brasileira na próxima década

Paulo Roberto de Almeida
Portland, Maine, 31 de maio de 2014 

Quais os rumos mais adequados à política externa brasileira na próxima década? Quando alguém se questiona sobre “rumos adequados” para a política externa, a noção implícita, ou mesmo a suposição direta, é a de que a política externa que foi seguida nos últimos dez anos não foi exatamente adequada, ou pelo menos não tanto quanto poderia, ou deveria ter sido. Pode ser que esta seja apenas uma suspeita sem fundamento, e que, ao contrário do que possam pensar espíritos malévolos e indivíduos mal-intencionados, a política externa que está aí, esta mesma que esteve e está conosco pelos últimos dez anos e meio, foi a maior das maravilhas do governo do nunca antes. De fato, como está no título do meu livro mais recente, nunca antes na diplomacia brasileira tivemos uma política externa como essa.
Mas também pode ser que, ao falar de rumos adequados para a política externa, a intenção seja essa mesma, ou seja: colocar em dúvida os propósitos, as intenções, os resultados, e quem sabe até os fundamentos da diplomacia do nunca antes. De fato ocorreu no Brasil, nos últimos dez anos, uma troca da diplomacia do Itamaraty, nossa velha conhecida, pela política externa partidária dos companheiros das boas causas, ainda que estas sejam perdidas ou simplesmente anacrônicas. Por isso mesmo, permito-me formular nos parágrafos seguintes alguns argumentos que poderiam sustentar uma hipotética política externa alternativa à dos companheiros, uma que tenha rumos adequados ao país, já que a que está ai trouxe fundadas desconfianças de que não serve a um país como o Brasil, que pode ser várias coisas, menos certamente bolivariano.
Caberia então, antes de falar do que poderia ser adequado para a política externa brasileira na próxima década, começar pela simples identificação do que não foi adequado nessa política, durante a última década. A partir daí talvez seja possível corrigir alguns dos erros, os desvios, os muitos equívocos, as deformações, enfim tudo aquilo que, antes dos companheiros chegarem ao poder, nunca tinha sido feito, mas que ele fizeram, de modo até despudorado, como se fosse essa mesma a intenção, ou seja, perpetrar todas essas iniciativas inadequadas, o que nos permite justamente estar agora discutindo, numa espécie de balanço, os seus rumos inadequados, num arremedo de “sessão descarrego” contra os maus espíritos, como se faz com alguns dos santos mais conhecidos do candomblé.
Se poderia começar, por exemplo, afastando qualquer retórica grandiloquente, dessas pelas quais se proclama, a altos brados, que se está defendendo a soberania nacional, lutando contra uma fantasmagórica dominação estrangeira, contra a submissão ao FMI, aos especuladores de Wall Street, aos neoliberais de Washington e tantas outras bobagens do gênero. Quem se enrola na bandeira da soberania, para enfrentar moinhos imaginários, é porque tem um sério problema psicológico, e não tem, no fundo, muita certeza de estar de fato defendendo o interesse nacional. O mais provável é que continue em campanha eleitoral e fica escondendo sua falta de imaginação com invectivas contra supostos inimigos da pátria, o que é, na verdade, uma insegurança tremenda sobre o que fazer, de fato, para defender os interesses nacionais. Ainda recentemente, um desses iluminados do partido da soberania nacional voltou a agitar o fantasma de uma volta ao passado, referindo-se continuamente ao neoliberalismo, como se um país dirigista e estatizante como o Brasil tenha sido, algum dia, um país liberal, e que não se sabe bem quais traidores da pátria andaram por aqui praticando as artes sempre perversas do neoliberalismo. Que falta de imaginação, ou que falta do que falar, justo do nosso velho fantasma do neoliberalismo. Devia ser numa assembleia da UNE, certamente.
Vamos ser diretos: a defensa dos interesses nacionais se faz com uma avaliação isenta, tecnicamente fundamentada, economicamente embasada, da agenda que cabe implementar na frente externa, sem arroubos, sem retórica vazia, sem grandes golpes de propaganda enganosa. Durante os últimos dez ou doze anos, os companheiros no poder fizeram exatamente isso: primeiro ficaram deblaterando contra quem os precedeu, inventando uma tal de herança maldita que só existiu por profunda desonestidade sub-intelectual, uma vez que a deterioração da situação econômica do Brasil, durante os meses da campanha eleitoral de 2002 só existiu por que os mercados temiam, justamente, os possíveis efeitos de uma política econômica esquizofrênica que os aprendizes de feitiçarias econômicas do partido dos companheiros tinham se encarregado de propagar durante os meses anteriores ao pleito presidencial.
Uma vez no poder, eles foram logo se empenhando na implosão da Alca, o projeto americano de uma zona de livre comércio hemisférica, não porque tivessem conduzido brilhantes estudos técnicos de simulação econômica sobre os efeitos de um tal acordo para o Brasil, mas apenas porque ideologicamente eram contra tudo o que pudesse provir do gigante do norte. Em seu lugar eles esperavam maravilhas de um hipotético acordo entre a União Europeia e o Mercosul, ou até chegaram a propor um acordo de livre comércio entre o bloco do Cone Sul e a China, como se esta fosse a solução para todos os problemas externos do Brasil e do Mercosul. Deve-se reconhecer que eles conseguiram o seu intento os companheiros, não exatamente o livre comércio com a União Europeia – uma ilusão de ingênuos e de amadores – e menos ainda tal tipo de arranjo com a China, mas obtiveram, de fato, a implosão da Alca, transformada em dragão da maldade imperialista.
Os companheiros também ficaram iludidos pela possibilidade de o Brasil ser admitido como membro permanente do Conselho de Segurança das Nações Unidos, uma verdadeira obsessão para alguns, numa outra suprema demonstração de irrealismo e de total falta de prioridades para a agenda externa do Brasil. Em nome desse objetivo, o supremo mandatário saiu pelo mundo perdoando dívidas bilaterais de ditadores do petróleo e prometendo apoio político para os mesmos inimigos das liberdades e dos direitos humanos. Aliás, fazer amizade com ditaduras parece que se converteu numa mania dos companheiros, sempre dispostos a tratar com complacência os piores perpetradores de atentados aos direitos humanos e valores democráticos no mundo. Antigamente, o Brasil apenas se abstinha quando das discussões e votos a respeito dos casos mais politizados nessas matérias nas instâncias da ONU: a partir de 2003, o país passou a votar ativamente com os violadores e inimigos da democracia ao redor do mundo. Não se está aqui inventando nada: basta conferir os votos envolvendo alguns desses países. Um embaixador político companheiro numa dessas ditaduras até chegou a defender o fuzilamento de simples balseiros que tentavam fugir da ilha-prisão da qual os companheiros gostam tanto (a ponto de financiá-la fartamente nos dias que correm).
Um outro comportamento inadequado do ponto de vista dos verdadeiros interesses do Brasil, sob qualquer critério que se julgue, foi o abandono da agenda comercial do Mercosul, em favor de uma agenda política que poucos progressos trouxe ao bloco; ao contrário, fê-lo retroceder tremendamente nos últimos dez anos. Dizer que o Mercosul não é só econômico ou não é só comercial, e que ele deve também avançar nos terrenos político ou social, não constitui apenas uma impropriedade semântica, mas representa um crime contra o bloco. O Mercosul é, antes de mais nada, um tratado de integração comercial, e se fundamenta, basicamente, na abertura econômica recíproca, na liberalização comercial, e na plena integração produtiva do bloco ao resto do mundo, ponto. É isso que está escrito em seu tratado constitutivo e é essa agenda pela qual os países deveriam se bater em suas políticas comercial e industrial. Nada disso se fez na lula-década, ao contrário. Durante todo esse tempo, o bloco só recuou na liberalização interna e na abertura externa, voltando a ser o avestruz temeroso que nossos países eram nos tempos pouco gloriosos do protecionismo comercial e da introversão econômica.
Finalmente, os rumos sensatos da diplomacia profissional foram bastante afetados pelo personalismo presidencial, e tudo passou a girar em torno da figura retumbante do guia genial dos povos, o grande líder das nações oprimidas pelo imperialismo, o homem que iria comandar uma cruzada contra o unilateralismo arrogante dos países hegemônicos, até mudar a relação de forças no mundo e inaugurar uma nova geografia do comércio internacional. Em nome desses objetivos grandiloquentes, várias iniciativas de grande envergadura foram tomadas, para as quais se mobilizaram mundos e fundos, e recursos humanos em abundância, sempre com o objetivo de exaltar a figura do chefe e seus discursos de sindicalista universal. Tudo começou pela tentativa de se implantar um Fome Zero Universal, quando sequer o brasileiro deu certo, e foi logo abandonado e substituído pela assemblagem marota de todos os programas sociais existentes desde o governo anterior, apenas rotulando-os com um novo nome e aumentando o poder de fogo do curral eleitoral então criado. Sinceramente, não sei se deveria ser motivo de orgulho nacional o fato de ter mais de um quinto da população do país numa lista oficial de assistidos por esmolas do governo, como se isso fosse um sinal de normalidade no quadro da comunidade internacional.

Bem, chega de inadequações e de equívocos do passado. Cabe agora refletir sobre o que significa ter uma política externa adequada para um país que pretende se inserir plenamente nos circuitos da economia globalizada, não retrair-se defensivamente apenas porque o Brasil perde competitividade, e se mostra incapaz de concorrer com outros parceiros comerciais por não lograr ganhos de produtividade que dependem de um diagnóstico correto dos problemas reais e uma prescrição conforme as necessidades sentidas. A primeira condição para superar o estado lastimável em que se encontra o Brasil atualmente é justamente saber traçar uma avaliação adequada dos desafios a serem enfrentados e colocar-se corajosamente na condição de propositor de novas medidas proativas, não ficar atribuindo ao ambiente externo as razões de seu baixo desempenho no contexto internacional.
Quais são os principais problemas enfrentados atualmente pelo Brasil? Eles estão, na frente interna, no baixo crescimento, no recrudescimento da inflação, na infraestrutura medíocre, na nossa insuficiente produtividade, que por sua vez se reflete, no plano externo, na perda de competitividade da economia brasileira, na chamada reprimarização da pauta exportadora – que diminuiu bastante em sua composição – e na nossa dependência de alguns grandes compradores dos produtos primários de exportação. O Brasil se tornou hoje bem mais dependente da China do que ele jamais o foi, no passado, dos Estados Unidos, país com o qual sempre mantivemos uma interface bastante diversificada, feita das exportações as mais variadas, inclusive manufaturados, e que sempre nos abasteceu de know-how, tecnologia, financiamentos, cooperação educacional, e também filmes de Hollywood e, ultimamente, iPhones e iPads.
Aparentemente, mais até do que esses problemas de ordem econômica, o Brasil parece ter perdido uma mercadoria ainda preciosa na frente internacional, uma coisa que se chama credibilidade. É isso que dá ficar apoiando ditaduras comunistas, violadores dos direitos humanos, agressores dos valores democráticos e outros meliantes do mesmo tipo. Vejam bem: temos consagrados na nossa Constituição alguns princípios que nos são muito caros, pois lutamos muito, no passado, para assegurá-los na ordem política interna e na nossa expressão externa: o pleno respeito dos direitos humanos, dos valores democráticos, a condenação do terrorismo e a não intervenção nos assuntos internos de outros países. E o que aconteceu nos últimos dez ou doze anos? Segundo um “wikileaks” do Itamaraty, recentemente divulgado pelo grupo Anonymous, pedimos aos Estados Unidos que retirem Cuba da lista dos países que patrocinam terroristas. Parece que somos aliados, justamente, de alguns dos piores regimes do planeta que violam esses princípios e valores constantemente, e ainda hoje o fazemos, numa superação da antiga hipocrisia – que parece ser normal quando alguns desses temas são politizados na agenda internacional – em favor de um apoio direto e solidário a essas ditaduras.
Mais grave ainda: nossa Constituição consagra o princípio de que qualquer acordo gravoso para o país tem de ser necessariamente aprovado pelo Congresso, para ser plenamente válido, depois de formalmente ratificado. Não é isso que tem ocorrido nos últimos tempos. Um outro princípio relevante da Constituição, que é a necessária aprovação do Senado para operações financeiras externas, também tem sido descurado em diversas ocasiões, por acaso envolvendo algumas das mesmas ditaduras. Como é possível que empréstimos de órgãos públicos possam ser classificados como secretos, e se eximirem, assim, do necessário escrutínio do Congresso? Não se trata nem mais de só fazer favores a ditaduras corruptas, mas de um desrespeito a todo o povo brasileiro – que alimenta esses empréstimos com os seus impostos – bem como ao próprio poder legislativo, que deveria monitorar as condições sob as quais são feitas esses generosos empréstimos a regimes muito pouco frequentáveis nesse nosso planetinha redondo.
A credibilidade de nossa política externa também tem sido posta à prova nesses episódios de inadimplência negociadora: o país, que pertence a um bloco que outrora pretendia ser um mercado comum, não consegue montar uma oferta exportadora, e concessões nas importações, para as negociações entre o Mercosul e a União Europeia. O bloco tampouco consegue dar início a novos processos negociadores com parceiros promissores, e isso quando esses mesmos parceiros têm assinado acordos de livre comércio ou de liberalização comercial com vizinhos mais ousados, ou talvez mais inteligentes e mais abertos do que nós. Por que é que o Brasil insiste nessa política de avestruz, se fechando ao comércio internacional, atribuindo a outros as fontes de nossos velhos problemas internos e pretendendo voltar a construir uma economia apenas baseada no mercado interno, quando sabemos que esse tempo já passou? Será que os companheiros no poder pretender voltar ao stalinismo industrial praticado em outras eras de nosso itinerário econômico?
Quando é, finalmente, que vamos parar de sustentar ditaduras miseráveis, e regimes inviáveis, e nos relacionarmos normalmente com as maiores democracias de mercado, atendendo de fato ao que nos prescreve a Constituição? Quando é que vamos deixar a introversão de lado e nos integrarmos plenamente nos circuitos da globalização contemporânea, sem mais esses pruridos defensivos que só tem atuado para diminuir, cada vez mais, nossa participação no comércio internacional? Quando é, por fim, que vamos deixar de lado essa diplomacia partidária, extremamente enviesada do ponto de vista dos interesses nacionais, e voltar às boas tradições do Itamaraty, baseadas numa análise isenta e objetiva das realidades externas, num tratamento profissional, tecnicamente embasado, dos itens da agenda internacional, e numa implementação consensual de questões que deveriam nos integrar cada vez mais ao mundo como ele, não colocar-nos à margem, e por vias obscuras, da grande integração global que se processa sob nossos olhos mas com pouca participação do Brasil?
Está na hora de retificar os rumos e de realmente adotar uma política externa que seja consentânea, adequada e condizente com o que o Brasil passou a ser depois do Plano Real: uma democracia, ainda que com muitas falhas, fundada numa economia de mercado, e que deve procurar defender sua estabilidade interna e sua plena integração ao mundo contemporâneo. O Itamaraty sabe como fazer, sempre fez, mas seria preciso deixá-lo fazer.

Portland, Maine, 31 de maio de 2014