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segunda-feira, 7 de maio de 2018

Previsoes imprevidentes: sempre reincidindo na astrologia - Paulo Roberto de Almeida

Um ano atrás eu fazia minhas "previsões imprevidentes" para o ano de 2017, e elas não eram muito otimistas. Um trecho, relativo ao Brasil:
"O Brasil, infelizmente, a despeito da brilhante equipe econômica que assessora o governo de transição, ainda não conseguiu traçar, já não digo uma estratégia política, mas um simples consenso nacional, entre dirigentes políticos e lideranças econômicas, para produzir o imenso rol de reformas estruturais de que ele necessita para enveredar novamente por um processo sustentado de crescimento econômico, base indispensável a qualquer ciclo de desenvolvimento social de que o seu povo poderia desfrutar, caso dispusesse de elites dirigentes menos ineptas e corruptas."
Este ano, 2018, não tive tempo de fazer minhas "previsões", mas confirmo a maior parte dos argumentos expostos nesse longo ensaio. Alguns acréscimos podem ser feitos, para o bem -- como a aproximação entre as duas Coreias -- e para o mal, como a ameaça de uma guerra comercial deslanchada por aquele presidente imprevisível. Vou tentar atualizar minha análise do cenário mundial e brasileiro em meados deste ano.
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 7 de maio de 2018

O que esperar de 2017: economia e política internacional, por Paulo Roberto de Almeida

  1. Surpresas em 2017?

O ano de 2016 terminou com a relativa surpresa da eleição de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos – embora alguns analistas a tivessem previsto – e o ano de 2017 começou com ainda mais surpresas, ao se constatar que o presidente, uma vez no poder, pretendia cumprir algumas de suas piores promessas de uma campanha eleitoral literalmente heterodoxa para os padrões normalmente menos excitantes das eleições presidenciais americanas. Todas as suas ações – proibição do ingresso nos EUA de cidadãos de alguns países islâmicos, construção de um muro na fronteira com o México, retirada dos EUA da Parceria TransPacífica (TPP), ameaça de cancelamento, ou reforma, do acordo de livre comércio da América do Norte (Nafta), reorganização da OTAN, revisão do posicionamento estratégico dos EUA em diversos cenários que representam preocupações de segurança militar para os planejadores do Pentágono e até para os parceiros envolvidos nesses diferentes esquemas, enfim, uma gama variada de assuntos que interessam, virtualmente, o mundo inteiro – causaram grande impacto mediático, algum impacto nas relações bilaterais e nos foros multilaterais, e legítimos sentimentos de inquietação ao redor do mundo.
O único país que parece ter recebido bem, pelo menos até agora, a eleição e o posicionamento do novo presidente dos EUA, é a Rússia, e alguns outros próximos da linha “quanto pior para os EUA, melhor para o mundo”. Embora seja previsível algum recuo posterior – inclusive por pressão do establishment responsável das instituições de governança nos EUA – nas medidas extremas anunciadas pelo imprevisível presidente, não há nenhuma dúvida de que neste ano de 2017, e talvez nos próximos três também, o mundo ainda vai se defrontar com inúmeras, e desagradáveis, surpresas vindas dessa nova e excitante fonte de notícias ao estilo “acredite se quiser”. Jornalistas não podem reclamar da pletora de material adicional em suas caixas de entrada, muito embora a maior parte possa ser descartada como “besteirol” inconsequente, mas o fato é que a maior parte da comunidade internacional tem, sim, razão ao ficar preocupada com as inesperadas e imprevisíveis políticas que o bizarro presidente promete ainda brindar esta nossa pobre humanidade.
Um apostador inglês, um desses bookmakers muito presentes naquele país também bizarro que se chama Grã-Bretanha, diria que nunca alguém perdeu dinheiro apostando na estupidez alheia: ela sempre se materializa, da pior forma possível. Se juntarmos, digamos assim, os personagens mais “coloridos” da presente conjuntura internacional, o constitucional Trump, o czarista Putin, o ditador da Síria, o projeto de líder bonapartista Erdogan e aquele stalinista anacrônico da Coreia do Norte, teremos material para uma penca adicional de surpresas durante todo o decorrer de 2017. Este ano, portanto, promete muito na política internacional, quando não na mobilização de tropas, de tanques, de aviões e porta-aviões. Esperemos que não passe disso, ou seja, apenas mobilização para demonstrações machistas, e um bocado de retórica vazia.
  1. E na economia, o que vem pela frente?

Na economia o quadro é mais complexo, pois embora a globalização, aquela que se processa ao nível microeconômico, promete continuar sua marcha irresistível e irrefreável, graças a seus promotores primários – empresários, grandes e pequenas companhias e o tino individual de inovadores geniais –, seu ritmo, sua extensão e sua profundidade muito dependem, de fato, de elementos macroeconômicos que dependem, por sua vez, em pequena ou grande medida, da ação de governos, que podem ser tão racionais quanto se deveria esperar de líderes responsáveis, ou tão irracionais quanto pode ocorrer com populistas altamente irresponsáveis como parecem ser os citados e vários outros. A demagogia política e o populismo econômico são características permanentes, atemporais, regulares, aborrecidamente recorrentes nos assuntos humanos e sociais, e por isso mesmo podemos contar com a ação deletéria de todos esses fugazes candidatos a uma glória qualquer nas mídias nacionais e internacional.
Mas, em minha modesta opinião, nosso mundo vive tempos não convencionais, talvez normais doravante, mas ainda assim altamente preocupantes para quem, como eu e o leitor destas linhas, nos angustiamos ao ver tanto besteirol correndo solto, tantas ações irrefletidas proclamadas por dirigentes incompetentes, tanta perda de riqueza e de oportunidades para a criação de paz e prosperidade, tudo isso ameaçado pela ação desses malucos que ascenderam ao poder em diversos países nos últimos tempos. Nunca tivemos tantos ineptos, vários corruptos, tantos demagogos e populistas exercendo cargos de alta responsabilidade em países que julgávamos ao abrigo dessas ameaças de retrocessos políticos, econômicos e até morais, ou éticos. O fato é claramente este aqui: nunca antes na história da era contemporânea tivemos tantos medíocres no comando de países que possuem alguma ascendência sobre a agenda mundial, ou seja, sobre a vida de um número considerável de pessoas, nos mais diversos continentes.
  1. Alguma nova ordem em vista?

Como sempre acontece nesses momentos de transição para alguma nova ordem que não se sabe exatamente qual será, do que será feita, como classificá-la, descrevê-la  ou o que dela esperar, ficamos desarmados ante o aluvião de más notícias, em nosso país e no mundo, em meio a um pequeno volume de boas notícias, como a indicar que, no meio de tanta loucura, algum novo Erasmo pode emergir para nos indicar o modesto caminho da racionalidade e da melhoria constante nos assuntos humanos, mesmo com a intervenção frequente de demagogos políticos, brutamontes militares e outros malucos espalhados pelas mais diversas jurisdições soberanas da comunidade internacional. Na verdade, salvo nas grandes catástrofes envolvendo número significativo de atores poderosos – como os conflitos globais do século XX –, nenhuma nova ordem é construída pela vontade puramente política de líderes mundiais e seus conselheiros políticos, mesmo os mais kantianamente bem intencionados. A maior parte das transições entre modos de organização social e configurações políticas e institucionais de um novo tipo vai emergindo progressivamente como resultado da dinâmica econômica desses diferentes atores, a evolução política das grandes formações e o próprio nascimento de novas propostas de ordenamento global com base em ideias e propostas de personalidades influentes.
Os cientistas políticos podem se desentender sobre os vários conceitos nos quais podem ser resumidos os cenários existentes e cambiantes do sistema internacional – unipolaridade imperial, multipolaridade deformada, nova bipolaridade sino-americana, ascensão das novas potências emergentes, equilíbrio de potências, balança de poder, o que seja – mas o fato é que estamos um pouco perdidos sobre o que pode ocorrer neste ano e nos anos próximos, em termos de situação econômica, de comportamento político dos principais atores, de encaminhamento das principais questões inscritas na agenda internacional – comércio, meio ambiente, miséria e guerras civis nas áreas subdesenvolvidas do globo, evolução dos debates sobre bens comuns, entre eles epidemias globais, segurança e ameaças terroristas, crimes transfronteiriços, e até circulação de pessoas comuns, não apenas homens de negócios – e sobre como todas essas questões podem ser tratadas com base em alguma autoridade moral que se eleve sobre todas as outras autoridades.
Quem possui, hoje em dia, essa autoridade moral? O presidente dos EUA? Dificilmente. Os líderes das duas grandes autocracias que contestam o velho poder hegemônico da maior potência econômica do planeta? Duvidoso. O papa? Não sei. O secretário-geral da ONU? A sua Assembleia Geral? O comandante militar da OTAN? O comitê do Nobel da Paz? O foro do G20 financeiro? Quem poderá nos salvar de nós mesmos? Não existem super-heróis, nem um conclave de sábios que possa estar sempre a postos para salvar a humanidade de seus riscos latentes ou potenciais. Tampouco existem forças multinacionais – isto é, onusianas – prontas para combater as ameaças à paz e a segurança internacional, que elimine guerras remanescentes, sobretudo no Oriente Médio e na África, ou entidades suficientemente fortes de assistência pública que consiga promover (nem esse é o caminho) o bem-estar de povos miseráveis e de populações oprimidas, que assegure a vida de povos ameaçados por catástrofes naturais ou outros fenômenos causados pela própria mão de dirigentes ineptos, líderes corruptos, autocratas assassinos, gangues de meliantes armados, como os piratas marítimos e as grandes redes de traficantes, por exemplo. O próprio Brasil, sempre saudado como estando ao abrigo de grandes calamidades naturais, tem sido frequentemente assaltado pelos mais diferentes tipos de calamidades humanas, se não é por um simples mosquito.
  1. E o Brasil, como andou nestes tempos borrascosos?

Aliás, quem salvou o Brasil da Grande Destruição econômica dos anos recentes, da enorme desmoralização das instituições políticas provocada pela administração incompetente e altamente corrupta dos companheiros? Ninguém, ou pelo menos não tivemos forças oposicionistas ou instituições de controle aptas a prevenirem ou reprimirem, no devido tempo, as malversações deliberadas, as políticas equivocadas, a roubalheira evidente a que estávamos e estivemos submetidos nos últimos treze anos e meio, quando uma organização criminosa tomou de assalto o país, sua política e seus órgãos de Estado. Apenas por um acaso – justamente a Grande Destruição econômica – esses grandes bandidos do sistema político foram expulsos do poder, mas isso apenas in extremis, pois se fosse apenas pela corrupção política e pela roubalheira generalizada, os líderes da organização criminosa não teriam sido apeados do poder, já que os crimes são partilhados com os políticos. Foi preciso a intensa mobilização da cidadania consciente para obrigar os parlamentares a votarem o impeachment, ainda assim pela metade apenas, sem cuidar de limpar o corpo necrosado do sistema político dessas frutas podres que contaminam todo o resto. As frutas podres continuam lá…
Como se pode constatar, não sou muito otimista quanto ao cenário atual ou seus desdobramentos futuros, e isto por uma razão muito simples. Pela primeira vez em nossa história estamos enfrentando uma crise econômica gigantesca, que não possui nenhum vínculo com algum problema identificado da economia mundial, pois se trata de uma crise produzida inteiramente no Brasil, por nossas próprias mãos, e pés, uma crise inteiramente fabricada por dirigentes ineptos e altamente corruptos. À diferença das crises anteriores – digamos, a crise da bolsa de Nova York, em 1929, que depois precipitou a Grande Depressão dos anos 1930, ou as crises inflacionarias alimentadas pelos dois choques do petróleo dos anos 1970, a crise de balanço de pagamentos que surgiu com o aumento dos juros internacionais e seus reflexos em termos da dívida externa brasileira nos anos 1980, as crises financeiras internacionais dos anos 1990 que nos obrigaram a recorrer ao FMI, a crise da Argentina em 2001, que nos obrigou a ir por uma segunda vez ao FMI, sem mencionar a própria crise das eleições de 2002, que nos levou ao mesmo FMI por uma terceira vez, e recentemente a crise imobiliária americana e a crise bancaria internacional de 2008, que provocou o que se chamou de Grande Depressão – esta nossa Grande Destruição dos anos 2015 e 2016 pode ser debitada inteiramente na conta da mais nefasta máfia de dirigentes políticos que se apossou do país, de seu governo, do Estado brasileiro.
Essa organização criminosa o fez quase tão completamente, tão absolutamente, que ela conseguiu comprar um número significativo de parlamentares, literalmente bancadas inteiras no Congresso, conseguiu aparelhar de modo amplo o Estado brasileiro, colocar seus militantes nos órgãos os mais diversos de governo, designar apparatchiks para agências públicas, fundos de pensão, empresas do Estado e até entidades privadas, que, todos juntos, se empenharam em saquear o Estado e roubar a sociedade, numa magnitude jamais vista em toda a história anterior, numa amplitude jamais imaginada pelos órgãos de controle e de prevenção, que finalmente despertaram para as escabrosas operações desses meliantes políticos. É virtualmente impossível contabilizar o gigantesco iceberg de roubos, falcatruas, desvios, operações de sub e superfaturamento envolvendo recursos públicos, subsídios, financiamentos irregulares, “doações legais”, contratos de serviços no Brasil e no exterior, enfim, toda a gigantesca máquina de malversações perpetradas pelos companheiros e seus aliados e associados de ocasião ou oportunistas de plantão, como existem muitos espalhados em todo o sistema político brasileiro. Ainda assim, espero que o ministério público, auxiliado por economistas, consiga fazer a contabilidade dos crimes econômicos do lulopetismo.
Esse quadro lamentável no cenário doméstico ocorre numa conjuntura externa de ausência de lideranças confiáveis, e competentes, para guiar a política e a economia mundiais para caminhos não confrontacionista, para soluções racionais aos problemas de segurança e de cooperação econômica e política aos conflitos remanescentes ou às disputas sempre existentes em termos de regulação do comércio, do meio ambiente, da segurança nas zonas quentes do planeta, enfim, dos obstáculos à prosperidade dos povos do planeta. A globalização é até favorável à prosperidade dos países que sabem se abrir e se posicionar corretamente em face das oportunidades por ela criadas, em termos de comércio, investimentos, transferência de tecnologias, licenciamento de know-how estrangeiro, acolhimento de imigrantes produtivos, enfim, um sem número de coisas boas que sempre ocorrem para quem é receptivo à abertura econômica, à liberalização comercial, aos investimentos diretos, aos intercâmbios humanos, sem qualquer censura política, protecionismo comercial, paranoias nacionalisteiras e outros pecados do gênero. A globalização arrancou centenas de milhões de pessoas da miséria – que o digam os pobres da China e da Índia –, trouxe enormes benefícios aos povos integrados nos fluxos de bens, serviços, ideias que circulam pelo mundo, desde que libertos das amarras das restrições idiotas, que sempre são colocadas pelos governos, jamais pelos mercados livres.
  1. O que é que a globalização pode fazer por nós?

Mas é óbvio que a globalização não pode fazer muito por aqueles povos e nações que se enclausuram num protecionismo tão inútil quanto custoso, num nacionalismo míope, numa atitude defensiva em face das oportunidades e desafios por ela criados, como é obviamente o caso do Brasil, um país que não perde oportunidade de perder oportunidades, como dizia Roberto Campos, o maior estadista e intelectual da segunda metade do século XX no Brasil, e que estaria completando cem anos no dia 17 de abril (e por isso homenageado com um livro meu: O Homem que Pensou o Brasil, pela Editora Appris, de Curitiba). O Brasil, infelizmente, a despeito da brilhante equipe econômica que assessora o governo de transição, ainda não conseguiu traçar, já não digo uma estratégia política, mas um simples consenso nacional, entre dirigentes políticos e lideranças econômicas, para produzir o imenso rol de reformas estruturais de que ele necessita para enveredar novamente por um processo sustentado de crescimento econômico, base indispensável a qualquer ciclo de desenvolvimento social de que o seu povo poderia desfrutar, caso dispusesse de elites dirigentes menos ineptas e corruptas.
O mundo é o que ele é, e não poderemos fazer muito, ou praticamente nada, dada nossa insignificância internacional em termos de poder econômico ou militar, para mudá-lo decisivamente em nosso favor. Aliás, o que significa, exatamente, “mudar o mundo em nosso favor”? Seria torná-lo ainda menos receptivo à abertura econômica, à liberalização comercial como nos empenhamos em fazer nas últimas décadas? Seria continuar apelando para medidas absolutamente idiotas como essa mania de pretender proibir estrangeiros de adquirir terras, ou quaisquer outros ativos, como se esses estrangeiros viessem com a intenção de roubar o nosso patrimônio, dilapidar o nosso meio ambiente, saquear as nossas riquezas, explorar o nosso povo? Seria, ainda, continuar a proteger a produção nacional com normas e regulações absolutamente idiotas e nefastas, como as nossas tomadas jabuticabais, que discrepam de quaisquer outros padrões normalmente usados para o acoplamento de aparelhos e dispositivos ligados à corrente elétrica? Seria dotar as nossas escolas de normas curriculares absurdas, destinadas unicamente a oferecer uma reserva de mercado a professores ineptos, produzidos pela ideologia nefasta da Pedagogia do Oprimido, alimentados pelo besteirol ainda mais nefasto da Teologia da Libertação, por esse marxismo vulgar disseminado em praticamente todos os cursos de (des)humanidades das faculdades públicas e privadas?
O Brasil ainda não percebeu o quão atrasado ele está, em face de tantos exemplos de adequação, adaptação e acolhimento da modernidade, por tantos povos ao redor do mundo, aliás até mesmo aqui na região, quando alguns países da América Latina escolhem se juntar à grande interdependência global, em lugar de se refugiar numa suposta, e nefasta, identidade latino-americana de recalcados e de frustrados perdedores da globalização? Quando é que vamos nos libertar desses políticos rastaqueras, que prometem defender os “empregos nacionais”, e nos condenam ao atraso, desses empresários ineptos que proclamam a necessidade do protecionismo, quando eles querem apenas assegurar reserva de mercado, dessas construtoras que vivem do rentismo de obras públicas e de concessões exclusivas, bem como de generosos subsídios para justamente praticarem corrupção generalizada, no Brasil e no exterior? Quando é que vamos nos livrar do Fundo Partidário, um convite à anomia política e à corrupção, simplesmente, uma vez que partidos políticos são entes de direito privado? Quando é que o Brasil vai virar um país capitalista normal, sem os “dez vezes sem juros”, sem a opressão da Receita Federal sobre as empresas privadas, sem que as corporações de empregados públicos façam dos cidadãos os reféns de seus interesses corporativos justamente? Quando é que a educação pública vai qualificar de maneira decente os brasileiros mais humildes para o mercado de trabalho, permitindo que eles possam contribuir para o crescimento da produtividade, o que é hoje algo impossível?
  1. Da Guerra Fria geopolítica à guerra fria econômica

Mas vamos voltar para a economia política internacional. Muitos analistas contemporâneos, partindo da constatação, aliás evidente, da nova agressividade da Rússia de Putin em relação ao Ocidente em geral – isto é, a UE e os EUA – e da velha desconfiança do Império do Meio, ou seja a China, em relação a esse mesmo Ocidente, já estão falando de uma nova Guerra Fria, agravada sobretudo pela invasão russa da Ucrânia oriental e pela incorporação forçada da Criméia à Rússia, bem como outros gestos em direção dos bálticos e da Geórgia que, no conjunto, revelam uma tomada de postura contra a expansão irrefletida da OTAN nos confins imediatos da Rússia. A China de Xi Jin-ping também tem demonstrado uma política de maior assertividade na defesa dos seus interesses nacionais, inclusive no controle da sua própria população, como se pretendesse demonstrar que sua maior, enorme, inserção econômica mundial não significa que ela esteja caminhando na direção dos valores e princípios típicos das economias democráticas de mercado, e que essa atitude positiva na defesa do livre comércio e da livre concorrência internacional não se traduz em maior liberalidade no plano político interno.
Do outro lado do mundo, confirmando a atitude típica dos militares, em todo e qualquer lugar do planeta – que é a da paranoia securitária –, o pessoal do Pentágono e do próprio governo americano elegeu a China como a substituta da Rússia nos possíveis embates decorrentes de algum choque futuro de interesses, seja nos mares da China, os do sul e os do leste, seja na velha questão de Taiwan, ou seja, reforçando a hipótese de uma nova Guerra Fria, podendo desdobrar-se em algum futuro conflito bélico, ou seja, uma guerra quente. Alguns analistas, até famosos, acreditam, ou fingem acreditar, numa Terceira Guerra Mundial, isto é, envolvendo as grandes potências militares, dotadas de um poder propriamente devastador em todas as áreas das ferramentas militares, das mais convencionais às nucleares. Não partilho absolutamente desse tipo de temor.
Não apenas não acho que haverá uma terceira grande conflagração global, como tampouco considero que estejamos assistindo a uma nova Guerra Fria no sentido usual, geopolítico, da expressão. A Guerra Fria foi um episódio circunscrito das relações internacionais do imediato pós-Segunda Guerra, e se pode dizer até um aspecto peculiar das relações bilaterais de competição política estratégica entre os dois grandes atores do sistema mundial, EUA e URSS, naquela conjuntura histórica específica da história mundial, que não tem mais chance de se reproduzir atualmente entre os dois novos grandes atores das relações internacionais contemporâneas, os EUA e a China. Não creio que estejamos caminhando para uma grande confrontação estratégica suscetível de configurar uma nova Guerra Fria entre esses dois gigantes, com atuação de conflitos entre atores secundários, que seriam o equivalentes dos cenários regionais de enfrentamento estratégico, do tipo proxy wars, como vimos naquele período histórico (digamos a guerra civil na Grécia e a guerra da Coreia, na era Truman-Eisenhower, o episódio dos mísseis soviéticos em Cuba, nos anos Kennedy, a guerra do Vietnã, que atravessa diversas administrações americanas, ou diferentes guerras civis na África, servindo também a essa competição estratégica, notadamente em Angola).
Essa Guerra Fria tipicamente geopolítica dos anos 1940 aos 80 passou e não voltará mais. E nem foi a Guerra Fria que determinou o desaparecimento de um dos dois grandes atores daquele período, nomeadamente a União Soviética, dotada de um arsenal militar impressionante, incluindo um número formidável de ogivas nucleares e seus respectivos meios de delivery. A União Soviética não desapareceu por causa dessa competição, ou mesmo, isso ocorreu apenas indiretamente, se considerarmos o efeito da Strategic Defense Initiative, a “guerra nas estrelas” de Reagan, no enfraquecimento decisivo de sua capacidade econômica ao tentar competir com a enorme fortaleza do império americano no plano econômico. A URSS desapareceu por uma espécie de implosão auto-induzida, pela pressão de suas próprias contradições internas, por que simplesmente ela não consegui satisfazer economicamente o seu próprio povo, e também por que a inevitável fome de liberdade dos povos submetidos ao seu império despótico ajudou na sublevação geral de todo o sistema coletivista criado na Europa central e oriental durante a era do moderno socialismo escravocrata.
Segundo o novo autocrata de Moscou, referindo-se à essa auto-implosão, “o desaparecimento da União Soviética foi a maior catástrofe geopolítica do século XX”, uma opinião com a qual se pode facilmente concordar, desde que se façam os ajustes necessários para medir o real impacto dessa “catástrofe geopolítica”. Ela teve, de fato, um enorme impacto, não apenas nas relações internacionais, mas também, e sobretudo, para o próprio povo russo, até então escravizado sob o jugo soviético do Partido Comunista. O desaparecimento da União Soviética deu um golpe fatal na legitimidade do comunismo enquanto forma de governo, retirou as bases econômicas de um sistema totalmente ineficiente de organização social da produção e libertou milhões de pessoas da entropia totalitária, trazendo, talvez, um pequeno acréscimo ao PIB global das economias de mercado, mas um enorme aporte de trabalhadores podendo, enfim, serem integrados à divisão internacional do trabalho e aos fluxos mundiais de consumo. Foi, portanto, uma “catástrofe” eminentemente positiva para os povos antes submetidos a um regime de exclusão interna e externa, e para a própria interdependência global.
O que temos hoje é algo completamente diferente da Guerra Fria geopolítica daqueles tempos, da velha confrontação entre dois impérios absolutamente opostos nos planos ideológico e de organização econômica e política, uma confrontação geopolítica por poder e prestígio entre aqueles dois gigantes, o que não é o caso, de nenhuma forma, da suposta confrontação estratégica entre EUA e China. O que temos atualmente, em minha opinião, é uma Guerra Fria econômica, entre esses dois atores, mas uma que não significa uma competição entre polos opostos do sistema internacional de poder: tanto os EUA quanto a China representam dois representantes da moderna interdependência global, duas jurisdições políticas distintas e separadas, mas unidas no mesmo universo das economias de mercado, ainda que, de um lado, tenhamos uma velha democracia política e do outro, uma ainda mais velha tirania política administrando uma nova economia de mercado. Trata-se, obviamente uma nova situação política, inédita nas relações internacionais, que é difícil de ser mentalmente aceita, e considerada como válida, por aqueles que tendem a visualizar o mundo sob o prisma das mesmas velhas concepções que vigoraram em períodos anteriores.
Em outros termos, não é possível analisar a nova Guerra Fria Econômica ficando prisioneiro dos mesmos esquemas mentais da velha Guerra Fria geopolítica, o que é o que parece estar acontecendo com os estrategistas do Pentágono e com um número considerável de analistas políticos contemporâneos (mas ainda raciocinando com base em antigos cenários, que não mais vão se reproduzir na atual fase das relações internacionais contemporâneas). Esses estrategistas anacrônicos, mais especializados em desperdiçar os recursos da coletividade do que em analisar as reais ameaças ao seu país, elegeram a China como o grande contendor da atual fase da política mundial, o que representa um erro monumental em termos de alocações orçamentárias e de disposições táticas sobre o terreno, ademais de investimentos exagerados em novos meios de combate que provavelmente nunca serão usados nas dimensões imaginadas.
A China é um império emergente, mas com imensas deficiências internas, o que os novos mandarins do regime comunista buscam remediar mediante uma estratégia de desenvolvimento econômico extensivo e intensivo, a única maneira de conferir alguma aparência de legitimidade a um sistema de dominação política de caráter despótico, mas profundamente nacionalista e basicamente defensivo, não ofensivo externamente. A projeção militar em curso no novo Império do Meio se destina, essencialmente, a garantir o aprovisionamento da população chinesa em alimentos e em energia, e a sua base industrial em matérias primas e outros insumos necessários ao funcionamento contínuo de um imenso aparato produtivo aparentemente imbatível no plano da concorrência internacional (mas apenas temporariamente).
As bases que a China constrói nos mares que ela considera como seus (a Leste e mais ao Sul de suas águas), assim como margeando o Índico e o Atlântico Sul, numa miríade de países da Ásia do Sul e do continente africano, se destinam precisamente a garantir a livre circulação de sua frota comercial nacional e de todos os demais navios participando desse abastecimento e dessas rotas comerciais que estão na base de sua ascensão irresistível para a prosperidade e a modernidade tecnológica. Essas bases são uma espécie de bem público que deveriam supostamente servir, igualmente, aos interesses brasileiros nessas mesmas regiões, uma vez que a segurança e os postos avançados que são construídos pelos chineses – bem como os portos, ferrovias e outras infraestruturas materiais e de comunicações – em todos esses países devem aumentar os fluxos comerciais de todos os participantes da economia global, uma inserção à qual o Brasil relutantemente busca se adaptar da forma mais lenta possível.
Se ouso arriscar uma projeção geopolítica – o que não deveria ser permitido a diplomatas, mesmo astrólogos –, eu diria que a China vai emergir como nitidamente vitoriosa dessa Guerra Fria econômica, que não se destina, obviamente, a confrontar qualquer “adversário estratégico” com a finalidade de ocupar “espaços vitais” de maneira excludente, ou para desmantelar a capacidade de resistência desses supostos adversários. Creio que os analistas sérios saberão reconhecer na Guerra Fria econômica uma estratégia sofisticada de capacitação própria em “armas produtivas” e outras ferramentas de projeção estratégica em termos de serviços, investimentos, finanças, soft power e outros elementos que integram a interdependência global. A China não pode se dar ao luxo de criar conflitos até a beira do precipício com seus principais parceiros, pois é neles que ela se abastece, legal e ilegalmente, dos bens e da inteligência que são absolutamente necessários para elevar continuamente o seu povo na escala do bem-estar e da prosperidade. A potência militar é uma decorrência disso, não o contrário, como aliás ocorre com qualquer império que se preze (mas militares e diplomatas tendem a esquecer a verdadeira ordem dos fatores). Que o Pentágono e seus equivalentes ao redor do mundo, inclusive na China, mantenham orçamentos superdimensionados e sejam responsáveis por desperdícios absurdos de recursos, sempre apostando numa infinita corrida armamentista, mesmo quando não proclamada e conveniente escondida, tudo isso faz parte da paranoia obrigatória a que todos os planejadores militares são supostos alimentar, para alimentar suas próprias carreiras e a irracionalidade das burocracias. A China, provavelmente, é tão perdulária quanto o Pentágono em seus gastos militares, e tudo isso se auto-alimenta numa progressão contínua. Mas ela vai, presumivelmente, ganhar essa guerra fria econômica, pois mantém a estratégica correta, visando apenas e tão somente o seu interesse nacional, sem algumas das obrigações “universais”, ou regionais, do outro grande império (e destinado a sê-lo no futuro previsível).
  1. O que o Brasil faz, o que ele não faz, e o que ele deveria fazer?

O Brasil, obviamente, está longe de todos esses cenários estratégicos e, pelo andar da carruagem, está destinado a permanecer num soberbo isolacionismo pelos tempos que correm e outros mais à frente. Os partidários da diplomacia “ativa e altiva” até podem se vangloriar de terem “colocado o Brasil no mapa do mundo”, mas tudo isso é uma grande ilusão, fruto da megalomania do grande chefe da organização criminosa e de alguns assessores diplomáticos. Eles pretendem justificar essa “grandeza” nacional – mais um resquício da era militar, junto com o intervencionismo exacerbado, o estatismo irracional, o protecionismo vergonhoso – agitando a bandeira das chamadas “parcerias estratégicas”, como Ibas, Brics, com a UE, etc., e alguns outros ativos, como por exemplo o fato de a China ter se convertido no primeiro parceiro comercial. Tudo isso, ouso repetir, é uma grande ilusão, a começar por essa pretensa parceria comercial com a China: a China se abastece no Brasil como poderia se abastecer em qualquer outro país do mundo nas mesmas commodities, que, à exceção da jabuticaba (que aliás ainda não entrou nessa categoria), não são exclusiva de nosso patrimônio natural ou construído.
A maior parte dessas alianças, se elas não servem unicamente a fins de prestígio político dos dirigentes do momento (como é o caso do UE), representa uma herança mal concebida e mal implementada do lulopetismo diplomático, com todos os vícios de forma e de substância que isso possa acarretar, inclusive em termos de passividade diplomática. Os esquemas regionais constituem, igualmente, um grande empenho de esforços, e portanto de gastos (sem qualquer análise de custo-benefício), para ganhos muito circunscritos e que poderiam, nas mais diversas hipóteses, serem conquistados com uma ação puramente unilateral (abertura voluntária a todos os parceiros da região, por exemplo, o que conformaria automaticamente um espaço econômico integrado no continente) ou em bases bilaterais negociadas com certa generosidade de intenções.
O Brasil precisa aprender a ficar sozinho, o que não significa ficar isolado do mundo, muito pelo contrário. O Brasil precisa se integrar ao mundo, e da maneira a mais ampla possível, mas a maior parte desses grupos age como um clubinho fechado – desde o Mercosul ao Brics – se congratulando mutuamente e atuando pela via do mínimo denominador comum, o que é propriamente péssimo para nosso processo de inserção mundial e de interdependência global, segundo aqueles melhores valores e princípios que exibimos frequentemente, pelo menos no plano constitucional. Atuar em conjunção com ditaduras e autocracias não deveria fazer parte de nossos exercícios habituais de diplomacia. Ou seja, uma profunda revisão das escolhas e opções feitas nos últimos quinze anos se impõe de qualquer maneira aos nossos dirigentes políticos.
O Brasil não se abre ao comércio internacional, por exemplo, e muitos – não só no setor privado, mas no âmbito governamental – acham que ele só pode se abrir a novos patamares de inserção econômica global quando forem satisfeitas todas estas condições, sucessiva ou simultaneamente: (a) que se consiga reduzir o “custo Brasil”, que na verdade é o “custo do Estado brasileiro”, pois até mesmo uma “externalidade” como a (péssima) educação, em todos os níveis, resulta de falta de ação do Estado, o que incide sobre nossa baixíssima produtividade; (b) que se possa encontrar parceiros dispostos a negociar acordos comerciais nos nossos termos (ou seja, os menos ambiciosos possíveis, descartando todos os penduricalhos dos acordos de “última geração”); (c) que se observe a mais estrita reciprocidade em cada um deles.
Não vou comentar cada um desses aspectos em detalhe, pois isso demandaria uma outra longa exposição, mas vou dizer simplesmente que a maior parte dos argumentos em defesa desses requerimentos são francamente ridículos, pois o esforço próprio, e o interesse também, tem de ser nosso, unilateralmente, para o nosso próprio bem, não condicionado a quaisquer pré-condições que se possam estabelecer para nossa integração ao mundo. Mas o Brasil não falha apenas na área econômica, ele também tropeça, e se arrasta, penosamente, no domínio político também.
Para começar, nossa governança é péssima, a despeito de termos construído um dos Estados mais modernos dentre os países da antiga periferia europeia, dotado de instituições sofisticadas, mas que funcionam muito mal, em total descoordenação entre si, a despeito de algumas ilhas de excelência aqui e ali. Mas, entre nós ainda vigora o velho patrimonialismo de origem portuguesa, já estudado no clássico de Raymundo Faoro, e transformado, modernamente, num outro tipo de patrimonialismo, como estudado, por exemplo, por observadores escrupulosos como Antonio Paim e Ricardo Vélez-Rodríguez; pode-se até dizer, com base nesses novos estudos, que já deixamos o velho patrimonialismo tradicional, e reforçamos tremendamente o “estamento” (à falta de melhor conceito) burocrático, que chegou até a ser, com os companheiros, um patrimonialismo de tipo gangster. O Estado brasileiro é hoje um corpo quase inerme, servindo apenas para a extração de recursos da sociedade em benefício próprio, com algumas migalhas indo para investimento ou para fins socialmente úteis, ademais das mais corriqueiras e comezinhas atividades clássicas. O problema é que ele se colocou demasiadamente à serviço desses estamentos que o assaltam oficialmente e de uma ampla gama de capitalistas promíscuos, que o prostram sob os golpes contínuos de concorrências viciadas, superfaturamentos e propinodutos regulares.
Na área econômica – mas ela está intimamente vinculada à área política – os desafios de reformas estruturais são enormes, e o Brasil não decaiu o suficiente, ainda, ou não teve um choque realmente falimentar, para obrigar os ineptos e corruptos eleitos e dirigentes a alcançar um consenso mínimo em vista de reformas significativas. Até quando isso vai persistir? Difícil dizer: se o Brasil não ficar insolvente, internamente, nos próximos dois ou três anos, ele vai continuar a se arrastar penosamente em direção a um futuro incerto, feito de crescimento medíocre, divisão política exacerbada, ausência de lideranças suficientemente fortes para catalisar os esforços de uma nova coalizão política verdadeiramente moderna, e não mentalmente atrasada como hoje. Ou seja, o Brasil se encontra a meio do caminho entre a decadência argentina, já longa por sinal, e a inadimplência grega, sem ter uma coalizão de credores dispostos a salvá-lo do desastre no qual já se encontra.
Não tenho muitas razões para ser otimista, inclusive porque vejo outros países avançando na escala do progresso, enquanto o nosso permanece paralisado por disputas absolutamente ridículas, algumas até vergonhosas (como a tentativa da classe política de se safar dos dispositivos legais que vedam a corrupção nos assuntos públicos). Vamos avançar para algum lugar? Duvido, pois isso depende de bons diagnósticos e de prescrições adequadas. Ainda não vi nem uns, nem outros.
Vale!

Sobre o autor

Paulo Roberto de Almeida é diplomata de carreira e diretor do Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais – IPRI-MRE (paulomre@gmail.com).


Como citar este artigo

Mundorama. "O que esperar de 2017: economia e política internacional, por Paulo Roberto de Almeida". Mundorama - Revista de Divulgação Científica em Relações Internacionais,. [Acessado em 06/05/2018]. Disponível em: <https://www.mundorama.net/?p=23347>.

sábado, 9 de dezembro de 2017

Previsoes imprevisiveis para 2018: sempre otimista quanto 'a sua improbabilidade - Paulo Roberto de Almeida


Previsões imprevisíveis para 2018:
sempre otimista quanto à sua improbabilidade

Paulo Roberto de Almeida

Como costumo fazer todo final de ano, dedico-me a interrogar os astros para saber o que eles reservam ao Brasil e ao povo brasileiro no ano que se seguirá. Trata-se de uma tarefa fadada a um completo insucesso, e isso de forma deliberada, pois que minhas previsões têm isso de peculiar que elas são feitas, justamente, com vistas ao seu fracasso completo, sendo minha vitória tanto mais retumbante, neste gênero bizarro de astrologia política, quanto mais longe essas previsões se situarem de uma hipotética realização. Não por outra razão se chamam “previsões imprevisíveis”, mas também poderiam ser chamadas de “previsões imprevidentes”.
Todavia, essas previsões destinadas a não se realizarem também exibem um invariável otimismo, no sentido de esperar que um dia elas possam se concretizar. Ao revisar, um ano depois, as tarefas irrealizadas, ou inacabadas, o que encontro são derrotas previsíveis, em face de missões praticamente impossíveis. Não se trata, pois, de uma derrota completa, uma vez que posso renovar minha confiança no poder preditivo dos astros, já que o meu tipo peculiar de astrologia, como aquelas verdadeiras, só ganha título de nobreza e ares de credibilidade quando suas apostas são deliberadamente inverossímeis e de difícil, senão impossível, concretização.
Apenas para provar como tal prática de acertar no erro e no insucesso das previsões é uma arte de difícil manipulação, apresento a seguir um sumário de duas previsões que fiz alguns anos atrás, todas completamente estapafúrdias nas condições que eram as nossas – isto é, da política e da economia no Brasil sob o regime companheiro – e isto a despeito mesmo de seu caráter plausível, como eu sempre me esforço por sublinhar.
Em dezembro de 2004, para não ir muito longe, eu redigia “Sete previsões Imprevidentes: minha ‘caixa de surpresas’ para o novo ano”, que se constituíam, como seria de se esperar, em antecipações impossíveis de ocorrer no novo ano (divulgadas em Espaço Acadêmico, n. 44, janeiro de 2005). Em resumo, minhas apostas provocadoras e visivelmente exageradas eram as seguintes:
1. O governo decreta sua conversão ao capitalismo;
2. O Estado decide retirar-se parcialmente de cena;
3. Radical inversão das políticas sociais;
4. Concentração de recursos na educação fundamental;
5. Acaba a era Vargas: abolida a Justiça do Trabalho;
6. Decretado o fim da reforma agrária; e
7. Maior abertura e inserção econômica internacional.

Fui vitorioso, como se pode perceber pela total impossibilidade de realização das minhas previsões imprevisíveis, o que não me deixou descansando nios louros do sucesso, pois que menos de dois anos depois eu voltava a apostar na vitória de fracassos garantidos, ao anunciar novas previsões para 2007, como transcrevo a seguir:
1. O Brasil crescerá pelo menos 5% a partir de 2007, com queda no desemprego;
2. As contas fiscais caminharão para o equilíbrio, com tendência ao superávit nominal;
3. O Congresso vai conhecer um ano de alta produtividade e baixos gastos correntes;
4. O dólar vai se valorizar e a paridade do real satisfará aos exportadores e agricultores;
5. O déficit da Previdência caminha para o desaparecimento, com um choque de gestão;
6. A infraestrutura brasileira é renovada, com base em investimentos privados;
7. A integração regional avança, com a adesão de Cuba, Bolívia e Equador;
8. O governo demonstra alto grau de coesão política e grande eficiência administrativa;
9. O ensino público dá salto de qualidade e universidades não fazem greve por salários;
10. O MST reconhece que o agronegócio e a biotecnologia são benéficos ao Brasil.

Feitas estas digressões preliminares, de simples resguardo metodológico, vejamos quais seriam as minhas previsões para 2018:
1. Governo promete reduzir a base congressual para apenas 15 partidos;
2. Odebrecht patrocina nova cadeira na FEA-USP: Economia Política da Corrupção;
3. Tucanos se unem para ganhar as eleições de 2018;
4. Petistas se dividem quanto a colaborar na caixinha do chefe com contas bloqueadas;
5. Peemedebistas firmam pacto contra a corrupção;
6. FIESP quer que o Brasil conclua um acordo de livre comércio com a China;
7. Congresso aprova projeto de resolução extinguindo o Fundo Partidário;
8. Candidata da Rede consegue conceder uma entrevista compreensível;
9. Professores da UERJ atravessam o ano sem nenhuma greve;
10. Novo presidente eleito em outubro promete privatizar Petrobras e Banco do Brasil.

Não é preciso elaborar muito a respeito de cada uma destas previsões, não é mesmo? Como sempre, espero um completo fracasso no decorrer do próximo ano, com a colaboração especial do governo, do Congresso, dos partidos políticos, dos candidatos num ano eleitoral. Já vou colocar estas previsões imprevisíveis na minha agenda, para um rendez-vous com todos os meus 18 leitores em dezembro de 2018 para verificar minha nova derrota. Quem quiser apostar contra mim, pode mandar ofertas (se possível de livros) para este autor.

Brasília, 9 de dezembro de 2017.

sábado, 31 de dezembro de 2016

Minhas previsoes imprevidentes para 2017 - Paulo Roberto de Almeida


Minhas previsões imprevidentes para 2017: já estou sentindo saudades dos companheiros

Paulo Roberto de Almeida
[Dando continuidade à série, com novas e jocosas previsões impossíveis]


Desde o início do milênio atual, com absoluta constância desde 2003, dei início a esta série que denominei, provocativamente, de “previsões imprevidentes”, ou seja, o contrário daqueles chutes bem informados que todo astrólogo amador, ou profissional, faz a cada final ou começo de ano. A diferença de minhas previsões, em relação a essas afirmações científicas dos adivinhos de plantão, é que as minhas não estão de modo algum destinadas a serem confirmadas pelo carro sempre balouçante da História: ao contrário, elas foram expressamente concebidas para, justamente, não se realizarem.
Devo dizer que desde o início da década passada, eu vinha sendo ajudado – e como! – pelos companheiros e suas políticas tresloucadas: cada vez que eles expunham um programa, uma nova política, uma medida macro ou setorial, eu sempre apostava exatamente o contrário. E pimba!: não hvia nenhuma chance das coisas acontecerem, da forma como eles queriam. Alto lá: corrijo imediatamente: a coisa sempre se desenvolvia de modo totalmente inverso ao pretendido. Os companheiros eram infalíveis nesse jogo.
Confesso que fiquei repentinamente órfão: com o afastamento totalmente injusto dos companheiros do poder, por meio desse golpe aplicado pela direita, pelos tucanos neoliberais, pela grande mídia, pelos capitalistas mancomunados com o perverso imperialismo, pelos banqueiros conspirando com o capital financeiro monopolista internacional – enfim, por todos aqueles que não são companheiros, ou pecedobistas, ou psolistas, ou gramscianos de academia, ou teólogos da libertação, ou saúvas freireanas e pedagogos da conscientização, os que não são progressistas, esquerdistas, modernistas, pós-modernos, partidários do politicamente corretos, enfim, toda essa fauna, que lutou bravamente contra os golpistas organizados por aquele ex-presidente da Câmara, ufa!, retomo –, com esse atentado fundamental contra a democracia companheira fiquei totalmente sem a ajuda dos ditos companheiros na minha elaboração regular, anual, destas previsões imprevidentes. Eu estava ameaçado de ficar agora sem previsões.
Estava até disposto a apoiar um movimento de novas eleições, só para ter um pequeno laivo de esperança no retorno dos companheiros ao poder, especialmente do chefão mafioso, e com isso poder voltar a elaborar minhas previsões com plena certeza de que nunca vou acertar, ou melhor, sabendo que vou acertar errando redondamente (ou quadradamente, como poderia ser o caso em se tratando desse pessoal de apoio).  
Antes, porém, de me debruçar sobre minhas novas previsões imprevidentes e imprevisíveis para o ano da graça de 2017, vamos fazer um pequeno retrospecto. Aliás, que graça tem esse ano que começa? Depois de dois anos de recessão, vamos continuar recuando no poder de compra, pois o fraquíssimo crescimento da economia, previsto pelos gurus habituais, ficará bem abaixo da inflação, pela primeira vez, não dentro da meta, como andam anunciando, mas dentro da banda, que já é larga. Então, vamos ver o que é que eu que tinha previsto para este ano de 2016, nesta tresloucada profissão?

Previsões imprevidentes para 2016: pela primeira vez a imprevisão ganha da previsão (Brasília, 31 de dezembro de 2015)
1) Criação do programa Pedaladas Legais
2) Cristo Redentor entra no programa de concessões companheiras
3) Companheiros aderem ao livre comércio... de talentos
4) Protocolo aditivo à convenção da ONU sobre corrupção
5) O governo companheiro vai conseguir equilibrar as contas nacionais
6) Os companheiros renovam sua promessa de não mais roubar
7) A Justiça aumenta sua produtividade em 350%
8) Os industriais da FIESP param de reclamar do aumento de juros
9) O PSOL reconhece que Cuba pode não ser um modelo para o Brasil
Como todos podem constatar, eu errei todas, ou seja, acertei a totalidade das minhas previsões, sucesso a 100% portanto. (Quem quiser conferir o detalhe de cada uma dessas previsões destinadas fatalmente ao fracasso completo, pode ver neste link: http://www.diplomatizzando.blogspot.com.br/2016/01/previsoes-imprevidentes-para-2016.html).

OK, chega da enrolação típica dos preguiçosos. Mesmo sem a contribuição que sempre considerei fundamental dos companheiros, vou tentar arriscar novas previsões imprevidentes para o ano que está começando. Fazer esse tipo de chute contra o futuro imediato apresenta um alto risco, pois nas condições surrealistas do Brasil atual – quando não se sabe quem é situação, quem é oposição, que deu golpe e quem o sofreu – as coisas mais surpreendentes podem ocorrer, até minhas previsões darem certo, ou melhor, errado, e tudo se realizar contra os prognósticos. Vamos portanto dar a partida nos chutes, em mais um exercício de surrealismo futurista na total irresponsabilidade dos adivinhadores improvisados, assim como quem faz esporte com uma bola de ferro amarrada numa das pernas, com uma mão amarrada nas costas, com um olho tapado.

1) Companheiros aderem definitivamente à honestidade teórica
Depois de tentar todas as demais maneiras ter sucesso no mundo da política e dos negócios em famiglia, os companheiros decidiram anunciar que estavam, formal e oficialmente, renunciando a qualquer intermediação escusa com grandes companhias estatais e privados, et pour cause: com todos os seus principais operadores e executivos temporariamente fora de combate – com uma única e grande exceção – e com todos eles colocados na mesa de escuta de companheiros outrora aliados na causa da justiça social, eles decidiram enveredar por novas formas de empreendedorismo político e social, caçando as sandálias da humildade, prometendo ir à missa todos os domingos e comer o pão bento da honestidade. Não sabemos ainda se eles conseguirão refrear seus instintos adquiridos ao longo de anos e anos de treinamento intenso nas artes que o Padre Vieira já encontrava insuperáveis nestas paragens de Pindorama, mas o fato é que eles parecem sinceramente engajados no novo jogo da castidade política. Vai ser difícil, sobretudo com respeito aos companheiros que ainda ocupam cargos públicos, e que podem, por isso mesmo, fazer um por fora), mas o comitê central (ops, a direção) já avisou que a ordem, por enquanto, é se mostrar bem comportado, pelo menos enquanto a República de Curitiba estiver alerta e lépida nos procedimentos. (Atenção: eu disse “teórica”.)

2) Governo golpista anuncia anistia preventiva, com validade de dez anos
Um imenso alívio ouviu-se nos mais diferentes recantos do país: do Oiapoque ao Chuí, a chusma respirou aliviada com essa promessa de cheque em branco, quero dizer, de vale habeas-corpus com prazo delongado de validade, até, pelo menos, que consigam aprovar a tal lei do “pega leve” no propinoduto. A medida (ainda provisória, mas que deve ser rapidamente aprovada pelos garotos em plenário) não concede total liberdade preventiva aos meliantes políticos, apenas alivia os processos, solicitando documentos em cartório, em três vias cada um, devidamente legalizados, antes de passar por três comissões parlamentares e obter pelo menos dois relatórios favoráveis, o que deve fazer com que cada processo demore três legislaturas, tempo suficiente para que cada um em perigo possa repousar na doce aposentadoria congressual. Estava sendo esperada essa medida, pois do contrário não seria possível votar mais nada na Santa Casa legislativa.

3) Odebrecht passa a operar unicamente com o banco do Vaticano
A caminho de uma difícil regeneração, com seu patrimônio diminuído em vários bilhões de dólares, e governos arredios a continuar operando com uma empresa que parece ter o DNA da malversação, ou seja, ser geneticamente corrupta, a outrora maior construtora do país liquidou todas as suas 3.547 contas em 189 bancos em 25 países, e anunciou solenemente que, doravante, e em conformidade com seu espírito cristão, vai trabalhar única e exclusivamente com o Istituto per le Opere dei Religione, mais vulgarmente conhecido como Banco do Vaticano (antigamente Ambrosiano, mais do que centenário), indiferente ao fato de que o banco já foi colhido mais de uma vez em lavagem de dinheiro pelo Fisco italiano. O que vale, no entanto, são as boas intenções: a Odebrecht e o IOR devem fazer uma bela dupla a caminho do paraíso fiscal. As duas empresas prometem se sustentar mutuamente, e até combinaram que vão fazer confissões conjuntas, desde que essas delações premiadas mereçam indulgência eterna, o que o papa peronista prometeu examinar. Como diria Santo Agostinho, “Uma virtude simulada é uma impiedade duplicada: à malícia une-se a falsidade. (Quem duvidar da total correção e da fidelidade desta frase aparentemente debochada pode ver aqui: http://www.frasesfamosas.com.br/frases-de/agostinho/).

4) Teremos candidatos absolutamente honestos sendo preparados para 2018
A palavra do momento é aquela famosa frase – provavelmente mentirosa – sobre a “mulher de César” (quem era ela, mesmo?). Segundo essa hipocrisia cansativamente repetida por 11 jornalistas entre cada 10, ela deveria não só ser, como parecer honesta. Ninguém conferiu, no entanto, se era isso mesmo que ocorria naqueles tempos de traições e golpes baixos E alguém de fato acreditava nessa coisa? Repetida a frase, todo mundo seguia adiante, como se nada tivesse acontecido, e assim segue a vida. Em todo caso, já aquecendo os músculos para a maratona do ano seguinte, os principais candidatos a qualquer coisa, estão em busca de novos laranjas naquele cantinho da Ucrânia cuja soberania ainda permanece indeterminada, pelo menos enquanto durar o reinado do neoczar. Vão precisar de um dicionário de bolso russo-português, mas nada que a Amazon não possa encontrar, inclusive em formato Kindle, o que facilita um bocado os negócios. Estima-se novo equilíbrio no balanço de pagamentos da Ucrânia oriental, a ponto de poderem até emprestar para a pátria-mãe, caso as sanções se agravem no futuro imediato.

5) PEC dos Gastos ganha Emenda constitucional: banda da inflação
Com o agravamento da situação fiscal dos estados e municípios, e sem a possibilidade de criar novos ou amentar os impostos já existentes, os parlamentares resolvem fazer um favor a seus amigos governadores e aprovam uma emenda à emenda constitucional (de número 117, na sequência linear) sem mudar o vínculo dos gastos públicos à inflação, mas criando uma banda para o número, que deixa de ser um número e passa a ser um espaço flexível, com trezentos pontos-base para lá e mais trezentos para cá. Chamado de “nova banda diagonal endógena”, o sistema, engenhoso, como se vê, vai permitir salvar “gregos e goianos”, empurrando as obrigações futuras para os tataranetos dos atuais estudantes do ensino fundamental. Trata-se de um novo conceito de ajuste gradual e seguro, compatível com a qualidade reconhecida dos melhores economistas da UniCamp e adjacências. Os brasileiros, sobretudo os desempregados, podem dormir tranquilos: não há que os economista da UniCamp não imaginem que os bravos representantes do povo deixam de aproveitar em seus labores parlamentares.

6) Trump propõe um pacto de não agressão ao Estado Islâmico
Ops, esse tipo de previsão internacionalista não costuma fazer parte do menu habitual de previsões imprevidentes (e irresponsáveis) já tradicionais neste blog, mas como é preciso exercer todas as competências que a divina providência nos concedeu, aqui vamos nós pelos terrenos sempre pantanosos das relações internacionais. O fato é que o novo, imprevisível e imprevidente, presidente da maior potência planetária (depois da torcida do Barça, claro) ainda em estado de propor qualquer coisa fez uma oferta aparentemente irrecusável ao califa-chefe do Daesh, também conhecido como EI: parar com o mercado de escravas brancas em troca de deixar estacionados na Turquia os drones ditos inteligentes. O EI ficou de pensar, e ao que parece só vai parar com seu departamento de operações estruturadas se a OTAN enviar um suprimento adequado de garotas de programa, de maneira a aquietar os ardores belicistas dos seus combatentes do profeta. Não se sabe, no momento do fechamento destas previsões, se negociações sérias poderiam ser estabelecidas num terreno apropriado, em Genebra ou Viena, de preferência, com interrupções para algumas escapadas no Folies Bergères.

Voilà: é tudo que eu posso prometer para o novo ano que pronto se inicia, mesmo sabendo que minhas previsões imprevidentes são tudo, menos seguras. Não se pode oferecer certezas num país no qual sequer sabe se vamos terminar o ano com o mesmo governo. Em todo caso, eu desejo a todos e a todas (ou a todxs, como quer certo pessoal chatérrimo), um feliz início, um ótimo desenvolvimento e uma excepcional finalização de um ano altamente incerto, como são, aliás, estas minhas previsões imprevidentes. Nisso 2017 também me ajuda, já que nem toda bola de cristal funciona.
Numa coisa, portanto, estou alinhado com eles: sem os companheiros eu estava me sentindo, como direi?, órfão, sem qualquer indício de que poderia contar com eles para errar em toda a linha (ou seja, acertando 100% dos chutes formulados ao longo dos últimos treze anos durante os quais fui por eles maltratado). Eu lhes sou, de verdade, devotamente reconhecido: sem sua proverbial inépcia, sua incompetência, aa tradicional improvisação, a tremenda burrice, a estupidez contumaz e a sua ignorância crassa, eu teria corrido o risco de acertar algumas, pelo menos, de minhas previsões ao longo de todo este milênio tão rico de babaquices por eles perpetradas. Se vocês duvidam do que estou dizendo, basta conferir a série completa:

Previsões anteriores:
2016:
2912. “Previsões imprevidentes para 2016: pela primeira vez a imprevisão ganha da previsão”, Brasília, 31 dezembro 2015, 5 p. Continuidade do exercício, com apenas quatro previsões imprevisíveis. Postado no blog Diplomatizzando (link: http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2015/12/previsoes-imprevidentes-para-2015-pela.html), e disseminado no Facebook (https://www.facebook.com/paulobooks/posts/1061451080585008). Revisão ampliada, 14 de janeiro de 2016, 8 p. Postado novamente no Diplomatizzando (link: http://www.diplomatizzando.blogspot.com.br/2016/01/previsoes-imprevidentes-para-2016.html) e no Facebook (https://www.facebook.com/paulobooks/posts/1069196793143770).

Para as previsões anteriores a 2016, ver estas duas postagens:
Preparando as previsões imprevidentes para 2016: conferindo as de 2015:
e
Preparando as previsões de 2016: algum retrospecto pode ser útil:

A despeito de tudo, e desculpando qualquer erro de previsão, feliz 2017 a todos!

Paulo Roberto de Almeida 
Brasília, 31 de dezembro de 2016

quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

Previsões imprevidentes para 2016: ampliando a lista - Paulo Roberto de Almeida


Previsões imprevidentes para 2016: pela primeira vez a imprevisão ganha da previsão

Paulo Roberto de Almeida


Tá difícil pessoal. Os companheiros, no afã de conservar o monopólio do poder, estão se comportando de maneira imprevisível. Ou seja, eles arriscam, pela primeira vez, desmentir as minhas previsões imprevisíveis, o que será um tremendo fracasso para este colunista de ideias malucas, que fica sempre, irreligiosamente a cada ano, prevendo as coisas mais sensatas possíveis, só para ser desmentido pelos companheiros, que, sempre e invariavelmente, agem de forma insensata, contribuindo assim para o sucesso de minha empreitada pouco gloriosa.
Como sabem todos os 18 leitores que me seguem, sou especialista em coisas impossíveis, ou contrarianistas: tentar prever o que jamais será realizado. Pois bem: nestes doze ou treze anos de previsões insensatas (ou seja, sensatas), tenho sido invariavelmente desmentido (isto é, confirmado) pelos companheiros, que insistem em meter os pés pelas mãos a cada ano, o que me deixa bem contente, pois afinal de contas eles sempre colaboram, amplamente, com a minha aposta na sua insensatez.
Ora pois, como diriam os gajos da terrinha, não é que, premidos pelas agruras do momentos, pelas circunstâncias adversas, eles resolveram se comportar desta vez, e estão arriscando pela primeira vez me desmentir, logo eu, que só conto a verdade, ou seja, que eles são incapazes de acertar qualquer coisa?
Eles já começaram pagando pedaladas, estão gostando das privatizações, ficaram de não roubar demais, enfim, estão conseguindo desmentir as melhores (quero dizer, as piores) previsões sobre o seu comportamento tresloucado. Está certo que no final de 2014, eu tinha apostado que em 2015 eles iriam tentar a honestidade, mas acho que essa foi forte demais para eles. Já no terceiro mês, deu aquele comichão, e eles começaram a roubar em outras áreas, ainda não detectadas pela Lava Jato, inclusive porque na Petrobras – quase completamente destruída – e em Abreu e Lima – já custou vinte vezes o orçamento inicial, e não vai conseguir ser rentável antes de 2095 – as possibilidades de “contribuições voluntárias e legais” foram tremendamente reduzidas com esse bando de procuradores e policiais em volta dos potes de ovos de ouro. Tiveram de voltar – pelo menos por enquanto – para a merenda das crianças e para o recolhimento do lixo, duas coisas que tinham ficado bem para trás por suas taxas de rentabilidade muito limitadas. Enfim, quem não tem cão, caça com urubus, ou hienas, enfim, o que der e estiver à mão...
Pois é, minha gente, já não consigo mais fazem previsões imprevidentes como antigamente, pois tampouco se fazem petralhas como outrora: a verdade é que os melhores dentre eles estão sendo, infelizmente, colocados fora de circulação por uma justiça de classe, vingativa, seletiva, golpista, enfim, tudo aquilo que vocês sabem. Os próprios trapalhões da área econômica estão ficando quase sem receitas de novas artimanhas unicampistas, pois parece que as tradicionais já esgotaram seu prazo de validade. Como é que se pode fazer política econômica assim?
Estamos agora como numa velha canção: o que será que será?
Arriscando minha reputação – mas estou prevendo que os companheiros me desmentirão ainda este próximo ano, continuando a ser os mesmos imprevisíveis trapalhões de sempre – vamos alinhar algumas previsões imprevidentes para 2016.

1) Criação do programa Pedaladas Legais
Para se livrar de uma vez de todas essas chateações com pedidos de impeachment, e para contentar tantos governadores e prefeitos que também gastaram além da conta e que depois ficaram sem dinheiro para pagar médicos, enfermeiros, policiais, professores e todo esse povinho miúdo que só faz greve e perturba a paz dos eleitos com suas reivindicações abusivas, o governo federal já tem a solução para evitar o confronto com o TCU.
Basta criar o programa “Pedaladas Legais”, que é simplesmente uma espécie de cheque em branco avalizado pelo Congresso, a partir do qual os executivos dos três níveis da federação podem gastar à vontade, sempre que as necessidades o justificarem e houver imperiosos motivos sociais, como são todos os programas dos preclaros governos em favor da cidadania. Quando os montantes ameaçarem ultrapassar as dotações anteriormente autorizadas, basta os legislativos de cada esfera autorizarem um déficit legal, deixando o buraco para o futuro. Ninguém poderá dizer que foi por falta de vontade que o governo, como uma grande mãe para todos, deixou de fazer esta ou aquela bondade: com o programa Pedaladas Legais, tudo o que era complicado se torna mais simples, pois os legisladores não deixarão de cooperar com os executivos numa matéria que atende os mais legítimos anseios sociais, e as mais justas necessidades de todos os cidadãos de suas respectivas circunscrições eleitorais.
Estou seguro que o Adevogado General do PT, ops, o Advogado Geral da União saberá propor um projeto de lei, tão criativo ele é, que contemple os justos reclamos de executivos e legisladores por uma estrutura orçamentária flexível e manejável, como gostam todos os políticos e não deixam de apreciar os contribuintes, que estão sempre pedindo mais e mais pelo dinheiro que entregam voluntariamente aos respectivos governos em cada um dos níveis da federação. Esses contribuintes voluntários são um pouco como os cortadores de cana em Cuba, na época da colheita, la zafra, que está sempre precisando de braços, pois os tratores são poucos e sempre falta diesel. Os cubanos já têm uma piada para essas ocasiões: la participación es voluntaria, pero la voluntad es obligatoria. Ainda vamos chegar lá, aqui também...

2) Cristo Redentor entra no programa de concessões companheiras
Os companheiros ficaram tão entusiasmados com o seu programa de concessões – totalmente diferente das privatizações tucanas, como todos sabem – que passaram a imaginar tudo o que pode ser objeto de concessão pública, e não é que eles reservam algumas boas surpresas para 2016? Pois então, o Cristo Redentor, que passa por símbolo do Brasil, ou do Rio, o que seja, também vai entrar no programa de concessões companheiras. O lote, a montanha, os arredores, a floresta, as favelas simpáticas ao redor, a própria estátua – cela va de soi – serão cercados, com arames farpados e eletrificados (estilo nazista tropical), e o conjunto vai ser leiloado, segundo regras especiais que estão sendo desenhadas pelo MPOG, ou seja, o Ministério Petista de Obras do Governo, para que tudo seja perfeitamente concedido, regulado, e taxado, para que o governo companheiro, em lugar de gastar dinheiro com funcionários e os que mamam no negócio, passe a arrecadar impostos dos ganhadores, um pouco como se faz com as concessões de telefonia (que revertem 40% do faturamento em impostos).
O Cristo vai ficar muito mais vibrante a partir da privatização, ops, concessão, pois os novos administradores poderão promover bailes, festas, convescotes, reuniões abertas a todas as religiões e outros eventos sociais inclusivos. A estátua vai ganhar cores muito mais alegres do que atualmente, esse cinzento concreto que não tem graça nenhuma; poderão pintar um verdadeiro arco-íris no personagem, conforme os tempos

3) Companheiros aderem ao livre comércio... de talentos.
Com tantos países fazendo blocos em todas as partes, o Brasil companheiro vai inovar absolutamente, promovendo o que há de mais avançado e racional no campo da liberalização comercial: o livre-comércio unilateral. Em lugar de ficar negociando item por item com um monte de parceiros chatos, os companheiros vão promover o livre comércio do único item que não pode ser objeto de comércio, por ofender as boas consciências e as almas cândidas: o ser humano. Mas eles o farão de forma avançada, preservando todos os direitos íntimos da pessoa humana, sua privacidade e o respeito que se deve ter por cada um. Nada mais progressista do que exportar talentos, o que o Brasil tem de melhor: futebolistas, músicos de funk, cantores caipiras, trombadinhas, garotas de programa, políticos sem mandato, economistas da UniCamp, camponeses sem terra, trabalhadores sem teto, enfim, todas aquelas categorias que já entram nos programas de subsídios companheiros e que passarão doravante a ter o mundo como possibilidade de triunfo universal, graças a esta nova iniciativa companheira.

4) Protocolo aditivo à convenção da ONU sobre corrupção
Tendo em vista dúvidas persistentes e tratamento duvidoso pela Justiça em relação às doações legais que as empresas em geral, mas especialmente as estatais, possam fazer a partidos políticos, os companheiros vão propor, na próxima Assembleia Geral da ONU um protocolo aditivo à Anti-Bribery Convention, a convenção que visa induzir os países soberanos a coibir, controlar, vigiar e punir todas as doações que não estejam vinculadas a uma atividade econômica precisa e legítima. Existe uma clara ambiguidade nessas extorsões, ops, doações, pois só pelo fato de que países com certa predominância de compras governamentais e de empresas estatais podem estar sendo controlados por juízes muito zelosos partidos políticos legítimos podem estar sendo prejudicados por ações que deveriam ser consideradas dentro do fluxo normal de caixa dois, ops, de tesouraria, e avaliadas em conformidade com as intenções generosas de cada empresa doadora.
Para levantar essas ambiguidades, os companheiros diplomatas vão propor um projeto de resolução – que certamente recolherá a adesão entusiasta de muitos parceiros ditos estratégicos, como China, Venezuela, Rússia, Cuba, Equador, enfim, os suspeitos de sempre – preparatória a um verdadeiro protocolo aditivo à convenção anticorrupção. Todos os países têm o direito de organizar os negócios de seus partidos em total respeito à soberania nacional, especialmente as operações financeiras que são imprescindíveis para ao funcionamento normal de suas atividades, sobretudo a compra de equipamentos, pagamentos de salários, propinas, ops, contribuições para os sistemas de mensalão, ops, de coalizão que podem caracterizar certos regimes políticos. Isso vai da sobrevivência dos nossos apparatchiks, ops, nossos quadros, que têm o direito de trabalhar eticamente com o dinheiro dos contribuintes, quer dizer, a partir das doações legais. Enfim, os companheiros diplomatas saberão encontrar a linguagem apropriada para os projetos de resolução da AGNU e depois para o first draft do Protocolo Adicional.

5) O governo companheiro vai conseguir equilibrar as contas nacionais
Não é nada, não é nada, trata-se de um feito extraordinário: contrariando os mais afoitos – aqueles que tinham “lido” Samuelson e Prebisch de “orelha”, e nunca, jamais, conseguiram ler Keynes de verdade – os companheiros no poder vão conseguir dar um cavalo de pau nas despesas públicas e não produzir mais déficits ou grandes aumentos da dívida pública, invertendo o sentido da contabilidade nacional em mais ou menos 7 ou 8% do PIB. Glória, glória nas alturas, eles vão entrar no Guinness das “rating agencies”, aquelas que não têm nenhuma importância, e que só ficam dando notas negativas por que se submetem aos especuladores de Wall Street.

6) Os companheiros renovam sua promessa de não mais roubar
Eu sei que no ano passado, ou seja, no decorrer de 2015, eles já tinham prometido moderar seu apetite por esses fabulosos contratos das estatais, com ênfase numa certa companhia de petróleo que já tinha ficando entre as maiores do mundo, mas que já foi rebaixada para a condição de “junk status”. Todos sabemos que é muito duro, pois afinal de contas eles têm um bocado de compromissos sociais – com as próprias famílias dos companheiros, pois algum já estão na terceira ou quarta mulher – mas eles prometeram que vão se redimir, se esforçar, pedir desculpas a nação, negociar um plano de indenização do que roubaram, aproveitar os acordos de leniência tão justamente e legitimamente necessários para evitar recessão e desemprego, e vão jurar que essa coisa de roubar à larga é comportamento do passado. Inclusive porque o passado nunca passou de verdade em certas esferas companheiras: em pleno julgamento do Mensalão, e com apparatchiks na cadeia – o Stalin Sem Gulag em pessoa, por exemplo – alguns deles continuavam organizando o assalto à petroleira, também conhecido como Petrolão (que é apenas a pontinha da pontinha do imensa iceberg da corrupção companheira).

7) A Justiça aumenta sua produtividade em 350%
Preocupado com sua imagem perante a nação, o Judiciário, do mais modesto rábula ao mais recente supreminho companheiro, empreende um esforço extraordinário para reduzir os prazos de decisões finais para todos os litígios e acusações elevados à apreciação desse insigne poder. O conjunto dos funcionários e servidores dessa deusa cega – e que portanto não consegue olhar onde deposita ou para onde aponta aquela sua famosa espada durona – fizeram um pacto conjunto, nacional, federal, regional, de alcance ilimitado, para a duplicação, dentro de uma determinada meta – não anunciada, mas que prometem dobrar, assim que atingirem essa meta não especificada – a sua já elevada produtividade no trabalho. Vão começar por reduzir de 8 (OITO) a apenas 4 (QUATRO) anos a duração do tempo médio que os cidadãos e as empresas precisam esperar para que a dita Justiça, essa da espada cega, resolva qualquer pendência judicial, de qualquer natureza ou complexidade. Ou seja, aquele seu caso, que antes poderia demorar do simples ao dobro, quer dizer entre quatro e dezesseis anos, a partir deste ano da graça de 2016 só vai demorar, na média, entre dois e oito anos para ser resolvido.
Os referidos magistrados, funcionários e todos os servidores da Justiça, de qualquer justiça, se declararam favoráveis a resolver todos os casos pendentes de apreciação e julgamento em todas as cortes normais, excepcionais e especiais em qualquer foro, inclusive aquelas contas das campanhas presidenciais de 2014, de 2010 e de 2006, que parecem ter conhecido financiamentos esdrúxulos, por acaso coincidentes com operações de doações legais e de outros tipos de uma famosa empresa petrolífera.
Mais ainda, extremamente inquieta em que os recentes aumentos de salários, de gratificações, subsídios ou quaisquer outros benefícios que se agreguem aos montantes globais de remuneração em seu favor, e levando em conta, por patriotismo exacerbado, o péssimo estado atual (e futuro) das finanças públicas, a casta do Judiciário e todos os seus agregados resolveram aceitar uma redução linear desses vencimentos, em pelo menos 30% dos montantes totais. Eles dizem que isso vai ser feito independentemente de qualquer teto constitucional, que em determinadas esferas parece ter virado piso, e já ninguém respeita mais, sequer o próprio Judiciário. Não é desconhecido de ninguém que os digníssimos magistrados, supreminhos ou supremões, recebem, além dos maiores salários deste país rico (em inovações constitucionais), uma série enorme, aliás desconhecida, de outros subsídios e ajutórios (educação, moradia, alimentação, transporte, toga, terno, ceroulas), que juntando tudo, vai muito além da Taprobana, ou seja, do que ganham os membros da Suprema Corte do Império. Todo esse volume de subsídios e benefícios, que agregam aos seus já altos salários, se estendem por toda a cadeia da categoria, dos ditos supremões ao mais humilde agente de portaria, que provavelmente ganha mais do que um general três estrelas (que nunca chegará ao teto).

8) Os industriais da FIESP param de reclamar do aumento de juros
A cada reunião do Copom, eles faziam sempre igual: emitiam uma nota reclamando do aumento dos juros. Aproveitavam para reclamar da taxa de câmbio e para pedir desvalorização do real, para “ganhar competitividade”, diziam eles. Como nem uma coisa nem outra acontecia, eles invariavelmente exigiam aumento de tarifas aduaneiras e mais um antidumping contra produtos chineses. Agora, eles continuam reclamando da concorrência chinesa, mas ganharam tudo (ou quase tudo) o que a FIESP queria: protecionismo alfandegário, desvalorização da moeda, menos baixa dos juros, que vão continuar aumentando até onde a vista alcança. Pela primeira vez em décadas, o pessoal da FIESP promete não reclamar dos juros. Vamos ver quanto tempo eles suportam o torniquete do Copom e aguentam esses juros na estratosfera.

9) O PSOL reconhece que Cuba pode não ser um modelo para o Brasil
Não só o PSOL: todos os da esquerda, e mais os companheiros de viagem e os gramscianos da linha auxiliar, sempre defenderam acerbamente o modelo cubano, como o nec plus ultra para saúde e educação, inclusive em matéria de “mídia” democrática. Não mais! Em 2016 eles prometem fazer críticas aos companheiros cubanos, aos aliados bolivarianos e outros da mesma fauna, e tudo por uma razão muito simples: com o fim do mensalão soviético aos camaradas cubanos, com a baixa do petróleo que atingiu duramente os bolivarianos chavistas, acabaram aqueles convites generosos para férias revolucionárias, quando os camaradinhas do Brasil podiam desfrutar de praia, sol, lagosta e mojito, sem gastar praticamente nada. A crise chegou no ponto mais sensível dos revolucionários, o bolso, e com isso diminuiu proporcionalmente o ardor militante. Em 2016 Raul Castro e Nicolás Maduro não serão poupados pelos psolistas e psolões.

Com essas e outras medidas e decisões inesperadas, 2016 será um ano muito melhor para o regime duradouro dos companheiros e para todos os seus aliados de coração, sem ameaças golpistas, sem risco de quebradeira econômica, sem perda de direitos adquiridos e de conquistas sociais, e sem o mimimi da oposição, que não tem moral nenhuma para reclamar das iniciativas companheiras, pois eles já fizeram igual em matéria de trapalhadas governamentais, embora com muito menos competência do que os companheiros. Estes prometem continuar fazendo o que sabem fazer de melhor, como nunca antes se fez no Brasil.
Vamos que vamos! Com todas essas imprevisões imprevisíveis, o ano que se inicia promete ser o melhor da década, para ninguém esquecer de nada, pois as surpresas são garantidas. Eu conto com os companheiros para não me fazerem perder, pela primeira vez, minha aposta nas previsões imprevidentes, que já se tornaram uma marca registrada deste blog.
Feliz 2017, ops, 2016 a todos, que o ano sorria segundo os desejos de cada um...

Paulo Roberto de Almeida
Brasília,  31 de dezembro de 2015, 5 p.
Revisão ampliada, 14 de janeiro de 2016, 8 p.

PS.: Para as previsões anteriores, ver estas duas postagens:

Preparando as previsões imprevidentes para 2016: conferindo as de 2015:

e

Preparando as previsões de 2016: algum retrospecto pode ser útil: