O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

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terça-feira, 15 de outubro de 2013

Da serie: frases absolutamente questionaveis...

Questionaveis, e corrigíveis, absolutamente:


“Pelo décimo ano consecutivo, a inflação vai fechar na meta”.

Tem gente que não sabe diferenciar meta de banda. Banda é banda, até de música, mas pode ser também um espaço que varia de 2 centímetros ou 2%, por exemplo, até uma banda de largura amazônica, com vários quilômetros, como a faixa de Gaza, por exemplo.

Meta é meta, ou seja, atirar no centro, no alvo, num ponto focal, fazer gol, atingir um resultado pré-determinado.

Se alguém confunde banda com meta, é porque deve ter algum neurônio avariado, ou vários...

Se o Brasil consegue fechar na meta, eu não sei, faz dez anos que ele não consegue: só estica para a banda, e gozado que é só a de cima, nunca a de baixo.
Quem paga a conta?
Você, caro leitor.
Todo o ano o governo encomenda uma inflação bonitinha, que tunga pelo menos 6% do seu poder de compra, e provavelmente é bem mais, tendo em conta que classe média consome mais serviços do que produtos, e os serviços são "non tradables", como se diz, ou seja, não podem ser importados e portanto tem menos concorrência, e acabam aumentando mais (escolas, transporte, advogado, dentista, médico, restaurantes, etc.).
Se não fosse assim, o governo encomendaria uma meta mais baixa, certo?
Os 4,5% de inflação, com uma banda larga como a de cinturão de lutador de sumô, representam uma variação enorme em termos mundiais, raramente encontráveis em outros regimes de metas de inflação. Geralmente os governos procuram ficar entre 1,5 e 2,5%, apenas, o que é suportável, digamos, pois os ganhos de produtividade também se distribuem por essa faixa, anualmente.
Quem encomenda inflação maior, é porque gosta de inflação, segundo a velha receita furtadiana -- e antipobre -- que diz que é melhor mais inflação e mais crescimento, do que menos inflação e recessão e desemprego. Se trata, obviamente, de uma falácia, só aceitáveis para keynesianos de botequim, como os nossos, que ainda confundem economia com receita de bolo.

Bem, acho que alguém precisa ensinar a certas pessoas a diferença entre meta e banda...
Paulo Roberto de Almeida 

sábado, 6 de abril de 2013

Será que a América Latina tem jeito? Voces acreditam? De verdade?

Dessa minha distância distante, e não querendo ser redundante, olhando bem de longe, e só vendo, ouvindo e lendo o que essa imprensa demente, alucinada (deve ser proposital) transmite, transcreve, filma e divulga, eu, sinceramente falando, acho que não tem jeito não.
Não tem como ter, não há nenhuma chance de ter jeito, nem agora, nem depois, nem mais adiante...
Vocês já ouviram o que andaram falando presidentes, presidentas, projetos de presidentes, passarinhos, ministros, caolhos, tercos, remediados, neurônios em delírio, cavalgaduras, antas, jumentos e outras espécies dessa fauna variada que pulula em nosso continente?
Juro que estou quase desistindo (aliás, acho que já desisti).
Vou me refugiar numa universidade (não numa das nossas, claro, que também não sou patriota a esse ponto; ops, sem alusão...), vou me tornar eremita, refugiar-me numa gruta, desaparecer numa biblioteca à la Umberto Eco, perder-me num labirinto borgiano, andar por caracois cortazianos, buscar Macondo no Google maps, juro que farei de tudo, até voltar a lavar pratos, mas não posso voltar agora, não consigo voltar agora, não me façam voltar agora, não me convidem, por favor.
Meu pobre coração não resistiria...
Só com tapa ouvidos, sem ler, amarrado, manietado, amordaçado, sem laptop, sem iPhone...
É o único jeito...
Paulo Roberto de Almeida