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domingo, 19 de julho de 2020

Sobre a Guerra Fria Econômica Trump-China - Paulo Almeida

Sobre a atual Guerra Fria Econômica (e tecnológica) de Trump contra a China, que alguns querem EUA vs. China, quando não deveria ser...

Paulo Roberto de Almeida
 [Objetivo: informação; finalidade: destinação]


Trump reforça sua ofensiva contra a China, com propósitos eleitorais, mas as medidas vão redundar em grave prejuízo para os EUA e para as empresas e consumidores americanos, como já amplamente demonstrado pelas salvaguardas abusivas e ilegais dos três anos passados.
A China consentiu com um acordo de compensações apresentado como uma vitória (tática) americana, quando é uma patente derrota estratégica.
Os EUA já entram derrotados nessa disputa, pois assumem uma postura claramente defensiva e de retaguarda.
Já perderam, agora e no futuro previsível.
Essa derrota se deve inteiramente à estupidez de Trump e de seus assessores imediatos.
Não há como não ficar estupefato com a passividade das classes dominantes, da complacência do establishment, da miopia dos supostos wisest and brightest, que não conseguem ver como os EUA estão cavando sua própria cova, ao rejeitar a necessária e lógica complementaridade entre as duas grandes economias.
Os EUA se isolam, recuam para uma fatal introversão, e ainda fazem pressão sobre parceiros dubitativos para que estes os sigam na burrice. Fazem chantagem em torno do caso da Huawei, mentem como já mentiram no caso do Iraque, e pretendem ser líderes a partir dessa postura defensiva e chantagista. Vão perder.
Parece incrível, mas os impérios mais poderosos podem ruir pela incompetência e estupidez de imperadores ineptos; os impérios romano e otomano são uma prova de que isso pode ocorrer pela má qualidade de suas elites. A Argentina e o próprio Império do Meio constituem provas adicionais da possível derrocada.
A China já venceu porque possui a estratégia correta, a da abertura para a globalização, a do livre comércio e a dos mercados abertos, com o Estado fazendo o seu papel na infraestrutura, no ambiente de negócios, no mercado de capitais, nos acordos internacionais.
A decadência da Grã-Bretanha pré-Thatcher deveria fornecer um claro exemplo sobre o quê NÃO fazer, mas parece que não aprenderam nada.
Quanto ao Brasil, não precisamos ir muito longe, pois temos aqui ao lado uma prova viva de como afundar um país.
O Brasil atual, com seu dirigentes estúpidos e subservientes a Trump — mais até do que aos EUA — pode ser o próximo exemplo de uma decadência made at home, autofabricada.
Que tristeza constatar isso...


Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 19 de julho de 2020