O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

Meu Twitter: https://twitter.com/PauloAlmeida53

Facebook: https://www.facebook.com/paulobooks

domingo, 13 de fevereiro de 2022

Minha homenagem à Semana de Arte Moderna: O “modernismo” brasileiro chegando aos 100 anos - Paulo Roberto de Almeida (Estado da Arte)

 Um texto e dois anos atrás, mas ainda válido: 

3774. “O ‘modernismo’ brasileiro aos 100 anos”, Brasília, 20 outubro 2020, 5 p. Notas para um futuro trabalho reflexivo. Divulgado no blog Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/10/o-modernismo-brasileiro-aos-100-anos.html). Revisto e ampliado em 11/11/2020. Publicado no Estado da Arte (17/11/2020, link: https://estadodaarte.estadao.com.br/modernismo-100-anos-pra/); disponível no blog Diplomatizzando (17/11/2020; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/11/de-volta-para-o-futuro-nossas.html). Relação de Publicados n. 1473. 

Transcrevo novamente aqui: 


O “modernismo” brasileiro chegando aos 100 anos

por Paulo Roberto de Almeida……

Ideias movem o mundo?

Certamente! O historiador Felipe Fernandez-Armesto dedicou um livro inteiro — Idéias que mudaram o mundo (São Paulo: Arx, 2004) — às grandes ideias que mudaram o mundo, desde a mais remota Antiguidade até a mais recente modernidade.

Uma delas foi o “modernismo”, movimento cultural e artístico que emergiu lentamente a partir da belle époque, mas que se consolidou no imediato seguimento da Grande Guerra, a partir das novas formas de organização econômica e política que foram sendo moldadas com a industrialização e a urbanização das sociedades ocidentais. A Grande Guerra foi o evento cataclísmico e seminal que mudou irreversivelmente a face do mundo, mas que só foi chamada de Primeira retrospectivamente, depois que os desastres incomensuravelmente maiores do grande conflito de 1939-45 se acumularam justamente por causa das heranças não resolvidas daquele primeiro grande conflito global.

Modernismo foi também a designação que se convencionou atribuir ao movimento de ideias que realmente “movimentou” o Brasil desde essa época, tendo sido simbolizado, e consagrado, na Semana de Arte Moderna de fevereiro de 1922, o ano em que o Brasil estava se preparando para comemorar, alguns meses à frente o primeiro centenário da independência (o que realmente foi feito, por meio de uma exposição internacional). Esse “modernismo” brasileiro tomou impulso a partir de algumas ideias que já vinham sendo expostas desde mais de uma década antes pelo “futurismo” de Marinetti, um conjunto perfeitamente contraditório de ideias, pretensamente de avant-garde, que começou cultuando o industrialismo, a rapidez e a automação da segunda revolução industrial, mas que também se posicionou a favor das “virtudes eugênicas” das guerras. O manifesto de Marinetti, lançado em fevereiro de 1909, proclamava de modo provocador:

Non v’è più bellezza se non nella lotta . . . Noi vogliamo glorificare la guerra — sola igiene del mondo — il militarismo, il patriottismo, il gesto distruttore dei libertari, le belle idee per cui si muore… (Filippo Marinetti: Manifesto del Futurismo)………………………..

‘Vive la France’, Filippo Marinetti, 1914–15 (Reprodução: MoMA)

…………………

Se essa era a intenção, ele foi amplamente contemplado pela carnificina dos campos de batalha do norte da França, nos quais milhares de soldados morriam inutilmente em busca da conquista de algumas polegadas de terreno, se tanto. Várias dessas ideias acabaram desembocando no militarismo e no fascismo de Mussolini, com todos os horrores que daí decorreram para a Itália burguesa e parlamentarista que se tinha dificilmente construída a partir do “transformismo” dos líderes políticos da unificação de algumas décadas antes. Olhando da perspectiva dos horrores ainda maiores da Segunda Guerra — que vitimou o dobro dos 20 milhões de mortos da Primeira —, o fascismo de Mussolini constituiu uma espécie de bolchevismo elitista, mas que também se refletiria, poucos anos mais tarde, no nazi-fascismo de Hitler, que foi o suprassumo dos instintos mais primitivos de destruição de tudo o que não se enquadrasse nos moldes eugênicos da raça pura.

Cabe não esquecer que o eugenismo e a busca insana da raça pura do nazi-fascismo tomaram impulso em tendências que já estavam em evidência no pensamento dos racistas europeus do final do século XIX e início do XX, mas que assumiram importância igualmente nos Estados Unidos desde o pós-guerra civil, quando o racismo e o Apartheid segregacionista em prática nos estados do Sul (mas igualmente partilhado ao Norte) acabaram sendo confirmados pela Suprema Corte e “federalizados” pelo presidente Woodrow Wilson, considerado um idealista internacionalista, mas que que era também um notório racista da Virgínia. Tais concepções racistas foram, durante largo período da transição entre os dois séculos, consideradas perfeitamente adequadas ao conceito de superioridade ariana de Rosenberg, que por sua vez foi o influenciador de Hitler, nas suas “ reflexões de cadeia” que resultaram no Mein Kampf. O tema das ideologias racistas nos Estados Unidos já tinha sido abordado, muitos anos atrás, no livro do paleontologista Stephen Jay Gould, The Mismeasure of Man (New York: Norton, 1981), mas foi abordado de forma mais incisiva na obra mais recente de James Q. Whitman: Hitler’s American Model: The United States and the Making of the Nazi Race Law (Princeton: Princeton University Press, 2017).

Muitas dessas ideias, por sinal, se originaram em reflexões preliminares formuladas no Brasil por Gobineau, um “inimigo cordial do Brasil” segundo George Raeders (Le comte de Gobineau au Brésil, 1934). Este ministro de Napoleão III no Rio de Janeiro, amigo de Pedro II, tinha verdadeiro horror à degenerescência da raça exemplificada pelos mestiços brasileiros, que levariam o Brasil a ser um completo desastre no contexto das nações civilizadas (todas elas supostamente de loiros dolicocéfalos). Tais ideias, numa época de darwinismo social e de teorias eugênicas, acabaram desembocando nas teorias do “branqueamento da raça”, que tiveram muito sucesso no Brasil, dos anos 1870 até praticamente o final da Segunda Guerra, tal como analisado por Thomas Skidmore em Preto no Branco (Black into White: race and nationality in Brazilian Thought, 1974).

Esse encadeamento de ideias e de formulações “civilizatórias”, que partem de pressupostos ingênuos, aparentemente tendentes a “melhorar” a humanidade e as sociedades, geralmente redundam em verdadeiros desastres para povos antigos e civilizações inteiras. Os liberais ingleses do século XIX, por exemplo, não acreditavam que a democracia fosse “fitted for touaregs and bedouins”, justificando-se portanto o grande empreendimento imperialista e colonizador, à la Kipling, que levou o Reino Unido da era vitoriana a adquirir toda a Índia da Companhia das Índias Orientais britânica, e a conquistar metade da África, do Cairo ao Cabo.

Pouco depois, nesse mesmo impulso, o vigoroso novo presidente americano Theodore Roosevelt, proclamando o “Corolário Roosevelt” à doutrina Monroe, recomendava que se falasse macio, mas que se carregasse um “grande porrete”, supostamente para enquadrar povos recalcitrantes que ainda não estavam à altura das maneiras civilizadas dos anglo-saxões (esses “lazy” latinos e caribenhos, por exemplo).

Cabe não esquecer que mesmo um grande conhecedor do imperialismo britânico, como era o Barão do Rio Branco, não demorou muito para reconhecer a “independência” do Panamá, uma “costela” arrancada da Colômbia pelos novos imperialistas americanos, com vistas a apressar a construção do novo canal interoceânico, um pouco atrasada desde o desastre fraudulento da nova aventura de Lesseps, o construtor de Suez, que por sua vez havia entusiasmado Verdi na produção de Aída. As nações mais avançadas, e modernas, podem exibir os comportamentos mais bárbaros, em nome da disseminação do progresso e da defesa da civilização, nos recantos mais recuados do planeta. Ideias podem ser perfeitamente contraditórias e levar a resultados surpreendentes na segunda ou terceira geração desde a sua origem, e não apenas em nações aparentemente pouco propensas ao exercício da soberania.

……………..

“British India”, 1909

…………………..

O grande movimento romântico alemão, que desempenhou um papel importante na conformação da luta pela unificação da Vaterland, conduzida por essa entidade mítica conhecida como das Volk, acabaria redundando na “metapolítica” dos wagnerianos que, fortalecida na música patriótica do grande mestre, e nos seus sentimentos perfeitamente antissemitas, se enquadraria, por sua vez, no caudal racista e supremacista do nazismo. O itinerário histórico dessa ideia apresentada por Peter Viereck em sua tese de doutoramento de 1941, transformada em livro sob o título de Metapolitics: from Wagner and the German Romantics to Hitler (edição ampliada: 2004). O termo metapolítica, tal como criado e usado pelos círculos wagnerianos que seriam mais tarde recuperados pelos seguidores de Hitler, denotava uma ideologia baseada na pseudociência da raça, na devoção ao Fuehrer e na força inconsciente do povo, entre vários outros elementos, inclusive o antissemitismo, muito disseminado na Alemanha desde Lutero até os românticos do século XIX.

Por acaso, o mesmo termo “metapolítica” foi usado para designar um blog de combates políticos numa recente campanha presidencial, recheado de diversas outras inovações conceituais, como, por exemplo, a hipótese (ou seria uma “invenção) do nazismo como sendo um movimento “de esquerda”, o ataque furioso ao “globalismo”, essa trouvaille do “comunavirus” e outras bizarrices. Esses e outros exemplos de um tipo de pensamento, que possui incômodas relações com uma extrema direita bem mais violenta e exterminadora, podem ser encontrados aquiMais, passons

Vamos voltar ao nosso modernismo de 100 anos atrás. Ele parecia prometer um futuro de vanguarda, mas por razões desconhecidas ele não parece ter refletido os horrores que tinham sido registrados poucos anos antes pela carnificina da Grande Guerra, que vitimou entre 15 e 20 milhões de vítimas, talvez pelo fato de que o Brasil praticamente não participou do teatro de guerra europeu. Quando os primeiros contingentes se aproximavam do velho continente o armistício de novembro de 1918 já estava sendo assinado. Mas o Brasil foi, sim, atingido pela pandemia universal da “gripe espanhola”, na verdade americana, que causou a morte de 50 a 100 milhões de pessoas, algumas dezenas de milhares no Brasil.

O modernismo no Brasil foi muito mais risonho e franco do que o furor belicista, militarista, expansionista, do pré-fascista Marinetti, a despeito de algumas críticas acerbas de um outro modernista instintivo como foi Monteiro Lobato, considerado por muitos, mas equivocadamente, como um “inimigo” da Semana de Arte Moderna.

Nosso modernismo não foi só antropofagia cultural, aquela herança de canibais autóctones deglutindo o infeliz bispo Sardinha, mas também tentando romper os cânones dos mais contemporâneos europeus. Ele também resultou na consciência do nosso atraso, agitou os jovens tenentes na luta contra a corrupção política e congregou os primeiros reformistas consequentes a se unirem em associações pela melhoria da educação de massas que, dez anos mais tarde, resultou no Manifesto dos Pioneiros da Educação, a primeira grande revolução das elites do Brasil pós-Abolição (que, aliás, permaneceu inacabada).

A Semana de Arte Moderna foi uma espécie de frenesi transformador, que agitou momentaneamente os corações e mentes da nossa République des Lettres, mas que depois hibernou na mesmice de Artur Bernardes e de Washington Luís, exasperando os jovens paulistas afoitos do novo partido “democrata”. Tudo bem: acabou confluindo para a Aliança Liberal que resolveu passar às vias de fato para liquidar de vez com a política “carcomida” da primeira República, nossa esperança jacobina, mas frustrada, de Revolução Burguesa que se transformou rapidamente em Ancien Régime.

Como se vê mais uma vez, ideias e movimentos são surpreendentes e contraditórios, podendo conduzir a resultados inesperados. Que algumas ideias estejam ou não em seu lugar, elas podem chegar ao Brasil com certo atraso, ou então sofrem de inadequação funcional. No ano do primeiro centenário da independência, a “república das letras e artes” queria fazer do Brasil um país moderno, embora sem dispor do apoio necessário entre os dirigentes políticos e, mais importante, dos donos do capital (rural e urbano, agrário e industrial), para levar a cabo aquele impulso decisivo para um futuro efetivamente moderno.

A Semana de Arte Moderna causou aquele “agito” temporário, coloriu telas provocadoras, inovou na composição visual e gráfica da nova literatura, na prosa e na poesia, mas parece ter feito “chabu” em pouco tempo mais. Tanto é assim que um dos seus patrocinadores mais exaltados, Mario de Andrade, reconhecia, alguns anos depois, no provocador poema “O Poeta Come Amendoim”, e de forma algo frustrada, que “progredir, progredimos um tiquinho, que o progresso também é uma fatalidade”.

…………………

Mario de Andrade

……………..

A fatalidade, talvez não da forma esperada, acabou atingindo o Brasil alguns anos depois, sob as patas dos “cavalos castilhistas”, importados do Rio Grande do Sul e apeados no Obelisco do Rio de Janeiro”. O castilhismo é aquele movimento supostamente positivista do Homem que Inventou a Ditadura no Brasil (Decio Freitas, 1998), que fez com que um de seus discípulos, o timorato, mas maquiavélico Vargas, desse início a um “breve período de 15 anos”, que realmente transformou o Brasil (para o bem e para o mal). Os militares que se acomodaram no poder em 1964, para um “breve período de 21 anos”, todos eles se formaram nas academias militares da “era Vargas”, com algumas concepções “prussianas” de “ciência bélica” e várias outras concepções quase “nazistas” de “ciência econômica” (autarquia, nacionalização vertical) e até algumas pontas de “stalinismo industrial” (mas para os ricos tão somente).

O Brasil, como se vê, sempre foi fértil de ideias, e continua sendo, ainda que com aplicações nem sempre exitosas. Temos a capacidade de importas as ideias mais generosas, e as mais malucas, misturar tudo no liquidificador da academia e da política, e depois servir para o povo, como grandes símbolos da renovação do país. O humorista Millôr Fernandes, conhecido por muitas outras frases ferinas, dizia que quando as ideias ficavam muito velhas em outros lugares, elas se mudavam para o Brasil, o que é certamente uma injustiça (com as ideias, pois eles estão permanentemente em viagem).

A Semana de Arte Moderna de 1922 foi assim como uma Nova República avant la lettre, um grande impulso renovador que acaba sendo absorvido pelo realismo (e esperteza) da velha política corruptora (mas travestida de moderninha). Ela talvez tenha sido novamente ensaiada no Primeiro Congresso Brasileiro de Escritores, em 1945, patrocinado pelo mesmo Mário de Andrade, no mesmo Teatro Municipal de São Paulo; seus resultados podem ter sido igualmente decepcionantes, uma vez que a República de 1946 oscilou continuamente entre o conservadorismo dos coronéis do PSD e o progressismo sindicalista (mas oficial) do PTB, ambos espicaçados pelo “modernismo golpista” da UDN. O mesmo ocorreu, sob outra roupagem, na Nova República de 1985, cujo entusiasmo renovador da “Constituição cidadã” foi oportunamente recuperada pela mão de ferro conservadora do Centrão, uma inovação na época, mas que se repetiu indefinidamente pelas três décadas seguintes. Foi assim que caímos no novo coronelismo eletrônico de um “curral eleitoral” perfeitamente retrógrado (porque populista e assistencialista), mas que está sempre sendo renovado sob rótulos pouco originais, mas atrativos (como, por exemplo, “Renda Brasil”, “Renda Cidadã”, whatever…).

Cem anos depois, o que restou da Semana de Arte Moderna, do modernismo brasileiro, da angústia então ressentida pelos modernistas quanto à necessidade de “jogar” definitivamente o país no futuro?

Por acaso, a consciência de que deveríamos estar comemorando o bicentenário da independência com um pouco mais de engajamento nas grandes reformas estruturais, como jamais o fizemos, mais de 130 anos depois da Abolição? Talvez engajando, finalmente, a revolução educacional prometida pelos “pioneiros” dos anos 1930, tentativamente retomada por alguns dos mesmos batalhadores no início dos anos 1960 — entre eles Anísio Teixeira e, sobretudo, Fernando Azevedo, mais Florestan Fernandes e outros —, mas frustrada de novo pelo movimento militar de abril de 1964, que cuidou bem mais da superestrutura da formação do que da educação de base, como deveria ser a prioridade? A “substituição de importação” operada no ensino superior, com a pós-graduação finalmente consolidada no país, conseguiu romper as deficiências de formação de professores de primeiro e segundo grau?

Todos os impulsos de crescimento levados a efeito desde um século atrás — na era Vargas, no otimismo dos “50 anos em 5” dos anos JK, no Brasil Grande Potência da era militar, no brevíssimo interlúdio modernizante dos regimes “liberais” de Collor e FHC, na retomada do crescimento empurrada pela demanda chinesa na primeira fase dos mandatos petistas — não lograram, ao fim e ao cabo, retirar o Brasil das misérias da pobreza, da concentração de renda, do racismo sub-reptício, da injustiça social, da má educação de massa, que sempre foram os objetivos mais ou menos explícitos de nossos “modernistas” de todos os tempos e matizes, de José Bonifácio a Hipólito, passando por Mauá e Nabuco, continuando com Rui Barbosa, e depois com Lobato, Roberto Simonsen, Roberto Campos, Celso Furtado e vários outros. Todos eles clamaram por reformas, e todos se chocaram contra o muro do imobilismo. Enquanto essa pequena tribo de sonhadores lutava pelo desenvolvimento do país, o que faziam suas classes dominantes e suas elites dirigentes? Certamente os aplaudiam, mas não se decidiam pelo difícil caminho das reformas, talvez com medo daquele sentimento de que uma vez empreendido esse itinerário, as “coisas” — isto é, os sindicatos anarquistas, o partido comunista, os inimigos da lei e da ordem — se precipitassem fora do seu controle.

Esta talvez seja uma das poucas certezas da história política e social do Brasil: entre o tráfico e trabalhadores livres, as elites ficaram com o primeiro, enquanto foi possível; entre a abolição do regime escravocrata e o livre acesso de imigrantes a terras do Estado, elas se mantiveram o mais possível no nefando sistema. Não estranha, assim que o sentimento de angustiante e prematuro “reformismo” da pequena tribo de “modernistas” avant la lettre não fosse unanimemente partilhado por todas as elites brasileiras, os grupos economicamente dominantes e os estratos politicamente dirigentes.

Ele não o foi desde a independência, quando Hipólito da Costa e José Bonifácio, nossos primeiros (dentre os pouquíssimos) estadistas, preconizavam a extinção imediata do tráfico negreiro e a eliminação gradual da escravidão africana. Mas essa história começou bem antes, continuou no Estado independente e se prolongou na República. O reformismo foi derrotado em 1789-92, na revolta dos alfaiates uma década depois, na segunda tentativa independentista em 1817, no próprio movimento “autonomista com continuidade”, em 1822-23, novamente em 1824, numa versão federalista e republicana, outra vez em 1842, em torno de alguns princípios liberais, e em várias outras oportunidades, inclusive em 1888, em 1889 e, finalmente, em 1922, mas apenas como ensaio de preparação. A Semana elitista foi seguida pelo início do movimento dos tenentes, na praia de Copacabana, prosseguiu nas revoltas de 1924 em diante, até culminar na “revolução burguesa” de 1930.

……………..

José Bonifácio

………………..

O Brasil oferece fartos exemplos de eventos, processos e movimentos que se enquadrariam perfeitamente nesses exercícios historiográficos do tipo do What If? (o que teria acontecido se…) Mas, curiosamente, a maior parte, ou a quase totalidade, é constituída por agitações elitistas, não exatamente movimentos de massa. Nem uma verdadeira revolução burguesa conseguimos ter, a despeito do esforço de Florestan Fernandes em tentar provar que ela só poderia assumir uma feição autocrática e subordinada ao latifúndio e ao imperialismo.

Antonio Paim, um dos nossos grandes pensadores, que começou na vida como marxista e que acabou se convertendo a um liberalismo lúcido (e, portanto, saudavelmente cético), já tentou um exercício passavelmente similar no seu livro sobre alguns do momentos decisivos na história do Brasil, mas não tenho certeza de que os momentos tenham sido aqueles ou de que as “escolhas” se apresentassem da maneira como ele o fez nessa obra e numa outra imediatamente seguinte, sobre as dificuldades de se reformar o Brasil (Momentos Decisivos da História do Brasil, 2000; O relativo atraso brasileiro e sua difícil superação, 2000).

Resumindo: cem anos depois da Semana “fatídica” de 1922, continuamos com o mesmo sentimento que tiveram os dois grandes estadistas de um século antes, que é o de oportunidades perdidas. Talvez será o mesmo sentimento a aflorar dentro em pouco, no bicentenário da independência: os “modernistas” sempre sonham um pouco mais alto do que a realidade das classes dominantes e das elites dirigentes o permite: as grandes reformas modernizantes tardam a se concretizar.

Esse sentimento deve ser similar ao dos abolicionistas frustrados de 132 anos atrás, ao dos jacobinos republicanos decepcionados com a primeira década de desastres a partir da inauguração do novo regime, ao dos idealistas do Diretas Já e das promessas não realizadas da Nova República, estes igualmente descontentes e provavelmente deprimidos pela voragem inflacionária e pelas revelações da gigantesca corrupção política que tivemos na maior parte do período recente. Quem sabe são os mesmos sentimentos que hoje continuam a angustiar os diversos movimentos que lutaram pelo mais recente impeachment — já tivemos vários, alguns disfarçados de outra coisa — e que mobilizaram muitos que foram às ruas por uma “nova política”, aquela que já deveria ter sido “ética”, segundo nos prometiam, mas que não foi, nem antes, nem depois, e muito menos agora.

Esse sentimento é uma mistura de déjà vu e de desesperança, quase uma desistência: o que exatamente teremos a comemorar em 2022? Pouco, muito pouco, quase nada. Será que vale a pena fazer uma Comissão Nacional para ouvir os mesmos discursos do poder?

Em 1922 havia certa sensação de que algo poderia ser feito, a despeito das frustrações com as primeiras três décadas da República: valia a pena tentar sermos “modernos”; era o que o mundo também tentava, apesar do terrível legado da Grande Guerra, com a Liga das Nações, o pacto de 1928 para evitar novas guerras, todas as conferências econômicas para tentar voltar ao padrão ouro da Belle Époque. Tudo se esvaneceu a partir de 1929, e sobretudo a partir de 1931, e só saímos do túnel quinze anos depois.

O que teremos em 2022, 37 anos após a inauguração de uma “Nova República” que já tinha envelhecido menos de dez anos depois de seu início? Existe algo a ser comemorado num bicentenário de retrocessos, de ignorância e de obscurantismo? De elogios a torturadores e de destruição do patrimônio natural? De subserviência a uma potência estrangeira, ou a um dirigente ainda mais ignaro e preconceituoso do que os velhacos arrogantes do passado?

Em 2020, ainda não temos respostas a essas perguntas, a essas dúvidas.

Por enquanto, só nos cabe retirar o ponto de interrogação do título de uma bela, mas triste conferência feita pelo embaixador Rubens Ricupero na Academia Brasileira de Letras: “Um futuro pior que o passado? Reflexões na antevéspera do bicentenário da Independência” (29/08/2019; disponível em formato de vídeo aqui). Foi uma grande e profunda reflexão sobre o modernismo que poderíamos ter tido, mas que não conseguimos mais ter, desde 1922, ou talvez desde o primeiro 22. No terceiro 22 será uma nova tentativa de avançar, ou teremos de nos conformar com mais um terrível retrocesso, antes de uma possível, mas incerta, “volta para o futuro”? Temos menos de dois anos para inverter essa nova marcha da insensatez.

Conseguiremos?……………….

A lua de Tarsila do Amaral

…………

…………..

Paulo R. de Almeida

Paulo R. de Almeida é Doutor em Ciências Sociais (Université Libre de Bruxelles, 1984), Mestre em Planejamento Econômico (Universidade de Antuérpia, 1977), Licenciado em Ciências Sociais pela Université Libre de Bruxelles, 1975). É diplomata de carreira, por concurso direto, desde 1977; serviu em diversos postos no exterior e exerceu funções na Secretaria de Estado, geralmente nas áreas de comércio, integração, finanças e investimentos. Foi professor de Sociologia Política no Instituto Rio Branco e na Universidade de Brasília (1986-87) e, desde 2004, é professor de Economia Política no Programa de Pós-Graduação (Mestrado e Doutorado) em Direito do Centro Universitário de Brasília (Uniceub).

Sobre os mitos que mobilizam a corporação diplomática - Paulo Roberto de Almeida

Sobre os mitos que mobilizam a corporação diplomática

 

 

Paulo Roberto de Almeida

Diplomata, professor

(www.pralmeida.org; diplomatizzando.blogspot.com)

 

 

Toda sociedade tem os seus mitos fundadores, verdadeiros ou falsos, não importa, eles mobilizam a sociedade num conjunto de crenças que se incorporam aos demais elementos que compõem a identidade nacional: língua, religião, cultura, história comum, território identificado ao povo que o habita, etc.

Corporações dentro de uma sociedade também podem ter os seus mitos fundadores, e as mais importantes são as corporações de Estado, pois este é o núcleo organizador da vida em sociedade e o agente comum para o relacionamento com outras sociedades, nações, Estados. 

Dentre as mais importantes corporações de Estado estão os soldados, garantidores da ordem interna e da defesa externa, e os diplomatas, representantes da nação e do Estado na interface com o vasto mundo que cerca toda e qualquer sociedade.

O Brasil, manifestamente, não é um império, ou seja, um agregado de nações e sociedades submetidas a uma ordem comum. O Brasil é um Estado-nação como são dezenas, duas centenas de outros Estados nacionais que foram se constituindo, nascendo e aparecendo no contexto mundial nos últimos quatro séculos, e que hoje constitui a forma predominante da comunidade internacional organizada em torno de certos princípios comuns, que são os da Carta da ONU. 

Isso não impede a existência continuada, mesmo informal, de impérios, de fato ou de direito, sabendo que os impérios foram uma forma comum de organização, até predominante, das muitas sociedades que existiram e ainda existem ao longo do tempo. Mas hoje o que temos são Estados-nacionais convivendo pacificamente entre si ou de forma mais conflituosa, o que de certa forma reflete o caráter imperial de alguns deles.

 

Um parêntese sobre a corporação militar

Não vou me ocupar disso agora, mas tentar voltar aos mitos fundadores de nossas corporações de Estado. Da corporação militar não preciso falar muito, senão de dois mitos fundadores que estão no âmago de seu papel legitimador na história nacional. Primeiro, a tal ideia de que as FFAA, o Exército em especial, se forjou nas lutas contra os invasores holandeses no século XVII, em especial na batalha de Guararapes, onde estariam as três principais vertentes do povo brasileiro: o colonizador branco português, os indígenas, autóctones no território, e os africanos importados, que lutaram livremente em prol da nova nação que surgia. É um mito e uma mentira, mas o Exército faz questão de manter. 

A outra fabulação em torno da corporação militar é o seu papel contemporizador em momentos de crise na sociedade, assumindo pretensamente o papel de Poder Moderador que terminou com o desaparecimento da ordem monárquica (que eles mesmos liquidaram, de forma bastante atabalhoada por sinal). As FFAA, o Exército especialmente, foram militaristas (o que é até “normal”, em função da sua natureza intrínseca), mas sobretudo intervencionistas e autoritários ao longo de toda a nossa história republicana (pois praticamente não tínhamos FFAA antes da Guerra do Paraguai). Nem sempre foi para um saudável debate democrático em torno de nossa organização política, e sim para impor certa concepção do mundo, de forma improvisada nos anos 1920, quando começaram suas intervenções, de forma mais deliberada a partir dos anos 1930; daí resultaram as duas ditaduras que modernizaram e que também infelicitaram a nação duas vezes no século XX: o Estado Novo (1937-45) e o regime militar (1964-85). Duas experiências autocráticas de fato modernizadoras, mas também deformadoras de uma boa organização política com uma economia livremente empreendedora, o que de fato nunca tivemos. Mas deixemos isso de lado.

 

Os mitos fundadores da corporação diplomática

Deixando de lado o mito fundador sobre a excelência de nossa primeira diplomacia — a do Império, relativamente de boa qualidade, nem sempre para boas causas, como a defesa do tráfico e da escravidão — e, sobretudo, o mito do Barão, pai fundador e paradigma insuperável para todo o sempre, vamos aos mitos mais recentes, na verdade balizas fundamentais da postura da corporação no período contemporâneo: a Política Externa Independente, a tese sobre o “congelamento do poder mundial” e a ideologia do desenvolvimento, que combina elementos das teorias cepalianas e da teoria da dependência.

A Política Externa Independente é uma tautologia, só “justificada” pela conjuntura da Guerra Fria e pela adesão incontida de nossas lideranças políticas e militares ao “império Ocidental”, com os EUA à frente. Parece ter sido uma grande invenção, mas mobilizou os corações e mentes dos jovens diplomatas que estiveram na condução da diplomacia e de boa parte da política externa nos 30 anos seguintes. Não vou comentar mais sobre isso devido à clara obviedade do slogan: como ou porque uma boa política externa não haveria de ser “independente”. Passons, donc.

A tal “tese” sobre o “congelamento do poder mundial” surgiu mais ou menos na mesma época e denota uma constatação evidente — aliás em todas as épocas e lugares —, a de que grandes potências exercem preeminência sobre outras nações e sobre o “sistema” mundial, mas também é de uma evidente falsidade: em nenhum momento os impérios conseguem “congelar” todas as possibilidades de crescimento ou de desenvolvimento autônomo de sociedades ou nações normalmente constituídas: mesmo entre eles, os mais poderosos, o poder nunca está congelado, menos ainda no que concerne Estados-nacionais formalmente independentes (ainda que teoricamente “dependentes” de um império predominante em sua região).

A famosa “teoria da dependência” também é de uma platitude exemplar, e derivada em parte da “tese” do congelamento, e por outro lado das doutrinas cepalianas sobre o desenvolvimento econômico, uma espécie de keynesianismo adaptado às necessidades de países “dependentes”, como os da América Latina. O que ela diz, em sua essência? Que mesmo na situação de dependência existem espaços ou interstícios que possibilitam o progresso, a industrialização e os avanços. Nada mais do que um marxismo light acoplado às noções cepalianas então em voga.

O mito fundador mais consistente na corporação diplomática é obviamente a do seu papel eminentemente mobilizador do desenvolvimento econômico da nação pela via da autonomia na política externa — o que é, como já dissemos, uma obviedade e uma tautologia — e pela possibilidade de se ter espaços de políticas públicas para a formulação de programas e projetos nacionais de desenvolvimento (que por acaso se confundem com as determinações das classes dominante e das elites dirigentes na formulação e execução das principais políticas públicas, especialmente na área econômica e na política externa). Essa é a história da ideologia do desenvolvimento nacional dos últimos 80 anos, tanto mais forte na consciência nacional quanto mais incapaz ela foi de realmente construir o desenvolvimento nacional.

Mas eu vou discutir essa nossa obsessão frustrada — pois é evidente que o Brasil falhou nesse projeto— numa próxima oportunidade. Acredito que um bom começo de enveredar numa nova fase do desenvolvimento nacional começa pelo esclarecimento — talvez desmantelamento— de alguns dos mitos do nosso passado.

Não tenho certeza de que uma nova “doutrina” para esse tal desenvolvimento sairá das próprias hostes da corporação diplomática, e isto por uma razão muito simples: ao lado, e acima, dos dois “valores” básicos impostos e entranhados nessa corporação desde o início da carreira, as famosas consignas de “hierarquia e disciplina”, está uma característica também presente nessa corporação: o CONFORMISMO. Mas disso, eu também tratarei oportunamente.

 

 

Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 4080: 13 fevereiro 2022, 4 p.

 


sábado, 12 de fevereiro de 2022

Assédio institucional no setor público brasileiro: a demolição do bolsonarismo - Livro em fase de publicação

Um livro em preparação, sobre o assédio institucional, praticado em diversas instâncias de governo e fora dele, a ser publicado ainda no primeiro semestre de 2022, graças à boa iniciativa de José Celso Cardoso, presidente da associação dos funcionários do Ipea, Afipea, do qual participo com um capítulo sobre o caso do Itamaraty.

Paulo Roberto de Almeida

 

ASSÉDIO INSTITUCIONAL NO SETOR PÚBLICO BRASILEIRO:

EVIDÊNCIAS DE DESREPUBLICANIZAÇÃO E DESDEMOCRATIZAÇÃO

Organizador: José Celso Cardoso Jr.

 (Brasília, AFIPEA, 2022)

 

Sumário


Prefácio 1: Autoritarismo Líquido e Assédio Institucional no Setor Público Brasileiro

Pedro Serrano, PUC-SP

 

Prefácio 2: Antropologia do Poder e Assédio Institucional no Setor Público Brasileiro

Carla Teixeira, UnB

 

Apresentação do Livro e Introdução Geral ao Tema

Frederico A. Barbosa da Silva; José Celso Cardoso Jr. (AFIPEA); Monique Florencio de Aguiar (UNESP)

 

 

Parte I – A Escalada contra a Democracia e o Assédio Institucional

 

1.         A Gênese e o Funcionamento do Governo Bolsonaro e o Assédio Institucional no Brasil

Deborah Duprat (Subprocuradora Geral da República aposentada, advogada e membro do Observatório Pesquisa, Ciência e Liberdade da SBPC)

 

2.         Assédio Institucional no Setor Público e o Processo de Desconstrução da Democracia e do Republicanismo no Brasil de Bolsonaro

Frederico A. Barbosa da Silva; José Celso Cardoso Jr. (AFIPEA)

 

3.         Reflexões sobre a Tradição Autoritária Brasileira e a Desdemocratização no Governo Bolsonaro

Bruna Santos, Bruna Eduarda Rocha, Felipe Freitas, Elaine Gomes, Isabella de Souza Teixeira, Julia Palmeira, Juliana Vieira dos Santos, Lucas Moraes Santos (Projeto Rede Liberdade)

 

4.         Assédio Institucional, Neoliberalismo e Reforma da Constituição no Governo Bolsonaro

Cláudio Souza Neto (UFF)

 

Parte II – A Ofensiva Autoritária contra as Liberdades Fundamentais

 

5.         Liberdade Acadêmica no Brasil: estudos de casos e seus desdobramentos recentes

Conrado Hübner Mendes, Adriane Sanctis de Brito, Anna Carolina Venturini, Bruna Angotti, Danyelle Reis Carvalho, Fernando Romani Sales, Luciana Silva Reis, Maria Fernanda Silva Assis, Natalia Pires de Vasconcelos (LAUT)

 

6.         Uma Agenda de Censura e Autoritarismo na Cultura: os casos analisados pelo MOBILE

Guilherme Varella, Denise Dora e Raisa Cetra

 

7.         Liberdade de Expressão dos Servidores Públicos: Nota Técnica n. 1556 da CGU e Assédio Institucional

Cláudio Pereira de Souza Neto (UFF), Fernando Luís Coelho Antunes (UnB), José Celso Cardoso Jr. (IPEA)

 

8.         Assédio Institucional contra a Liberdade de Expressão

João Marcos Fonseca de Melo (Fonseca de Melo & Brito)

 

9.         Assédio Institucional no Itamaraty: breve abordagem e depoimento pessoal

Paulo Roberto de Almeida (MRE)

 

Parte III – A Transversalidade do Assédio Institucional no Setor Público e seus Impactos sobre a Burocracia Federal

 

10.       Clima Autoritário em Plena Democracia: percepções da burocracia federal

Carla Borges (Instituto Vladimir Herzog) e Michelle Morais de Sá e Silva (Universidade de Oklahoma)

 

11.       Burocracia na Mira do Governo: os mecanismos de opressão operados para moldar a burocracia

Gabriela Spanghero Lotta (FGV EAESP); Iana Alves de Lima (FGV EAESP); João Paschoal Pedote (FGV EAESP); Mariana Costa Silveira (FGV EAESP); Michelle Fernandez (IPOL/UnB); Olívia Landi Corrales Guaranha (FGV EAESP)

 

12.       Do Serviço ao Trabalho Público: formas contratuais e assédio moral institucional

José Antônio Peres Gediel (UFPR), Lawrence Estivalet de Mello (UFBA), Fernando Cesar Mendes Barbosa (UFPR)

 

13.       Reforma Administrativa (PEC 32/2020) e Assédio Institucional no Setor Público Brasileiro

César Rodolfo Sasso Lignelli (Sintrajud, Sindsef-SP e Sindicato dos Metroviários SP); Regiane de Moura Macedo (Sindsef-SP e Sindicato dos Metroviários SP)

 

Parte IV – Assédio Institucional contra Organizações e Servidores Públicos no Nível Federal Brasileiro

 

14.       Assédio institucional na Saúde: o impacto da política de disseminação da Covid-19

Rossana Rocha Reis, Deisy Ventura, Fernando Aith

 

15.       Universidade Pública Brasileira: autonomia sob assédio

Rossana Silva (UnB)

 

16.       “Sem Norte” e “Destruída por Dentro”: a Capes rumo ao “Estado Zero”

Monique Florencio de Aguiar (Unesp)

 

17.       “Querem Destruir”: entre “cortes” e “ingerências”, o “esvaziamento” das instituições de fomento do MCTI (CNPq e Finep)

Monique Florencio de Aguiar (Unesp)

 

18.       Assédio Institucional nas Instituições do Executivo Federal ligadas a áreas da Cultura

Francisco Miguel (UnB)

 

19.       O Caso da Fundação Casa de Rui Barbosa: assédio institucional na Cultura.

José Almino de Alencar e Colaboradores

 

20.       Etnografia do Assédio Institucional na Funai

Frederico A. Barbosa da Silva; Isabella Lunelli (IPEA)

 

21.       Assédio Institucional e Cerceamento no Ministério do Meio Ambiente: a liminaridade do poder político e da burocracia especializada na proteção ao meio ambiente

Marcelo Mourão Motta Grossi (CEUB); Rodrigo Augusto Lima de Medeiros (CEUB)

 

Posfácio: Cartilha Afipea + Andeps

Cards Afipea + INA

 

O 'capitólio' de Bolsonaro - Cristina Serra (FSP)

 O 'capitólio' de Bolsonaro

A turbulência está só começando; apertemos os cintos

por Cristina Serra

FSP, 11/02/2022


Bolsonaro apresentou, nos últimos dias, pequena mostra de como será sua campanha à reeleição. Dá para identificar três eixos muito bem coordenados. Um deles é o discurso e a produção de símbolos para arregimentação de suas bases. Nisso, merecem destaque sua imagem em um clube de tiro e os palavrões, emitidos em estudado tom de desabafo, em comício, no Nordeste.

Também voltaram os ataques golpistas ao sistema eletrônico de votação e deturpações, como a expressão "ditadura das canetas", em evidente alusão às decisões de ministros do STF. Misturadas a muitas baboseiras, proliferam ameaças explícitas, como a que foi feita por Eduardo Bolsonaro: "(...) a gente vai dar um golpe que a gente vai acabar com o Lula". São apitos para mobilizar os cães de guerra.

Um segundo eixo é tentar inundar a sociedade com mais armamento e munição, como se pode notar na proposta de "anistia" para quem tem armas em situação irregular. É o anabolizante que vem apascentando (não apenas) milícias e facções bolsonaristas. Por último, há a engrenagem digital do ódio, operada de dentro do governo.

Essas dimensões convergem para promover a violência em escala individual e coletiva, num ciclo multiplicador e permanente de tensões sociais. Esse é o terreno onde grassaram o nazismo e o fascismo. Não é à toa que a defesa do nazismo surge com aparente naturalidade em um podcast com milhões de seguidores.

Nada é aleatório. É perceptível um método de propagação e reverberação de ondas de fúria, que degradam os valores da civilidade e sedimentam a brutalidade e a estupidez como referências para o convívio social e a resolução de conflitos cotidianos.

Bolsonaro age com desenvoltura no pântano e é assim que ele imagina enfrentar Lula, chegar ao segundo turno e vencer. Se não der certo, restará o delírio de insuflar algo semelhante ao "capitólio" de Trump, nos EUA. A turbulência está só começando. Apertemos os cintos.


Cristina Serra é paraense, jornalista e escritora. É autora dos livros “Tragédia em Mariana - a história do maior desastre ambiental do Brasil” e “A Mata Atlântica e o Mico-Leão-Dourado - uma história de conservação”.

Fonte: FSP 11/02/2022

Ucrânia: os jogos de guerra da Rússia são a novidade do momento - Harry Howard and Chris Jewers and Nick Craven In Kyiv, Ukraine (Mailonline)

 Os militares brasileiros devem estar excitadíssimos: fazia tempo que eles não tinham uma boa guerra, ou preparação para uma, para estudar nas suas aulinhas de Estado Maior.

Paulo Roberto de Almeida

Mail online, Friday, Feb 11th 2022 12AM 23°C 3AM 22°C 5-Day Forecast

Vladimir Putin 'has decided to invade Ukraine on WEDNESDAY': US and German spooks fear deadly bombardment of Kiev is just days away with UK and America ordering citizens out NOW 'while flights are still operating'

  • Foreign Office updated its advice to tell UK nationals to 'leave now while commercial means are still available'
  • Officials reportedly believe Vladimir Putin has decided to invade Ukraine and may launch offensive next week
  • British advice comes a day after US President Joe Biden urged all American citizens to leave the country 
  • The European Union on Friday told non-essential staff from its diplomatic mission in Ukraine to leave
  • Senior official said that the US is sending 3,000 more troops to Poland, to add to 1,700 already there 

By Harry Howard and Chris Jewers and Nick Craven In Kyiv, Ukraine, For Mailonline

Published: 18:43 GMT, 11 February 2022  | Updated: 02:23 GMT, 12 February 2022 


Thousands of Britons were tonight told to leave Ukraine immediately over fears of an imminent invasion by Russian forces that Washington spy chiefs warned could be ordered in a matter of days.

The Foreign Office updated its advice to tell UK nationals to 'leave now while commercial means are still available' amid mounting concerns they could get caught up in fighting - including a deadly 'aerial bombardment of Kiev' - should Putin give the go-ahead to his 130,000 troops currently massed near Ukraine's borders.

The urgent government update came less than 24 hours after the US also issued an evacuation order, as western analysts raised the alarm that Vladimir Putin was about to send in his forces. 

The European Union also told non-essential staff from its diplomatic mission in Ukraine that they should leave the country, but stopped short of issuing a full evacuation order.

The heightened U.S. rhetoric followed new intelligence that suggested Russia is to launch an attack on Ukraine next Wednesday, February 16 - according to German newspaper Der Speigel. 

Information received by the Secret Service, CIA and other intelligence services uncovered detailed plans, and went as far as to outline routes that will likely be taken by individual Russian units and the roles they might play. 

On Friday, U.S. National Security Adviser Jake Sullivan said Washington believes Vladimir Putin could invade Ukraine any day, and issued a warning to Americans in the country: Get out immediately because the U.S. will not be coming back to rescue anyone. 

'We encourage all American citizens who remain in Ukraine to depart immediately,' Sullivan said. 'We want to be crystal clear on this point. Any American in Ukraine should leave as soon as possible and in any event in the next 24 to 48 hours. 

'The risk is now high enough and the threat is now immediate enough that this is what prudence demands. If you stay you are assuming risk, with no guarantee that there will be any other opportunity to leave and there is no prospect of a U.S. military evacuation in the event of a Russian invasion.'

Further to this, PBS reporter Nick Schifrin tweeted on Friday: 'US officials anticipate a horrific, bloody campaign that begins with two days or aerial bombardment and electronic warfare, followed by an invasion, with the possible goal of regime change.'

And late on Friday night, Kyiv Mayor Vitali Klitschko urgently warned the city's citizens about the danger of a Russian attack. The former heavyweight boxing champion's statement - the first serious warning to the city's population- was issued late last night on social media.

The mayor released a statement on Telegram about preparations underway in case of attack. They included securing communications in case the internet or phone network went down, increasing bomb shelter capacity, stockpiling fuel & agreeing plans for evacuation.

Prime Minister Boris Johnson voiced fears 'for the security of Europe' during a call with world leaders, including US President Joe Biden, whilst in a sign of the increasing tensions, Foreign Secretary Liz Truss was yesterday involved in testy exchanges with Russian counterpart Sergei Lavrov in Moscow. 

British Defence Secretary Ben Wallace, who is currently in Russia, warned an invasion could come 'at any time', echoing Washington's warnings that the Kremlin has amassed enough troops at the border to call an attack. 

Meanwhile, videos purportedly showing atomic canons being moved towards Ukraine sparked fears Putin may be sending nuclear armed military hardware within striking distance of major cities.

The video - showing huge 2S7 Pion guns - was captured in Vesela Lopan, Bolgorod in Western Russia and just 10 miles from the Ukrainian border, according to The Sun.

Known as the 'Soviet atomic cannon', the devastating weapon is one of the most powerful artillery cannons ever built. It can carry up to four 203 mm nuclear shells, which have the potential to annihilate large areas. 

In a chilling press conference earlier this week, Putin warned that were Ukraine to join NATO, the risk of nuclear war would increase. Russia has demanded that the alliance completely rules out Ukraine from ever joining.

Pictured: The Russian and Belarusian armed forces take part in Allied Determination-2022 military drill in Belarus on February 10, 2022. Thousands of Britons were tonight told to leave Ukraine immediately over fears of an imminent invasion by Russian forces that Washington spy chiefs warned could be ordered in a matter of days

Pictured: The Russian and Belarusian armed forces take part in Allied Determination-2022 military drill in Belarus on February 10, 2022. Thousands of Britons were tonight told to leave Ukraine immediately over fears of an imminent invasion by Russian forces that Washington spy chiefs warned could be ordered in a matter of days

Videos purportedly showing atomic canons being moved towards Ukraine sparked fears Putin may be sending nuclear armed military hardware within striking distance of major cities. The video - showing huge 2S7 Pion guns (file photo) - was captured in Vesela Lopan, Bolgorod in Western Russia and just 10 miles from the Ukrainian border

Videos purportedly showing atomic canons being moved towards Ukraine sparked fears Putin may be sending nuclear armed military hardware within striking distance of major cities. The video - showing huge 2S7 Pion guns (file photo) - was captured in Vesela Lopan, Bolgorod in Western Russia and just 10 miles from the Ukrainian border

Britons have been told to leave Ukraine immediately over concerns of a possible invasion by Russian forces. Pictured: Servicemen of the armed forces of Russia and Belarus take part in joint military exercises in Belarus on Friday

Britons have been told to leave Ukraine immediately over concerns of a possible invasion by Russian forces. Pictured: Servicemen of the armed forces of Russia and Belarus take part in joint military exercises in Belarus on Friday

Pictured: Russian tanks during joint exercises of the armed forces of Russia and Belarus as part of an inspection of the Union State's Response Force, at a firing range in Belarus, February 11

Pictured: Russian tanks during joint exercises of the armed forces of Russia and Belarus as part of an inspection of the Union State's Response Force, at a firing range in Belarus, February 11

Russia is holding massive war games in neighbouring Belarus and insisting that the highly strained relations is not its fault

Russia is holding massive war games in neighbouring Belarus and insisting that the highly strained relations is not its fault

The Foreign Office updated its advice on Friday evening to tell UK nationals to leave Ukraine 'now while commercial means are still available' as Russia intensified its war games on its borders with Ukraine

The Foreign Office updated its advice on Friday evening to tell UK nationals to leave Ukraine 'now while commercial means are still available' as Russia intensified its war games on its borders with Ukraine 

This handout video grab released by the Russian Defence Ministry on February 11, 2022 shows tanks during joint exercises of the armed forces of Russia and Belarus

This handout video grab released by the Russian Defence Ministry on February 11, 2022 shows tanks during joint exercises of the armed forces of Russia and Belarus

Russia is operationally ready to conduct a wide range of military operations in Ukraine and the Kremlin just needs to make the call, the head of Norway's military intelligence service said Friday. Pictured: The Russian and Belarusian armed forces take part in Allied Determination-2022 military drill in Belarus on February 11

Russia is operationally ready to conduct a wide range of military operations in Ukraine and the Kremlin just needs to make the call, the head of Norway's military intelligence service said Friday. Pictured: The Russian and Belarusian armed forces take part in Allied Determination-2022 military drill in Belarus on February 11

Pictured: Still grabs from video purportedly showing atomic canons, sparking fears Putin may be sending nuclear armed military hardware to its borders with Ukraine 

Pictured: Still grabs from video purportedly showing atomic canons, sparking fears Putin may be sending nuclear armed military hardware to its borders with Ukraine

Pictured: Still grabs from video purportedly showing atomic canons, sparking fears Putin may be sending nuclear armed military hardware to its borders with Ukraine

US soldiers line up during the visit of NATO Secretary General Jens Stoltenberg at the Mihail Kogalniceanu airbase, near the Black Sea port city of Constanta, eastern Romania, Friday, Feb. 11, 2022

US soldiers line up during the visit of NATO Secretary General Jens Stoltenberg at the Mihail Kogalniceanu airbase, near the Black Sea port city of Constanta, eastern Romania, Friday, Feb. 11, 2022

Military aid in the form of missiles delivered as part of the United States of America's security assistance to Ukraine, is unloaded from a plane at the Boryspil International Airport outside Kyiv, Ukraine February 11, 2022

Military aid in the form of missiles delivered as part of the United States of America's security assistance to Ukraine, is unloaded from a plane at the Boryspil International Airport outside Kyiv, Ukraine February 11, 2022

In the FCDO's updated advice, the government has said: 'British nationals in Ukraine should leave now while commercial means are still available. Since January 2022, the build-up of Russian forces on Ukraine's borders has increased the threat of military action. The Embassy remains open but will be unable to provide in-person consular assistance. British nationals should leave while commercial options remain.'

A Foreign Office spokesman said: 'The safety and security of British nationals is our top priority, which is why we have updated our travel advice. We urge British nationals in Ukraine to leave now via commercial means while they remain available.' 

According to The Guardian, sources said the UK is not preparing an emergency airlift for British citizens because there are still commercial flights operating daily and the land border with Poland is open. 

It is believed that the number of British citizens in Ukraine is in the low thousands, but many have strong ties to the country and are unlikely to leave. 

The Foreign office's advice comes a day after US President Joe Biden urged all American citizens to leave the country. Australia, New Zealand, Japan, Latvia, Norway and the Netherlands also told their citizens to leave Ukraine immediately, while Israel said it was evacuating relatives of embassy staff.  

The White House said Friday that a Russian invasion of Ukraine could come within the week, possibly within the next two days, and urged Americans to leave the country now. 

A call between Biden and Putin will take place on Saturday, a US official said tonight, as top US General Mark Milley spoke by telephone with his Russian counterpart General Valery Gerasimo. The pair 'discussed several security-related issues of concern,' an official said. 

Meanwhile, a senior official said that the US is sending 3,000 more troops to Poland, as President Biden met with Canadian Prime Minister Justin Trudeau and other world leaders on Friday to brief them on developments.

The new wave of US troops join 1,700 who already are assembling there to support NATO allies. 

A Ukrainian tank moves during military drills close to Kharkiv, Ukraine, Thursday, February 10, 2022

A Ukrainian tank moves during military drills close to Kharkiv, Ukraine, Thursday, February 10, 2022

Yesterday, Foreign Secretary Liz Truss was involved in testy exchanges with Russian counterpart Sergei Lavrov in Moscow, with no sign of a diplomatic breakthrough

Yesterday, Foreign Secretary Liz Truss was involved in testy exchanges with Russian counterpart Sergei Lavrov in Moscow, with no sign of a diplomatic breakthrough

US national security adviser Jake Sullivan said the United States did not have definitive information that an invasion has been ordered by Russian President Vladimir Putin, but Washington warned that he has now amassed the necessary forces

US national security adviser Jake Sullivan said the United States did not have definitive information that an invasion has been ordered by Russian President Vladimir Putin, but Washington warned that he has now amassed the necessary forces

Admiral Tony Radakin (L) and Chief of the General Staff General Valery Gerasimov (R) shake hands as UK Secretary of State for Defence, Ben Wallace (2nd L), and Defence Minister of the Russian Federation, Sergei Shoigu (2nd R), look on inside the Russian Ministry of Defence building on February 11, 2022 in Moscow

Admiral Tony Radakin (L) and Chief of the General Staff General Valery Gerasimov (R) shake hands as UK Secretary of State for Defence, Ben Wallace (2nd L), and Defence Minister of the Russian Federation, Sergei Shoigu (2nd R), look on inside the Russian Ministry of Defence building on February 11, 2022 in Moscow


The official, who provided the information on condition of anonymity before an official announcement, said the additional soldiers will depart their post at Fort Bragg, North Carolina, over the next couple of days and should be in Poland by early next week. 

They are the remaining elements of an infantry brigade of the 82nd Airborne Division. A further 8,500 U.S. troops are already on alert. 

It also emerged on Friday that U.S. and European officials are finalising an extensive package of sanctions if Russia invades Ukraine that targets major Russian banks, but does not include banning Russia from the SWIFT financial system, according to U.S. and European officials. 

A diplomatic source said the strategy now was to intensify efforts to spell out the cost to Putin of invasion. 

'The message has to be that he cannot win,' the source told DailyMail.com.   

US national security adviser Jake Sullivan said the United States did not have definitive information that an invasion has been ordered by Russian President Vladimir Putin.

But he said all the pieces were in place for a major military operation that could start 'rapidly'.

'The risk is high enough and the threat is now immediate enough that prudence demands that it is the time to leave now,' Mr Sullivan said.

'We are not saying that a decision has been taken by President Putin,' Mr Sullivan added.

'What we are saying is that we have a sufficient level of concern based on what we are seeing on the ground, and what our intelligence analysts have picked up, that we are sending this clear message.'

He added that the possibility of an invasion taking place before the end of the Winter Olympics on February 20 is a 'credible prospect' and a 'very, very distinct possibility'. 

He said new Russian forces were arriving at the border and they are in a position to 'mount a major military operation in Ukraine any day now', which could include a 'rapid assault on the city of Kyiv' or on other parts of the country. 

Speaking from the White House, Mr Sullivan said Russia could choose 'in very short order to commence a major military action against Ukraine', but stressed the US does not know whether Mr Putin has made a final decision.

Mr Sullivan said the 'threat is now immediate enough' to urge Americans to leave Ukraine 'as soon as possible and in any event in the next 24 to 48 hours'.

He did not mince words for those who choose to remain: 'The president will not be putting the lives of our men and women in uniform at risk by sending them into a war zone to rescue people who could have left now but chose not to.' 

Sullivan spoke shortly after Biden and six European leaders, the heads of NATO and the European Union held talks on the worst crisis between the West and Russia since the end of the Cold War. 

In a call lasting around 80 minutes, Downing Street said Mr Johnson urged Nato allies to make it clear to Moscow there is a 'heavy package of economic sanctions ready to go'.

'The Prime Minister told the group that he feared for the security of Europe in the current circumstances,' a No 10 spokeswoman said, in an account of the call that included French President Emmanuel Macron, German Chancellor Olaf Scholz and Nato secretary-general Jens Stoltenberg, as well as EU leaders Ursula von der Leyen and Charles Michel.

Mr Johnson warned that the penalties would be 'extremely damaging' to Russia's economy and urged that allies must reinforce Nato's eastern frontiers.

Russia is holding massive war games in neighbouring Belarus and insisting that the highly strained relations is not its fault. 

Moscow denies planning to invade Ukraine, but says it could take unspecified 'military-technical' action unless a series of demands are met, including promises from NATO never to admit Ukraine and to withdraw forces from Eastern Europe.

The West has said those main demands are non-starters. The EU and NATO alliance delivered responses this week on behalf of their member states.

Russia's Foreign Ministry said it wanted individual answers from each country, and called the collective response 'a sign of diplomatic impoliteness and disrespect'.

The U.S. is set to send 3,000 more troops to Poland in the coming days to try to reassure NATO allies, fource U.S. officials told Reuters news agency on Friday. 

Earlier, Mr Blinken outlined what he said were 'very troubling signs of Russian escalation. 

'We're in a window when an invasion could begin at any time – and to be clear, that includes during the Olympics,' he said. 

Britain's Defence Secretary Ben Wallace today warned Russia that an invasion of Ukraine will have 'tragic consequences' as he continued the diplomatic blitz in Moscow.

He stressed the importance of keeping lines of communication open as he held talks with counterpart Sergei Shoigu. 

The Foreign Office's advice to Britons in Ukraine 

The Foreign Office said on its website on Friday:  'Since January 2022, the build-up of Russian forces on Ukraine's borders has increased the threat of military action.

'The Embassy remains open but will be unable to provide in-person consular assistance. British nationals should leave while commercial options remain.

'If you are in need of assistance to leave Ukraine, you should call +380 44 490 3660 or +44 (0)1908 516666 and select the option for 'consular services for British nationals'. 

'Any Russian military action in Ukraine would severely affect the British Embassy Kyiv's ability to provide any consular assistance. 

'British Nationals should not expect increased consular support or help with evacuating in these circumstances.

'If you decide to remain in Ukraine, you should remain vigilant throughout due to potential combat operations, keep your departure plans under constant review and ensure your travel documents are up to date. 

'You should monitor the media and this travel advice regularly, subscribe to email and read our advice on how to deal with a crisis overseas.'

US and EU finalising sanctions package should Russia invade Ukraine 

U.S. and European officials are finalizing an extensive package of sanctions if Russia invades Ukraine that targets major Russian banks, but does not include banning Russia from the SWIFT financial system, according to U.S. and European officials.

The sanctions on the table also include export controls on components produced by Russia for the tech and weapons sectors, and sanctions against specific Russian oligarchs, according to three sources familiar with the discussions.

One U.S. official said the Russian banks targeted with sanctions could include state-backed VTB and Sberbank, the largest financial institutions in Russia.

Both institutions are already subject to sectoral sanctions imposed by the Treasury Department after Russia annexed Ukraine's Crimea region that limit their ability to raise capital in the United States, but the full blocking sanctions in sight now would have far more significant consequences, said one sanctions expert.

They would likely be accompanied by certain waivers and wind-down periods to limit harm to U.S. companies and those of allies.

Three sources familiar with the talks said banning Russia entirely from the SWIFT financial transaction system was not under active consideration after running into major objections from European countries.

European lenders have expressed concern that banning Russia from SWIFT would mean that billions of dollars of outstanding loans they have in Russia would not be repaid.

Sanctions against major Russian banks would still have a significant impact on the Russian financial sector and economy, one of the sources said. VTB and Sberbank's share prices have been volatile in recent weeks, as investors worry Washington could ban Americans from holding debt or equity in the institutions.

'The goal is to design sanctions that would really hit the Russians while keeping an eye on the collateral damage to those imposing them, recognizing that sanctions would clearly hit Europe harder,' said one of the sources.

U.S. officials said strong progress was made on the sanctions package during meetings with their counterparts in Germany, France and Britain this week.

The U.S. and European allies have focused on sanctions that would be imposed in the event of a physical Russian invasion of Ukraine, according to U.S. and European officials. They would need to coordinate further on any sanctions response short of a full military invasion, such as big cyber attack.

'A lot of the issues have been resolved,' said one U.S. official familiar with the talks, adding, 'I wouldn't say there's 100% agreement, but most of the concerns raised' by Germany in particular have been addressed.

Visiting German chancellor Olaf Scholz said in Washington Monday he was aligned with the United States on actions on Russia, but did not mention the Nord Stream 2 gas pipeline that the U.S. has vowed to shut of Russia invades.  

Reporting by Reuters 

Officials reportedly believe that the Russian President Vladimir Putin has decided to invade Ukraine and could launch an offensive next week. Above: A Ukrainian soldier is seen manning defensive positions in his country on Friday

Officials reportedly believe that the Russian President Vladimir Putin has decided to invade Ukraine and could launch an offensive next week. Above: A Ukrainian soldier is seen manning defensive positions in his country on Friday

A Ukrainian soldier is seen out of Svitlodarsk, Ukraine on February 11, 2022

A Ukrainian soldier is seen out of Svitlodarsk, Ukraine on February 11, 2022

US Navy fighter jets fly during the visit of NATO Secretary General Jens Stoltenberg at the Mihail Kogalniceanu airbase, near the Black Sea port city of Constanta, eastern Romania, Friday, Feb. 11, 2022

US Navy fighter jets fly during the visit of NATO Secretary General Jens Stoltenberg at the Mihail Kogalniceanu airbase, near the Black Sea port city of Constanta, eastern Romania, Friday, Feb. 11, 2022

British nationals have been urged by the Foreign Office to leave Ukraine immediately 'while commercial means are still available'. Pictured: A Russian tank takes part in drills in a photograph released by the Russian Defense Ministry

British nationals have been urged by the Foreign Office to leave Ukraine immediately 'while commercial means are still available'. Pictured: A Russian tank takes part in drills in a photograph released by the Russian Defense Ministry

At a press conference after the meeting Mr Wallace said he had been assured that Russia has 'no intention' of invading - but pointed out that the huge military build-up on the border meant it could do so 'at any time'. 

'I heard clearly from the Russian government that they had no intention of invading Ukraine,' Wallace told reporters in Moscow. He added: 'We will judge that statement on the evidence.' 

He said he was becoming less optimistic about defusing the situation, observing that the 'direction of travel' was against a diplomatic resolution. 

But Mr Wallace also insisted there was 'absolutely no deafness' in his discussions, after Moscow's foreign minister swiped about his 'deaf and mute' conversation with Liz Truss yesterday.   

The trip is the latest effort to turn down the temperature on the crisis and persuade Vladimir Putin to step back from the brink.

Talks in Berlin between Ukraine and Russia, joined by France and Germany, at first held hope for some progress as they lasted into Friday morning, but at the end, nothing palpable emerged.

'Unfortunately, almost nine hours of talks have ended without any significant results,' Russian deputy chief of staff Dmitry Kozak said. It remained unclear when and how the next attempt at a breakthrough would be made.

President Biden said the situation 'could go crazy quickly' and US troops will not be sent to help because that risks triggering a world war.  

The head of Norway's military intelligence service said on Friday that Russia's forces are in position and ready to invade Ukraine.   

The Russians 'have all they need to carry everything out, from a minor invasion in the east to minor attacks here and there in Ukraine, or a complete invasion, with, possibly, an occupation of all or parts of Ukraine', vice admiral Nils Andreas Stensones said.

'Now, it is up to President Putin to choose if he wants to proceed or not', he added.

Stensones made his remarks at the presentation of the Norwegian intelligence services' annual threat assessment report.

According to him, Russia has 'more than 150,000 combat troops' massed at the Ukraine border, along with the country's 'most advanced weapons' and all the necessary logistics. 

A satellite image taken by Maxar Technologies shows a Russian deployment at Zyabrovka airfield in Gomel, Belarus, less than 15 miles from the border with Ukraine

A satellite image taken by Maxar Technologies shows a Russian deployment at Zyabrovka airfield in Gomel, Belarus, less than 15 miles from the border with Ukraine

This satellite image provided by Maxar Technologies shows an overview of a the tent camp and equipment at Oktyabrskoye airfield in Crimea, on Thursday, Feb. 10, 2022

This satellite image provided by Maxar Technologies shows an overview of a the tent camp and equipment at Oktyabrskoye airfield in Crimea, on Thursday, Feb. 10, 2022

This satellite image released by Maxar Technologies shows equipment and new deployments at Novoozernoye in Crimea on February 9, 2022

This satellite image released by Maxar Technologies shows equipment and new deployments at Novoozernoye in Crimea on February 9, 2022

This satellite image released by Maxar Technologies shows atillery training at Novoozernoye in Crimea on February 9, 2022

This satellite image released by Maxar Technologies shows atillery training at Novoozernoye in Crimea on February 9, 2022

'It's very difficult to say if (an offensive) is likely or unlikely, because it is solely up to the Russian president to make the decision', he said.

U.S.-based Maxar Technologies - which has been tracking the buildup of Russian forces - said satellite images taken on Wednesday and Thursday showed large new deployments of troops, vehicles and warplanes at several locations in western Russia, Belarus and Crimea, which Russia annexed from Ukraine in 2014. 

According to the Military Times, 500 troop tents and hundreds of armoured vehicles were shown at Oktyabrskoye airfield - an abandoned airfield found north of Simferopol, the Crimean peninsula's second largest city.

Other images showed training activities, artillery deployments and a new deployment in Slavne, also in Crimea.

And north of Ukraine in Belarus, military vehicles and helicopters were also identified at an airfield near Gomel, about 15 miles from its border with its southern neighbour.

Troops are also stationed near Rechitsa in Belarus, some 28 miles from Ukraine.

The satellite images also showed additional equipment had arrived at a Kursk training area in western Russia - a new development since Maxar began releasing images of Russia's military build-up in December. 

Conflict has been festering in eastern Ukraine since 2014 between Russian-backed separatists and Kyiv forces.