Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, em viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas.
O que é este blog?
Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.
sexta-feira, 10 de maio de 2013
Brazilian Foreign Policy - um capitulo de livro - Paulo Roberto de Almeida
Lula’s Foreign Policy: Regional and Global Strategies
PAULO ROBERTO DE ALMEIDA
CHAPTER NINE of Brazil under Lula: Economy, Politics, and Society under the
Worker-President. Edited by Joseph L. Love and Werner Baer
(New York: Palgrave-Macmillan, 2009; ISBN: 970-0-230-60816-0; p. 167-183).
Introduction
This essay presents the chief diplomatic initiatives of the Lula government since 2003, against an analytical background of the potentials – and limitations – of Brazil as a regional and global actor. Brazil is an important player at both levels, obviously possessing greater powers of “intervention” in South America. But Brazil also shows some degree of leadership in a few multilateral issues (such as trade negotiations), and is also acquiring growing leverage in special topics of global impact (such as renewable energy sources). Lately, the country has been seen as an important player in the evolution of the world economy, as one of the so-called BRIC countries, together with Russia, India, and China.
ler a íntegra neste link: http://www.pralmeida.org/05DocsPRA/1811BrForPolicyPalgrave2009.pdf
segunda-feira, 25 de julho de 2011
O melhor chanceler do Brasil?; ou do mundo?; EUA se curvam (finalmente) ao Brasil...
Leiam o artigo do ex-chanceler, que fui capturar no Luis Nassif Online, e atestem se tudo isso não é um sonho ou realidade: pela primeira vez na história, os EUA se curvam ao Brasil, e humildemente propõem que nosso status seja elevado. Começa assim:
"Até os jornais brasileiros tiveram de noticiar."
Pois é, os jornalões do PIG (Partido da Imprensa Golpista, para os que esqueceram que existia essa entidade maléfica) tiveram de se curvar ao Council on Foreign Relations e reconhecer que somos mesmo o máximo.
Leiam depois os comentários, e concluam:
Antes desses dias, meses e anos gloriosos, éramos -- quer dizer, os membros da diplomacia brasileira e outros afins -- uns vira-latas, complexados, submissos ao império, ao FMI, totalmente subservientes a tudo o que vinha do império, enquadrados pelo Consenso de Washington e sem voz própria. Foi preciso aguardar o grande guia dos povos e seu indômito conselheiro de relações internacionais para finalmente libertar o Brasil dos grilhões da arrogância imperial.
Aprenderam neoliberais?
Paulo Roberto de Almeida
Os elogios à diplomacia brasileira
Enviado por luisnassif, sab, 23/07/2011 - 13:30
Por Sérgio Troncoso
Aqui Celso Amorim e suas cutucadas na nossa elite covarde e vira-latas.
A obsessão e o complexo de vira-lata
Celso Amorim na Carta Capital 23 de julho de 2011 às 11:05h
Até os jornais brasileiros tiveram de noticiar. Uma força-tarefa criada pelo Conselho de Relações Exteriores, organização estreitamente ligada ao establishment político/intelectual/empresarial dos Estados Unidos, acaba de publicar um relatório exclusivamente dedicado ao Brasil, -pontuado de elogios e manifestações de respeito e consideração. Fizeram parte da força-tarefa um ex-ministro da Energia, um ex-subsecretário de Estado e personalidades destacadas do mundo acadêmico e empresarial, além de integrantes de think tanks, homens e mulheres de alto conceito, muitos dos quais estiveram em governos norte-americanos, tanto democratas quanto republicanos. O texto do relatório abarca cerca de 80 páginas, se descontarmos as notas biográficas dos integrantes da comissão, o índice, agradecimentos etc. Nelas são analisados vários aspectos da economia, da evolução sociopolítica e do relacionamento externo do Brasil, com natural ênfase nas relações com os EUA. Vou ater-me aqui apenas àqueles aspectos que dizem respeito fundamentalmente ao nosso relacionamento internacional.
Logo na introdução, ao justificar a escolha do Brasil como foco do considerável esforço de pesquisa e reflexão colocado no empreendimento, os autores assinalam: “O Brasil é e será uma força integral na evolução de um mundo multipolar”. E segue, no resumo das conclusões, que vêm detalhadas nos capítulos subsequentes: “A Força Tarefa (em maiúscula no original) recomenda que os responsáveis pelas políticas (policy makers) dos Estados Unidos reconheçam a posição do Brasil como um ator global”. Em virtude da ascensão do Brasil, os autores consideram que é preciso que os EUA alterem sua visão da região como um todo e busquem uma relação conosco que seja “mais ampla e mais madura”. Em recomendação dirigida aos dois países, pregam que a cooperação e “as inevitáveis discordâncias sejam tratadas com respeito e tolerância”. Chegam mesmo a dizer, para provável espanto dos nossos “especialistas” – aqueles que são geralmente convocados pela grande mídia para “explicar” os fracassos da política externa brasileira dos últimos anos – que os EUA deverão ajustar-se (sic) a um Brasil mais afirmativo e independente.
Todos esses raciocínios e constatações desembocam em duas recomendações práticas. Por um lado, o relatório sugere que tanto no Departamento de Estado quanto no poderoso Conselho de Segurança Nacional se proceda a reformas institucionais que deem mais foco ao Brasil, distinguindo-o do contexto regional. Por outro (que surpresa para os céticos de plantão!), a força-tarefa “recomenda que a administração Obama endosse plenamente o Brasil como um membro permanente do Conselho de Segurança das Nações Unidas. É curioso notar que mesmo aqueles que expressaram uma opinião discordante e defenderam o apoio morno que Obama estendeu ao Brasil durante sua recente visita sentiram necessidade de justificar essa posição de uma forma peculiar. Talvez de modo não totalmente sincero, mas de qualquer forma significativo (a hipocrisia, segundo a lição de La Rochefoucault, é a homenagem que o vício paga à virtude), alegam que seria necessária uma preparação prévia ao anúncio de apoio tanto junto a países da região quanto junto ao Congresso. Esse argumento foi, aliás, demolido por David Rothkopf na versão eletrônica da revista Foreign Policy um dia depois da divulgação do relatório. E o empenho em não parecerem meros espíritos de porco leva essas vozes discordantes a afirmar que “a ausência de uma preparação prévia adequada pode prejudicar o êxito do apoio norte-americano ao pleito do Brasil de um posto permanente (no Conselho de Segurança)”.
Seguem-se, ao longo do texto, comentários detalhados sobre a atuação do Brasil em foros multilaterais, da OMC à Conferência do Clima, passando pela criação da Unasul, com referências bem embasadas sobre o Ibas, o BRICS, iniciativas em relação à África e aos países árabes. Mesmo em relação ao Oriente Médio, questão em que a força dos lobbies se faz sentir mesmo no mais independente dos think tanks, as reservas quanto à atuação do Brasil são apresentadas do ponto de vista de um suposto interesse em evitar diluir nossas credenciais para negociar outros itens da agenda internacional. Também nesse caso houve uma “opinião discordante”, que defendeu maior proatividade do Brasil na conturbada região.
Em resumo, mesmo assinalando algumas diferenças que o relatório recomenda sejam tratadas com respeito e tolerância, que abismo entre a visão dos insuspeitos membros da comissão do conselho norte-americanos- e aquela defendida por parte da nossa elite, que insiste em ver o Brasil como um país pequeno (ou, no máximo, para usar o conceito empregado por alguns especialistas, “médio”), que não deve se atrever a contrariar a superpotência remanescente ou se meter em assuntos que não são de sua alçada ou estão além da sua capacidade. Como se a Paz mundial não fosse do nosso interesse ou nada pudéssemos fazer para ajudar a mantê-la ou obtê-la.
23 comentários
sab, 23/07/2011 - 14:12
Dxxxx Cxxxx
Celso Amorim, além de ser o chanceler que por mais tempo ocupou o cargo de Ministro das Relações Exteriores do Brasil, é, sem sombra de dúvidas um dos maiores chanceleres da história de nosso país!
Os complexados que procurem consolo entre os colonistas do PiG, o vira-latismo foi superado, em que pese o rancor e a mágoa dos e das viúvas da subalternidade...
—
Dxxxx Cxxxx
sab, 23/07/2011 - 14:18
xxxxxxxxx
Agora é que os fundamentalistas pró-USA desse blog vão cortar os pulsos...
Parabéns ao grande Celso Amorim!!!
Parabéns ao Lulão!!!
sab, 23/07/2011 - 14:31
Mxxxxx
Faço coro a vcs.
Celso Amorim é o cara!
sábado, 23 de abril de 2011
Politica Externa Brasileira: antecipando as mudancas (um texto de 2010)
Minha única virtude foi a de anunciar que essas mudanças viriam...
Paulo Roberto de Almeida
O legado de Lula em política externa: corrigir as amizades bizarras
Paulo Roberto de Almeida
Shanghai, 16 setembro 2010
Ao cabo dos dois mandatos de Lula, a posição do Brasil no cenário internacional se encontra realçada. Saber quanto desse prestígio é devido à sua diplomacia, qual é o efeito da ascensão geral dos emergentes, ou quanto pode ser atribuído ao próprio país, enquanto economia estabilizada com base na política econômica do governo anterior de FHC, são dúvidas legítimas na avaliação desse legado na frente externa.
Numa linguagem coloquial, pode-se dizer que a diplomacia de Lula teve bem mais transpiração do que inspiração, registrando-se a preeminência da forma – o hiperativismo presidencial, feito de incontáveis viagens ao exterior – sobre a substância, ou seja, resultados efetivos da agitação. Olhando-se por esse lado, a constatação que se faz é a de muitos dossiês abertos e poucos sucessos alcançados.
As prioridades externas de Lula podem ser alinhadas em três conjuntos de objetivos: (a) a conquista de um assento permanente para o Brasil no Conselho de Segurança das Nações Unidas; (b) o reforço, a consolidação e ampliação do Mercosul; (c) a conclusão da Rodada Doha da OMC e a “correção de rumo” nas negociações do projeto americano da Alca.
Ora, com exceção da “implosão da Alca” – que era, digamos, uma meta “negativa” – nenhum dos demais objetivos foi alcançado, sequer de modo parcial. É certo que o prestígio internacional do Brasil e sua audiência internacional cresceram no período, mas isso se deu sobretudo em função da preservação da estabilidade macroeconômica e da ausência dos equívocos econômicos de tipo populista cometidos por outros governos na região.
Algo dos fracassos pode ser atribuído às concepções partidárias, equivocadas, do PT, e impostas ao Itamaraty, sobretudo no caso, inexplicável, dos recuos em direitos humanos, das estranhas amizades com personagens de regimes pouco freqüentáveis no plano internacional ou da prevalência de critérios ideológicos nas preferências políticas externas. Em diversas ocasiões, o próprio presidente manifestou seu apoio político a candidatos de esquerda em eleições na região, o que rompe com a tradição brasileira de não ingerência nos assuntos internos de outros países. Outra manifestação indevida da mesma tendência foi a clara tomada de posição no caso da crise política em Honduras, quando o Brasil ficou caudatário das posições chavistas no imbróglio. O próximo governo, qualquer que seja ele, precisaria restabelecer os fundamentos profissionais, e não partidários, da diplomacia brasileira.
Shanghai, 16 setembro 2010
Publicado como “Corrigir amizades bizarras internacionais é desafio”, no portal iG, Último Segundo, “Era Lula e os Desafios de Dilma” (2/12/2010; link: http://ultimosegundo.ig.com.br/governolula/artigo+corrigir+amizades+bizarras+internacionais+e+desafio/n1237826574910.html).
terça-feira, 18 de janeiro de 2011
Politica Externa do Governo Lula - Revista Debates (UFRGS)
Destaco, previamente ao post, mas posteriormente à postagem, este comentário de um leitor, como abaixo, que merece uma reflexão minha:
"Mário Machado deixou um novo comentário sobre a sua postagem "Politica Externa do Governo Lula - Revista Debates..."::
Duas análises sóbrias que apesar de bem feitas não cobrem a questão da eficiência das estratégias adotadas. E sem saber se foi eficiente, isto é, as políticas alcançaram seus objetivos fica impossível, a meu ver determinar se foram acertadas.
É forçoso querer que por quer algo foi manifestado como interesse nacional foi automaticamente alcançado."
Meu comentário em retorno (PRA):
De fato meu caro Mário, você tem inteiramente razão. Eu já ia fazer uma crítica similar, só não o fazendo por falta de tempo (essa coisa de postar madrugada adentro).
Minha observação é a seguinte:
Tenho reparado que muitos artigos universitários sobre a política externa lulista, ainda que "analíticos", fundamentam-se, em declarações do próprio, ou de seu chanceler, sem qualquer disposição para verificar se o que está sendo dito corresponde efetivamente à realidade, ou sem constatar resultados, custos e eventuais benefícios.
Ou seja, parte-se de declarações grandiloquentes dos próprios interessados na "grande audiência e presença internacionais do Brasil" e daí se conclui que o que está sendo dito corresponde de fato à realidade.
Outra tendência inacreditável, sobretudo em relação à "integração regional", é achar que ela se reforçou, ou que se estão combatendo "assimetrias no Mercosul", apenas porque os discursos oficiais vão nesse sentido ou porque se decidiu torrar 300 milhões de dólares no Fundo de Correção de Assimetrias, sem qualquer espírito crítico para questionar se os procedimentos adotados resolvem ou reforçam alguma coisa no processo regional de integração.
Inacreditável essa disseminação de propaganda, como se fosse realidade...
Paulo Roberto de Almeida
UMA ANÁLISE DA POLÍTICA EXTERNA DO GOVERNO LULA DA SILVA
Haroldo Ramanzini Junior
Revista Debates, Porto Alegre, v. 4, n. 2 (jul.-dez. 2010), p. 60-80; ISSN: 1982-5269
Resumo:
O objetivo deste artigo consiste em analisar a política externa do governo Lula da Silva (2003-2010). A busca de projetar o país como ator relevante no sistema internacional e de fortalecer o multilateralismo foram elementos definidores da política externa brasileira. Ainda que esses não sejam objetivos totalmente novos na história da política externa brasileira, no governo Lula da Silva adquiriram renovada centralidade, em função de aspectos da política doméstica e de mudanças no sistema internacional. Nesse contexto o Brasil parece ter adquirido uma nova posição de razoável proeminência, ancorada na melhoria da realidade econômica e social do país e em ativismo internacional que busca o fortalecimento da multipolaridade.
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POLÍTICA EXTERNA, SEGURANÇA E DEFESA NOS GOVERNOS LULA E CARDOSO
Marcos Valle Machado da Silva
Revista Debates, Porto Alegre, v. 4, n. 2 (jul.-dez. 2010), p. 159-177; ISSN: 1982-5269
Resumo:
Este artigo tem como propósito analisar a Política Externa Brasileira nos temas de Segurança e Defesa, durante o governo do presidente Lula, comparando-o com o anterior, isto é, os dois mandatos do presidente Fernando Henrique Cardoso, a fim de identificarmos as continuidades, nuanças específicas, ou mesmo rupturas nesses temas. Para tanto, serão comparadas as ações dos governos em pauta em dois temas da agenda de Segurança e Defesa: Desarmamento e Controle de Armas Nucleares e Operações de Paz da Organização das Nações Unidas (ONU). Desse modo, pretendemos identificar traços de continuidade, ou mesmo de ruptura, na Política Externa Brasileira, nos temas supracitados, durante os governos dos dois últimos Chefes de Estado brasileiros.
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