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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

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quinta-feira, 29 de maio de 2014

Politica energetica continua erratica: governo nao sabe o que faz

Depois de ter determinado uma absurda mistura de biodiesel de mamona no diesel fossil -- e ter, assim, misturado matriz energetica com prtoblema social -- e depois de ter afundado o etanol combustivel com sua mais que absurda politica de precos para a gasolina, o governo agora mete os pes pelas maos novamente ao determinar, sem maiores estudos tecnicos e de formacao de precos de mercado, a adicao suplementar de biodiesel de soja ao diesel combustivel, numa demonstracao suplementar que so atua na improvisaqcao, por puxadinhos, por medidas erraticas que tentam conter problemas que ele mesmo criou com sua mais do que equivocada politica energetica, que ja destruiu a Petrobras.
Paulo Roberto de Almeida

Por que só agora?

29 de maio de 2014 | 2h 07
Celso Ming - O Estado de S.Paulo
 
A presidente Dilma autorizou ontem o aumento da participação de biodiesel na mistura com o óleo diesel, utilizada tanto nos motores dos caminhões, como em boa parte das termoelétricas.
A partir de 1.º de junho essa participação irá de 5% para 6%; e, a partir de 1.º de novembro, de 6% para 7%. O anúncio foi feito como se tratasse de uma decisão de excelência técnica que só trará benefícios: diversificará a matriz energética, reduzirá o consumo de derivados de petróleo, cria mais um mercado cativo para o setor da soja e melhora as condições operacionais da agricultura familiar.
Se é tudo isso - e, de fato é -, por que então esse aumento da adição do biodiesel não foi providenciado antes, uma vez que há anos o setor enfrenta forte capacidade ociosa?
O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, calcula que deixará de ser importado 1,2 bilhão de litros de óleo diesel por ano, o equivalente a uma despesa de US$ 1 bilhão, a preços de hoje, não incluídas aí as despesas com frete e seguros. Lobão também lembrou que mais biodiesel na mistura contribui para a redução de emissões de gás carbônico na atmosfera. Se é assim, por que o governo não reconheceu esses benefícios mais cedo, quando poderia ter reduzido ainda mais as importações de óleo diesel e ter contribuído também mais para preservar o meio ambiente?
Mais interessado, no momento, em quebrar a resistência e a irrigação do agronegócio, que vem tratando a presidente Dilma com vaias e protestos explícitos ou difusos, o governo desconsiderou de repente dois argumentos a que vinha se agarrando para negar esse aumento da participação do biodiesel no coquetel com o óleo diesel: o primeiro deles, o de que encareceria demais os combustíveis, e o segundo, o de que os preços da mistura final ficariam mais vulneráveis aos vaivéns das cotações internacionais da soja, especialmente em períodos sujeitos a drásticas oscilações climáticas.
Ontem, a presidente Dilma preferiu dizer que o impacto da nova mistura sobre a inflação "é insignificante". Se, ao contrário do que vinha sustentando o ministro da Fazenda, Guido Mantega, "é insignificante", especialmente diante dos demais benefícios proporcionados, por que - outra vez - essa autorização veio só agora?
No que diz respeito à vulnerabilidade das cotações da soja a períodos de seca dos grandes produtores mundiais, como Estados Unidos, Brasil e Argentina, ninguém chegou a levá-la em consideração.
Curiosamente, os mesmos argumentos usados pelo governo Dilma para justificar esse aumento de biodiesel na mistura com o diesel impõem-se na defesa das vantagens de outro biocombustível, o etanol. E, no entanto, ao obrigar a Petrobrás a pagar parte da conta do consumidor de gasolina, além de avançar sobre o caixa da Petrobrás, a política do governo prostrou o setor do etanol, sem acenar até agora com nenhuma perspectiva de redenção.

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Fracasso da politica energetica lulista: o biodiesel antieconomico

Acompanhei as distorções das políticas econômicas lulistas desde o início. Nenhuma foi tão fragorosamente equivocada, mal concebida e mal implementada quanto a política energética, isso devido à manifesta incompetência do guia genial dos povos e da gerentona do setor. Na verdade, não foi uma, mas diversas políticas energéticas, todas igualmente destinadas ao fracasso e causando imensos prejuízos diretos e indiretos a todos, produtores, consumidores, Petrobras, meio ambiente, etc. E delas, nenhuma foi tão espetacularmente equivocada, desde o início, quanto o projeto do biodiesel, e isso porque o governo Lula, tendo à frente da iniciativa aquele que era o Richelieu do Planalto e que depois se revelou ser o chefe da quadrilha (hoje felizmente preso), misturou completamente matriz energética e problema social, impondo o tal de biodiesel de mamona, sem qualquer análise técnica de custo-benefício, base produtiva, limites tecnológicos, etc.
Como em tudo o mais, a tal de vontade política substituiu a modesta racionalidade do cálculo econômico singelo, aquela que se baseia em preços de mercado para deixar que produtores privados respondam adequadamente a certos estímulos fiscais estabelecendo sua própria planilha microeconômica para produzir o que seja factível, com os insumos corretos, visando ganhos de bem-estar para todos, não esses monstrengos estatais fabricados por burocratas incompetentes, animados por militantes ineptos.
O biodiesel sintetiza todas as estupidezes que a imensa fraude do lulismo conseguiu fazer com imensos prejuizos ao país. O etanol é também outro exemplo de fracasso, mas vou examinar em outro post, deixando bem clara a incompetência da gerentona da área.
Recupero a pequena nota abaixo do blog do meu amigo Orlando Tambosi.
Quem tiver acesso à matéria completa, favor me remeter.
Paulo Roberto de Almeida 

Biodiesel, outro fracasso do lulismo

Lula anunciou a mamona como redenção da humanidade, mas a coisa, para variar, não deu em nada. Da coluna de Felipe Patury, na revista Época:

O governo Lula inventou e apresentou o programa de biodiesel como uma panaceia. No discurso, a mamona, o dendê e assemelhados se converteriam no maná dos pequenos agricultores. Teriam mercado cativo, porque as refinarias teriam de adicionar 5% desse produto ao diesel.

Isso ajudaria o país a reduzir as Emissões de carbono, como prometido à ONU. O que aconteceu em dez anos? Vinte das 70 indústrias de biodiesel fecharam por falta de mercado. O governo tenta achar uma saída para livrar as 50 restantes da falência. Uma alternativa é aumentar a proporção de biodiesel misturada ao diesel. 

sábado, 30 de novembro de 2013

A farsa da politica energetica petista: caos regulatorio, prejuizos para os brasileiros - Adriano Pires

Herança maldita

O Estado de S.Paulo, 29 de novembro de 2013
Mercado = intervenção + populismo. É com essa definição que o governo elabora as políticas públicas para o setor de energia. A consequência são o caos e a total desordem pelos quais passa o setor no país.
No petróleo, o governo insiste numa política de preço para a gasolina e o diesel baseada no viés do controle da inflação. Não deixa os preços seguirem a tendência do mercado internacional e, como consequência, a Petrobrás é a única petroleira de capital aberto no mundo que, quanto mais vende gasolina e diesel, mais tem prejuízo. Faz um leilão da maior reserva do pré-sal e só aparece um consórcio. O governo, com seu olhar exclusivamente de curtíssimo prazo e sem nenhuma sensibilidade sobre temas globais como o meio ambiente, prefere desonerar combustíveis poluidores como a gasolina e o óleo combustível em detrimento do etanol e do gás natural.
No gás natural a política não é diferente. A Petrobrás vende gás natural para as térmicas, que são clientes flexíveis – ou seja, não compram o tempo todo -, pela metade do preço pago pelos clientes firmes, no caso as distribuidoras. Com muita intervenção e uma alta dose de populismo, o governo só cria incertezas regulatórias e insegurança jurídica. Isso diminui a atratividade dos investidores privados e a Petrobrás é obrigada a assumir as taxas de retorno patrióticas. Exemplo são as refinarias. Todas as 12 refinarias existentes no Brasil pertencem à Petrobrás e a estatal ainda é obrigada a construir mais 4. Enquanto isso, nos EUA, onde mercado é mercado, existem 144 refinarias, todas privadas, inclusive a famosa Pasadena, da Petrobrás. Faz sentido transportar de caminhão, de São Paulo, a gasolina e o diesel consumidos no Centro-Oeste? Faltam sinais econômicos que atraiam o privado para a construção de dutos.
No setor elétrico, com a publicação da Medida Provisória (MP) 579, em setembro de 2012, o governo tentou revogar a famosa lei da oferta e da procura, e com isso criou enorme bagunça regulatória e jurídica no setor. No que ficou conhecido como o 11 de Setembro do setor elétrico do país, o governo, na hora de renovar as concessões, resolveu, de forma autoritária e populista, reduzir os preços justamente num momento de escassez de energia.
Adriano PiresSe algum cidadão estrangeiro desavisado chegasse ao país no dia11/9/2012 e comprasse um jornal, leria duas notícias. A primeira era que os reservatórios brasileiros estavam com níveis baixos e isso obrigaria o governo a ligar as térmicas, que são mais caras. A segunda notícia era o governo anunciando uma redução no preço da energia. Essa política gerou enormes prejuízos para a Eletrobrás e empresas como Cesp e Cemig, que não aderiram à MP, hoje apresentam resultados positivos. Outra curiosidade: no período úmido, quando chove, os preços da energia são mais caros do que nos períodos de seca. Dá para entender? Se algum de nós andar pelas ruas das principais cidades brasileiras, vai verificar que a maioria dos prédios comerciais e residenciais de luxo tem geradores a diesel. Qual seria a explicação? Falta de confiabilidade no sistema elétrico, afinal, comprar um apartamento de R$ 10 milhões ou mais e se arriscar a ficar sem elevador e ar-condicionado não dá. No caso dos estabelecimentos comerciais, no horário de pico, gerar com diesel é mais barato do que a tarifa da concessionária. É bom lembrar que o diesel é poluente e importado. Esse é o “mercado” elétrico brasileiro.
Ao desafiar as regras de mercado, tentando subvertê-las para controlar a inflação e, ao mesmo tempo, ser um ingrediente para ganhar eleições, o governo transformou as ações da Petrobrás e da Eletrobrás em ações preferenciais de especuladores. As ações das duas principais estatais brasileiras passaram a subir e descer impulsionadas por boatos e suposições, e não pelos seus fundamentos. Ao fim e ao cabo, mercado = intervenção + populismo gera incerteza regulatória, insegurança jurídica e transforma país rico em energia em país dos apagões e dos especuladores. Isso, sim, é herança maldita.