Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, em viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas.
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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.
quarta-feira, 18 de março de 2009
1035) END, but not The End...
Paulo Roberto de Almeida
A Estratégia Nacional de Defesa (END), divulgada pelo governo brasileiro em dezembro de 2008, mereceu, de imediato, comentários diversos de observadores e especialistas, e algumas avaliações superficiais na imprensa. A maior parte dos comentários apresentou um tom positivo, posto se tratar de uma iniciativa no sentido da transparência e da abertura de um debate com a sociedade, em geral, e com os estudiosos da área em particular. Sem pretender me colocar entre estes últimos, desejo oferecer, igualmente, alguns comentários preliminares sobre o documento em questão, baseados inteiramente em minhas primeiras impressões de leitura, sem que eu tenha tido a oportunidade, até este momento (11 de fevereiro de 2009), de conhecer opiniões ou análises mais fundamentadas sobre tal documento, ou, pessoalmente, de efetuar eu mesmo um exame mais aprofundado do mesmo.
Reconheço, de imediato, as mesmas características positivas no fato de que “um” documento – quaisquer que sejam suas qualidades intrínsecas – sobre esse aspecto importante da vida nacional (com repercussões internacionais) tenha sido divulgado. Pretendo, contudo, ressaltar, ou destacar, apenas aspectos que me parecem problemáticos nesse documento, sem desconsiderar que ele possa, de fato, apresentar uma contribuição relevante para um debate qualificado nessa área, ademais de suas implicações práticas para a defesa nacional e a política externa do Brasil. Meus comentários, como já indicado no subtítulo, prenunciam uma posição mais crítica do que favorável, e até num sentido iconoclasta, mas sem qualquer espírito destrutivo, ou puramente negativo, preservando, ao contrário, minha tradicional honestidade intelectual e, tanto quanto possível, minha objetividade analítica.
1. Características gerais
Uma leitura, mesmo superficial, do documento em questão, permite detectar, antes de mais nada, uma filosofia geral, não muito diferente daquela que perpassa a vida nacional em outras esferas de orientação política ou econômica. Trata-se de um documento que coloca o princípio da independência nacional como vetor absoluto de qualquer posicionamento em matéria de segurança e defesa. Independentemente, portanto, de suas outras qualidades setoriais, e até de planejamento global dessa importante interface das relações do Brasil – e essas outras qualidades existem, mas não serão enfatizadas aqui –, cabe destacar em primeiro lugar esse elemento gaullien, ou gaulliste, do documento, que pode ser resumido em alguns poucos conceitos: a filosofia global do documento, a que mais revela a visão do mundo (Weltanschauung) de seus formuladores, portanto, é a do soberanismo e, sobretudo, a do nacionalismo.
Não há muita novidade nesse particular, pois que o Brasil sempre foi, desde o início da República, pelo menos, um país essencialmente soberanista e nacionalista; esta última característica foi bem mais acentuada a partir da era Vargas. Esse aspecto, normal e até ‘obrigatório’ para os defensores oficiais da pátria, apresenta outro problema ao tratar do planejamento, produção e utilização de “bens” de defesa, quaisquer que sejam eles, posto que o elemento básico de ‘edifício securitário e dissuasório’ passou a ser o da autonomia absoluta, quaisquer que sejam os custos explícitos e implícitos – ou seja, o custo-oportunidade, em linguagem econômica – dessas opções fundamentais da estratégia ‘nacional’ de defesa (e o qualificativo central assume aqui toda a sua carga de obrigatoriedade, em sentido estrito e lato).
Esta outra característica, econômica, deve ser sublinhada de imediato e com a maior ênfase, pois que implicando em toda uma problemática que não tem tanto a ver com a substância em si das escolhas básicas em matéria de estratégia, mas decisiva na definição dos meios. Ela é a seguinte: independentemente dessas escolhas, é um fato que o documento em si não foi feito por economistas, não recebeu uma análise de algum ‘espírito econômico’, nem pretende prestar contas de seus custos econômicos para o país e a sociedade. Simplificando ao extremo – mesmo sob o risco de ver o documento transformado em caricatura dele mesmo – eu diria que o documento é completamente anti-econômico, não apenas por propor uma estratégia grandiosa, inalcançável no plano dos recursos disponíveis, mas sobretudo por propor um caminho de realização dessa estratégia que não leva em conta o princípio básico da escassez de recursos, ou se o leva, o faz apenas como uma espécie de gradualismo orçamentário.
Existe, obviamente, uma razão de ordem prática, ou seja, econômica, para que a END não possa ser aplicada; ou mesmo que, se ela for eventualmente aplicável – viabilizada pelos procedimentos legislativos e orçamentários em um Estado democrático normal –, ela não consiga ser colocada em vigor em toda a sua plenitude. Para que isso ocorra, seria provavelmente necessário mais do que um PIB inteiro – sem que um valor preciso possa ser de fato estimado – para que toda a imensa ambição da END seja integralmente implementada. Não se pretende no espaço limitado deste comentário elaborar a propósito da total anti-economicidade da END; apenas confirmar que essa característica não se prende apenas ao documento, mas perpassa o conjunto de atitudes e de políticas econômicas brasileiras desde muito tempo, estando, portanto, entranhadas, na própria ‘ideologia nacional desenvolvimentista’, subjacente a todo o documento. Qualquer que seja a postura política que se possa ter em relação a essa ‘ideologia’, e sua interação com a END (qualquer que seja ela, esta, ou uma outra) uma abordagem metodologicamente apropriada a uma política nacional tão importante quanto esta não poderia dispensar uma rigorosa análise econômica de sua efetividade e adequação a uma estratégia nacional de desenvolvimento econômico e tecnológico (e, por extensão, social).
Esta não é, contudo, a objeção maior que se possa fazer ao documento, e ao modo de pensar de seus formuladores, ainda que ela seja decisiva no plano dos meios e das possibilidades. Essa objeção tem a ver com a sua inocuidade ou, ao menos, a sua inadequação aos propósitos prioritários que o próprio documento estabelece.
2. Características específicas
A outra grande deficiência do documento é o fato de que, mesmo sendo a END hipoteticamente implementável – supondo-se que existissem meios infinitos e nenhum constrangimento orçamentário – ela não teria os efeitos que seus propositores pretendem, ou apenas teria ‘certos’ efeitos, característicos, precisamente, de sua concepção fundamental: soberanista, nacionalista, autonomista no mais alto grau, ignorando não apenas a interdependência econômica contemporânea, como também os propósitos maiores da política externa brasileira, seja em sua dimensão regional, seja em seus objetivos multilaterais e internacionais.
A END pretende dar prioridade a duas ‘Amazônias’, a verde e a azul, como se os principais problemas da defesa, da segurança ou da estratégia dissuasória do Brasil estivessem concentrados nessas duas regiões. Aliás, o documento falha em identificar claramente onde estariam essas ameaças, como se o conceito de defesa não implicasse em seu complemento necessário: contra o quê, exatamente, ou contra quem? As ameaças são classificadas como difusas; mas aqui e ali perpassa a idéia de que seria uma potência (ou uma coalizão de potências) dotada de meios ofensivos superiores (um claro eufemismo para os EUA e países europeus). Não se considera, por exemplo, que os centros nevrálgicos da economia e das decisões nacionais se encontram distribuídos em uma faixa litorânea de 200km ao longo da costa atlântica, ou que nossas fragilidades são bem mais internas do que externas.
Os problemas principais, contudo, derivam do fato de que, em todos os vetores que a END considera como essenciais, o espacial, o cibernético e o nuclear, uma estratégia puramente nacional, autonomista e soberanista, como a proposta no documento, redundaria em custos indefinidos, prazos extremamente delongados ou impasses ou obstáculos tecnológicos previsíveis. As dificuldades não parecem impressionar os autores do documento, que desprezam ou minimizam a necessidade de cooperação externa no que se refere ao know-how para os primeiros dois vetores, ou colocam de lado os constrangimentos internacionais no que se refere ao vetor nuclear. O documento parte da suposição de que os parceiros externos, indefinidos, saberão se acomodar ao desejo brasileiro de obter acesso à tecnologia, sem o que essas parcerias presumivelmente não existirão.
Em outros trechos, onde se fala de ‘parceiros’, estes são identificados a países emergentes, com os quais se realizará outro dos objetivos prioritários do atual governo brasileiro: a reforma das instituições internacionais, em especial dos organismos econômicos. No plano internacional, justamente, o documento falha em vincular o outro grande objetivo internacional do governo brasileiro: a assunção de uma cadeira permanente no CSNU e o aumento da presença brasileira no cenário internacional. Se este é um objetivo factível – o que parece muito duvidoso – então a END não parece adaptada aos requisitos e necessidades de uma maior inserção do Brasil nas operações de peace-making e de peace-keeping da ONU, ou até de uma ação independente em determinados teatros especiais.
3. O problema regional e a questão hemisférica
O documento quase não trata das grandes prioridades da atual política externa brasileira: o reforço do Mercosul e a integração política e física da América do Sul; mas quando o faz, as menções são puramente retóricas, sem a perspectiva de uma integração real, igualitária. Os vizinhos são basicamente considerados como clientes potenciais da indústria brasileira de defesa, totalmente independente, cabe lembrar.
A integração seria algo puramente instrumental para viabilizar economias de escala para essa indústria, diluindo assim os custos entre um número maior de clientes, ou de dependentes (condição que se recusa para o próprio Brasil). O famoso Conselho de Defesa Sul-Americano – que não é bem de defesa, mas simplesmente de coordenação da segurança regional – parece ter sido criado para servir a esses mesmos objetivos, e sua característica mais realçada é a de que ele seria conduzido sem qualquer parceiro externo à própria região.
Esse ‘isolamento’ dos EUA – como se tal fosse possível – parece resultar de dois elementos combinados, a partir de dois vetores completamente diferentes: por um lado, a tradicional necessidade militar de definir ‘ameaças’ credíveis – e não se concebe qualquer outra ameaça efetiva na região, depois da normalização das relações com a Argentina – agora parcialmente coberta pela figura da ‘potência superior’; por outro lado, o anti-imperialismo infantil, e completamente démodé, de setores políticos da base de sustentação do governo e da esquerda acadêmica esclerosada.
Esse exclusivismo regional, à exclusão do grande irmão hemisférico, e a política de aproximação do Brasil com parceiros ‘emergentes’ ditos estratégicos – como a Índia, por exemplo – podem vir a ser fontes de problemas na estratégia brasileira de integração regional, na área política e de segurança, inclusive porque isso tem implicações para os problemas da cadeira no CSNU e da opção nuclear.
É relevante registrar que, para que o Brasil pudesse realizar seus objetivos regionais, sobretudo o da integração sub-regional e da sul-americana – que supostamente são os mais valorizados pela diplomacia brasileira e a própria base da cooperação regional no terreno da segurança, e talvez da defesa –, o Brasil precisaria utilizar-se muito mais dos elementos de soft power da economia do que aqueles de hard power, pelo lado da defesa. Na verdade, o Brasil já possui, teórica ou hipoteticamente, as condições potenciais para praticar soft power na região, não o fazendo, por razões históricas e políticas.
Esse soft power estaria baseado na abertura irrestrita do seu mercado interno a todos os vizinhos sul-americanos, de forma integral e incondicional – vale dizer, sem qualquer exigência de reciprocidade – e na concepção e implementação de imenso esforço de cooperação bilateral com cada um deles (acolhendo bolsistas no Brasil e desenvolvendo projetos nesses países); cabe considerar, ademais, o papel crucial do investimento direto brasileiro na região, essencialmente a cargo do setor privado (eventualmente estimulado por políticas governamentais) e de uma ou outra estatal (Petrobras). O fato é que o Brasil não exercerá esse soft power, seja porque o país é naturalmente protecionista, seja porque os arranjos do Mercosul não o permitiriam, nas atuais condições.
A questão hemisférica, por sua vez, tem a ver com as relações do Brasil com o ‘império’, atualmente considerado uma presença nitidamente não desejável na região, sequer como parceiro (a menos que seja como fornecedor complacente da tecnologia necessária à capacitação brasileira em defesa). Pode-se até conceber essa ‘opção’ como uma derivação lógica – ainda que não assumida publicamente, por notórias implicações políticas – da antiga tese do chanceler Rio Branco quanto a uma divisão de tarefas no hemisfério: o império fica com o norte (aqui compreendendo todo o Caribe e América Central) e o Brasil se ‘ocupa’ da América do Sul. Mesmo admitindo que esse tipo de ‘missão compartilhada’ seja admissível ou possível, na prática – com todos os problemas ligados a uma suposta liderança brasileira na região – ela não resolve nenhum dos demais problemas vinculados à presença internacional brasileira ou, sobretudo, ao CSNU, que passam inevitavelmente por uma ‘boa relação’ de cooperação ativa com o império (algo ainda não admitido até aqui).
4. Problemas residuais e conclusão provisória
Sem pretender aprofundar, neste momento, todos os problemas relevantes da END – inclusive o das ‘ferramentas’ que poderiam, ou não, ser funcionais para essa estratégia particular, entre elas o submarino nuclear, algum eventual porta-aviões ou outros instrumentos de projeção externa – caberia mencionar, mesmo rapidamente, dois outros problemas relevantes que também têm a ver mais com a ‘filosofia’ do documento do que propriamente com os meios e fins dessa concepção de defesa.
O primeiro tem a ver com a opção confirmada por um ‘serviço militar obrigatório’, aliás, acrescido de um recrutamento universal (quem não fosse aproveitado no ‘equalizador republicano’, iria para um equivalente civil). Esta opção parece decorrer mais de necessidades da força de terra, do que dos requerimentos das duas outras forças, que aparentemente se acomodariam – ou mesmo desejariam – a alternativa de forças totalmente profissionais e exclusivas. Opções de maior flexibilidade operacional recomendariam, provavelmente, a consideração da estratégia profissional para alguns tipos de missões militares (propriamente estratégicas), reservando-se o serviço universal para essa ocupação de ‘terreno republicano’ no grande espaço do Brasil ainda subdesenvolvido, como deseja certa ideologia pretensamente classista no documento. Aliás, o documento trai suas origens mais sociológicas do que propriamente institucionais ao mencionar expressamente o objetivo de incorporar todas as ‘classes sociais” a esse projeto pretensamente republicano: trata-se, provavelmente, da primeira vez que o Estado brasileiro trabalha com o conceito de classes sociais, em lugar de um equivalente verdadeiramente universal e igualitário, o de cidadãos, ao pretender formular uma política pública relevante.
O segundo problema tem a ver com a velha questão nuclear. Ademais de referir-se às possibilidades energéticas e tecnológicas do vetor nuclear, a END parece lamentar, em duas passagens, o abandono pelo Brasil dessa possibilidade ‘militar’: o Brasil “privou-se da faculdade de empregar a energia nuclear para qualquer fim que não seja pacífico”, e “proibiu-se a si mesmo o acesso ao armamento nuclear”, o que revela, provavelmente, alguma inclinação dos formuladores do documento. Inconsciente ou deliberadamente, esse tipo de linguagem pode representar uma eventual tentativa de deixar a opção aberta, caso novos desenvolvimentos internacionais, do lado do TNP, tornem viável ou factível alguma futura revisão constitucional no plano nacional. Esse ‘desejo secreto’ pode revelar-se problemático no plano internacional e até no regional, inclusive porque está expressamente dito que o Brasil “não aderirá a acréscimos ao TNP destinados a ampliar as restrições do Tratado sem que as potências nucleares tenham avançado na premissa central do Tratado: seu próprio desarmamento nuclear”. Essa posição é uma espécie de prolongamento da recusa do TNP mantida durante 30 anos pelos estrategistas – militares e diplomáticos – brasileiros em relação a esse vetor considerado fundamental de qualquer estratégia dissuasória no plano mundial.
Finalmente, cabe registrar, mais uma vez, o aspecto positivo da divulgação da END, pelo simples fato de existir e de permitir debates públicos em torno de ‘uma’ END e, sem pretender retomar um chavão que diria que ‘uma outra END é possível’, sublinhe-se apenas que ela começa o debate sobre onde, e com que instrumentos, o Brasil quer chegar em matéria de defesa e de segurança estratégica. Com a atual conformação nacionalista, soberanista, autonomista e arrogantemente tutelar no plano regional, sem mencionar a rejeição preventiva da ‘cooperação imperial’, pode-se legitimamente perguntar se jamais o Brasil chegará ao ponto indicado na END. A grande ambição da atual END é, provavelmente, o ideal do ponto de vista dos militares: pergunta-se apenas se ela é factível e se é essa a END que interessa ao Brasil, como nação integrada à região e ao mundo. O tema permanece sob exame.
Brasília, 11 de fevereiro de 2009
domingo, 15 de março de 2009
1034) Concurso para a carreira diplomática
http://www.cespe.unb.br/concursos/DIPLOMACIA2009/
1033) Aposentadoria presidencial: melhor que no Paraiso
DECRETO Nº 6.381, DE 27 DE FEVEREIRO DE 2008.
Regulamenta a Lei no 7.474, de 8 de maio de 1986, que dispõe sobre medidas de segurança aos ex-Presidentes da República, e dá outras providências.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o art. 84, inciso IV, da Constituição, e tendo em vista o disposto na Lei no 7.474, de 8 de maio de 1986,
DECRETA:
Art. 1o Findo o mandato do Presidente da República, quem o houver exercido, em caráter permanente, terá direito:
I - aos serviços de quatro servidores para atividades de segurança e apoio pessoal;
II - a dois veículos oficiais, com os respectivos motoristas; e
III - ao assessoramento de dois servidores ocupantes de cargos em comissão do Grupo-Direção e Assessoramento Superiores - DAS, nível 5.
Art. 2o Os servidores e motoristas a que se refere o art. 1o serão de livre escolha do ex-Presidente da República e nomeados para cargo em comissão destinado ao apoio a ex-Presidentes da República, integrante do quadro dos cargos em comissão e das funções gratificadas da Casa Civil da Presidência da República.
Art. 3o Para atendimento do disposto no art. 1o, a Secretaria de Administração da Casa Civil da Presidência da República poderá dispor, para cada ex-Presidente, de até oito cargos em comissão do Grupo-Direção e Assessoramento Superiores - DAS, sendo dois DAS 102.5, dois DAS 102.4, dois DAS 102.2 e dois DAS 102.1.
Art. 4o Os servidores em atividade de segurança e os motoristas de que trata o art. 1o receberão treinamento para se capacitar, respectivamente, para o exercício da função de segurança pessoal e de condutor de veículo de segurança, pelo Departamento de Segurança do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República.
Art. 5o Os servidores em atividade de segurança e os motoristas aprovados no treinamento de capacitação na forma do art. 4o, enquanto estiverem em exercício nos respectivos cargos em comissão da Casa Civil, ficarão vinculados tecnicamente ao Departamento de Segurança do Gabinete de Segurança Institucional, sendo considerados, para os fins do art. 6o, inciso V, segunda parte, da Lei no 10.826, de 22 de dezembro de 2003, agentes daquele Departamento.
Art. 6o Aos servidores de que trata o art. 5o poderá ser disponibilizado, por solicitação do ex-Presidente ou seu representante, porte de arma institucional do Departamento de Segurança do Gabinete de Segurança Institucional, desde que cumpridos os seguintes requisitos, além daqueles previstos na Lei no 10.826, de 2003, em seu regulamento e em portaria do Ministro de Estado Chefe do Gabinete de Segurança Institucional:
I - avaliação que ateste a capacidade técnica e aptidão psicológica para o manuseio de arma de fogo, a ser realizada pelo Departamento de Segurança do Gabinete de Segurança Institucional;
II - observância dos procedimentos relativos às condições para a utilização da arma institucional, estabelecidos em ato normativo interno do Gabinete de Segurança Institucional; e
III - que se tratem de pessoas originárias das situações previstas no art. 6o, incisos I, II e V, da Lei no 10.826, de 2003.
Parágrafo único. O porte de arma institucional de que trata o caput terá prazo de validade determinado e, para sua renovação, deverá ser realizada novamente a avaliação de que trata o inciso I do caput, nos termos de portaria do Ministro de Estado Chefe do Gabinete de Segurança Institucional.
Art. 7o Durante os períodos de treinamento e avaliação de que tratam os arts. 4o e 6o, o servidor em atividade de segurança e motorista de ex-Presidente poderá ser substituído temporariamente, mediante solicitação do ex-Presidente ou seu representante, por agente de segurança do Departamento de Segurança do Gabinete de Segurança Institucional.
Art. 8o O planejamento, a coordenação, o controle e o zelo pela segurança patrimonial e pessoal de ex-Presidente caberá aos servidores de que trata o art. 1o, conforme estrutura e organização própria estabelecida.
Art. 9o A execução dos atos administrativos internos relacionados com a gestão dos servidores de que trata o art. 1o e a disponibilidade de dois veículos para o ex-Presidente serão praticadas pela Casa Civil, que arcará com as despesas decorrentes.
Art. 10. Os candidatos à Presidência da República terão direito a segurança pessoal, exercida por agentes da Polícia Federal, a partir da homologação da respectiva candidatura em convenção partidária.
Art. 11. O Ministro de Estado da Justiça, no que diz respeito ao art.. 10, o Ministro de Estado Chefe do Gabinete de Segurança Institucional, no que concerne aos arts. 4o, 5o, 6o e 7o, e o Secretário de Administração da Casa Civil, quanto ao disposto nos arts. 2o e 9o, baixarão as instruções e os atos necessários à execução do disposto neste Decreto..
Art. 12. Este Decreto entra em vigor na data da sua publicação.
Art. 13. Revoga-se o Decreto no 1..347, de 28 de dezembro de 1994.
Brasília, 27 de fevereiro de 2008; 187o da Independência e 120o da República.
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
Tarso Genro
Jorge Armando Felix
Disponivel no link:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/Decreto/D6381.htm
terça-feira, 10 de março de 2009
1032) A crise segundo Einstein
"Não pretendemos que as coisas mudem, se sempre fazemos o mesmo. A crise é a melhor benção que pode ocorrer com as pessoas e países, porque a crise traz progressos. A criatividade nasce da angústia, como o dia nasce da noite escura. É na crise que nascem as invenções, os descobrimentos e as grandes estratégias. Quem supera a crise, supera a si mesmo sem ficar "superado".
Quem atribui à crise seus fracassos e penúrias, violenta seu próprio talento e respeita mais aos problemas do que às soluções.
A verdadeira crise, é a crise da incompetência. O inconveniente das pessoas e dos países é a esperança de encontrar as saídas e soluções fáceis.
Sem crise não há desafios, sem desafios, a vida é uma rotina, uma lenta agonia. Sem crise não há mérito. É na crise que se aflora o melhor de cada um. Falar de crise é promovê-la, e calar-se sobre ela é exaltar o conformismo. Em vez disso, trabalhemos duro. Acabemos de uma vez com a única crise ameaçadora, que é a tragédia de não querer lutar para superá-la"
Albert Einstein
quinta-feira, 5 de março de 2009
1031) Homenagem a Marcio Moreira Alves: um jornalista
05/03/2009
Márcio Moreira Alves, o Marcito dos familiares e amigos, está de partida... Após anos de sofrimentos que levaram a quase impossibilidade do convívio com a legião de amigos queridos que havia sabido construir ao longo da sua existencia, e dos dolorosos meses finais de silêncio imposto pelas sequelas do seu AVC, o nosso querido e inestimável Marcito já está tendo desligadas as sondas, os aparelhos, a vida artificial... Só nos resta fazer uma grande cadeia de orações e de pensamento positivo para que tenha um desenlace doce e tranquilo...
Seu nome está inscrito ma história brasileira. Mas êle foi, acima de tudo, um jornalista. Um dos melhores que o Brasil já teve. Prêmio Esso de Jornalismo aos 22 anos, pela cobertura para o Correio da Manhã do fato político de repercussão nacional do tiroteio na Assembléia de Alagoas durante a votação do impeachment do governador Munhoz Falcão - no qual resultou ferido por uma bala perdida em pleno recinto da Assembléia - Marcito se rencontrou com o jornalismo já na década final da sua vida, como colunista político respeitado, primeiro do Estado de São Paulo, depois do jornal O Globo.
Vindo de uma família quatrocentona, de fazendeiros ex-donos de escravos e da qual saíram dois presidentes da República, foi no campo da política o traidor par excellence da sua classe de origem. A piada sempre correu no meio político e entre seus amigos mais chegados : por ocasião do golpe militar de 64 - que apoiou nos seus primórdios - teria sido visto falando com aquele seu jeito incorrigível de menino mimado : " titio me disse que..." , Bem, o "titio" era o velho líder da chamada banda de música da velha UDN, Afonso Arinos, o homem dos discursos mais virulentos em contra do presidente Vargas, na crise de 64, o mais ínsigne dos líderes históricos da rançosa UDN... (diga-se de passagem que, ao final da sua vida, Afonso Arinos foi um homem de uma correção extraordinária, relator da Comisão de Notáveis que redigiu o anteprojeto da Constituição. em 1987, um dos fundadores do PSDB ainda social-democrata).
Marcito foi uma das primeiras vozes que, após a consolidação do golpe militar, se levantou para combater as violencias e ilegalidades do novo regime. Escreveu os primeiros livros com as denúncias das torturas que se cometiam nos calabouços e nos quartéis. E também, com a sua sensibilidade de formação católica (sua mãe, a Dona Branca, era conselheira do Papa no Vaticano) foi um dos primeiros a perceber a importancia da renovação da Igreja pós-concílio Vaticano II e a descrever a Igreja dos pobres que surgia e se consolidava por todo o Brasil e América Latina.
Eleito deputado em 1966, esteve na raiz do pretexto militar para o "golpe dentro do golpe" : os seus discursos na Câmara conclamando às namoradas dos jovens cadetes a boicotar os desfiles militares do Sete de Setembro foi o estopim para a ira da linha dura militar que culminou com a quase deposição de Costa e Silva e a decretação do AI-5, Pretextos, pretextos, pretextos...
Refugiado no Chile (onde pude com êle estreitar a amizade e a convivencia, depois que , juntamente com a minha companheira Beatriz, pudemos sair do Brasil clandestinamente em 1969 com a ajuda, entre outros, de um outro homem notável que foi o seu pai, Dr. Márcio Alves), em 1970 transferiu-se para a França. Marie, sua companheira de então, era uma aristocrata fancesa nobre de sangue mas acima de tudo nobre de carácter e dignidade. O casamento deles, nos anos 50, parecia um conto de fadas : realizado em um castelo da família de Marie, no sul da França, foi um acontecimento das mil e uma noites...
Pois este homem foi sempre um "traidor" da sua classe. No combate às torturas e à repressão dos regimes militares na América Latina e no Brasil torrnou-se homem de esquerda e de convicções que jamais abandonou posteriormente.
Mudou-se para Paris para Lisboa atraído pela movimentação política e social após a Revolução dos Cravos e somente pode retornar ao Brasil (era um dos homens mais odiados pelos setores duros do regime militar) com a Anistia de 1979. Eu havia retornado ao Brasil alguns meses antes e tive a oportunidade de recebê-lo no aeroporto e de participar, junto com a sua família, da alegria das festas em sua recepção no retorno à Pátria.
Nunca fomos próximos politicamente. Mas nunca deixamos que as divergencias políticas contaminassem o nosso respeito e amizade recíprocos.
Quando for escrever as minhas memórias, muitos e muitos episódios curiosos e interessantes da convivencia com o Marcito vão ocupar bastante espaço, Que figuraça !
Montamos juntos no Chile e França um comitê para a divulgação das torturas e crimes políticos que se cometiam no Brasil, juntamente com o José Serra, a Tetê Morais, o Sérgio então companheiro da Tetê que tão tragicamente desapareceu na angústia dos desminhos do Brasil, e tantos companheiros mais. Publicávamos um boletim de nome infeliz - FBI, Frente Brasileño de Informaciones, em sua versão em espanhol, e Front Brésilien d'Information, em francês, que por muito tempo era a única fonte externa de divulgação sobre o que se passava nos subterraneos do "milagre brasileiro". Muitos de nós pagam até hoje um duro preço por esta atividade que se fazia na clandestinidade, cercada do maior sigilo. Durante muito tempo as reuniões semanais se faziam na minha casa, no centro de Santiago, em frente ao prédio central da Universidad Católica - onde eu e Beatriz estudávanos - em reuniões comandadas pelo José Serra... Que figura também o Serra, outro que proporcionará algumas histórias muito divertidas em minhas memórias...
Mas Marcito tinha, acima de tudo, uma vocação de jornalista. Creio que foi no espaço das suas colunas no Estadão e posteriormente no Globo que terminou por ser, nos últimos anos, o substituto do grande Castelinho dos bons temços do JB. Voltou a ser a voz escutada e reconhecida, cortejado pelo mundo político, observador implacável dos grandes fatos da vida política nacional. O papel que exerceu vem sendo desempenhado agora por outro grande jornalista - Merval Pereira-, outro homem, outro estilo, mas o mesmo compromisso com o jornalismo independente.
Um amigo comum me disse no dia de ontem, quando lhe dei a notícia do estado terminal do nosso Marcito : "a história do Brasil teria sido diferente se, justamente no momento em que o Marcito teve o seu primeiro AVC - quando começava a desvendar-se a história do mensalão - sua coluna política no Globo continuasse de pé...".
É possível que sim. Mas vou mais além : por uma destas circustancias do Destino que marcam as vidas dos grandes homens, a História do Brasil teria sido distinta sem a presença marcante do Marcito...
Quem o conheceu, saberá as razões de porquê não estou exagerando ao fazer este comentário...
Que Marcito parta em paz para esta nova travessia.. E nestes momentos de dor, o sofrimento por nós compartilhado com Marie - a mãe dos seus filhos, Madalena - sua companheira dedicada, Maria Helena e Branquinha, as irmãs queridas, Leonor, Isabel e Pedro, os filhos que adorava... Que grande homem o Brasil vai perder ! Tenhamo-lo em nossas memórias, para benefício desta e das gerações futuras.
Addendum Paulo Roberto de Almeida:
Comovente testemunho, este do Mauricio.
Conheci o Marcio nos tempos do exílio, anos 1970: encontrei-o primeiro na Bélgica, depois na Itália, outra vez em Colonia e em Paris, sempre nas reunioes do Front Brésilien d'Information, do qual eu participava junto com outros colegas.
A primeira vez foi na casa do Padre Jan Talpe, quando faziamos uma reuniao do FBI, em Louvain.
Sua tese de doutorado sobre a CNBB é um dos melhores estudos que já li sobre esse partido politico da Igreja Catolica.
Vale a homenagem...
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Paulo Roberto de Almeida
quarta-feira, 4 de março de 2009
1030) Metade trabalha, a outra metade recebe...
Tudo que uma pessoa recebe, sem que tenha trabalhado, virá necessariamente do trabalho de alguém que não receberá por isso.
Um governo não pode dar algo a quem quer que seja, que este mesmo governo não tenha tirado antes de outra pessoa.
Quando metade da população de um país entende que não precisa trabalhar, porque a outra metade da população cuidará e proverá por ela, a metade que se vê obrigada a prover a outra entenderá que não adianta trabalhar, porque o fruto de seu labor não será seu.
E esse, meu amigo, é o fim de qualquer nação.
Não há como multiplicar a riqueza pela subtração.
Não é possível legislar em prol da liberdade dos pobres, legislando de forma a cortar a liberdade dos ricos.
Dr. Adrian Rogers, 1931 - 2005
sábado, 28 de fevereiro de 2009
1029) Aviso aos navegantes: fraude com cartao de credito
Considero este tipo de informação suficientemente séria para repassá-la como alerta aos distraídos ou incautos, pois eu mesmo já fui contatado pela minha administradora de cartão de crédito, para confirmar alguma compra mais elevada que eu tinha efetivamente feito anteriormente. Supondo-se que algum balconista mal-intencionado possa atuar para alguma gangue do setor, é plausivel que se possa receber um telefonema do tipo descrito abaixo, ao que obviamente a reação normal será confirmar a compra. Mas, ao fazê-lo, ATENÇÃO para não repassar os dados do cartão...
CRIATIVIDADE EXCEPCIONAL. LEIA, POIS É MUITO BEM FEITO E DIFÍCIL DE PEGAR.
Os ladrões estão cada dia mais criativos!
Você recebe uma chamada e a pessoa diz:
- Estamos ligando do Departamento de Segurança da VISA (por exemplo).
Meu nome é 'Fulano' e meu número de identificação funcional é 'tal'...
- O Sr. comprou 'tal coisa' ( qualquer coisa bem estranha, como um 'dispositivo anti-Telemarketing') no valor de R$ 497,99, de uma empresa em Porto Alegre?
É óbvio que você responde que não, ao que se segue:
- 'Provavelmente, seu cartão foi clonado e estamos telefonando para verificar. Se isto for confirmado, estaremos emitindo um crédito ao seu favor.. Antes de processar o crédito , gostaríamos de confirmar alguns dados: o seu endereço é tal?' (Isto pode ser encontrado facilmente das listas telefônicas via Internet).
Ao você responder que sim, o golpista continua:
- 'Qualquer pergunta que o Sr. tenha, deverá chamar o número 0-800 que se encontra na parte traseira de seu cartão e falar com nosso Departamento de Segurança.
- Por favor, anote o seguinte número de protocolo '...
O bandido lhe dá então um número de 6 dígitos e pede:
- 'O Sr. poderia lê-lo para confirmar?'
Aqui vem a parte mais importante da fraude.
Ele diz então:
- 'Desculpe, mas temos que nos certificar de que o Sr.. está de posse de seu cartão. Por favor, pegue seu cartão e leia para mim o seu número'.
Feito isto, ele continua:
- 'Correto. Agora vire o seu cartão e leia, por favor, os 3 últimos números (ou 4 dependendo do cartão)'.
Estes são os seus 'Números de Segurança' (Pin Number), que você usa para fazer compras via Internet, para provar que está com o cartão!
Depois que você informa os referidos números, ele diz:
- 'Correto! Entenda que era necessário verificar que o seu cartão não estava perdido nem tinha sido roubado, e que o Sr. estava com ele em seu poder. Isso confirma que o seu cartão foi mesmo clonado, infelizmente.
- O Sr. teria alguma outra pergunta?'
Depois que você diz que não, o ladrão agradece e desliga.
Provavelmente, em menos de 10 minutos, uma compra via internet será lançada no seu cartão, e muitas outras, caso você não perceba a fraude até a chegada do extrato..
Como se proteger desta ação criminal?
É quase inútil fazer denuncias à polícia.
Até nos USA é difícil o rastreamento destas ligações.. Caso receba
este tipo de ligação, você pode falar para o bandido desligar que você mesmo fará a ligação para o 0800 da sua operadora.
Mas, mesmo que você desligue, fica claro que a melhor maneira é estar alerta e comunicar a todo o mundo sobre a existência de mais este golpe.
Assim sendo, por favor, passe isto a todos seus amigos ...com Cópia Oculta(CCO).
A informação é a nossa proteção!
sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009
1028) Tamas Szmrecsányi: uma homenagem a um Scholar
Abaixo, o preito feito por um colega acadêmico.
PRA
Homenagem
Amílcar Baiardi
Desde o dia 16 de fevereiro de 2009 a comunidade científica brasileira se vê desfalcada de um de seus membros mais ativos, o professor da Unicamp Tamás József Márton Károly Szmrecsányi.
Tamás foi um intelectual completo e também um "institutional builder" de porte, além de uma figura humana extraordinária. Gerações de estudantes de graduação e de pós-graduação foram seus alunos. Teve dezenas de orientandos de mestrado e doutorado e também foi confrade de milhares de afiliados de associações científicas que ele criou ou ajudou a criar.
Nas atividades de pesquisa, do mesmo modo, conviveu com centenas de pares, destacando-se pela liderança espontânea, pela capacidade de contribuir e de criticar de forma sempre construtiva.
Húngaro de nascimento e brasileiro por opção, Tamás acompanhou seus pais que imigraram para o Brasil após a Segunda Guerra Mundial, indo viver na cidade de SP. Concluiu nesta cidade seus estudos secundários e muito cedo se familiarizou com o idioma português, a ponto de ser redator de jornais e revistas de grande circulação.
Graduou-se em Filosofia pela Universidade de SP em 1961, concluiu o mestrado em Economia pela New School for Social Research, de Nova Iorque, em 1969, o doutorado em Economia pela Universidade Estadual de Campinas, em 1976, e, finalizando sua titulação acadêmica, realizou a tese de livre docência, também pela Unicamp, em 1985.
Tamás foi professor da USP, na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), e na Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA), e da Unicamp, no Instituto de Economia (IE) e no Instituto de Geociências (IG).
Sua última função de docência foi a de professor titular de História Social da Ciência e da Tecnologia no IG-Unicamp, onde se aposentou em 2001, mas ali permaneceu como professor e pesquisador voluntário, colaborando igualmente na editora dessa Universidade. No exterior, Tamás foi professor associado, visiting fellow, no Latin American Centre do St. Antony's College da University of Oxford, ocupando a cátedra Sergio Buarque de Holanda, em 1990, professor visitante da Universidade de Toulouse 1, em 1991/92, e da Facultad Latinoamericana de Ciencias Sociales, Flacso, Equador, em 1995.
Atuou como pesquisador da Fapesp e do CNPq e na USP colaborou com o Instituto de Estudos Avançados, como membro da Comissão de Assuntos Internacionais e do Conselho Editorial da revista do IEA.
Tamás foi autor de inúmeros livros e capítulos de livros e de centenas de artigos e "papers" publicados no Brasil, Estados Unidos, França, Inglaterra, México, Argentina, Colômbia e Equador. No campo editorial sua contribuição foi extraordinária, tendo sido fundador de periódicos científicos, membro de conselhos editoriais de revistas científicas nacionais e internacionais, membro de conselhos de editoras, diretor e organizador de coleções de História do Brasil e de História Econômica Brasileira em vários períodos, além de coautor, tradutor, prefaciador e apresentador de numerosos trabalhos científicos e de divulgação científica.
Na área de associativismo científico, Tamás foi protagonista da criação da Associação Brasileira de Pesquisadores em História Econômica (ABPHE), sendo seu primeiro presidente e conselheiro vitalício. Também foi membro, especialmente ativo no âmbito da América Latina, do Comitê Executivo da International Economic History Association.
Em alguns casos foi coadjuvante de criação e reestruturação de associações como a SBHC, Abra, Abep, Sober, SBPC, Ordem dos Economistas de SP etc, bem como membro de várias associações internacionais, entre elas a Associação Mexicana de História Econômica.
Tamás deu aos que lhe conheceram os melhores exemplos na esfera do fazer ciência e no âmbito das relações humanas. Deixa no mundo acadêmico uma lacuna difícil de ser preenchida.
quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009
1027) A velha fábula de Noé, atualizada
Acho que se comete um abuso com nossas autoridades tão responsáveis e precavidas, sobretudo com nossos representantes politicos, sempre preocupados com o bem comum.
Em todo caso, não recebi autorização para mudar a história, nem tenho inspiração para fazê-lo, portanto segue tal qual recebida...
PRA
Arca de Noé (versão adaptada)
Um dia, o Senhor chamou Noé que morava no Brasil e ordenou-lhe: "Dentro de 6 meses, farei chover ininterruptamente durante 40 dias e 40 noites, até que todo o Brasil seja coberto pelas águas. Os maus serão destruídos, mas quero salvar os justos e um casal de cada espécie animal. Vai e constrói uma arca de madeira."
No tempo certo, os trovões deram o aviso e os relâmpagos cruzaram o céu. Noé chorava, ajoelhado no quintal de sua casa, quando ouviu a voz do Senhor soar furiosa, entre as nuvens: "Onde está a arca, Noé?"
"Perdoe-me, Senhor, suplicou o homem. Fiz o que pude, mas encontrei dificuldades imensas: Primeiro tentei obter uma licença da Prefeitura, mas para isto, além das altas taxas para obter o alvará, me pediram ainda uma contribuição para a campanha do PT para eleição do prefeito. Precisando de dinheiro, fui aos bancos e não consegui empréstimo, mesmo aceitando aquelas taxas de juros. O corpo de bombeiros exigiu um sistema de prevenção de incêndio, mas consegui contornar, subornando um funcionário."
E Noé prosseguiu: "Começaram então os problemas com o IBAMA para a extração da madeira. Eu disse que eram ordens Suas, mas eles só queriam saber se eu tinha um Projeto de Reflorestamento e um tal de Plano de Manejo. Neste meio tempo eles descobriram também uns casais de animais guardados em meu quintal. Além da pesada multa, o fiscal falou em "Prisão Inafiançável" e eu acabei tendo que mata-lo, porque, para este crime a lei é mais branda."
"Quando resolvi começar a obra, na raça, apareceu o CREA e me multou porque eu não tinha um engenheiro naval responsável pela construção. Depois apareceu o Sindicato exigindo que eu contratasse seus marceneiros com garantia de emprego por um ano.Veio em seguida a Receita Federal, falando em "sinais exteriores de riqueza" e também me multou."
"Finalmente, quando a Secretaria do Meio Ambiente pediu o Relatório de Impacto Ambiental sobre a zona a ser inundada,mostrei o mapa do Brasil. Aí, quiseram me internar num hospital psiquiátrico!- Sorte que o INSS estava de greve".
Noé terminou o relato chorando, mas notou que o céu clareava e perguntou: "Senhor, então não irás mais destruir o Brasil? "Não! - respondeu a Voz entre as nuvens - pelo que ouvi de ti, Noé, cheguei tarde! O PT já se encarregou de fazer isso por mim!
sábado, 14 de fevereiro de 2009
1026) Educacao: direito, dever, ou o quê?
Olavo de Carvalho
Diário do Comércio, 27 de janeiro de 2009
Clicando no Google a palavra “Educação” seguida da expressão “direito de todos”, encontrei 671 mil referências. Só de artigos acadêmicos a respeito, 5.120. “Educação inclusiva” dá 262 mil respostas. Experimente clicar agora “Educar-se é dever de cada um”: nenhum resultado. “Educar-se é dever de todos”: nenhum resultado. “Educar-se é dever do cidadão”: nenhum resultado.
Isso basta para explicar por que os estudantes brasileiros tiram sempre os últimos lugares nos testes internacionais. A idéia de que educar-se seja um dever jamais parece ter ocorrido às mentes iluminadas que orientam (ou desorientam) a formação (ou deformação) das mentes das nossas crianças.
Eis também a razão pela qual, quando meus filhos me perguntavam por que tinham de ir para a escola, eu só conseguia lhes responder que se não fizessem isso eu iria para a cadeia; que, portanto, deveriam submeter-se àquele ritual absurdo por amor ao seu velho pai. Jamais consegui encontrar outra justificativa. Também lhes recomendei que só se esforçassem o bastante para tirar as notas mínimas, sem perder mais tempo com aquela bobagem. Se quisessem adquirir cultura, que estudassem em casa, sob a minha orientação. Tenho oito filhos. Nenhum deles é inculto. Mas o mais erudito de todos, não por coincidência, é aquele que freqüentou escola por menos tempo.
A idéia de que a educação é um direito é uma das mais esquisitas que já passaram pela mente humana. É só a repetição obsessiva que lhe dá alguma credibilidade. Que é um direito, afinal? É uma obrigação que alguém tem para com você. Amputado da obrigação que impõe a um terceiro, o direito não tem substância nenhuma. É como dizer que as crianças têm direito à alimentação sem que ninguém tenha a obrigação de alimentá-las. A palavra “direito” é apenas um modo eufemístico de designar a obrigação dos outros.
Os outros, no caso, são as pessoas e instituições nominalmente incumbidas de “dar” educação aos brasileiros: professores, pedagogos, ministros, intelectuais e uma multidão de burocratas. Quando essas criaturas dizem que você tem direito à educação, estão apenas enunciando uma obrigação que incumbe a elas próprias. Por que, então, fazem disso uma campanha publicitária? Por que publicam anúncios que logicamente só devem ser lidos por elas mesmas? Será que até para se convencer das suas próprias obrigações elas têm de gastar dinheiro do governo? Ou são tão preguiçosas que precisam incitar a população para que as pressione a cumprir seu dever? Cada tostão gasto em campanhas desse tipo é um absurdo e um crime.
Mais ainda, a experiência universal dos educadores genuínos prova que o sujeito ativo do processo educacional é o estudante, não o professor, o diretor da escola ou toda a burocracia estatal reunida. Ninguém pode “dar” educação a ninguém. Educação é uma conquista pessoal, e só se obtém quando o impulso para ela é sincero, vem do fundo da alma e não de uma obrigação imposta de fora. Ninguém se educa contra a sua própria vontade, no mínimo porque estudar requer concentração, e pressão de fora é o contrário da concentração. O máximo que um estudante pode receber de fora são os meios e a oportunidade de educar-se. Mas isso não servirá para nada se ele não estiver motivado a buscar conhecimento. Gritar no ouvido dele que a educação é um direito seu só o impele a cobrar tudo dos outros – do Estado, da sociedade – e nada de si mesmo.
Se há uma coisa óbvia na cultura brasileira, é o desprezo pelo conhecimento e a concomitante veneração pelos títulos e diplomas que dão acesso aos bons empregos. Isso é uma constante que vem do tempo do Império e já foi abundantemente documentada na nossa literatura. Nessas condições, campanhas publicitárias que enfatizem a educação como um direito a ser cobrado e não como uma obrigação a ser cumprida pelo próprio destinatário da campanha têm um efeito corruptor quase tão grave quanto o do tráfico de drogas. Elas incitam as pessoas a esperar que o governo lhes dê a ferramenta mágica para subir na vida sem que isto implique, da parte delas, nenhum amor aos estudos, e sim apenas o desejo do diploma.
quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009
1025) Mais uma falacia academica comentada
O mito do complô dos países ricos contra o desenvolvimento dos países pobres
“Falácias acadêmicas, 5" (Brasília, 20 janeiro 2009, 11 p., 1976)
Continuação da série, tratando desta vez das teses do economista Ha-Joon Chang. Publicado em Espaço Acadêmico (ano 8, n. 93, fevereiro 2009; link). Relação de Publicados n. 889.
quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009
1024) Pausa para os avancos fantasticos da ciencia
Acredito que seja isso: ignorância não se improvisa: é uma obra pacientemente construída, que deveria merecer algum prêmio IgNobel coletivo...
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Paulo Roberto de Almeida
As melhores frases dos piores estudantes
(PRA: Certamente uma maldade; aposto como metade dessas frases pertence a professores...)
O metro é a décima milionésima parte de um quarto do meridiano terrestre e pro cálculo dar certo arredondaram a Terra!
O cérebro humano tem dois lados, um pra vigiar o outro.
O cérebro tem uma capacidade tão espantosa que hoje em dia, praticamente, todo mundo tem um.
Quando o olho vê ele num sabe o que tá vendo, ele manda uma foto elétrica pro célebro que explica pra ele.
Nosso sangue divide-se em glóbulos brancos, glóbulos vermelhos e até verdes!
Nas olimpíadas a competição é tanta que só cinco atletas chegam entre os dez primeiros.
O piloto que atravessa a barreira do som nem percebe, porque não escuta mais nada.
O teste do carbono 14 nos permite saber se antigamente alguém morreu.
Antes mesmo da guerra a mercedes já fabricava volkswagen.
Pedofilia é o nome que se dá ao estudo dos pêlos.
O pai de D.Pedro II era D.Pedro I e de D.Pedro I era D Pedro 0
Nos aviões, os passageiros da primeira classe sofrem menos acidentes que os da classe econômica. (PRA: essa desigualdade de classes só acontece nos avioes capitalistas, por supuesto...)
O índice de fecundidade deve ser igual a 2 pra garantir a reprodução das espécies pois precisa-se de um macho e uma fêmea pra fazer o bêbe. Pode até ser 3 ou 4, mas bastam 2.
O homossexualismo ao contrário do que todos imaginam não é uma doença, mas ninguém quer pegar!
Em 2020 a previdência não terá mais dinheiro pra pagar os aposentados graças à quantidade de velhos que se recusam a morrer.
O verme conhecido como solitária é um molusco que mora no interior mas é muito sozinho.
Na segunda guerra mundial toda a europa foi vítima da barbie (barbárie) nasista.
Cada vez mais as pessoas querem conhecer sua família através da árvore ginecológica.
O hipopótamo comanda o sistema digestivo e o hipotálamo é um bicho bem perigoso.
A Terra se vira nela mesma, e esse difícil movimento denomina-se arrotação.
Lenini e Stalone eram grandes figuras do comunismo na Rússia.
Uma tonelada pesa pelo menos 100Kg de chumbo.
Quando os egípcios viam a morte chegando se disfarçavam de múmia.
Uma linha reta deixa de ser reta quando pega uma curva.
O aço é um metal muito mais resistente que a madeira.
O porco é assim chamado porque é nojento.
A fundação do Titanic serve pra mostrar a agressividade dos ice-bergs.
Pra fazer uma divisão basta multiplicar subtraindo.
A água tem uma cor inodora.
O telescópio é um tubo que nos permite ver televisão de bem longe.
O Marechal Deodoro da Fonzeca é conhecido principalmente pois está no dicionário.
A idade da pedra começa com a invenção do Bronze.
O sul foi colocado embaixo do norte pois é mais cômodo.
Os rios podem escolher em desembocar no mar ou na montanha.
A luta greco-romana causou a guerra entre esses dois países.
Os escravos dos romanos eram fabricados na áfrica, mas não eram de boa qualidade.
O tabaco é uma planta carnívora que se alimenta de pulmões.
Na idade média os tratores eram puxados por bois, pois não tinham gasolina.
A baleia é um peixe mamífero encontrado em abundância nos nossos rios.
A maconha deve ser proibida quando há flagrante.
Quando dois átomos se encontram, dá a maior merda.
Princípio de Arquimedes: todo corpo mergulhado na água, sai completamente molhado.
Newton foi um grande ginecologista e obstetra europeu que regulamentou a lei da gravidez e estudou os ciclos de Ogino-Knaus.
Pergunta: Em quantas partes se divide a cabeça?
Resposta: Depende da força da cacetada.
Trompa de Eustáquio é o instrumento musical de sopro, inventado pelo grande músico belga Eustáquio, de Bruxelas.
Parasitismo é o fato de um não trabalhar e vivendo a dar 'mordidas' nos outros, de dinheiro, cigarros e outros bens materiais.
Ecologia é o estudo dos ecos, isto é, da ida e vinda dos sons.
Biologia é o estudo da saúde. E para beneficiar a saúde é que o Dr.Fontoura inventou o biotônico.
As constelações servem para esclarecer a noite.
No começo os índios eram muito atrazados mas com o tempo foram se sifilizando.
O Convento da Penha foi construído no céculo 16 mas só no céculo 17 foi levado definitivamente para o alto do morro.
A História se divide em 4: Antiga, Média, Momentânea e Futura, a mais estudada hoje
Bigamia era uma espécie de carroça dos gladiadores, puchada por dois cavalos.
As aves tem na boca um dente chamado bico.
A terra é um dos planetas mais conhecidos e habitados no mundo.
sábado, 7 de fevereiro de 2009
1023) Ser diplomata: para os candidatos à carreira
Como pode eventualmente interessar a outros, e como ele tinha sido apenas objeto de palestra e divulgação muito discreta em meu site pessoa, acredito que uma nova transcrição facilite o conhecimento e a leitura por um número maior de eventuais interessados na carreira.
Eis a ficha do trabalho, seguida do próprio:
1591. “O Ser Diplomata: Reflexões anárquicas sobre uma indefinível condição profissional”, Brasília, 2 maio 2006, 3 p. Reflexões sobre a profissionalização em relações internacionais, na vertente diplomacia. Palestra organizada pela Pacta Consultoria em Relações internacionais, em cooperação com o Instituto Camões, realizada na Embaixada de Portugal, em 4/05/2006 (anúncio). Disponível no site pessoal (link).
O Ser Diplomata
Reflexões anárquicas sobre uma indefinível condição profissional
Paulo Roberto de Almeida
(pralmeida@mac.com; www.pralmeida.org)
Reflexões sobre a profissionalização em relações internacionais,
na vertente diplomacia, para palestra em 4 de maio de 2006
(Ciclo de Debates da Pacta Consultoria, Brasília, dia 4/05, às 19h30).
1) Não se é diplomata, acredito, como se é economista, ou advogado, ou médico. Nós, diplomatas, não pertencemos a nenhuma guilda medieval, a nenhuma corporação de ofício, a nenhuma ordem feita de requisitos estanques, ainda que muitos nos comparem a uma casta, ou a um estamento social, numa acepção bem mais difusa deste conceito weberiano. Ou seja, ser diplomata não é simplesmente uma questão de profissão; é uma vocação, uma questão de status, quase que uma missão, o chamado calling, examinado por Weber em seu famoso estudo sobre a ética protestante e o espírito do capitalismo.
2) Ser diplomata não é apenas uma questão de nomadismo, de gostar de viajar ou de viver fora do país; ser diplomata é ser, antes de mais nada, um ser com raízes na sua terra, um servidor público na acepção mais completa dessa palavra, um funcionário do Estado, antes que de um governo e, como tal, estar identificado com a nação ou com a sociedade da qual se emergiu, na qual nos formamos e para a qual desejamos legar uma situação melhor do que aquela que recebemos de nossos pais e antecessores.
3) Ser diplomata não resulta, simplesmente, de um treinamento ad hoc, adquirido num desses cursinhos preparatórios de seis meses ou um ano, feitos de muita decoreba, alguma simulação para os exames e uma leitura sôfrega da bibliografia recomendada, por mais que ela seja ampla. Ser diplomata resulta de uma preparação de longo curso, adquirida no contato constante com uma cultura superior à da média da sociedade, no cultivo da leitura descompromissada com a aquisição de qualquer saber instrumental, resulta da curiosidade atemporal por todas as culturas e sociedades, passadas ou presentes e, sobretudo, da contemplação ativa da realidade, daquilo que um dramaturgo brasileiro famoso, Nelson Rodrigues, chamava de “a vida como ela é”.
4) Ser diplomata não é estar ou viver obcecado pela diplomacia, fazer dessa atividade o seu último ou supremo objetivo de vida, a sua única ocupação possível ou imaginável, sem outros afazeres ou hobbies. Ser diplomata, ser um bom diplomata significa, também, fazer algo mais no seu itinerário de vida, ter uma outra ocupação, uma distração, um divertissement, ou hobby, outras obsessões e amores na existência, de maneira a poder enfrentar a diversidade da vida, inclusive os altos e baixos da própria diplomacia, quando descobrimos que nem todo diplomata é exatamente um diplomata, naquela acepção que emprestamos ao termo. Ser um bom diplomata é se ver imaginando que, “se eu não fosse diplomata, o que mais, exatamente, eu gostaria de ser?; de onde mais eu poderia tirar motivos de satisfação, aonde mais eu poderia colaborar, com pleno gosto, com a sociedade na qual me formei, no país onde vivo?”. Se soubermos bem responder a esta questão, “o que eu faria se não fosse diplomata?”, já se tem meio caminho andado para ser um bom diplomata...
5) Ser diplomata é saber se colocar acima das paixões e dos modismos do presente, transcender interesses políticos conjunturais, em favor de uma visão de mais longo prazo, afastar posições partidárias ou de grupos e movimentos com inserção parcial ou setorial na sociedade, em favor de uma visão nacional e uma perspectiva de mais longo prazo. Significa, sobretudo, contrapor às preferências ideológicas pessoais, ou de grupos momentaneamente dominantes, ou dirigentes, uma noção clara do que sejam os interesses nacionais permanentes.
Muito bem, uma vez dito o que acabo de expor, o que mais eu poderia dizer a vocês, ávidos de uma legítima curiosidade sobre os segredos da carreira diplomática, sobre o que é ser diplomata, enquanto profissão, enquanto vocação?
É claro que tudo começa em poder ser diplomata, em poder ingressar na carreira, em passar pelo crivo dos exames de entrada, dos requisitos de desempenho na soleira da profissão, ou seja, ultrapassar a porteira da entrada do concurso público: aberto, secreto, universal (ou quase).
Para isso, minha primeira e principal recomendação seria: pense numa preparação de longo curso, de longue haleine, diriam os franceses. E, sobretudo, pensem numa formação essencialmente autodidata. Isto por uma razão muito simples: por melhor que seja um curso universitário, e certamente existem dos bons, dos maus e dos feios, as “faculdades Tabajara”, como dizemos, por melhores que sejam esses cursos, eles nunca vão dar a vocês tudo aquilo de que vocês necessitam para entrar e para ser, já não digo um diplomata prêmio Nobel, mas um bom diplomata, de primeira linha. Quem vai prover o essencial da formação de vocês, são vocês mesmos, é o esforço individual, é o empenho pessoal no auto-aperfeiçoamento, no estudo voluntário, na pesquisa constante.
Em segundo lugar, eu diria que o recomendável seria ter a diplomacia como uma aspiração e, ao mesmo tempo, preparar-se para uma profissão “normal” – não que a diplomacia seja “anormal”, mas ela é relativamente excepcional, só uns poucos são chamados a exercê-la e seria uma pena que todos os demais, não chamados a servir o país nessa área, vivam uma existência de adultos frustrados, de profissionais desgostosos com o que foram levados a trabalhar. Por isso, eu colocaria a diplomacia numa espécie de Gólgota algo inatingível, uma montanha escarpada à qual se ascende com certo sacrifício pessoal (em alguns casos familiar, também), uma recompensa depois de muita labuta. Profissionais que já conheceram experiências diversas na vida civil costumam fazer bons diplomatas; o que não quer dizer que aqueles jovens saídos dos bancos universitários diretamente para a carreira não façam, ou não sejam, bons diplomatas; ao contrário: bem vocacionados, eles farão tudo o que estiver ao seu alcance para bem servir ao Estado e à nação. Mas, alguém dotado de competências outras que não as simples artes diplomáticas – que são as da representação, da informação e da negociação, todos sabem – alguém assim saberá servir ao país com vários outros instrumentos e ferramentas adquiridos na vida prática, seja na veterinária, na engenharia, na agronomia, na economia doméstica ou no corte e costura, whatever...
Em terceiro lugar, eu diria que existem muitas formas de trabalho profissional e de expressão individual dentro das relações internacionais, dentro e fora da diplomacia, estrito senso. Existe a diplomacia empresarial, existe uma diplomacia do agronegócio, uma diplomacia das ONGs, dos jogadores de futebol – hoje um dos principais itens de exportação da pauta brasileira –, assim como existe uma diplomacia na própria academia, mas ela costuma ser das mais chatas, com suas vaidades e torres de marfim. Tudo é uma questão de competência e de dedicação. Sendo competentes na atividade que escolheram e estando contentes no desempenho quiçá temporário daquilo que estão fazendo, vocês serão felizes na vida, farão os outros felizes, e lutarão, talvez, pelo ingresso na carreira com a tranqüilidade que um exame desse tipo requer, não com o desespero ou a obsessão de uma batalha de vida ou morte. Sejam competentes e desempenhem as tarefas nas quais se encontram engajados e vocês já serão bons diplomatas, em qualquer hipótese e em qualquer profissão onde estiverem efetivamente colocados.
Minha mensagem central é justamente esta: o diplomata já é um ser realizado na vida, feliz consigo mesmo, confiante em seus estudos e em sua capacidade; conhecedor do mundo, mesmo que nunca tenha viajado de avião; curioso de todas as artes, mesmo que tenha estacionado num escritório durante vários anos; crítico dos seus professores, mesmo que nunca tenha ousado contestá-los em classe; anotador de livros; recortador de notícias de jornal e de páginas de revista; invasor de bibliotecas; delinqüente reincidente na arte de ler livros em livrarias – o que eu já fiz milhares de vezes –, enfim, uma pessoa totalmente à vontade nas artes do impossível e apaixonada por novos desafios.
Se vocês são um pouco assim, mesmo de forma distraída, desajeitada, totalmente sbagliatta, como diriam os italianos, se vocês também acham que sabem mais do que o chefe, então vocês já são diplomatas, só falta agora ingressar na carreira. Mas isso é uma mera formalidade.
Por fim, e termino aqui esta preleção, caberia abordar a carreira pelo lado prático: uma vez dentro da diplomacia, o que fazer exatamente? Ao lado, das missões clássicas, e tradicionais, do diplomata – que são as de informar, representar e negociar, sobre as quais não me estenderei por sua obviedade elementar –, existem aqueles que acreditam que o diplomata deve igualmente participar de uma espécie de projeto nacional, e aí sua missão seria, não apenas participar e contribuir para o processo de desenvolvimento do país, mas também engajar-se ativamente na transformação do mundo, de maneira a que este sirva, de maneira mais adequada, aos objetivos nacionais de desenvolvimento.
Sou cético quanto a essa extensão indevida das funções do diplomata, ainda que eu reconheça que nossas capacidades analíticas e por vezes executivas possam ser tão boas quanto as de qualquer especialista em políticas públicas. Defendo que o diplomata seja excelente nas suas funções tradicionais e, se possível, agregue valor ao seu trabalho pela dedicação paralela a atividades de pesquisa, similares, em grande medida, às que são conduzidas no âmbito da academia. Existe, obviamente, grande interface e uma notável similitude de métodos entre o trabalho acadêmico e o diplomático, naquilo que se refere à elaboração de estudos, position papers, diagnósticos de situação, reflexões prospectivas e tudo o mais que possa identificar-se com o processamento de informações. O diplomata, contudo, à diferença do seu colega de academia, não se limita a processar informações, ele as utiliza para elaborar posições negociadoras, para propor posturas práticas que o seu país deva assumir nos foros mundiais, nas relações bilaterais, nos desafios do sistema internacional.
Em determinadas instâncias negociadoras, o diplomata pode até ficar, no terreno de batalha, sem instruções precisas da capital quanto a que atitude adotar. Ele deverá portanto contar com todo o seu tirocínio e conhecimento do problema em causa, de molde a poder defender o interesse nacional da melhor forma possível. Na capital, ele deverá, na elaboração de posições, mobilizar todos os recursos técnicos e humanos de diferentes agências governamentais e alguns até privados, de maneira a extrair, na postura negociadora, o máximo de benefícios para o país num determinado contexto negociador.
Em última instância, a matéria-prima essencial do diplomata é a inteligência, e isso não depende de nenhuma fonte externa, mas de sua própria capacidade em acolher todo tipo de conhecimento e colocar essa informação a serviço de seu país.
Abraçando a carreira diplomática, vocês abordam uma carreira aberta sobretudo à inteligência. Cada um deve confiar em sua própria capacidade de trabalho e abrir-se o tempo todo a novos conhecimentos.
Muito obrigado...
Vôo São Paulo-Brasília (Gol 1778), 2 maio 2006, 4 p.
Revisão em 4.05.06. (1591).
1022) Revisitando Maquiavel
O moderno príncipe: Uma releitura maquiaveliana do poder contemporâneo
Revista Temas & Matizes (Cascavel/PR, Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Unioeste, a III, n. 5, ISSN: 1519-7972; p. 1-15)
link: http://e-revista.unioeste.br/index.php/temasematizes/article/download/548/459
1021) Falacias Academicas: novo artigo da serie publicado
“Falácias acadêmicas, 5: O mito do complô dos países ricos contra o desenvolvimento dos países pobres”
Brasília, 20 janeiro 2009, 11 p., 1976. Continuação da série, tratando desta vez das teses do economista Ha-Joon Chang. Publicado em Espaço Acadêmico (ano 8, n. 93, fevereiro 2009; link: http://www.espacoacademico.com.br/093/93pra.htm).
Transcrevo aqui o comentário simpático recém recebido de um jovem leitor:
"Prezado prof. Paulo Roberto de Almeida,
Eu desejaria congratulá-lo pelo artigo da série "Falácias Acadêmicas" - "O mito do complô dos países ricos contra o desenvolvimento dos países pobres". Foi um artigo espetacular, excelente, muito criativo, e, sobretudo, necessário. Já tive discussões com colegas a respeito daquele livro que o sr. citou, do autor coreano, assim como já até possuí um livro chamado "Communism and Nationalism - Karl Marx versus Friedrich List", de Roman Szporluk, que, confrontando as respectivas teorias destes dois teóricos com dados históricos de regimes comunistas, tenta mostrar como se dava, dentro do bloco comunista, a divergência de conduta entre regimes mais nacionalistas, protecionistas, portanto mais obedientes à teoria de List, e regimes mais internacionalistas, mais afeitos à teoria marxista. O livro, muito embora ostente um elogio editorial feito pelo conselheiro político Zbigniew Brzezinski, não me interessou muito no fim das contas, mas, incentivando-me a pesquisar mais sobre Friedrich List, economista menos conhecido, me fez descobrir que uma certa edição de uma de suas obras no Brasil contou com apresentação de Cristovam Buarque, o que acrescenta ainda mais fundamentos à tese das "falácias acadêmicas", mostrando o quanto falácias da política podem estar intrinsecamente ligadas a falácias acadêmicas (ou vice-versa).
Bem, é isso. Obrigado, e até mais.
André"
Agradeci e já anotei o nome do livro recomendado na minha lista de "Books To Read", que vou buscar na próxima vez que for aos EUA. Transcrevi esta mensagem, não por qualquer orgulho inadequado, mas apenas para estimular o debate intelectual em torno das teses de que tratamos, eu e o meu distante contendor, da universidade de Cambridge.
Não pretendi, no curto espaço de um artigo, aprofundar meus argumentos históricos sobre os problemas ali tratados, mas prometo fazê-lo num estudo mais aprofundado, que estou, aliás, elaborando...
segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009
1020) Um questionário liberal-libertário
Paulo Roberto de Almeida
Um amigo economista, Claudio Shikida, mandou uma mensagem a donos de blogs liberais-libertários para que respondessem a um questionário que preparou que deve fundamentar um trabalho de pesquisa sobre a blogosfera liberal-libertária e/ou conservadora (ou mesma não-alinhada), para ser respondida online (aqui, para os que se também animarem a fazê-lo: http://www.polldaddy.com/s/56845037A142B50B/).
Eu não me considero um liberal-libertário, estando mais para independente, mas como sou “dono de blog” (aliás, de vários), resolvi responder. Além de uma série de perguntas clássicas, figuravam algumas que requeriam certa elaboração, cujo teor transcrevo abaixo, seguidas imediatamente de minhas respostas. Talvez interesse a alguém saber quais são minhas posições sobre algumas "coisas" e sobre este nosso país.
Q.2. Você se considera
* liberal clássico
* libertário
* outros (não listados aqui, inclusive, sem alinhamento) (Minha opção)
* conservador
Q.6. Como você entrou em contato com a literatura austríaca e/ou liberal e/ou libertária e/ou conservadora? Conte um pouco de sua história a respeito.
Venho do marxismo, com evolução para a social-democracia e, através do estudo, da reflexão e da comparação, considero-me absolutamente independente, atualmente, sem qualquer tipo de afiliação a qualquer escola em particular. Considero-me basicamente um racionalista, ou seja, alguém que pensa cada problema com os instrumentos da razão (o que inclui um bocado de pesquisa, dados empíricos, reflexão com base em alguns elementos analíticos, e portanto teóricos, mas sem me filiar a uma corrente precisa) e, com base em tudo isso, procura implementar as melhores soluções possíveis para os problema humanos, sendo que algumas serão estritamente market-friendly, outras de cunho dirigista, ou planejada.
Na economia, estou bem mais do lado da liberdade irrestrita dos mercados do que da regulação estatal, mas reconheço que na sociedade moderna soluções estritamente laissez-faire tornaram-se praticamente impossíveis, na medida em que o Estado já avançou demais na regulação econômica e social. Sendo este o ponto de partida, fica muito difícil preconizar-se uma regulação puramente espontânea das questões sociais, posto que a selva regulatória já é uma realidade. Liberais eventualmente conduzidos a posições de mando na esfera política e econômica têm de ater-se a estas realidades, e procurar levar a regulação o mais próximo possível dos princípios liberais, mas tendo uma perfeita consciência de que eles estarão propondo um pouco mais de regulação, eventualmente até libertária, mas ainda assim regulação.
A liberdade de movimentos de capitais, por exemplo, é uma espécie de regulação, posto que garantida pelo Estado, até chegar o próximo colbertiano no seu comando.
Ou seja, sou anarco-libertário, mas absolutamente realista quanto às possibilidades de plena liberdade nas sociedades contemporâneas.
No plano filosófico, hesito em me classificar em qualquer escola que seja, pois elas podem também representar uma espécie de camisa de força conceitual. Melhor ser absolutamente livre na prática, inclusive das escolas libertárias...
Q.9. Como você avalia a atuação de think tanks liberais como o Instituto Liberdade, o Instituto Liberal (IL-RJ), o Ordem Livre ou o Instituto Millenium em prol da divulgação do pensamento liberal? Fique a vontade para elogiar e criticar.
Cada um procura levar sua mensagem num meio intelectual absolutamente hostil, ou talvez até medíocre, como é o do Brasil, onde a inteligência leva de dez a zero contra as conveniências políticas e as espertezas econômicas. O Brasil é, infelizmente, um país no qual, por força da baixa educação formal, inclusive nas chamadas elites esclarecidas, as maiores fraudes intelectuais ainda encontram guarida nas universidades, nos meios políticos e até no comando do Estado, para nada dizer das máfias sindicais, patronais e de trabalhadores.
Esses think-tanks liberais nadam contra a corrente e se eles conseguem influenciar um punhado de jovens, milhares de outros mais estão sendo todos os dias conquistados pelas idéias não apenas antiliberais, mas obviamente medíocres, para não dizer fraudulentas propagadas por certos acadêmicos de sucesso e jornalistas ignorantes.
Creio que eles devem ainda assim persistir na educação dos mais jovens, posto que, eventualmente alguns deles chegarão a posições de mando e poderão, assim influenciar moderadamente o ambiente estatista-dirigista no qual vive o Brasil e diminuir, talvez, o quantum de mediocridade intelectual que percorre todas as instancias publicas do Pais.
Como se vê, sou bastante pessimista quanto às perspectivas o liberalismo econômico e político no Brasil.
Q.10. Há algo mais que queira acrescentar? Por favor, seja breve.
Sim, a despeito de tudo acredito no poder da palavra, da inteligência, do convencimento por vias racionais (do contrário, aliás, não seria professor, posto que essa não é minha atividade principal, da qual não retiro meu sustento essencial). Por isso, creio que os liberais devem persistir em seu esforço, por motivos os mais variados, que acredito, porém, serem os mais nobres possíveis: melhorar a humanidade pela via da liberdade, do livre-arbítrio e da capacidade de iniciativa individual. O mérito próprio sempre deve ser enfatizado, contra o paternalismo estatal e as soluções de favor.
Aqui a mensagem original:
Prezados donos de blogs,
Permitam-me tomar seu tempo com uma observaçào sobre o que enviei ontem: não é necessário fornecer o nome verdadeiro (embora não haja lá muito a comprometer os senhores neste questionário). Também agradeço se - conhecendo outros blogueiros afins - repassarem esta mensagem cujo conteúdo reproduzo abaixo.
Preciso muito de sua ajuda no preenchimento desta pesquisa. Agradeço imensamente sua colaboração. São menos de dez perguntas, muitas de múltipla escolha. Trata-se de uma pesquisa bem simples sobre a blogosfera liberal-libertária e/ou conservadora (ou mesma não-alinhada). O link segue abaixo. Agradeço muito sua participação.
http://www.polldaddy.com/s/56845037A142B50B/
Atenciosamente,
Claudio Shikida
p.s. se você tem ou teve co-blogueiro(s), por favor, repasse o link para ele.
http://shikida.net and http://works.bepress.com/claudio_shikida/
domingo, 1 de fevereiro de 2009
1019) Trabalhos publicados: relacao dos mais recentes
Abaixo, uma relação dos trabalhos publicados mais recentes:
878. To Be or Not the Bric, Inteligência (Rio de Janeiro: Ano: XI - 4º trimestre, 12/2008, p. 22-46). Relação de Trabalhos n. 1920.
879. O problema da universidade no Brasil: do público ao privado?. Via Política (15.12.2008). Relação de Trabalhos nº 1934.
880. Previsões imprevisíveis em tempos de crise global: minha astrologia econômica para 2009 (e mais além), Via Política (22.12.2008). Relação de Trabalhos nº 1963.
881. Fórum Surreal Mundial: Pequena visita aos desvarios dos antiglobalizadores, Mundorama, divulgação científica em relações internacionais (27.12.2008). Relação de Trabalhos nº 1966.
882. Lula's Foreign Policy: Regional and Global Strategies. In: Werner Baer and Joseph Love (eds.), Brazil under Lula (Palgrave-Macmillan, 2008. ISBN: ; p. ). Relação de Trabalhos nº 1811. [Ainda não recebi este livro]
883. Globalizando: ensaios sobre a globalização e a antiglobalização (Brasília: Edição do Autor, 2009, 273 p.), Brasília, 1 de janeiro de 2009, 273 p. Compilação de ensaios sobre a globalização e seus contrarianistas. Disponibilizada no site pessoal e no site NeoReader (link). Relação de Trabalhos n. 1970.
884. Previsões imprevisíveis em tempos de crise global: minha astrologia econômica para 2009 (e mais além). Espaço Acadêmico (ano 8, nr. 92, janeiro 2009). Relação de Trabalhos n. 1963.
885. Fórum Surreal Mundial, 1: Reciclando velhas idéias, Via Política (12.01.2009). Relação de Trabalhos n. 1966.
886. Fórum Surreal Mundial, 2: Pequena visita aos desvarios dos antiglobalizadores, Via Política (19.01.2009) Relação de Trabalhos n. 1966.
887. Brazil, com Denise Gregory, Diretora Executiva do Cebri. In: Growth and Responsibility: The positioning of emerging powers in the global governance system; Gerhard Wahlers, Paulo Roberto de Almeida, He Fan, Denise Gregory, Matthew Joseph, Leaza Kolkenbeck-Ruh, Rajiv Kumar (Berlin: Konrad Adenauer Stiftung, 2009, 126 p.; ISBN 978-3-940955-45-6; p. 11-30; link: ). Titulo original: Brazil's Integration into Global Governance: The rise of the Outreach-5 countries to a G-8 (plus) status. Relação de Trabalhos n. 1868.
Voilà, por enquanto é só (para listas completas ver o site: www.pralmeida.org)
terça-feira, 27 de janeiro de 2009
1018) FGV cria Centro de Estudos sobre Relações Internacionais
A Fundação Getulio Vargas acaba de criar seu Centro de Estudos sobre Relações Internacionais, sediado no Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil (CPDOC) e coordenado por Matias Spektor
O CPDOC está também com edital aberto para duas bolsas de pós-doutorado, com início em julho de 2009 e valor de R$ 5.000 mensais.
Os candidatos devem ter defendido o doutorado a partir de janeiro de 2005. Mais informações em http://www.fgv.br/cpdoc
segunda-feira, 26 de janeiro de 2009
1017) Entrevistas com Niall Ferguson (Video)
Money and Power:
Conversations with History: Institute of International Studies, UC Berkeley (2003)
YouTubeVersion
The War of the World:
Conversations with History: Institute of International Studies, UC Berkeley (2006)
YouTubeVersion
The Ascent of Money:
Conversations with History: Institute of International Studies, UC Berkeley (2008)
YouTubeVersion
Site pessoal de Niall Ferguson
domingo, 25 de janeiro de 2009
1016) Mundorama - Divulgação em Relações Internacionais
Mundorama é a iniciativa de divulgação científica em Relações Internacionais da Universidade de Brasília, apoiada pioneiramente pelo IBRI.
É uma abordagem ágil sobre os temas da agenda internacional e da política externa brasileira. A iniciativa divulga análises de conjuntura, notas técnicas, teses de doutorado, dissertações de mestrado, artigos científicos, relatórios de pesquisa, notícias de eventos e o acervo em formato digital de periódicos especializados. Tudo desenvolvido em uma abordagem não-exaustiva, mas cuidadosa e atenta aos rumos do desenvolvimento da comunidade especializada em Relações Internacionais no Brasil.
Análise de conjuntura
Artigos de análise de conjuntura sobre os grandes temas da agenda internacional contemporânea, e em especial, aqueles que interessam para a boa compreensão dos desafios da inserção internacional do Brasil. Cobertura de áreas geográficas, países e de temas selecionados, como Política Externa, Política Internacional, Economia Internacional, Defesa e Segurança, Organizações e Regimes Internacionais, entre outros.
Biblioteca
Acervo integral da Revista Brasileira de Política Internacional - RBPI, da revista Cena Internacional, Meridiano 47 - Boletim de Análise de Conjuntura em Relações Internacionais e a outras publicações nacionais. A seção se completa com uma seleção de livros publicados em formato digital disponíveis em bases de dados abertas, teses de doutorado e dissertações de mestrado em Relações Internacionais defendidas em universidades brasileiras, documentos diplomáticos e relatórios técnicos produzidos pela equipe de pesquisadores vinculada ao projeto.
Eventos e recursos de pesquisa
Divulgação de eventos nacionais e internacionais, oportunidades profissionais e de capacitação, e monitoramento de recursos de pesquisa existentes na internet. A seção traz ainda a repercussão do debate científico nacional e internacional sobre os temas da nossa agenda.
Conheça Mundorama - Iniciativa de Divulgação Científica em Relações Internacionais (http://www.mundorama.net).
sexta-feira, 23 de janeiro de 2009
1015) Concurso do Rio Branco: relembrando algumas dicas
Foi o caso, hoje, com este texto que transcrevo abaixo, do qual já nem tinha mais lembrança.
Pode ser que contenha ainda alguma coisa útil, mas não tenho certeza, pois não o reli. Em todo caso, neste período pré-concurso, que deixa muito candidato nervoso, talvez seja o caso de acalmar o pessoal.
Segue novamente, algo de dois anos atrás...
698) Concurso do Rio Branco: algumas dicas genericas sobre o TPS
Observações puramente pessoais...
Quinta-feira, Fevereiro 08, 2007
Paulo Roberto de Almeida
(pralmeida@mac.com; www.pralmeida.org)
Acredito que cada um dos candidatos ao concurso do Instituto Rio Branco para ingresso na carreira diplomática está dando o melhor de si mesmo nesta fase final. O importante seria que cada um dos candidatos entre na prova confiante naquilo que sabe, não desesperado com o que que eventualmente não sabe. Tranqüilidade na hora de responder me parece importante, assim como saber administrar o tempo disponível da melhor forma possivel. Eu nunca fiz TPS, mas com base no que vejo, leio e ouço, talvez pudesse fazer as seguintes observações.
Uma boa cultura geral, solidamente embasada na história, é essencial para responder às questões -- tanto as de múltipla escolha, quanto as de certo ou errado -- uma vez que o sucesso se mede, não tanto pelo maior número de acertos, mas talvez pelo menor número de erros possível.
Digo isto porque certas questões me parecem fortemente impregnadas de subjetivismo, ou de interpretações divergentes, quanto não duvidosas. Assim, o que cabe é eliminar aquelas opções que são claramente anacrônicas e incongruentes e deixar as opções (duas em cinco, idealmente) plausíveis e possíveis para um exame mais detalhado. História pode diferir de Português, mas acredito que este último está em grande medida impregnado de História e mais ainda de Literatura. Portanto, colocar as leituras em seu devido contexto -- Machado, Graciliano, Freyre etc -- é importante para responder o menos erradamente possível.
Não tenho dicas a dar em matéria de Gramática, e lamento que o exame se apoie em regras formais que não acrescentam muito ao ato da boa escrita e ao da compreensão, mas essa parece a escolha dos examinadores e caberia saber as boas regras da língua. Como geralmente um mesmo texto serve de três a cinco questões, caberia, antes de comecar a responder à primeira do bloco, ler rapidamente todas as questões dessa seção, pois as formulações e argumentos de uma segunda ou terceira questão podem eventualmente ajudar nas respostas das demais.
De maneira geral, uma mirada geral na prova, antes de comecar a respondê-la, pode ajudar a melhor administrar o tempo disponível. Tenho por mim que, ao enfrentar cada questão, o candidato deve, mais do que determinar a resposta certa, de imediato, começar por eliminar aquelas opções que são claramente errôneas, por algum conceito anacrônico, alguma afirmação claramente impossível naquele contexto.
Sempre teremos, num conjunto de cinco opções, três respostas que são claramente deficientes e caberia riscá-las de imediato para se concentrar apenas nas duas outras possíveis. Isto, claro, se o candidato tiver segurança quanto ao que configura um "erro estrutural". Se as duas restantes apresentarem problemas de interpretação, subjetivismos ou impressionismos que derivam de uma compreensão particular de um determinado problema, a solução é tentar se colocar na cabeça do examinador, para saber o que ele espera daquela questão. Nesse particular, a leitura das demais questões do bloco pode ajudar, pois elas orientam para uma determinada direção. Admitindo-se que a maior parte das questões foi preparada por professores da UnB, a "cabeça do formulador" é um pouco a desses livros feitos pelos professores da UnB que estão na bibliografia oficial.
Se uma questão apresentar dificuldades maiores, melhor seguir adiante, para não perder muito tempo com ela, para poder melhor responder às demais e não ter de correr ao final. Meu principio geral seria sempre este: tentar eliminar as erradas, que são as "inconguentes", antes do que tentar acertar na "correta", pois dúvidas quanto ao acertado de uma opção sempre subsistem.
Algumas respostas parecerão óbvias, nos pontos dominados pelo candidato, outras francamente impossíveis de determinar, por pouca preparação do candidato naquela área específica. Então, a única coisa a fazer é avançar rapidamente nas áreas dominadas e voltar depois atrás para tratar das questões mais duvidosas ou mais difíceis. Eventualmente, as respostas das últimas e essa “volta atrás”, depois de ter trabalhado o conjunto da prova, cria uma segurança maior no enfrentamento das questões duvidoas. Então, como última regra, eu diria isto:
Em lugar de "arriscar" no momento alguma resposta duvidosa para passar adiante, para "liquidar", digamos assim, as questões na sua ordem sequencial original, melhor seria passar adiante, continuando a resolver as demais questões, e voltar depois aos problemas mais angustiantes, tentado sempre eliminar as erradas, não acertar a “certa”. Esta restará, talvez, por eliminação das demais.
Estas seriam as minhas observações de caráter geral sobre a prova. Desejo todo o sucesso a cada um dos candidatos, o que vem, em grande medida, com a tranquilidade, a confiança em si mesmo, e a satisfação de ter feito o melhor possível para uma preparação fundamentalmente autodidática. Acumular conhecimentos sempre é bom, para qualquer coisa da vida. Sempre estaremos melhor sabendo mais, tendo empenhado esforços no aperfeiçoamento pessoal.
Boa sorte.
Brasília, 7 fevereiro 2007.
1014) Ainda o FSM de Belém: amadurecendo aos poucos
Ele também afirmou que o FSM precisa caminhar para uma "maior 'convergência nos debates' de um fórum que há anos tenta superar a excessiva fragmentação de idéias e atividades", com o que eu não poderia concordar menos.
Proponho que eles leiam algumas de minhas críticas, neste livro, integralmente disponível em meu site: Globalizando: ensaios sobre a globalização e a antiglobalização.
Crise no mundo globalizado motivará debates no Fórum Social Mundial
Um Fórum Social Mundial revitalizado pela crise global, terá sua nova edição entre 27 deste mês e 1º de fevereiro em Belém. A crise na economia mundial promoverá na capital paraense um debate mais concreto sobre "o caráter da crise" e o modelo de desenvolvimento, disse Cândido Grzybowski, diretor do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase), e um dos primeiros organizadores do FSM. Está prevista a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no evento nos dias 29 e 30, deixando de lado do Fórum Econômico Mundial de Davos, na Suíça.
O Fórum surgiu em 2001 de uma iniciativa "contra a globalização que agora está em crise", disse Grzybowski. "Uma agenda mais clara" sobre alternativas de desenvolvimento deve surgir desse encontro de Belém, afirmou. Isso significa maior "convergência nos debates" de um fórum que há anos tenta superar a excessiva fragmentação de idéias e atividades.
Em Belém espera-se a participação demais de cem mil pessoas em cerca de 2.600 atividades, entre seminários, conferências, assembléias, atos culturais, marchas e outras formas de debate e manifestação, além de reuniões paralelas, como as de autoridades locais e as do Acampamento Intercontinental da Juventude. O fórum termina com o "Dia das Alianças", dedicado a assembléias de coalizões e redes para aprovar ações conjuntas. Este mecanismo pretende estimular aglutinações que avançaram pouco em edições anteriores, reconheceu o diretor do Ibase.
A escolha de Belém, na Amazônia, faz prever também uma ênfase na questão ambiental e climática, além de social. Será a oportunidade de dar voz aos indígenas, ribeirinhos, extratores e outros povos da Amazônia. Os movimentos e as organizações sociais da Amazônia querem discutir modelos de desenvolvimento e alternativas locais.
Na área cultural serão mais de 300 atividades divididas em: artes plásticas; artes cênicas; cinema; cortejos e festas; música; leituras e poesias; oficinas e vivências político-culturais. Destaque para o documentário do cineasta americano Daniel Junge "Eles Mataram Irmã Dorothy", um documentário longa metragem que denuncia a impunidade na Amazônia e analisa o julgamento dos assassinos da missionária Dorothy Stang. Para mais informações sobre o FSM, acesse: http://www.forumsocialmundial.org.br
terça-feira, 20 de janeiro de 2009
1013) Sobre o discurso inaugural de Obama
Obama's speech goes for prose instead of poetry.
By John Dickerson
Slate, Tuesday, Jan. 20, 2009
On the west steps of the Capitol, Barack Obama turned his inaugural address into a national locker-room speech. Describing our current crisis and "a nagging fear that America's decline is inevitable," he called on Americans to "pick ourselves up, dust ourselves off, and begin again the work of remaking America." He called for "a new era of responsibility" founded on America's oldest virtues. "Those values upon which our success depends—hard work and honesty, courage and fair play, tolerance and curiosity, loyalty and patriotism—these things are old. These things are true. They have been the quiet force of progress throughout our history. What is demanded, then, is a return to these truths."
It was a good speech but not a soaring one. This may have been because Obama has given so many strong speeches, he's graded on his own special curve—or because he wanted the speech to be thoroughly conventional. His call to responsibility and sacrifice was rooted in American history—from the first settlers through the colonists to America's soldiers. This is a familiar theme in a political speech. In fact, Obama gave his own speech using these themes last June, in which he made a similar call to a new patriotism founded on sacrifice. The use of "I say to you" and "on this day" constructions added to the feeling that this was a speech of the usual order.
Appealing to America's rich heritage makes Obama everyone's president, knitting him into the lineup of the 42 men who have come before him. (Obama is the 43rd man, not the 44th, because Grover Cleveland served as president No. 22 and president No. 24.) But it goes only so far in helping him with his speech's larger aim. His goal was to try to inspire us to give something up and reverse "our collective failure to make hard choices," which he says marked the responsibility-free era that created our current economic mess.
That kind of extraordinary call could have been helped by something more than historical analogies and drive-by references to brave firefighters. It required the kind of personal speechmaking Obama was so good at during the campaign. When he is at his most powerful, Obama makes you feel the connection with his message through either storytelling or references to his personal journey. His wife, Michelle, did the same thing during her convention speech by beautifully outlining how her father refused to give in to the pain and debilitation of multiple sclerosis. When things got hard, she said, "He just woke up a little earlier, and worked a little harder."
Instead of a personal story people could take home, Obama concluded his speech with the story of George Washington fighting for America's independence. It was a perfectly fine story, suitable for treatment in oil and fit for a gilt frame, but it's not a story that's likely to be retold tomorrow at the office.
Though the speech was familiar, there were some poetic high points. He talked about the "risk-takers, the doers, the makers of things," and as he spoke, his words echoed back to him from down the Mall, where they were being broadcast on giant televisions. He framed the new spirit of sacrifice we all must embrace by referring to the extraordinary selflessness of the military. This is a smart thing for a commander in chief to do, particularly one who was portrayed by his opponents as unpatriotic. And by putting out his familiar call for "a new era of responsibility," he has ensured that the phrase will be repeated throughout his tenure. And he hopes that the policies he will promise later, on everything from health care to entitlement reform, will become a part of the larger narrative of his presidency.
He was alternatively humble and commanding. He repudiated Bush's foreign policy. "We reject as false the choice between our safety and our ideals," Obama said. "Our Founding Fathers, faced with perils we can scarcely imagine, drafted a charter to assure the rule of law and the rights of man, a charter expanded by the blood of generations. Those ideals still light the world, and we will not give them up for expedience's sake." He promised humility and restraint. But then, he tempered that new approach with a clear message to America's enemies: "We will not apologize for our way of life, nor will we waver in its defense, and for those who seek to advance their aims by inducing terror and slaughtering innocents, we say to you now that our spirit is stronger and cannot be broken; you cannot outlast us, and we will defeat you." As he spoke, a fighter plane circled overhead, a tiny black spot against unspecific clouds.
How long Obama's words endure is a separate question from the enduring power of the inaugural moment. Though he never mentioned Martin Luther King Jr., Obama faced the Lincoln Memorial from where King articulated a dream that Obama is now helping to fulfill. That monument seemed brighter in the bitter cold, as did all the bleached white buildings that line the Mall. Between them jostled the millions of people who had come to hear and see him, their small American flags creating a blur of red, white, and blue among the museums and monuments.
Watch Obama's inaugural address:
John Dickerson is Slate's chief political correspondent and author of On Her Trail. He can be reached at slatepolitics@gmail.com.
Article URL: http://www.slate.com/id/2209252/
1012) Concurso para a carreira diplomatica 2009
Abaixo, um resumo do calendario de provas:
Primeira Fase em 08 de março
Liberado o edital do Concurso de Admissão à Carreira de Diplomata (CACD) 2009. Este ano, serão 105 vagas, sendo 6 destinadas aos candidatos portadores de deficiência. Confira mais informações.
INFORMAÇÕES GERAIS
Inscrições: 21 de janeiro a 12 de fevereiro, pelo site do Cespe/UnB.
Taxa de inscrição: R$ 110,00
Divulgação dos locais de prova: 20 de fevereiro.
Resultado final: 23 de julho.
PROVAS
Primeira Fase
08 de março de 2009 (em duas etapas).
Segunda Fase (Prova de Português)
29 de março de 2009.
Terceira Fase
30 de maio de 2009: História do Brasil
31 de maio de 2009: Geografia
06 de junho de 2009: Política Internacional
07 de junho de 2009: Inglês
13 de junho de 2009: Noções de Economia
14 de junho de 2009: Noções de Direito e Direito Internacional Público
Quarta Fase (Alterada)
A quarta fase será composta por provas escritas de Espanhol e de Francês.
07 de junho de 2009: Espanhol
14 de junho de 2009: Francês
Veja aqui o edital: www.cespe.unb.br/concursos/diplomacia2009
Meus votos de pleno sucesso a todos os candidatos...