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quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Venezuela, partidos brasileiros tomam posicao: PPS

Não foi possível localizar nota ou pronunciamento oficial do PPS no site do partido, mas o seu líder na Câmara efetuou um pronunciamento a respeito dos dois conflitos sociais atualmente existentes, na Ucrânia (bem mais grave, com dezenas de mortos) e na Venezuela, igualmente grave, ainda que com menor número de mortos (até aqui), pois se trata de uma ditadura aberta em plena ação.
Paulo Roberto de Almeida

Ucrânia: Líder do PPS cobra coerência do governo




Foto: Robson Gonçalves
Ucrânia: Líder cobra coerência do governo
Bueno: manifestação nas ruas de Kiev se transformou em verdadeira revolta

Por: Valéria de Oliveira 

O líder do PPS na Câmara, deputado federal Rubens Bueno (PR), exortou a Câmara dos Deputados a se posicionar contra a violência na Ucrânia e na Venezuela. Em discurso no plenário da Casa, na manhã desta quinta-feira (20), Bueno disse concordar com a posição tomada pelo governo brasileiro com relação ao leste europeu, mas condenou “o silêncio cúmplice do Palácio do Planalto diante do mesmo autoritarismo e violação dos direitos humanos que ocorrem na vizinha Venezuela”.
Veja o vídeo do pronunciamento

“Que o Brasil diga não à violência e ao autoritarismo na Ucrânia, na Venezuela e onde quer que ocorram; que possamos nos manter coerentes com nossos princípios e valores democráticos”, cobrou o líder, que é membro da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara. Em nota, o Planalto conclamou os ucranianos ao diálogo para solucionar, de forma pacífica, seus próprios problemas. No caso da Venezuela, entretanto, o Brasil foi signatário de documento do Mercosul apoiando o governo de Nicolás Maduro, que tem reprimido duramente as manifestações de estudantes e trabalhadores nas últimas duas semanas.

Ucranianos no Brasil
Bueno lembrou que o Brasil abriga uma comunidade de cerca de 500 mil ucranianos, “uma gente forte e trabalhadora, que premiou o meu estado, o Paraná, com sua presença muitíssimo bem-vinda e uma cultura que veio se somar à já rica cultura da terra que escolheram como sua”. O parlamentar disse que acompanha com preocupação os acontecimentos na Ucrânia, “uma história cujos ingredientes – violência, estagnação econômica, corrupção, desigualdade social e extrema pobreza – apontam para o que há muito tempo deixou de ser uma manifestação para se transformar em verdadeira revolta”.

As manifestações na capital, Kiev, começaram em novembro, depois que o presidente Viktor Yanukovich cedeu a pressões da Rússia e desistiu de um acordo comercial com a União Europeia, preferindo ajuda financeira do Kremlin. Até ontem (19), os confrontos na Praça da Independênci já haviam deixado um saldo de 25 mortes e pelo menos 240 feridos de acordo com informações do Ministério da Saúde ucraniano. Já nesta quinta-feira (20) teriam ocorrido, segundo informações da imprensa internacional, mais 20 mortes

Venezuela, partidos brasileiros tomam posicao: Democratas

Até o momento, não detectei nenhum posicionamento de grandes partidos brasileiros sobre o caso da Venezuela, mas por vezes alguns pronunciamentos vão aparecendo de forma esparsa...
Este é do DEM, o partido dos Democratas, que peca por várias incongruências: fala de "natural papel de liderança (do Brasil) na América do Sul", quando isso está longe de ser natural, e o Brasil, ao que parece não reivindica tal posição, que de resto está longe de ser consensual ou de ser aceita pelos países vizinhos.
Fala de um estado de "beligeerância", quando não existe nenhuma guerra em curso na Venezuela, a não ser a do governo contra a imprensa, a sociedade (ou pelo menos grande parte dela), a economia, os manifestantes pacíficos e o imperialismo, claro.
O DEM precisa aprender um pouco mais sobre política externa e relações internacionais do Brasil.
Aliás, o partido não toma posição: ele pede que o Governo o faça. Incongruências de neófitos...
Paulo Roberto de Almeida

DEM
“Os conflitos vividos neste momento pela sociedade venezuelana afligem e inquietam as nações democráticas no mundo inteiro. O Brasil exerce natural papel de liderança na América do Sul. E, em assim sendo, impõe-se que o governo brasileiro, sem ideologias que não sejam a defesa da paz e o respeito aos direitos humanos, se posicione de modo a contribuir para o fim de um estado de beligerância de conseqüências imprevisíveis.”
Senador José Agripino
Presidente Nacional do Democratas

Venezuela: os partidos brasileiros tomam posicao - PSDB, sem nota oficial

Procurei na página oficial do PSDB e não encontrei nenhuma nota oficial do partido sobre o caso da Venezuela, como ocorreu ontem na página do PT (mas em nome do presidente).
Existe, porém, um pronunciamento do seu presidente nacional, Senador Aécio Neves, e também um artigo de seu ex-presidente, deputado José Anibal:

Senador cobra “posição firme e equilibrada” do governo brasileiro sobre a Venezuela

20 de fevereiro de 2014
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IMG_7792Brasília (DF) – O agravamento da situação na Venezuela foi duramente criticada nesta quinta-feira (20) pelo presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves. O tucano cobrou do governo brasileiro uma “posição firme e equilibrada”  em favor da democracia e da busca pelo diálogo. Para ele, é fundamental que o Brasil e os demais países se esforcem pela paz na região.
“O agravamento da situação  na Venezuela, com a violência da resposta das forcas oficialistas e o desrespeito aos direitos da cidadania, exige uma posição firme e equilibrada do governo do Brasil e dos lideres democráticos para que haja reabertura do dialogo e se restabeleça o clima de paz e confiança próprio dos regimes constitucionais”, ressaltou o senador.
Aécio lembrou que a Venezuela é um país-irmão do Brasil. “Nessa hora difícil para o país irmão, o PSDB acredita que a tomada sectária de partido em defesa do governo, como fez o presidente do PT, em nada contribui para a reconstrução da almejada concórdia [concordância] dos venezuelanos”, disse.
Segundo o senador, é essencial buscar o entendimento. “É hora para estabelecer pontos de entendimento, não para aumentar conflitos. Esperamos que o governo brasileiro atue em beneficio da paz e do fortalecimento da democracia na Venezuela”.
Desde o início dos protestos nas principais cidades da Venezuela, especialmente, Caracas seis pessoas morreram. Ontem (19) uma cena chocou o mundo: Génesis Carmona, de 22 anos, miss e modelo profissional, foi atingida com um tiro na cabeça e não sobreviveu.
A presidente Dilma Rousseff não se manifestou sobre a violência das manifestações na Venezuela.
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Eu entendo que este governo nutra pela Venezuela chavista boa dose de admiração, além de respeitosa lealdade. Também compreendo as afinidades existentes entre os dois. Mas a condescendência do Estado brasileiro com a degeneração institucional da Venezuela e com a escalada da violência política atenta contra a nossa história e tradição diplomática.
Com relatos de truculência e prisões arbitrárias, lá se vão 15 dias de protestos ininterruptos. O maior deles, há uma semana, terminou com três mortos e quase 30 feridos. Milícias têm atuado contra adversários e manifestantes sob os bigodes do Estado. A imprensa foi dobrada. A oposição protesta contra a omissão de organismos multilaterais e de vizinhos, Brasil à frente.
O presidente Nicolás Maduro reagiu como de costume: criando factoides. Denunciou uma conspiração golpista e expulsou diplomatas americanos. Criminalizou os partidos de oposição e prendeu inimigos. Convocou e insuflou partidários para enfrentar os manifestantes. Por fim, solicitou aos governos amigos na região que fizessem vista grossa e que se calassem. E foi atendido.
O voluntarismo messiânico dessa escola política parece ser incapaz de entender e de tolerar o sistema de contrapesos da democracia. Se o governo é ruim, como é o da Venezuela, o sistema republicano não perdoa. À mercê de estruturas mentais superadas e portador de um heroísmo fraudulento e autoritário, Nicolás Maduro não é mais do que uma figura patética.
Que ele fale com Chávez por meio de passarinhos, é um problema do povo venezuelano. Que o Brasil abandone seus princípios e enxovalhe sua trajetória diplomática, é um problema nosso. Foi o nosso multilateralismo e a vocação para a resolução pacífica de controvérsias que fez de nós líderes do continente. Quando a gente acha que este governo não pode mais se rebaixar, ele se supera.

José Aníbal é economista, deputado federal licenciado e ex-presidente do PSDB.