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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

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domingo, 11 de dezembro de 2022

Futuro da energia, no Brasil e no mundo, por Adriano Pires

 Grato a Walmyr Buzatto pela transcrição:

“ Discordo da observação de que o discurso ambientalista tenha sido açodado. O tempo é precioso na conjuntura atual: cada ano perdido na substituição dos combustíveis fósseis compromete cada vez mais o futuro da humanidade. O que não foi previsto (e, portanto, ninguém antecipou algum movimento para conter Putin) foi a guerra na Ucrânia. Agora temos que viver com isso e mininizar o estrago. De resto, muito bons comentários de Adriano Pires.

(WB)

**********

Sem compromisso com o passado

Adri­a­no Pi­res

 Di­re­tor do Cen­tro Bra­si­lei­ro de In­fra­es­tru­tu­ra (CBIE)

O Estado de S. Paulo, 10 de dez. de 2022

Se o ano de 2021 foi marcado pelo sucesso das vacinas contra covid, criando uma expectativa do retorno do crescimento econômico, 2022 tem a marca da guerra Rússia-ucrânia, que trouxe de volta um cenário de instabilidade e pessimismo.

A guerra que todos apostavam que seria resolvida de forma rápida já dura dez meses, sem previsão de término. A ausência de grandes líderes mundiais tem feito com que a diplomacia não tenha sucesso em apresentar soluções que determinem acordos de paz e o fim do conflito. A guerra trouxe uma nova geopolítica da energia, traduzida numa volta do empoderamento da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e da Rússia, com a criação da chamada Opep+.

A guerra mostrou a fragilidade e os erros da política energética na Europa, que apostou nas fontes renováveis e no gás russo e descomissionou usinas nucleares na Alemanha. O preço do gás natural explodiu, chegando a números inimagináveis de US$ 60/MMBTU, e a Alemanha voltou a consumir carvão. Isso tem levado a duas constatações.

A primeira é que o discurso ambientalista de demonizar os combustíveis fósseis e a energia nuclear foi açodado, e a Europa está pagando uma conta cara. A segunda é que a globalização na oferta de energia foi colocada em xeque, e os países começam a olhar uma política de diversificação do fornecimento de energia à procura de uma autossuficiência, incentivando soluções locais.

Para 2023, com a continuidade da mudança da política de covid zero na China, teremos um novo boom de commodities e o preço do petróleo tende novamente a superar os US$ 100. Portanto, tudo leva a crer que em 2023 teremos um prosseguimento da crise de energia e é bem possível que o inverno de 2023/2024 na Europa possa ser pior que o atual em termos de escassez de energia. Outro movimento é a migração de empresas para países que possuem estabilidade política e matrizes energéticas limpas, como é o caso brasileiro.

E no Brasil? O ano de 2022 foi marcado pela campanha eleitoral polarizada, levando Lula da Silva de volta à Presidência da República. A grande notícia de 2022 foi a privatização da Eletrobras e o início do processo de transformar a Copel numa corporation.

O ano de 2023 ainda está em aberto, mas certas notícias não são boas, como a ideia de criar fórmulas de preço para os combustíveis, paralisar a venda de refinarias e rever a Lei da Eletrobras, que determinou leilões de 8 GW de térmicas.

Em 2023, a bola da vez deveria ser o gás natural, e o desafio será criar políticas e legislações que incentivem o crescimento da infraestrutura e reduzam a reinjeção, aumentando a oferta nacional. Diante do novo cenário geopolítico e geoeconômico mundial, não podemos perder a oportunidade de atrair investimentos para o Brasil. Portanto, não podemos ter compromisso com o passado. •

quarta-feira, 2 de junho de 2021

Emergência energética - Adriano Pires (OESP)

 PESADELO COM A ENERGIA!


Adriano Pires
O Estado de S. Paulo, 29/05/2021

 Diagnóstico equivocado do governo tem promovido grandes volatilidades nos preços e pode levar a apagões.

Há algum tempo, temos procurado chamar a atenção sobre a necessidade de uma nova visão para o planejamento do setor elétrico. As nossas preocupações têm como alvo as tarifas crescentes, os subsídios e a segurança de abastecimento.

Faz tempo que cometemos erros recorrentes e temos tido a sorte de nos safar de apagões elevando as tarifas, sempre ajudados pela falta de crescimento econômico.

Temos um problema de potência e o planejamento do governo insiste na solução vinda das energias intermitentes e das linhas de transmissão. Diagnóstico equivocado que tem promovido grandes volatilidades nos preços e pode levar a apagões. Neste ano o pesadelo voltou e parece que de uma maneira mais forte.

No fim de maio os níveis de reservatório deverão ser de 31,7%, isso é pelo menos 4,6 pontos abaixo da mínima histórica. Em 2019 e 2020 choveu muito em fevereiro, março e abril, com isso os reservatórios ainda aumentaram o nível. O que não foi o caso em 2021. Se considerarmos a média dos últimos 16 anos, já no fim de agosto poderemos estar com o nível abaixo de 20% e poderemos alcançar valores muito abaixo de 10% a partir de outubro. Isso tem levado a um estresse na operação do sistema de armazenamento do Sistema Interligado Nacional (SIN).

Portanto, precisamos tomar providências de curto prazo e soluções estruturais devem ser implementadas para evitar pesadelos futuros. Mas agora estamos em urgência. E o que fazer no curto prazo? Primeiro, deixar que os preços indiquem a real situação do setor elétrico. Na realidade, hoje nem o PLD a R$ 250/MWH nem a bandeira vermelha nível 1 retratam a realidade do setor elétrico.

O correto é o PLD no seu nível máximo e deveríamos estar em bandeira vermelha nível 2 desde o início de abril. Além do mais deveríamos, também, já estar despachando todas as usinas não hidrelétricas na capacidade máxima, inclusive as a diesel. Como foi feito em 2014/2015 quando tivemos um cenário parecido com o atual.

E a médio e longo prazos. O que fazer? A MP da Eletrobrás (1031) ao propor a implantação das térmicas a gás, com geração mínima de 70%, conta com mecanismos de financiamento de longo prazo, diluindo seu custo no tempo, trazendo os seguintes principais benefícios:

– Redução das despesas com o acionamento das térmicas a óleo e diesel, sistematicamente despachadas, fora da ordem de mérito de custo, para garantia energética;

– Elevação dos níveis dos reservatórios, aumentando sobremaneira a garantia do suprimento de energia e potência, permitindo o uso racional dos reservatórios, preservando a capacidade de atendimento não apenas do setor elétrico, como também do consumo humano, das atividades de lazer, indústria e agricultura;

– Redução do impacto das bandeiras na conta do consumidor cativo e maior estabilização dos preços da energia a curto prazo e médio prazo, permitindo que o modelo de formação de preços de curto prazo dê o sinal econômico mais próximo da realidade;

– Redução da necessidade de geração hidrelétrica para atendimento à demanda, porém com menor impacto financeiro, por causa de uma redução e menor volatilidade do PLD;

– Aumento da segurança elétrica, com a implementação de geração térmica próxima aos centros de consumo, deslocando os acionamentos de termoelétricas

A quem interessa a manutenção da atual situação do setor elétrico no Brasil
a óleo, muito mais caras, por motivos de energia ou restrição elétrica, seja em regiões remotas ou ainda para equacionar a oferta na ponta da demanda;

– Garantir a segurança do abastecimento possibilitando o contínuo avanço das fontes renováveis, intermitentes e sazonais, como eólica e solar;

– Dar uma proteção necessária ao crescimento econômico do País e a potencial eletrificação dos meios de transporte;

– Permitir a participação equilibrada de todos os consumidores, na estrutura de custo necessária a garantir o abastecimento de energia;

– Matriz elétrica mais limpa com a substituição de térmicas a óleo por gás natural.

A quem interessa a manutenção da atual situação do setor elétrico? Aos que se beneficiam com a alta volatilidade dos preços da energia e àqueles que querem manter a anomalia onde os pequenos consumidores subsidiam os grandes consumidores.

segunda-feira, 8 de maio de 2017

Liberalismo e o Brasil de Hoje: Licoes de Roberto Campos - Paulo Roberto de Almeida, Marcos Troyjo, Adriano Pires

Um próximo evento, palestra-debate, para discutir os problemas atuais do Brasil, e as soluções, propostas meio século atrás, por Roberto Campos, quando também aproveitarei para lançar o livro em Cuiabá:






CALL FOR PROPOSALS
Conference organized by the University Jean Moulin (Lyon 3) and the Institute of Transtextualand Transcultural Studies (IETT- EA 4186) in the framework of the Impulsion- PALSE project.
Organizing Committee:
 S’mele Soares Rodrigues (University Jean Moulin - Lyon 3), JulieSylvestre (IETT), Carolina Cunha Carnier (University Jean Moulin - Lyon 3).
Where:
 Maison Internationale des Langues et des Cultures (MILC), Lyon.
Dates
: September 27 and 28, 2017.
TOWARD A HISTORY OF THE CULTURAL RELATIONS OF THE AMERICASIN THE TWENTIETH CENTURY
At the intersection of political history, international relations, and cultural studies of theAmericas, this conference will bring together confirmed and junior researchers of history,sociology, musicology, political sciences or any other discipline of the social and human sciencesin the aim of discussing a history of the cultural relations of the Americas in the twentiethcentury.In continuation of Pierre Milza's reflection on the cultural "deep forces" located betweeninternational politics and mentalities, as well as many other French or English speaking studieshighlighting the importance of culture in international relations (by Robert Frank, Fran•oisChaubet, Alain Dubosclard, Ludovic Tourns J. Manuel Espinosa, J.M. Mitchell, Akira Iriye,among others), this conference intends to discuss the studies developed by specialists from thecountries of America. A transnational perspective will be adopted.This meeting will be a first opportunity to map the bilateral, multilateral and transnationalcultural relations of the three Americas, especially (but not exclusively) those established withand among the countries of the Southern Cone (Argentina, Brazil, Chile, Uruguay and Paraguay).The conference will mainly address:1)
Cultural "decision makers", namely the agents or mediators of both official culturaldiplomacy and private associations and institutes



segunda-feira, 17 de março de 2014

Eleicoes 2014: a equipe de Aecio Neves - Rodrigo Constantino

17/03/2014
 às 13:40 \ EconomiaPolítica

A equipe de Aécio Neves é um alento para os liberais

Anastasia. Fonte: Valor
Em uma reportagem do Valor de hoje, ficamos sabendo os nomes mais próximos que têm prestado consultoria nas diferentes áreas para o candidato tucano Aécio Neves. Trata-se de uma equipe de peso, com capacidade técnica inquestionável:
A sete meses das eleições, o senador e pré-candidato à presidência Aécio Neves (PSDB-MG) formou um grupo de colaboradores mais próximos para ajudá-lo na elaboração das propostas de sua campanha. Vários deles estiveram no primeiro escalão do governo do tucano Fernando Henrique Cardoso (1995 a 2002); outros são acadêmicos e consultores conhecidos no meio empresarial.
Quem deve sistematizar as sugestões e coordenar o programa de governo é Antonio Anastasia (PSDB), governador de Minas Gerais. Seu nome é o mais citado no partido para a tarefa.
[...]
Entre as personalidades, o ex-presidente do Banco Central na gestão de FHC e sócio-fundador da Gávea Investimentos, é, segundo tucanos próximos ao senador, seu principal interlocutor para temas econômicos.
“O Armínio é um dos nomes com quem Aécio mais tem conversado”, disse o senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB).
[...]
Além de acionar grande número de tucanos, Aécio tem entre seus interlocutores nessa pré-campanha alguns nomes de fora da política partidária.
É o caso de Mansueto Almeida e Samuel Pessôa. O primeiro é da Diretoria de Estudos Setoriais e Inovação do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e o segundo, professor de economia da Fundação Getulio Vargas (FGV) no Rio. Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura, é outro técnico que tem colaborado com Aécio com ideias sobre energia e infraestrutura.
Posso falar melhor da área econômica, naturalmente. E reconheço que são nomes muito bons que Aécio tem escolhido até agora. Samuel Pessôa e Mansueto Almeida são dois economistas com grande bagagem teórica, e vêm apontando para os equívocos do atual modelo econômico nacional-desenvolvimentista desde o começo. O blog do Mansueto tem derrubado várias falácias das contas públicas, por exemplo.
Adriano Pires tem muito conhecimento sobre o setor energético e tem sido um duro crítico do que o PT vem fazendo com a Petrobras, i.e., destruindo a estatal com sua interferência política e partidária. O próprio Pires admitiu que sua proposta para o setor é de cunho mais liberal, e merece todo apoio por isso.
E como principal interlocutor de economia, Aécio tem confiado bastante em Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central. Trata-se de alguém que dispensa comentários, pois goza de profunda credibilidade entre os investidores do Brasil e do mundo.
Mas não é só a área econômica que parece alvissareira. O próprio Anastasia, que fez uma gestão eficiente em seu governo de Minas Gerais, é alguém visto como extremamente capaz e técnico, e ficará responsável pela governança, pelo aprimoramento da gestão pública. É, sem dúvida, um nome que permite alguma esperança com a melhoria do país.
Na política externa, o nome de Rubens Barbosa significa incrível avanço frente aos atuais petistas que têm transformado o Mercosul em uma camisa de força ideológica com viés bolivariano. Como comparar Barbosa a Marco Aurélio Garcia, por exemplo? É covardia.
Em suma, o que vimos até aqui é um alento para aqueles cansados do modelo econômico fracassado do PT. Como muitos sabem, costumo ser crítico aos tucanos, pois considero a social-democracia bastante inferior ao modelo liberal que julgo ideal. Mas em política o ideal pode ser inimigo do possível, assim como o ótimo do bom.
É inegável que Aécio Neves tem flertado com conselheiros de inclinação mais liberal, especialmente quando comparado às alternativas do PT nacional-desenvolvimentista e também de Eduardo Campos e Marina Silva. Quem pode permanecer indiferente diante deste quadro? Quem pode achar que tanto faz manter por 4 anos os petistas ou trocar por essa equipe de ponta montada até aqui por Aécio?
Rodrigo Constantino

sábado, 30 de novembro de 2013

A farsa da politica energetica petista: caos regulatorio, prejuizos para os brasileiros - Adriano Pires

Herança maldita

O Estado de S.Paulo, 29 de novembro de 2013
Mercado = intervenção + populismo. É com essa definição que o governo elabora as políticas públicas para o setor de energia. A consequência são o caos e a total desordem pelos quais passa o setor no país.
No petróleo, o governo insiste numa política de preço para a gasolina e o diesel baseada no viés do controle da inflação. Não deixa os preços seguirem a tendência do mercado internacional e, como consequência, a Petrobrás é a única petroleira de capital aberto no mundo que, quanto mais vende gasolina e diesel, mais tem prejuízo. Faz um leilão da maior reserva do pré-sal e só aparece um consórcio. O governo, com seu olhar exclusivamente de curtíssimo prazo e sem nenhuma sensibilidade sobre temas globais como o meio ambiente, prefere desonerar combustíveis poluidores como a gasolina e o óleo combustível em detrimento do etanol e do gás natural.
No gás natural a política não é diferente. A Petrobrás vende gás natural para as térmicas, que são clientes flexíveis – ou seja, não compram o tempo todo -, pela metade do preço pago pelos clientes firmes, no caso as distribuidoras. Com muita intervenção e uma alta dose de populismo, o governo só cria incertezas regulatórias e insegurança jurídica. Isso diminui a atratividade dos investidores privados e a Petrobrás é obrigada a assumir as taxas de retorno patrióticas. Exemplo são as refinarias. Todas as 12 refinarias existentes no Brasil pertencem à Petrobrás e a estatal ainda é obrigada a construir mais 4. Enquanto isso, nos EUA, onde mercado é mercado, existem 144 refinarias, todas privadas, inclusive a famosa Pasadena, da Petrobrás. Faz sentido transportar de caminhão, de São Paulo, a gasolina e o diesel consumidos no Centro-Oeste? Faltam sinais econômicos que atraiam o privado para a construção de dutos.
No setor elétrico, com a publicação da Medida Provisória (MP) 579, em setembro de 2012, o governo tentou revogar a famosa lei da oferta e da procura, e com isso criou enorme bagunça regulatória e jurídica no setor. No que ficou conhecido como o 11 de Setembro do setor elétrico do país, o governo, na hora de renovar as concessões, resolveu, de forma autoritária e populista, reduzir os preços justamente num momento de escassez de energia.
Adriano PiresSe algum cidadão estrangeiro desavisado chegasse ao país no dia11/9/2012 e comprasse um jornal, leria duas notícias. A primeira era que os reservatórios brasileiros estavam com níveis baixos e isso obrigaria o governo a ligar as térmicas, que são mais caras. A segunda notícia era o governo anunciando uma redução no preço da energia. Essa política gerou enormes prejuízos para a Eletrobrás e empresas como Cesp e Cemig, que não aderiram à MP, hoje apresentam resultados positivos. Outra curiosidade: no período úmido, quando chove, os preços da energia são mais caros do que nos períodos de seca. Dá para entender? Se algum de nós andar pelas ruas das principais cidades brasileiras, vai verificar que a maioria dos prédios comerciais e residenciais de luxo tem geradores a diesel. Qual seria a explicação? Falta de confiabilidade no sistema elétrico, afinal, comprar um apartamento de R$ 10 milhões ou mais e se arriscar a ficar sem elevador e ar-condicionado não dá. No caso dos estabelecimentos comerciais, no horário de pico, gerar com diesel é mais barato do que a tarifa da concessionária. É bom lembrar que o diesel é poluente e importado. Esse é o “mercado” elétrico brasileiro.
Ao desafiar as regras de mercado, tentando subvertê-las para controlar a inflação e, ao mesmo tempo, ser um ingrediente para ganhar eleições, o governo transformou as ações da Petrobrás e da Eletrobrás em ações preferenciais de especuladores. As ações das duas principais estatais brasileiras passaram a subir e descer impulsionadas por boatos e suposições, e não pelos seus fundamentos. Ao fim e ao cabo, mercado = intervenção + populismo gera incerteza regulatória, insegurança jurídica e transforma país rico em energia em país dos apagões e dos especuladores. Isso, sim, é herança maldita.

sábado, 17 de agosto de 2013

Energia erratica: o desgoverno dos puxadinhos energeticos - Adriano Pires

Apenas a conclusão:

" As consequências do modelo de “puxadinhos” serão o desabastecimento, o aumento da dependência externa e a criação de grandes “esqueletos” para os futuros governos.."
Paulo Roberto de Almeida

“Puxadinhos” na política energética

O Estado de S.Paulo, 16/08/2013

Adriano-Pires Instituto Millenium
Por Adriano Pires e Abel Holtz
A busca míope pela modicidade tarifária e pelo controle da inflação tem levado o governo a tomar medidas, no setor energético, sem coerência e sem avaliação plena das suas consequências, tornando necessária a realização de remendos que desconfiguram o marco regulatório, sacrificam as empresas, criam instabilidade e dificultam o planejamento e o investimento. O marco regulatório resultante de todos esses “puxadinhos” não atribui a lógica necessária ao bom funcionamento do setor, enfraquecendo as empresas, criando conflito entre as partes e aumentando a perspectiva de judicialização das decisões.
Um exemplo é a judicialização da questão do rateio do custo das térmicas. Antes, as despesas criadas pela ligação das térmicas eram rateadas entre os consumidores de energia, tanto no mercado livre (indústrias e comércio de grande porte) quanto no mercado cativo (clientes das distribuidoras). Agora, a divisão da conta passou a contar com a participação das comercializadoras e das próprias geradoras de energia elétrica, para que com isso o governo possa cumprir a promessa de reduzir as tarifas do consumidor final. As geradoras foram à justiça e conseguiram uma liminar para serem excluídas do rateio do chamado Encargo para Segurança do Sistema (ESS). A União tentou derrubar tal liminar, mas o pedido foi indeferido pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Outros “puxadinhos” têm sido construídos para financiar as desonerações fiscais, que incentivam artificialmente a atividade econômica no curto prazo. As empresas “estatais”, por exemplo, estão sendo mobilizadas para aumentar seus pagamentos de dividendos. Entre 2007 e 2012, o montante dessas receitas saiu de 0,26% do PIB (R$ 6,9 bilhões) para 0,64% do PIB (R$ 28 bilhões). Com isso, a participação dos dividendos no superávit do governo central passou de 11,74% para 32,6%.
O foco no populismo deixará como herança um setor energético desconstruído e cheio de remendos


Não por outro motivo, a contabilidade criativa do governo chegou à Petrobrás. A empresa divulgou um fato relevante ao comunicar que, a partir de meados de maio, passou a aplicar às suas exportações a prática contábil conhecida por contabilidade de hedge. Essa ação contábil permite que empresas reduzam impactos provocados por variações cambiais em seus resultados periódicos, desde que gerem fluxos de caixa futuros em moeda de outro país que se equivalham e tenham sentidos opostos. Assim, 70% do total da dívida líquida exposta à variação cambial serão protegidos por 20% das exportações, por um período de sete anos. Dessa forma, ao compensar prejuízos com a dívida de exportações futuras projetadas, a empresa diminui a transparência do seu resultado e acrescenta um novo risco ao seu valuation. Embora a prática seja permitida, o resultado prático será o aumento dos dividendos pagos principalmente nas ações ON, beneficiando o caixa da União.
No caso da Eletrobrás, o empréstimo de R$ 2,5 bilhões tomado por ela no BNDES no final de junho foi feito, ao menos em parte, para possibilitar o pagamento de dividendos aos acionistas da estatal, entre eles a União e o próprio BNDES. Para viabilizar esses pagamentos, a Eletrobrás teve de pagar juros “acima do esperado em operações com garantia da União”, conforme avaliação do próprio Tesouro Nacional.
Se vasculharmos as notícias publicadas na imprensa, encontraremos outros exemplos de arranjos, como o uso da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) para financiar o desconto nas contas de energia, o uso dos recebíveis de Itaipu para compor a CDE e a possibilidade de colocar os índios como sócios das hidrelétricas.
O foco no populismo deixará como herança um setor energético desconstruído e cheio de remendos. Isso resultará em empresas sem capacidade de investimento e agências reguladoras enfraquecidas, que serão substituídas pela justiça na arbitragem dos conflitos criados pelo próprio governo. As consequências do modelo de “puxadinhos” serão o desabastecimento, o aumento da dependência externa e a criação de grandes “esqueletos” para os futuros governos.

sexta-feira, 19 de julho de 2013

O futuro incerto dos biocombustíveis no país - Adriano Pires



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Brasil foi ultrapassado pelos EUA na liderança do setor (Fonte: Reprodução/Veja)

COMBUSTÍVEIS RENOVÁVEIS

O futuro incerto dos biocombustíveis no país

A falta de políticas públicas capazes de garantir a previsibilidade inibe os investimentos e o crescimento da produtividade

por Adriano Pires
Desde a crise do petróleo nos anos 70 e do início da conscientização dos efeitos perversos da emissão de gases poluentes, o mundo tem se voltado para o desenvolvimento de combustíveis limpos e renováveis.
Segundo a Agência Internacional de Energia a demanda global por biocombustíveis deve triplicar de 2010 a 2035, aumentando de 1,3 milhão para 4,5 milhões de barris de petróleo equivalente por dia (bep/d), crescimento de 5,1% ao ano.


Esse crescimento é sustentado pelos mandatos de mistura e o etanol continua a ser o biocombustível dominante.
No período de 2010-2035, os EUA permanecem como maior mercado de biocombustíveis, com a demanda crescendo de 0,6 para 1,7 milhão de bep/d em 2035. A participação dos biocombustíveis na matriz de transporte americana crescerá de 5% para 19% no período.
Esse aumento é impulsionado pelo Renewable Fuel Standard que obriga a mistura crescente de biocombustíveis em combustíveis utilizados no transporte, até atingir 136 bilhões de litros, em 2022. Em junho de 2012, a Agência Ambiental Americana (EPA) aprovou o aumento de 10% para 15% de etanol na mistura de gasolina.
Num primeiro momento, o Brasil parecia ocupar posição privilegiada na corrida pelos biocombustíveis, dadas as suas condições propícias ao plantio de matéria-prima para a produção de etanol e biodiesel. No entanto, após a descoberta do pré-sal, o governo parece ter feito uma clara opção pelo combustível fóssil.
Enquanto o consumo de gasolina cresceu 62,3% de 2007 até o final de 2012, o de etanol elevou-se apenas 5,2%. Este desempenho é ainda mais estranho quando se considera o aumento da frota de veículos flexfuel, que representou mais de 90% das vendas de automóveis leves desde 2007.
É inexplicável o fato da gasolina e do diesel terem ficado isentos do pagamento da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (CIDE). Só com a gasolina o governo deixou de arrecadar R$ 22 bilhões desde 2008. Essa desoneração provocou perda de competitividade, redução de investimentos no setor, sem falar na parcela que era destinada às prefeituras.
Segundo dados da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) e da U.S. Energy Information Administration (EIA), nos últimos cinco anos, a produção de etanol de cana no Brasil cresceu 29%, enquanto nos EUA, o salto foi de 185% no etanol de milho. Em 2000, as usinas americanas fabricavam apenas 57% do volume das usinas brasileiras. Em 2011, a produção de etanol norte-americana representou mais que o dobro da brasileira, 230%.
Com o baixo crescimento da produção, o Brasil foi ultrapassado pelos EUA na liderança do setor. Qual a receita do sucesso americano? Previsibilidade. Até 2022, o governo norte-americano se comprometeu, por lei, a comprar 136 bilhões de litros de etanol, a US$ 1,07, reajustado anualmente.
Para o Brasil voltar a liderar o mercado dos biocombustíveis é fundamental o crescimento da produtividade, que infelizmente está sendo prejudicada pela a adoção da política do stop-and-go. As idas e vindas do governo geram custos para a indústria, que deixam de melhorar a tecnologia.
Portanto, se o crescimento do mercado dos biocombustíveis tivesse sido contínuo, estaríamos em outro patamar de produtividade. O governo parece não se dar conta de que a falta de políticas públicas capazes de garantir a previsibilidade inibe os investimentos e o crescimento da produtividade. O que falta é um marco regulatório estável, baseado na política da previsibilidade.

Gas, uma energia revolucionaria, mas nao exatamente para o Brasil - Adriano Pires, Marcio Balthazar

O preço do gás natural no Brasil


O Estado de S.Paulo, 17 de julho de 2013

ADRIANO PIRES E MARCIO BALTHAZAR *
Nos últimos dez anos, o mercado mundial de gás natural passou por uma série de mudanças, como o desenvolvimento da produção do gás não convencional nos EUA e o aumento do comércio internacional de gás natural liquefeito. Essas mudanças transformaram a dinâmica mundial do mercado de gás natural. Uma revolução impensável há 20 anos que viabilizou a oferta de gás a partir de formações de shale no miolo do sistema de transporte e do denso mercado de gás natural americano e fez com que os preços do gás despencassem de cerca de US$ 11/MMBTU, em meados de 2008, para algo em torno de US$ 4/MMBTU, em 2013, e abandonassem qualquer correlação com os preços do petróleo.

O alerta geral no Brasil veio na forma do questionamento do nível de preços do gás natural. E imediatamente se assumiu, convenientemente, um cenário de abundância do produto. Mas será de fato abundante? Talvez. Aos preços nos níveis do mercado americano atuais, muito improvável.

Há de observar que, apesar de reunir condições únicas no mundo em termos de recursos de produção e regulatórios para realização do fracking, mesmo nos EUA os produtores de gás natural não associado a partir de shale lidam com baixas remunerações aos investimentos. Assim, se, no início, a questão ambiental dominava as discussões sobre o uso do fracking na produção, atualmente está mais centrada nas possibilidades de viabilização econômica desse tipo de empreendimento, nos EUA e em outras partes do mundo.

No Brasil, o preço do gás se mantém elevado e se tornou um ingrediente a mais a limitar a competitividade da indústria. Segmentos industriais que dependem do gás natural lidam com dificuldade para manter suas atividades e reclamam políticas específicas e preços diferenciados. Outros segmentos, que poderiam usar o gás natural, fazem a opção por fontes alternativas com relação de preços mais favorável.

Duas questões são colocadas: o preço do gás natural no Brasil está caro? Ou seria a instabilidade na relação de preços de combustíveis a causa prima de quebra de expectativas entre consumidores industriais?

É notável constatar que, ao longo do tempo, preços de derivados e gás natural deixaram de guardar uma referência estável de substituição e eficiência energética para flutuar à conveniência da política econômica de ocasião e ceder às pressões de lobbies de categorias industriais em defesa de seu segmento.

Já no que toca à política de preços para o gás natural, a Petrobrás manteve para o gás boliviano a metodologia de reajuste atrelada a uma cesta de óleos e ao câmbio, uma postura que amplia a distorção no mercado brasileiro de gás no que se refere à política de preços em relação aos demais combustíveis.

Adicionalmente, ainda há que considerar a distorção estabelecida pela coexistência de formas distintas de precificação: uma para o gás de origem nacional e outra para o gás boliviano. Quase 15 anos depois do início de operações do gasoduto Bolívia-Brasil e com a capacidade plenamente ocupada, não haveria atualmente uma razão objetiva para uma distinção de preços entre o gás natural de origem doméstica e o importado. Seria o equivalente a definir duas classes de consumidor para o mesmo produto. Os consumidores da Região Sul e os de São Paulo são penalizados duplamente pela imprevisibilidade cambial aplicada ao gás boliviano e pela diferença absoluta em relação aos preços do produto nacional. E São Paulo é o maior Estado consumidor, representando 29% do mercado.

Atualmente, o mercado de gás natural no Brasil, não bastassem as questões apontadas referentes à competição e o desarranjo de preços relativos citados acima, se encontra imerso em suas próprias idiossincrasias, marcado pela imaturidade regulatória que impõe barreiras de acesso e inibe a expansão da infraestrutura e do mercado. É hora de parar e repensar, em especial, uma nova política de preços para o gás natural. 
* ADRIANO PIRES É DIRETOR DO CBIE.
* MARCIO BALTHAZAR É SÓCIO DA NATGAS ECONOMICS.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Triste fim de Policarpo Petrobras Quaresma? - Adriano Pires

Medidas urgentes

É possível resgatar a Petrobras?

Enquanto os números da empresa pioram, o futuro continua obscuro

por Adriano Pires
A Petrobrás precisa, com urgência, passar por uma grande reestruturação. As causas da deterioração já são conhecidas e o problema é que muito se falou e muito pouco se fez. Enquanto isso, os números da empresa vão piorando e o horizonte continua de cinza para negro. Quais decisões precisam ser tomadas com urgência?
Em primeiro lugar, o acionista majoritário precisa voltar a respeitar o minoritário. E a primeira atitude para mostrar esse respeito seria a nomeação de um novo presidente para o Conselho de Administração da companhia. Ter como presidente desse conselho o ministro da Fazenda, seja ele quem for, significa engessar a administração da empresa, já que os interesses e deveres do ministro são, na maior parte das vezes, conflituosos com os da empresa e, principalmente, do acionista minoritário. A atual política de preços da gasolina e do diesel, subordinada à preocupação com o controle da inflação, é o maior exemplo dessa incompatibilidade.
Ainda na questão da alta administração da empresa, seria desejável a nomeação de uma diretoria executiva pelo critério mais da meritocracia e menos pelo critério político, o que já se nota na atual gestão da presidente Graça Foster. Em vez de interferir nas decisões diárias da empresa, o acionista majoritário deveria dar liberdade de gestão e cobrar pelos resultados, o que não ocorre atualmente. Ao contrário, hoje quem dirige a empresa são a presidente da República, o Ministério da Fazenda, o PT e os partidos da base aliada. Seria fundamental o governo estabelecer algum tipo de contrato de gestão com a empresa e, a partir daí, cobrar metas e resultados, arrecadando impostos e dividendos como acionista majoritário. Com isso, o critério das decisões deixaria de ser o político e passaria a ser o da eficiência.
Outro campo a ser atacado é a política de desinvestimento. O desinvestimento deveria começar pela venda pura e simples de ativos que não têm nenhuma explicação de racionalidade econômica para fazer parte da Petrobrás ou que tenham rentabilidade incompatível com o porte da empresa. A venda de ativos vem sendo tentada pela empresa, porém de forma muita tímida. Além de vender ativos no exterior, como refinarias e mesmo blocos de petróleo, no mercado interno a empresa deveria se desfazer de ativos que não fazem parte de seu foco de negócio, como a sua participação em distribuidoras de gás natural, bem como em usinas térmicas ou qualquer tipo de empresa geradora de energia elétrica. O negócio da Petrobrás é explorar e produzir petróleo, gás natural e derivados, e não os mercados de distribuição de gás e de geração de energia elétrica.
Outro caminho para a Petrobrás retomar a sua eficiência e lucratividade seria a criação de uma política de parcerias com outras petroleiras, tanto no exterior quanto, principalmente, no mercado interno. Se o governo desse a tão sonhada autonomia de gestão, e com isso a empresa pudesse ter uma política de preços de derivados alinhada ao mercado internacional, fariam todo o sentido a venda de alguma refinaria e o estabelecimento de parcerias em outras, em particular as novas, não com a venezuelana PDVSA, e sim com investidores que realmente aportem capital e tragam experiência e conhecimento técnico.
Além de parcerias em refinarias, seria importante estabelecer parcerias no segmento de transporte, em dutos de escoamento da produção, de transporte de gás natural e de derivados e nas plantas de regazeificação. Tanto nas existentes quanto naquelas a serem construídas.
Uma outra mudança que ajudaria a Petrobrás a reencontrar o caminho da eficiência e da lucratividade seria o governo alterar o marco regulatório criado em 2010. As principais alterações seriam acabar com a obrigatoriedade da Petrobrás de ter um mínimo de 30% dos blocos do pré-sal que venham a ser leiloados, bem como com a exigência de monopólio na operação desses blocos. Esses dois pontos, colocados no marco regulatório de 2010, não representam um privilégio para a empresa, e, ao contrário, só penalizam a Petrobrás e retardam a produção do pré-sal. Sem falar nas regras retrógradas de conteúdo local, que também só prejudicam a estatal e impedem o desenvolvimento de uma indústria nacional forte e competitiva.
Com a reestruturação, com os desinvestimentos e com as mudanças no marco regulatório, estariam dadas as condições essenciais para que a Petrobrás voltasse a ser uma das maiores petroleiras do mundo. Pois, tendo uma das maiores e mais promissoras reservas de petróleo do mundo, tendo um quadro de funcionários de alta qualidade e sendo líder em pesquisa e tecnologias de exploração offshore, a empresa possui as condições estruturais para alcançar o total sucesso.
A Petrobrás está diante de duas alternativas distintas. Reencontrar a trajetória da eficiência perdida e retomar o ciclo virtuoso do lucro e do investimento ou se transformar num braço político-econômico do governo. Neste caso, a rentabilidade e a produção estarão comprometidas, a exemplo do que aconteceu com a venezuelana PDVSA.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Bobagens energeticas do governo - Adriano Pires

Bobagem é um conceito fraco, para o conjunto de c.......s que o governo vem promovendo, desde o início, na área energética, desde o início, isso eu posso garantir, pois acompanho o setor (sem ser especialista) com muito interesse desde o início
O caso do biodiesel é ainda mais escandaloso, mas me eximo agora de descrever o festival de c......s que o governo promoveu nessa área, por falta de tempo. Voltarei para comentar um dia.
Por enquanto, fiquem com a palavra de um especialista. 
Paulo Roberto de Almeida 

Strike do governo no setor de energia brasileiro

Adriano Pires

 BRASIL ECONÔMICO - 21/02/2013
 O governo federal promoveu nos últimos dez anos um verdadeiro strike no setor de energia no Brasil.
 Para aqueles que não costumam jogar boliche o strike e aquela jogada na qual com um único arremesso você derruba todas as peças. E o governo com uma única política baseada no populismo dos preços e na utilização política do setor conseguiu derrubar a segurança jurídica e a estabilidade regulatória do setor e consequentemente deixar o país vivendo o cenário do desabastecimento.
O primeiro a ser derrubado e hoje o mais visível para todos foi o do petróleo, tendo como a principal vítima a Petrobras. A derrubada teve inicio quando foi anunciada a descoberta do pré-sal, fato que levou ao fechamento do mercado de petróleo no país.
De lá para cá não ocorreram mais leilões, o governo aprovou um novo marco regulatório intervencionista, os investimentos privados tomaram a direção de outros países, deixaram de ser gerados aqui uma enorme quantidade de empregos e a produção de petróleo estagnou, e a velocidade do pré-sal tem sido a de um carro mil. Nos combustíveis a derrubada também foi geral. 

 O governo congelou os preços da gasolina e do diesel, estimulou o consumo e com isso o Brasil passou a importar cada vez mais todos os derivados de petróleo.
 O pior é que com esse aumento do consumo e das importações os prejuízos da Petrobras têm crescido de forma espetacular, da mesma forma que a dívida da empresa.
Nunca na história deste país a Petrobras esteve numa situação tão ruim. Não satisfeito em derrubar a peça Petrobras, o governo também fez o mesmo com o etanol e o biodiesel.

 Com os preços congelados da gasolina, o etanol perdeu competitividade, a produção cresceu pouco e o país passou a importar o produto dos Estados Unidos. E, o que é pior, passamos a exportar etanol de cana, ambientalmente melhor, e a importar o de milho.
Ou seja, passamos a limpar o ar que os americanos respiram. No caso do biodiesel, o setor está sem marcoregulatório, sem previsibilidade de aumento da mistura no diesel e com isso as empresas, a cada dia que passa, encontram mais dificuldades para sobreviver.
No setor elétrico, o governo também promoveu a derrubada total. Ao só se preocupar com a modicidade tarifaria e ao abandonar a segurança de abastecimento, bem como a preocupação com o uso eficiente da energia, o governo quebrou o caixa da Eletrobras, gerou insegurança jurídica e regulatória e incentivou o consumo de energia elétrica num contexto de escassez.
Não entendeu que o aumento da oferta de forma estruturada só ocorre num contexto de concorrência e que não e através de decretos presidenciais que se abaixa os preços.
Na realidade, o governo sempre confunde ou quer nos confundir entre o conceito de preços baratos e preços competitivos. A energia, tanto no Brasil como no mundo, tende a ser cada vez mais cara, portanto, o que precisamos e estabelecer uma política tributária que ajude a energia a ser competitiva.
Ao vender a ideia de energia barata o governo engana o consumidor e penaliza o contribuinte e o pior, no médio prazo promove o desabastecimento.