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quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Brasileiro; mais rico que o americano...(no combustivel)

Nao se enganem com as estatísticas de renda nacional: apesar da renda média dos americanos ser 5 ou 6 vezes maior do que a dos brasileiros, nós, brasileiros comuns, somos pelo menos 50% mais ricos que os americanos, a julgar pelo preco da gasolina.
Claro, isso tem a ver com o nível extorsivo dos impostos (a Europa possui carga fiscal semelhante ou mais alta do que a do Brasil, mas também é 4 ou 5 vezes mais rica, no plano da renda per capita), com a cartelizacao do setor (monopólio de fato da Petrobras) e com os lucros excessivos de produtores, distribuidores e varejistas.
Somo, isso é conhecido, um país notoriamente caro, o que diminui nossa competitividade interna e externa. Só se pode esperar, assim, que a indústria continue a perder partes de mercado, e que o Governo continue a impulsionar políticas defensivas (ou seja, protecionistas), para tentar contornar o problema, em lugar de solucioná-lo de verdade com medidas estruturais.
Vamos continuar sendo um país avestruz, ao que parece.
Paulo Roberto de Almeida

Com reajuste, preço da gasolina no Brasil será 51% maior que nos EUA

Litro do combustível vai custar em média US$ 1,45 no Brasil, enquanto nos EUA o preço é US$ 0,96; antes do  reajuste, a gasolina brasileira já custava 44% a mais que a norte-americana

O Estado de S.paulo, 30 de janeiro de 2013
Fernando Nakagawa, correspondente
LONDRES - Com o aumento do preço da gasolina em vigor a partir desta quarta-feira, 30, brasileiros passarão a desembolsar cerca de 5% a mais para encher o tanque. Assim, a gasolina brasileira passa a ser, na média, 51% mais cara do que nos Estados Unidos, mostram dados da Administração de Informação de Energia dos EUA.
Se a comparação for com a Europa, o quadro é contrário: abastecer o carro no Brasil é 37% mais barato que em países como a Itália e a Holanda.
Brasil X EUA
O consumidor brasileiro pagou, na média nacional, R$ 2,7630 por litro do combustível na semana entre 20 e 26 de janeiro, segundo a Agência Nacional do Petróleo (ANP). Com o esperado repasse de cerca de 5% na bomba, o preço médio deve passar para R$ 2,9012.
Confirmado o novo valor e com o dólar a R$ 2, isso significa que o brasileiro pagará, na média, US$ 1,45 por litro ou US$ 5,49 por galão de gasolina (o equivalente a 3,78 litros).
Os postos norte-americanos cobraram média de US$ 3,64 por galão na semana encerrada em 21 de janeiro, segundo a Administração de Informação de Energia (EIA, na sigla em inglês), órgão do Departamento de Energia (DoE) dos EUA.
Isso equivale ao preço de US$ 0,96 por litro nos Estados Unidos. O novo preço brasileiro (US$ 1,45 por litro) será, portanto, 51% maior que o dos EUA. Antes do aumento anunciado ontem, a gasolina brasileira já era 44% mais cara.
Europa
Apesar da desvantagem em relação aos motoristas dos EUA, o Brasil segue com um combustível mais barato que o europeu. A mesma pesquisa da EIA mostra que a Itália e Holanda têm o preço mais elevado dos países pesquisados, onde o galão custava US$ 8,78 - ou R$ 4,64 por litro - na média na semana encerrada em 21 de janeiro.
Em seguida, todos os demais mercados europeus têm preços maiores que os novos do Brasil: o galão custa US$ 8,05 na Bélgica (R$ 4,25/litro), US$ 8,03 na Alemanha (R$ 4,24/litro), US$ 7,94 no Reino Unido (R$ 4,20/litro) e US$ 7,84 na França (R$ 4,14/litro), país que tem o título de gasolina europeia mais barata da pesquisa.

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Manifesto por um Brasil mais rico, não mais caro - Ricardo Amorim

Como não acompanho o detalhe das contas públicas, acabo por vezes perdendo informações importantes, como esta aqui: 
"No ano passado, impostos sobre importação arrecadaram mais que o Imposto de Renda Pessoa Física."
Sempre estive acostumado a um Brasil protecionista, no qual as tarifas eram tão proibitivamente elevadas, e as políticas comercial e industrial tão absurdamente esquizofrênicas, que simplesmente não importávamos nada: a taxa de nacionalização da oferta interna devia beirar os 95%, e com isso as receitas aduaneiras eram, também, ridiculamente baixas. 
Isso mudou, mas não sabia que as receitas eram maiores agora do que o próprio Imposto de Renda, o instrumento por excelência da justiça fiscal em países normais.
Mas não no Brasil, claro. Quem pretende que o Brasil seja um país normal?
Só os malucos, como eu...
Paulo Roberto de Almeida 


Manifesto por um Brasil mais rico, não um Brasil mais caro

Ricardo Amorim
Revista IstoÉ, 04/2012


Na Idade Média, o tratamento para a peste bubônica era forçar o doente a penitenciar-se com um padre. Buscava-se tratar sintomas como febre, calafrios e delírio através da graça de Deus. O resultado: um terço da população europeia foi dizimada pela peste.
De lá para cá, muito mudou, mas nem tanto assim. Vários tratamentos médicos continuam lidando exclusivamente com os sintomas e não as causas das doenças. Na economia, também.

Na história brasileira, há mais casos de tratamentos de sintomas de problemas econômicos do que episódios onde as verdadeiras razões dos desarranjos foram confrontadas.

Nesta semana, tivemos mais um. Para lidar com dificuldades da nossa indústria, o governo e o Banco Central vem adotando uma série de medidas, incluindo redução temporária de impostos para alguns subsetores, aceleração da queda da taxa de juros, adoção de restrições à entrada de capitais estrangeiros para enfraquecer nossa moeda e elevação de impostos sobre produtos importados.

Além de sujeitarem o país a eventuais retaliações comerciais, estas medidas criam um Brasil mais caro, não mais rico. Quem pagará a conta do encarecimento dos produtos importados e da redução da competição com os nacionais é você, o consumidor. Aliás, já paga. No ano passado, impostos sobre importação arrecadaram mais que o Imposto de Renda Pessoa Física. Você pagou ambos. Os primeiros, nos preços elevadíssimos praticados no Brasil e o IRPF, na fonte.

A própria indústria, beneficiária no curto prazo, acaba perdendo no longo prazo, à medida que a elevação de preços reduz o número de consumidores que podem arcar com preços mais elevados.

O governo deve, sim, adotar medidas enérgicas para elevar a competitividade do país. Para isso, precisa cortar gastos públicos excessivos e de péssima qualidade. Somos pouco competitivos e nossos preços são elevados porque, no Brasil, compramos o produto ou o serviço e pagamos junto nosso governo gastão.
Não raro, pagamos duas vezes pelo mesmo serviço. Saúde e educação são exemplos óbvios. Através de nossos impostos, pagamos os sistemas públicos, mas, devido à baixa qualidade, quem pode paga também por serviços privados.

Com menos gastos públicos, os impostos também cairiam e, com eles, os preços. Com preços menores, o consumo aumentaria e a geração de empregos também.
Sobrariam mais recursos para investimentos em infraestrutura, reduzindo custos de transporte, energia, comunicação, etc. O governo necessitaria de menos dinheiro emprestado, permitindo que a taxa de juros caísse, sem gerar desequilíbrios. Juros menores atrairiam menos capital estrangeiro, levando a uma taxa de câmbio menos apreciada.

Menos gastança governamental e impostos são a receita para um país mais rico. Mais impostos sobre produtos importados constroem apenas um país mais caro.
Nossa presidente tem reclamado do tsunami financeiro dos países ricos – que ela não controla – mas não tem atacado sistematicamente o tsunami de gastos públicos, sob seu controle.

Ricardo Amorim
Economista, apresentador do programa Manhattan Connection da Globonews e presidente da Ricam Consultoria