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quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Economia: rebaixamento do rating pela Moody's

Pronto: lá vão os companheiros protestar novamente contra os tais de mercados, dizendo que só estão fazendo assim por motivos eleitorais.
Paulo Roberto de Almeida 

Contas públicas

Moody's muda perspectiva de nota brasileira para "negativa"

Rating do país continua em Baa2. Deterioração fiscal e economia fraca são explicações da mudança

Logotipo da agência Moody's no escritório de Nova York
Logotipo da agência Moody's no escritório de Nova York (Reuters/VEJA)
A agência de classificação de risco Moody's mudou a perspectiva da nota de crédito do Brasil de "estável" para "negativa", refletindo a piora dos indicadores de risco dos títulos públicos do país. Isso quer dizer, na prática, que os analistas da agência diminuíram a confiança na capacidade de pagamento de dívida soberana do Brasil, na medida que aumenta a deterioração das contas públicas (política fiscal).
Entre janeiro e julho de 2014 foram economizados pelo setor público (Governo Central, estatais, Estados e municípios) apenas 24,7 bilhões de reais, menos da metade da cifra vista em igual período de 2013 (54,4 bilhões de reais). Além de ser o pior para o período desde o início da série histórica, em 2002, o resultado também está distante da meta de superávit primário para todo o ano, de 99 bilhões de reais, o equivalente a 1,9% do Produto Interno Bruto (PIB). Segundo dados do Banco Central, em 12 meses até julho a economia feita para pagamento de juros equivale a apenas 1,22% PIB - ou seja, falta ainda 0,68 ponto porcentual.
A desaceleração da economia, que entrou em recessão no segundo trimestre e a baixa confiança dos investidores também pesaram na decisão da Moody's. "Esses ventos econômicos contrários representam desafios fiscais que impedem a reversão da tendência de baixo crescimento", comenta a agência em relatório divulgado nesta manhã. No primeiro trimestre, o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro recuou 0,6%, depois de ter caído 0,2% (dados revisados) entre janeiro e março. Com isso, a economia brasileira entrou em recessão técnica, representada por dois trimestres consecutivos de queda do PIB. 
A nota brasileira, Baa2, porém, continua mantida, apenas foi alterada a perspectiva, alegando que o país continua resiliente aos choques financeiros externos por seu colchão de reservas internacionais. O relatório cita ainda a vulnerabilidade limitada do balanço patrimonial do governo e os benefícios derivados da economia extensa e diversificada do Brasil.
A mudança para "negativa", vale ressaltar, é o primeiro passo para que haja um rebaixamento da nota, também chamada de rating. Essas são importantes sinalizadores da confiabilidade de um país (qual o risco de um calote). Recentemente a Argentina teve seu rating rebaixado devido aos problemas de negociação e pagamento de dívidas. 
Em março, a agência de classificação de risco Standard and Poor's (S&P) cortou a nota da dívida soberana brasileira para BBB-, de BBB. Em nota, ela explicou que "as ações contraditórias do governo, com implicações negativas para as contas públicas e a credibilidade da política econômica, somada às estimativas de desaceleração nos próximos dois anos, continuam a limitar a alternativas e o desempenho da economia brasileira". A agência havia alterado para "negativa" a perspectiva da nota brasileira em junho do ano passado — e, desde então, o mercado especulava sobre o rebaixamento.

sábado, 14 de janeiro de 2012

Sarko, le tombeur (de rating): revista diz que ele fez a Franca perder 500 bi euros


FRANÇA PERDE O TRIPLO A

Sarkozy: o responsável pela degradação?

Revista francesa afirma que presidente tem dois terços da culpa do rebaixamento da nota do país: "Ele fez a França perder 500 bilhões de Euros", diz a manchete

Muito antes da França perder seu Triplo A, quando o rebaixamento das agências de notação eram ainda apenas uma – concreta – ameaça, o presidente Nicolas Sarkozy teria confidenciado a seus próximos: “Se perdermos o Triplo A, estou acabado”. A frase vazou e acabou nos jornais. Seja a afirmação verdadeira ou não, é difícil acreditar que Sarkozy, no cargo há cinco anos, já não estivesse preparado para esta degradação, que há meses ocupava a mente dos mercados.

Neste sábado, 14, a revista de esquerda Marianne, que nos últimos cinco anos pegou pesado com o presidente francês, lança um número especial com a manchete dirigida a Sarkozy: “O homem que fez a França perde 500 bilhões de euros”. Segundo a publicação, 1/3 do rebaixamento é fruto da crise, e 2/3 se devem ao próprio Sarkozy.
“Nicolas Sarkozy vai negar até o fim, mas ele tem uma enorme responsabilidade na emergência da infernal mistura de degradação das finanças públicas e perda de competitividade no país (e com isso sua capacidade de tomar compromissos no passado e no futuro), que está na origem da decisão da S&P”, escreve o jornalista Emmanuel Lévy.

A revista lembra ainda que a dívida francesa nunca progrediu tanto quanto na era Sarkozy. No fim do seu mandato, ela aumentou em 630 bilhões de euros. Aumento que o presidente logo atribui à crise, mas a Marianne destaca que apenas 110 bilhões desse montante podem ser atribuído à conjuntura econômica mundial, e que todo resto é culpa de suas ações. “Ou pela falta de ação para reduzir os desequilíbrios que herdou, e contra os quais ele mesmo se comprometeu a lutar”, continua a revista. “Este déficit estrutural deverá subir em 370 bilhões ao final de seu mandato”.


terça-feira, 5 de abril de 2011

Rating do Brasil elevado pela Fitch

Fitch eleva ratings do Brasil para "BBB"
Monitor Mercantil Digital, 04/04/2011

A Fitch Ratings elevou os seguintes IDRs (Issuer Default Ratings - Ratings de Probabilidade de Inadimplência do Emissor) e o teto país do Brasil: IDR em Moeda Estrangeira elevado para "BBB" de "BBB-" (BBB menos); IDR em Moeda Local elevado para "BBB" de "BBB-" (BBB menos); Teto país elevado para "BBB+"(BBB mais) de "BBB"; e IDR de Curto Prazo elevado para "F2" de "F3".

A Perspectiva dos Ratings foi alterada para Estável, de Positiva.

A elevação dos ratings reflete a avaliação da Fitch de que a taxa de crescimento potencial sustentável da economia brasileira aumentou para 4% a 5%, o que melhora a perspectiva fiscal a médio prazo e endossa o contínuo fortalecimento da sua posição de liquidez externa, aumentando a capacidade do país de absorver choques. A transição de governo para a administração de Dilma Rousseff foi suave, e o consenso sobre políticas macroeconômicas responsáveis continua bem fundamentado. Além disso, a administração Dilma vem demonstrando sinais de maior contenção fiscal, que, aliada às perspectivas de crescimento saudáveis, deve permitir a redução da pesada carga da dívida pública do Brasil.

A economia brasileira registrou expansão a taxas historicamente altas no ano passado, quando o crescimento do PIB atingiu 7,5%. O cenário base da Fitch assume que o aperto nas políticas macroeconômicas que se encontram atualmente em curso deverá permitir uma "aterrissagem suave" da economia brasileira, com o crescimento econômico alcançando aproximadamente 4% em 2011.

- A trajetória de crescimento do Brasil, a médio prazo, deverá continuar relativamente robusta, devido à dinâmica da sua demanda doméstica, que é sustentada pela diversidade econômica do país, por uma ampla classe média ainda em expansão e por um ciclo positivo de investimentos - afirmou Shelly Shetty, diretora sênior e chefe de ratings soberanos para América Latina. O crescimento do PIB do Brasil nos últimos cinco anos atingiu a média de 4,4%, acima da mediana dos ratings na categoria "BBB". A renda per capita do país à taxa de câmbio de mercado também está acima da mediana da categoria "BBB".

A posição de liquidez externa do Brasil se fortaleceu ainda mais após a crise de crédito global, com as reservas internacionais excedendo USD300 bilhões atualmente. O Brasil continua sendo entre os soberanos um dos credores externos líquidos mais fortes na categoria "BBB". A Fitch observa que, embora os déficits em conta corrente do Brasil devam permanecer mais elevados do que no passado recente, a deterioração nos indicadores de endividamento externo líquido pode ser contida pelos fortes fluxos de investimentos estrangeiros diretos esperados.

O anúncio pelo novo governo de cortes nos gastos em 2011 e de um modesto aumento no salário mínimo, assim como a contínua redução nos empréstimos do Tesouro Nacional ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (Bndes) servem de apoio à gradativa melhora fiscal. A Fitch também observa que a administração pró-ativa pelo Tesouro de seu passivo levou a novas melhoras na estrutura da dívida pública doméstica. Além disso, o Tesouro já garantiu consideráveis recursos para amortizações da dívida externa para os próximos anos, o que reduz a vulnerabilidade do país à volatilidade nos mercados internacionais de capitais.

- Os desafios macroeconômicos do Brasil a curto prazo incluem o combate à inflação, trazendo-a de volta ao centro da meta e moderando o ritmo da expansão do crédito - acrescentou ela. Um aperto mais rápido da política fiscal melhoraria o mix global da política fiscal e monetária e aliviaria a valorização da moeda e a pressão sobre as taxas de juros, embora outras medidas possam ser necessárias com o objetivo de retardar o ritmo da expansão do crédito privado para um nível mais sustentável. Potenciais deslizes nas políticas e uma "aterrissagem forçada" da economia continuam sendo riscos para o Brasil. Estes riscos, no entanto, devem ser contidos e moderados, à medida que a economia gradualmente retome seu equilíbrio e a expansão do crédito diminua.

A Fitch acredita que apesar da administração Dilma ganhar força no Congresso, o progresso das reformas econômicas deverá ser gradual. As reformas tributária e previdenciária ainda são importantes para a melhora das finanças públicas. Maiores taxas de poupanças e novos progressos nas reformas microeconômicas, de modo a melhorar o ambiente dos negócios e desenvolver a infra-estrutura, abrandariam as dificuldades para atingir uma trajetória de maior crescimento. Embora as medidas anunciadas para atrair capital de longo prazo sejam positivas e indiquem um maior pragmatismo em direção ao investimento privado, o desenvolvimento do mercado de crédito levará tempo.

Para o futuro, a melhora sustentável das contas fiscais e externas do Brasil, da dinâmica de expansão econômica e a contínua consolidação da estabilidade macroeconômica serão vistas como positivas. Reformas econômicas que melhorassem a competitividade do Brasil e combatessem os pontos fracos estruturais das finanças públicas seriam positivas para o crédito. Por outro lado, uma acentuada elevação da carga da dívida pública ou o aparecimento de significativos passivos contingentes no setor financeiro também poderiam minar a situação do crédito.