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quarta-feira, 23 de fevereiro de 2022

A Guerra Civil espanhola e as Américas; livro coletivo, contribuição de Paulo Roberto de Almeida

 Um livro para o qual contribuiu aos 80 anos do término da Guerra Civil Espanhola e que demorou mais três anos para ser publicado. Finalmente deve ser divulgado em março. A capa deverá usar o desenho abaixo.

3535. “O Brasil no turbilhão da guerra civil espanhola”, Brasília, 11 novembro 2019, 22 p. Contribuição ao volume A Guerra Civil espanhola e as Américas, coordenação de Ismara Izepe de Souza, Angela Meirelles de Oliveira e Matheus Cardoso da Silva (orgs.), pela editora Todas las Musas. Relação de Publicados n. 1436.


sábado, 24 de agosto de 2019

ALESP: audiência sobre a Guerra Civil Espanhola (2014)

Recebi, do amigo Silvio Gabriel Serrano Nunes, doutor em filosofia pela USP, descendente de espanhóis que migraram para o Brasil, no contexto da Guerra Civil Espanhola, a postagem abaixo, sobre uma audiência pública na Assembleia Legislativa de SP, em 2014, 

na qual ele pode referir-se a meu ensaio de pesquisa sobre os antigos combatentes voluntários nas Brigadas Internacionais, este aqui:

“Brasileiros na Guerra Civil Espanhola, 1936-1939: combatentes brasileiros na luta contra o fascismo”, revista Sociologia e Política (Curitiba; ano 4, n. 12, junho 1999, Dossiê: Política Internacional, pp. 35-66; ISSN: 0104-4478, impressa: 1678-9873, online; links: http://revistas.ufpr.br/rsp/article/view/39262; pdf: http://revistas.ufpr.br/rsp/article/view/39262/24081). Dois anos depois, uma versão resumida desse artigo foi publicada sob este título: “O Brasil e a Guerra Civil espanhola: participação de brasileiros no conflito”, Hispanista (vol. II, n. 5, abril/junho 2001; ISSN: 1676-9058; link: http://www.hispanista.com.br/revista/artigo37esp.htm).

Foi o Sílvio Gabriel quem me repassou dois sites com dados sobre as Brigadas Internacionais: 
"... segue o link da instituição em Madri, Asociación de Amigos de las Brigadas Internacionales, que preserva a memória dos brigadistas internacionais que lutaram na Guerra Civil Espanhola: 

https://brigadasinternacionales.org/?fbclid=IwAR1ZASipjFmh5EoOcG5NK_ihKxoYoAnCaZzPLM_lXAgSG90n1WkYHu08Pmc  


https://www.facebook.com/brigadas/ 

Transcrevo a nota informativa da ALESP:


Participação do Brasil na Guerra Civil Espanhola é tema de Audiência Pública


25/09/2014 19:34 | Da Redação:Joel Melo Fotos: José Antônio Teixeira
Público acompanha debate sobre participação brasileira na Guerra Civil espanhola
Ricardo Martinez Vazquez
Silvio Gabriel Serrano Nune

Com a finalidade de homenagear os voluntários brasileiros que lutaram na guerra civil espanhola, a Comissão da Verdade promoveu nesta quarta-feira, 24/9, uma audiência pública em que participaram, entre outros, o cônsul da Espanha em São Paulo, Ricardo Martinez Vásquez, o pesquisador Silvio Gabriel Serrano Nunes, a escritora Ângela Mendes de Almeida, a filha de David Capistrano, Cristina Capistrano, a atriz Dulce Muniz, o advogado e teatrólogo Idibal Pivetta e o presidenta da Comissão da Verdade Adriano Diogo.

Um pouco de história

O pesquisador Silvio Gabriel falou sobre a participação brasileira na guerra civil espanhola, um conflito que teve início em 1936, quando o general Francisco Franco comandou um golpe de estado contra o governo democrático da Segunda República espanhola. Mal sucedido, o golpe dividiu a Espanha entre Falangistas e Republicanos. Os primeiros tinham o apoio dos regimes fascistas da Alemanha e Itália, regimes interessados em implantar uma ditadura na Espanha. Conforme ressaltou Silvio Gabriel, citando obra de Paulo Roberto Almeida, "a Espanha dos anos trinta foi um grande laboratório político e militar em todas as rupturas ideológicas do século XX, em particular a luta entre a democracia, o fascismo e o comunismo". Devido à superioridade bélica e de recursos humanos dos falangistas, a derrota republicana foi rápida. "A mobilização dos fascismos em favor de Franco foi, nesse caso, decisiva: em 1º de dezembro de 1936, a Alemanha e a Itália tinham encaminhado cerca de 300 aviões e quase 100 tanques, além de centenas de peças de artilharia e de metralhadoras, dezenas de milhares de granadas de mão e toneladas de munição para armas automáticas. O esforço redobraria nas grandes batalhas do ano seguinte", explica Almeida em seu livro.

Ao falar da participação de estrangeiros no conflito contra o nazifascism, Silvio citou outros nomes além dos brasileiros que foram homenageados na audiência pública, como Diego Rivera, Frida Kahlo, Beth Davis, Robert Capa, Ernest Hemingway " autor de Por Quem os Sinos Dobram, romance sobre a guerra espanhola " e os brasileiros Jorge Amado, Érico Veríssimo e Manuel Bandeira, entre outros. O pesquisador contou ainda sobre a solidariedade internacional que ganhou força em 1936, em Paris, quando reuniram-se representantes da Internacional Comunista, Willi Muezenberg, dos partidos comunistas da Itália, Togliatti, da França, Maurice Thorez, e o representante da Internacional Comunista na Espanha, Vitorio Codovilla, e decidiram constituir colunas internacionais que já vinham sendo espontaneamente formadas. Luigi Longo, do PC italiano e conhecido na Espanha pela alcunha de comandante Gallo, fica sendo o encarregado dos contatos com o governo espanhol. Em outubro desse mesmo ano, são feitos os preparativos finais e o governo republicano aceita a idéia. Assim, os estrangeiros que já se encontravam combatendo, precariamente distribuídos em colunas nacionais, serão organizados em batalhões e enquadrados nas agora chamadas Brigadas Internacionais.

Silvio lembra a importância dos brasileiros nesse estágio da organização por já possuírem experiência militar, que faltava nos demais brigadistas. O pesquisador também fez questão de ressaltar a participação do ditador português, Salazar, apoiando as forças franquistas e abrindo as fronteiras entre os dois países para que os fascistas recebessem ajuda militar. A guerra civil espanhola terminou em abril de 1939, com Francisco Franco implantando um regime ditatorial de direita na Espanha.

Comunistas junto com nazistas

A escritora Ângela Mendes de Almeida começou sua participação lembrando texto de Dainis Karepovs sobre a atuação do Partido Comunista espanhol, a Internacional Comunista e a União Soviética, que a princípio teriam lutado contra os republicanos por terem elegido como inimigos, segundo uma avaliação equivocada de Moscou, os social-democratas. Dainis baseou-se no filme Terra e Liberdade, de Ken Loach, que por sua vez se inspirou em relatos de George Orwell (que também lutou na Espanha), para trazer à tona o ponto de vista de uma das correntes da esquerda espanhola, os trotskistas do Partido Obrero de Unificación Marxista (Poum), que acusa Moscou de ter lutado a princípio ao lado dos fascistas, por achar que a revolução espanhola, naquele momento, era inoportuna. Essa acusação é descartada por alguns comunistas, mas Ângela Mendes de Almeida lembra os Processos de Moscou, desencadeados por Stalin, para eliminar a chamada velha guarda bolchevique. Stalin não dissimula seus objetivos políticos na Espanha, dos quais o principal é a destruição das organizações revolucionárias, das quais a principal é a Poum, que denunciou com vigor os Processos de Moscou e proclama que luta sob a bandeira de Lenin. O próprio Pravda, então, comemora a eliminação dos trotskistas e anarcossindicalistas na Espanha, "que já começou e será conduzida com a mesma energia que na URSS". Dentre as vítimas, estava o militar Alberto Bomilcar Besouchet, o primeiro combatente brasileiro a chegar à Espanha para apoiar o governo republicano contra as tropas franquistas.

Minuto de silêncio


Ao comentar sobre as vítimas não só da revolução espanhola, mas também da segunda guerra mundial, Idibal Pivetta, que teve o lançamento de livro da peça de sua autoria "A cobra vai fumar" durante a audiência, pediu um minuto de silêncio em respeito á memória do poeta Garcia Lorca, morto pelo regime fascista.

Os combatentes brasileiros homenageados foram Alberto Bomilcar Besouchet, David Capistrano, Apolônio de Carvalho, Joaquim Silveira dos Santos, José Homem Correia de Sá, Eneas Jorge de Andrade, Nelson de Souza Alves, Roberto Morena, Dinarco Reis, Delcy Silveira, Eny Antonio Silveira, Nemo Canabarro Lucas, José Gay da Cunha, Hermenegildo de Assis Brasil, Carlos da Costa Leite e Homero de Castro Jobim.

José Correia de Sá: homenagem a um ex-combatente na Guerra Civil Espanhola

No último mês de julho recebi a correspondência abaixo, da filha do ex-combatente na Guerra Civil Espanhola, que eu havia entrevistado 40 anos atrás para um trabalho de pesquisa histórica sobre aqueles voluntários, quase todos comunistas, que serviram como voluntários nas Brigadas Internacionais que lutaram contra as forças franquistas, apoiadas pelos dois regimes fascistas da Europa – Itália mussoliniana e Alemanha hitlerista – solicitando-me um depoimento sobre seu pai.
O trabalho, primeiro publicado sob um outro nome em 1980, depois sob meu próprio nome em 1999, é este aqui: 

“Brasileiros na Guerra Civil Espanhola, 1936-1939: combatentes brasileiros na luta contra o fascismo”, revista Sociologia e Política (Curitiba; ano 4, n. 12, junho 1999, Dossiê: Política Internacional, pp. 35-66; ISSN: 0104-4478, impressa: 1678-9873, online; links: http://revistas.ufpr.br/rsp/article/view/39262; pdf: http://revistas.ufpr.br/rsp/article/view/39262/24081). Dois anos depois, uma versão resumida desse artigo foi publicada sob este título: “O Brasil e a Guerra Civil espanhola: participação de brasileiros no conflito”, Hispanista (vol. II, n. 5, abril/junho 2001; ISSN: 1676-9058; link: http://www.hispanista.com.br/revista/artigo37esp.htm).

A correspondência que me foi dirigida vai reproduzida abaixo, e logo em seguida transcrevo o início de meu mais recente trabalho, com o link remetendo ao texto integral na plataforma Academia.edu.
Paulo Roberto de Almeida


De: Eliane Dutra Corrêa de Sá 
Date: Sáb, 13 de jul de 2019 18:09
Subject: Alguma memória com meu pai
To: Paulo Roberto de Almeida

Caríssimo embaixador Paulo Roberto, 
Há um ano escrevi-lhe a respeito da possibilidade do senhor me enviar algum material que porventura ainda tivesse da(s) entrevista(s) feita com meu pai. Calma! rs. Isso não é uma cobrança. É apenas o gancho para outro assunto.
 De lá para cá, revirando os vários depoimentos que ele deu no final da vida, e conversando com os seus descendentes, eu me dei conta que os episódios aventurescos e toda a sua trajetória política, são bem mais conhecidos por esses descendentes do que a sua figura no ambiente familiar.
Em suma, a sua vida pública é muito mais conhecida do que a vida privada, até mesmo no seio da própria família (que já está na 5ª geração depois dele!).
Como sou a filha mais velha e guardo ainda na memória alguns momentos das minhas infância e adolescência em que meu pai teve uma participação marcante, decidi contar alguns episódios que, a meu ver, revelam um pouco da sua personalidade.
O texto está pronto, não tem cunho comercial pois visa apenas a família, mas o editor sugeriu incluir uma pequena biografia e algum depoimento de quem o conheceu pessoalmente.
O senhor poderia escrever algumas linhas sobre a impressão que ficou do seu contato com José Corrêa de Sá?
Eu ficarei muito grata.
Estou lhe enviando apenas a "Introdução" do meu pequeno trabalho, não quero tomar o seu tempo com todo o material.
Um grande abraço,
Eliane Dutra Corrêa de Sá


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Homenagem a José Correia de Sá: 
um combatente da liberdade

Paulo Roberto de Almeida
 [Objetivo: depoimento pessoal; finalidade: homenagem a um homem digno] 

O século XX, na definição de vários historiadores, foi a era dos extremos ideológicos, uma época de enfrentamentos de uma terrível violência, entre potências conservadoras, ou de extrema direita, um regime comunista e as democracias liberais de mercado. Começando ao final da Grande Guerra, que seria posteriormente chamada de Primeira Guerra Mundial, o primeiro desafio, praticamente mortal, levantado contra os sistemas democráticos de mercado foi o bolchevismo, logo materializado na construção do comunismo na Rússia e na criação de uma organização internacional, o Komintern, para guiar a ação de outros partidos similares ao redor do mundo, e canalizar financiamento direto desses outros partidos para objetivos que eram os da então recém-inaugurada União das Repúblicas Socialistas Soviéticas.
Pouco depois, ou praticamente simultaneamente, tomava impulso, primeiro na Itália, depois na Alemanha, e posteriormente em diversos outros países também, a vertente fascista das mesmas correntes autoritárias, antiliberais, coletivistas, estatizantes, apenas que de sinal contrário. Se a vertente comunista se identificava com o legado jacobino e os setores mais extremados do igualitarismo radical da revolução francesa, por isso mesmo colocado no terreno da esquerda, e isso desde meados do século XIX, a tendência fascista passou a ser caracterizada como o ponto extremo da velha direita conservadora, mas ela representou também a exacerbação de correntes reacionárias e racistas, ao apelar para a violência e a eliminação física dos adversários políticos e de minorias étnicas ou religiosas.

Em uma palavra: o mundo político ascendeu aos extremos quando tais correntes conquistaram o poder em países importantes daquela época, isto é, a Rússia comunista, de um lado, e a Itália fascista e a Alemanha nazista, de outro lado, estes dois logo agregados por uma outra potência fascista e militarista, o Japão expansionista dos anos 1920-1945. A oposição, entre um e outro extremo, foi de uma incrível violência, já que ambas correntes manifestavam apreço pela eliminação física e o esmagamento dos adversários, e ambas patrocinavam golpes, revoluções e assaltos ao poder estabelecido. Os comunistas queriam eliminar a burguesia e os grandes proprietários enquanto classes sociais, os nazifascistas queriam eliminar “raças inferiores” da simples existência terrena, em primeiro lugar os judeus, e escravizar literalmente os eslavos e outros povos em favor de um sistema absolutamente totalitário. A luta contra os comunistas, mas também contra os liberais e até os socialistas democráticos, era, portanto, uma tentativa de esmagamento e de submissão total, o que justificativa inteiramente a reação defensiva e até o engajamento na luta direta contra a extrema direita de todos os democratas sinceros e dos comunistas e socialistas.
(...) 

Ler a íntegra neste link: 

https://www.academia.edu/40158786/Homenagem_a_Jose_Correia_de_Sa_um_combatente_da_liberdade_2019_