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quarta-feira, 19 de janeiro de 2022

O protesto enfezado de um promotor público - Paulo Brondi

Promotor de Goiás faz um resumo perfeito do que é o 'bolsonarismo'


Um texto publicado por Paulo Brondi, promotor do Ministério Público de Goiás, viralizou na internet nesta quinta-feira (5). O conteúdo está sendo reproduzido por milhares de internautas e chegou a ser postado no blog de Juca Kfouri.

Algumas pessoas consideram que Paulo Brondi pode sofrer represálias por ter sido um dos primeiros membros do Ministério Público a ter coragem de traçar um panorama sincero daqueles que hoje ocupam o poder central no Brasil.


“Nem todo bolsonarista é canalha, mas todo canalha é bolsonarista.”

Por Paulo Brondi

https://www.pragmatismopolitico.com.br/2020/03/promotor-de-goias-paulo-brondi-bolsonaro.html

Bolsonaro é um cafajeste. Não há outro adjetivo que se lhe ajuste melhor. Cafajestes são também seus filhos, decrépitos e ignorantes. Cafajeste é também a maioria que o rodeia.

Porém, não é só. E algo que se constata é pior. Fossem esses os únicos cafajestes, o problema seria menor.

Mas, quantos outros cafajestes não há neste país que veem em Bolsonaro sua imagem e semelhança?

Aquele tio idiota do churrasco, aquele vizinho pilantra, o amigo moralista e picareta, o companheiro de trabalho sem-vergonha…

Bolsonaro, e não era segredo pra ninguém, reflete à perfeição aquele lado mequetrefe da sociedade.

Sua eleição tirou do armário as criaturas mais escrotas, habitués do esgoto, que comumente rastejam às ocultas, longe dos olhos das gentes.

Bolsonaro não é o criador, é tão apenas a criatura dessa escrotidão, que hoje representa não pela força, não pelo golpe, mas, pasmem, pelo voto direto. Não é, portanto, um sátrapa, no sentido primeiro do termo.

Em 2018 o embate final não foi entre dois lados da mesma moeda. Foi, sim, entre civilização e barbárie. A barbárie venceu. 57 milhões de brasileiros a colocaram na banqueta do poder.

Elementar, pois, a lição de Marx, sempre atual: “não basta dizer que sua nação foi surpreendida. Não se perdoa a uma nação o momento de desatenção em que o primeiro aventureiro conseguiu violentá-la”.

Muitos se arrependeram, é verdade. No entanto, é mais verdadeiro que a grande maioria desse eleitorado ainda vibra a cada frase estúpida, cretina e vagabunda do imbecil-mor.

Bolsonaro não é “avis rara” da canalhice. Como ele, há toneladas Brasil afora.

A claque bolsonarista, à semelhança dos “dezembristas” de Luís Bonaparte, é aquela trupe de “lazzaroni”, muitos socialmente desajustados, aquela “coterie” que aplaude os vitupérios, as estultices do seu “mito”. Gente da elite, da classe média, do lumpemproletariado.

Autodenominam-se “politicamente incorretos”. Nada. É só engenharia gramatical para “gourmetizar” o cretino.

Jair Messias é um “macho” de meia tigela. É frágil, quebradiço, fugidio. Nada tem em si de masculino. É um afetado inseguro de si próprio.

E, como ele, há também outras toneladas por aí.

O bolsonarismo reuniu diante de si um apanhado de fracassados, de marginais, de seres vazios de espírito, uma patuléia cuja existência carecia até então de algum significado útil. Uma gentalha ressentida, apodrecida, sem voz, que encontrou, agora, seu representante perfeito.

O bolsonarismo ousou voar alto, mas o tombo poderá ser infinitamente mais doloroso, cedo ou tarde.

Nem todo bolsonarista é canalha, mas todo canalha é bolsonarista.

Jair Messias Bolsonaro é a parte podre de um país adoecido. 


terça-feira, 2 de junho de 2020

'Investidas' contra democracia devem ser rechaçadas, dizem entidades de juízes e procuradores - G1

'Investidas' contra democracia devem ser rechaçadas, dizem entidades de juízes e procuradores
Em nota conjunta, associações apontam que episódios vistos nas últimas semanas não contribuem para a gestão das atuais crises e compõem "flagrante risco institucional”.
Por Rosanne D'Agostino, G1 — Brasília
01/06/2020 16h22 Atualizado há 9 horas

Associações de magistrados e procuradores divulgaram nesta segunda-feira (1º) nota em que manifestam preocupação com a situação política do país e afirmam que investidas contra o estado democrático de direito devem ser pronta e firmemente rechaçadas.
Segundo as associações, episódios ocorridos nas últimas semanas “em nada contribuem para a gestão das atuais crises sanitária e econômica, bem como consubstanciam flagrante risco institucional”.
"Investidas contrárias [ao estado democrático de direito] devem, portanto, ser pronta e firmemente rechaçadas. O Ministério Público e a Magistratura Nacionais não se omitirão", diz a nota. 
A manifestação de juízes e procuradores ocorre em um momento de forte reação do presidente Jair Bolsonaro a decisões judiciais contrárias a ele e a aliados dele.
Na semana passada, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, autorizou cumprimento de mandados de busca  e apreensão em endereços de empresários e blogueiros aliados  de Bolsonaro. A ação ocorreu dentro do inquérito que apura ataques  contra ministros do Supremo e divulgação de informações falsas na internet.
Bolsonaro criticou duramente a operação, conduzida pela Polícia Federal. Em um dos momentos de sua fala, disse que "as coisas têm um limite" e, sem citar nomes, usou um palavrão para dizer que não vai mais admitir "atitude de certas pessoas, individuais".

Depois disso, no domingo (31), o presidente voltou a participar de manifestação em Brasília em apoio ao governo e em defesa de pautas inconstitucionais, entre elas o fechamento do Congresso e do STF.

Relação harmônica
Segundo magistrados e membros do Ministério Público, “o Estado Democrático de Direito distingue-se pela relação harmônica entre os Poderes da República, assim como pela independência do Poder Judiciário e do Ministério Público, e exige das autoridades constituídas conduta que previna ou elimine conflitos”.
“Todo ato que atente contra o livre exercício dos Poderes e do Ministério Público, em qualquer das esferas federativas, se não evitado, será objeto, portanto, de imediata e efetiva reação institucional”, completa.
A Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe) também divulgou nota afirmando que as manifestações “demonstram desprezo absoluto à independência judicial, um dos principais pilares de sustentação do Estado Democrático de Direito”.
“O Poder Judiciário não entra em confronto com outras instituições e é sabedor que as Forças Armadas, composta de mulheres e homens honrados, são ciosas de que devem guardar obediência aos Poderes do Estado”, diz também a nota.
Leia a íntegra da nota divulgada por associações de juízes e procuradores:
A Associação Nacional dos Membros do Ministério Público – CONAMP, a Associação dos Magistrados Brasileiros – AMB, a Associação Nacional dos Procuradores do Trabalho – ANPT, a Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho – ANAMATRA, a Associação Nacional dos Procuradores da República – ANPR, a Associação dos Juízes Federais do Brasil – AJUFE, a Associação dos Magistrados do Distrito Federal e Territórios – AMAGIS/DF, a Associação Nacional do Ministério Público Militar – ANMPM e a Associação do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios – AMPDFT vêm publicamente externar a preocupação com a situação política do País, em virtude de episódios ocorridos nas últimas semanas que em nada contribuem para a gestão das atuais crises sanitária e econômica, bem como consubstanciam flagrante risco institucional.
Nesse cenário, são necessários equilíbrio e sensatez para que se possa garantir o diálogo imprescindível à manutenção da harmonia e da independência dos Poderes e do Ministério Público.
Nenhum ataque às Instituições e a quem as represente será útil ao enfrentamento dos reais problemas da sociedade brasileira, devendo ser pontuado, pois, o seguinte:
1. O Estado Democrático de Direito distingue-se pela relação harmônica entre os Poderes da República, assim como pela independência do Poder Judiciário e do Ministério Público, e exige das autoridades constituídas conduta que previna ou elimine conflitos. Todo ato que atente contra o livre exercício dos Poderes e do Ministério Público, em qualquer das esferas federativas, se não evitado, será objeto, portanto, de imediata e efetiva reação institucional.
2. A democracia ganha concretude pelo absoluto respeito às normas e aos princípios da Constituição da República. Devem ser preservadas as condições essenciais à manutenção do próprio Estado Democrático de Direito. Investidas contrárias devem, portanto, ser pronta e firmemente rechaçadas. O Ministério Público e a Magistratura Nacionais não se omitirão.
3. O momento histórico notoriamente recomenda cautela e ponderação de todas e todos que exercem parte do poder estatal, exatamente para que a democracia, construída a partir dos esforços de gerações, possa ser resguardada e aprimorada.
4. Tais valores devem nortear a atuação dos agentes políticos, sobretudo na busca conjunta da adequada solução para a crise social, política e econômica que vivenciamos e que aflige, muito particularmente, a parcela majoritária e desvalida da população ainda mais vulnerável aos impactos da pandemia.
5. Atentos às superiores aspirações da Sociedade, os membros da Magistratura e do Ministério Público brasileiro, bem como as entidades que os congregam, subscritoras desta Nota, estão aptos e dispostos a participar decisivamente da formação e do fortalecimento dos elos indispensáveis à sustentação do Estado Democrático de Direito, que, como dito, pressupõe harmonia e independência dos Poderes e do Ministério Público, assim como a profícua interlocução das autoridades públicas, todas legitimamente constituídas.
Brasília, 31 de maio de 2020

Manoel Victor Sereni Murrieta
Presidente da Associação Nacional dos Membros do Ministério Público (CONAMP) e Coordenador da FRENTAS
Renata Gil de Alcantara Videira
Presidente da Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB)
José Antonio Vieira de Freitas Filho
Presidente da Associação Nacional dos Procuradores do Trabalho (ANPT)
Noemia Aparecida Garcia Porto
Presidente da Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho (Anamatra)
Fernando Marcelo Mendes
Presidente da Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe)
Fábio George Cruz Nóbrega
Presidente da Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR)
Trajano Sousa de Melo
Presidente da Associação do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (AMPDFT)
José Carlos Couto de Carvalho
Presidente da Associação Nacional do Ministério Público Militar (ANMPM)
Marília Garcia Guedes
1ªVice-Presidente da Associação dos Magistrados do Distrito Federal (Amagis-DF)



quinta-feira, 21 de maio de 2020

Artista faz intervenção na embaixada do Brasil em Paris em protesto contra Bolsonaro - Daigo Oliva (FSP)


Artista faz intervenção na embaixada do Brasil em Paris em protesto contra Bolsonaro
Julio Villani pendurou panos pretos com mensagens como 'e daí?' na representação diplomática

Daigo Oliva
SÃO PAULOFSP, 21/05/2020
Na fachada da embaixada brasileira em Paris, panos pretos. O primeiro deles levava o " Junto à frase do presidente, dezenas de cruzes.
Ao lado da primeira mensagem, uma bandeira nacional às avessas. Em vez do fundo verde, preto. Em vez do círculo azul, vermelho. Em vez de "ordem e progresso", "caos e obscurantismo".
Assim Julio Villani protestou contra Bolsonaro nesta quinta (21). Num dos portões da representação diplomática, localizada próxima ao rio Sena, numa das regiões mais sofisticadas da capital francesa, o artista realizou a intervenção "Pano Preto na Janela", com manifestações contrárias ao mandatário.
Intervenção 'Pano Preto na Janela', do artista Julio Villani, no prédio da embaixada brasileira em Paris
Intervenção 'Pano Preto na Janela', do artista Julio Villani, no prédio da embaixada brasileira em Paris - Sandra Hegedus/Divulgação
Além do "e daí?" e da bandeira, colocou em outras quatro faixas nomes de povos indígenas em meio a chamas, uma série de advérbios de modo —arrogantemente, execravelmente, ignobilmente—, um chamativo #ForaBolsonaro e uma arma que atira contra a dignidade, a justiça, o respeito, a memória, a integridade e, por fim, o Brasil.
"O governo brasileiro fornece dia e noite material para alimentar esse e vários outros tipos de intervenção", afirma Villani, questionado sobre a escolha das palavras no ato. Em respostas curtas, o artista sustenta que as imagens falam por si e "não carecem de um discurso outro".
Manter as mensagens em português num protesto realizado na França pode soar contraditório, mas ele argumenta que foi a maneira de fazer um ato de presença no Brasil —e por isso a escolha da embaixada como local da manifestação—, "com os e como brasileiros que somos".
Foi elaborada, porém, uma breve explicação em francês do conteúdo de cada peça, além do contexto sobre o movimento que incentiva, no Brasil, pessoas insatisfeitas com as políticas de Bolsonaro a pendurar panos pretos nas janelas de suas casas.
Diferentemente de atos que jogaram tinta vermelha contra os prédios de representações diplomáticas do Brasil em Zurique e Londres, o artista ressalta que, por respeito ao patrimônio histórico e arquitetônico, o protesto foi desenhado para não causar danos ao edifício da embaixada, tanto que, relataram amigos a ele, os panos foram retirados horas depois de serem pendurados sem deixar vestígios.
Paulista de Marília, Villani vive entre Paris e São Paulo desde 1982. Tem sólida carreira internacional, com mostras em diversos países, como Itália, Espanha, Canadá e, claro, França. Segue a herança construtivista, modernista, e sempre foi atento à vanguarda cinética.
Além das seis faixas pretas, o artista também deixou uma sétima, mas com fundo branco, dimensões mais modestas e tipologia diferente. Com a estética das placas populares de vende-se, aluga-se ou trago seu amor de volta, o cartaz anuncia que "um outro Brasil é possível".
"Trata-se de um cartaz sobretudo caseiro, daquele tipo de coisa ao alcance de todos. É so fazer", afirma.
Procurado, o ministério das Relações Exteriores não respondeu, até o momento da publicação deste texto, à mensagem enviada pela reportagem a respeito da intervenção.