O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

1697) Um animal em extincao...o Dodo!


Estava escrevendo um trabalho sobre a decadência material, moral e filosófica do marxismo teórico e do socialismo prático, ao longo do século 20, e não sei por que me veio à cabeça a imagem deste simpático animal que desapareceu da face da Terra.
Bem, no seu seu caso, do animal, quero dizer, ele foi caçado implacavelmente: como não podia voar, e era algo bonachão, acabou desaparecendo...
Não foi o caso do socialismo, obviamente, que se extinguiu sozinho.

Aguardem (em fase de revisão):

A resistível decadência do marxismo teórico e do socialismo prático:
um balanço objetivo e algumas considerações subjetivas

Paulo Roberto de Almeida

Cercando o “animal” e mostrando a arma
Sete anos que mudaram o mundo...
Resistível reação à decadência irresistível
A seleção natural das espécies mais resistentes

Brasília, 21 de fevereiro de 2010.

1696) E agora, para relaxar...


Mes compagnons de promenades philosophiques au bout de la nuit...
(Credit photo: Maira)

domingo, 21 de fevereiro de 2010

1695) EUA: entre a diplomacia e o unilateralismo...

Uma opinião emitida em novembro de 2009, mas não menos importante como reflexão atual.

Lapso de poder
Anne Applebaum
New York Times, 26/11/2009

Como dois cometas correndo um em direção ao outro, vindos de extremidades opostas do espaço, dois fenômenos diferentes em partes diferentes do mundo cresceram na consciência pública na semana passada. Separadamente, eles poderiam não ter tido importância cósmica. Mas juntos podem ser um sinal interessante de coisas que virão.

Na China, o presidente Barack Obama se encontrou com seu homólogo, o presidente Hu Jintao. Ele também se encontrou com o primeiro-ministro chinês, Wen Jibao. O primeiro recebeu mais atenção, mas o segundo foi mais interessante: Wen disse a Obama que "a China discorda da sugestão de um 'Grupo dos Dois'", segundo a agência de notícias chinesa "Xinhua".

"A China ainda é um país em desenvolvimento", disse, e "devemos sempre nos manter sóbrios a esse respeito". A China está deliciada em manter seu relacionamento econômico com os EUA, mas "persegue a política externa independente da paz e não se alinhará com qualquer país ou [bloco de] países".

Tradução: a China não vai cooperar para impor sanções ao Irã, a China não vai atrapalhar o programa de mísseis nucleares da Coreia do Norte e a China não vai ajudar a solucionar os problemas do Afeganistão, do Oriente Médio ou de qualquer outro lugar. Em suma, a China decidiu que não será um parceiro pleno dos EUA em política externa.

Aproximadamente ao mesmo tempo, os líderes da Europa estavam trancados em salas proverbialmente enfumaçadas (hoje sem fumaça), discutindo sobre quem deveria receber o novo cargo de "presidente" da União Europeia e quem deveria se tornar o novo "alto representante", ou ministro das Relações Exteriores, europeu.

Essas conversações representavam o auge de uma década de diplomacia, debates e referendos nacionais destinados a produzir uma política externa europeia mais unida e dar à Europa um único número de telefone que Obama possa chamar quando quiser conversar.

Resultado: o presidente da Europa será o primeiro-ministro belga Herman Van Rompuy, um político desconhecido fora de seu país. O ministro das Relações Exteriores da Europa será a britânica Catherine Ashton, uma burocrata desconhecida até em seu próprio país.

Candidatos de muito maior experiência e influência - incluindo o ex-primeiro ministro britânico Tony Blair e o ministro das Relações Exteriores sueco Carl Bildt - foram rejeitados, aparentemente por medo de que teriam mais experiência e influência do que os poderes de fato. O semanário "Der Spiegel", da Alemanha, anunciou esta notícia com a manchete "Europa escolhe ninguéns".

Tradução: a Europa pode ter um novo número de telefone, mas quando Obama ligar a pessoa do outro lado da linha ainda não será capaz de agir. A "Europa" não será uma entidade unificada capaz de coordenar uma política unificada no Irã, na Coreia do Norte, Afeganistão, Oriente Médio ou qualquer outro lugar tão cedo. Em suma, a Europa não pode se tornar um parceiro pleno dos EUA em política externa.

E assim ficamos com uma situação curiosa: os EUA não querem mais ser a única superpotência. O presidente norte-americano não quer mais ser o líder de uma única superpotência. Ninguém mais quer que os EUA sejam a única superpotência, e na verdade os EUA não têm mais condições de ser a única superpotência. Mas os EUA não têm um parceiro óbvio com o qual compartilhar o papel de superpotência, e se os EUA deixassem de ser uma superpotência nada e ninguém ocuparia seu lugar.

Isso poderia não ser o fim do mundo - alguns lugares problemáticos poderiam passar um longo período de negligência benigna - e poderia não durar para sempre. A Europa, quando contada como uma entidade única, ainda é a maior economia do mundo. A China, seja o que for, ainda é a economia de mais rápido crescimento no mundo. Mais cedo ou mais tarde, a simples necessidade de defender seus interesses econômicos poderia convencer uma ou ambas a começar a levar mais a sério o mundo exterior.

Isso significa que o governo Obama tem um problema, porém: ele chegou ao cargo prometendo trabalhar com os aliados, mas logo poderá descobrir que não há aliados com quem trabalhar.

A Europa ainda é nossa melhor esperança, porque os europeus compartilham a maior parte de nossos valores. Mas organizar sanções com uma Europa dividida - sem falar em uma operação militar - continuará sendo uma grande tarefa.

Enquanto isso, a China está adquirindo vastos interesses estrangeiros, negociando na África e na América do Sul, assim como na Ásia, e mantendo um vasto exército. Mas a China parece desinteressada em aderir a uma campanha internacional contra o terrorismo, a proliferação nuclear ou qualquer outra coisa.

Os militares e a segurança globais parecem, portanto, destinados a permanecer nas mãos dos EUA, quer eles queiram quer não.

A meio caminho de sua presidência, George W. Bush descobriu que tinha de abandonar o unilateralismo em favor da diplomacia. Hoje nos perguntamos: em algum momento de sua presidência Obama descobrirá que tem de abandonar a diplomacia em favor do unilateralismo?

Tradução: Luiz Roberto Mendes Gonçalves

Anne Applebaum: Jornalista e colunista do Washington Post, Anne Applebaun ganhou o prêmio Pulitzer pelo livro "Gulag: uma História". Escreve regularmente sobre política norte-americana e assuntos internacionais.

1694) Peru: debate academico, em Brasilia, dia 25/02, 18hs

A Flacso - Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais - Seção Brasil, convida para um diálogo com Jorge Nieto M. sobre o Peru, sobre o momento político, as tendências eleitorais e sobre a relação estratégica com o Brasil, a ocorrer em sua sede, sala Celso Furtado, das 18 às 20 horas, no dia 25 de fevereiro de 2010.
A reunião faz parte da iniciativa "Diálogos Latino-Americanos da FLACSO-Brasil".
A Flacso fica no edifício Venâncio 3.000, Setor Comercial Norte, Quadra 6 (ao lado do Shopping Brasilia, atual Shopping id), torre A, sala 602. Tem estacionamento interno e externo.

sábado, 20 de fevereiro de 2010

1693) Brasil ajuda Cuba, Haiti e El Salvador

Lula deve anunciar verba para Cuba, Haiti e El Salvador
LEONÊNCIO NOSSA
Agencia Estado, 19.02.2010

BRASÍLIA - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai anunciar na próxima semana uma série de investimentos em Cuba, Haiti e El Salvador. Na visita que fará a Cuba, na quarta-feira, Lula deve anunciar o repasse de cerca de US$ 300 milhões para a modernização do Porto de Mariel, em Havana. Na ocasião, terá um encontro com o "amigo" Fidel Castro, segundo o porta-voz da presidência, Marcelo Baumbach.

"Será uma visita de conclusão de um ciclo. O encontro com o comandante Fidel é um encontro de um amigo que visita outro amigo para discutir assuntos da atualidade internacional", afirmou Baumbach. Segundo ele, ao longo dos dois mandatos, Lula repassou cerca de US$ 1 bilhão a Cuba, para modernização do porto, compra de alimentos, construção de rodovias e produção agrícola. A previsão é que até 2012 os investimentos do Brasil na ilha caribenha cheguem a US$ 1,2 bi.

==========

Como a competência constitucional para aprovar operações financeiras cabe ao Senado, imagina-se que os senhores senadores examinem esses empréstimos com cuidado, para ver como o Brasil compromete recursos públicos -- todos eles do Tesouro, diga-se de passagem -- com países que, imagina-se, pagarão seus débitos para com o Brasil, sem os calotes que tivemos do passado (no caso de Cuba, desde sempre).
Paulo Roberto de Almeida (20.02.2010)

No Haiti, onde estará na quinta-feira, Lula também anunciará a liberação de recursos, mas o valor ainda não foi definido. Na viagem, o presidente vai sobrevoar a capital Porto Príncipe, que foi devastada por um terremoto de 7,0 graus na escala Richter no dia 12 de janeiro. Ele fará também uma visita às tropas brasileiras e a um hospital da Força Aérea Brasileira (FAB).

Já em El Salvador, onde estará no dia seguinte, Lula anunciará um crédito de US$ 300 milhões para a renovação da frota de ônibus no país. Mas as viagens do presidente, neste último ano de mandato, não param por aí. Já no dia 1º de março, ele embarcará para Montevidéu, para a posse do presidente do Uruguai, José Mujica.

1692) Sherlock Holmes back to work: the case of missing posts

Dois leitores deste blog, escreveram-me para relatar o curioso desaparecimento de algumas centenas de posts deste meu blog.

Escreveu o primeiro:

"...notei que suas postagens estavam em 13xx e quando fui acessar o blog novamente elas estavam já na casa dos 16xx. Depois da postagem 1361) Um Fórum Pela Liberdade de Expressão, vem a postagem 1662) A Arrogancia dos Engenheiros...
Se não houve um simples erro de digitação, onde estão as 300 postagens que faltam???
Obrigado pelo bog.
"

E um segundo leitor:

"...o que o sr. fez com as postagens situadas entre os números 1361 e 1662? Espero que não seja algo relacionado à numerologia..."

Intrigado, fui verificar, e constatei que eles continuavam lá onde sempre estiveram, na ordem sequencial obrigatória dos números e datas, como transcrevo mais abaixo.
O mais curioso, entretanto, é que os números referidos não correspondem aos temas efetivos de cada um deles.
Assim, o suposto (detesto esse conceito de suposto, usado em conexão com bandidos comprovados, que se beneficiam de precauções jornalísticas) post

1361) Um Fórum Pela Liberdade de Expressão
corresponde, na verdade, a este aqui:
1361) Falacias Academicas 12: o mito da exploracao...

e o post
1662) A Arrogancia dos Engenheiros...
coincide com este aqui, em meu registro:
1661) Relacoes Brasil-EUA: melhorando cada vez mais...

Eu sei que tenho vários posts, especializados (resenhas de livros, textos diversos, temas político-eleitorais, etc), mas nenhum deles chegou ainda perto desses números altos, 1361 a 1661, registro que faço para bem distinguir os materiais aqui depositados, independentemente do software Blogspot já identificar cada um com sua data de postagem, e de colocá-los exatamente na sequencia cronologica correta (que não pode ser alterada a posteriori, a menos de eliminação completa). Ou seja, impossível de praticar aqui o que muitos bandidos políticos fazem: construir recibos a posteriori, para justificar dinheiro sujo supostamente de campanhas eleitorais ou desviado para o bolso dos próprios, como acaba de fazer um governador debiloide (mas isso deve ser prática comum nesses meios promíscuos).

Para tranqulizar meus eventuais leitores, desejosos de conhecer todo o besteirol (algumas coisas uteis também) acumulado entre setembro de 2009 e janeiro deste ano, período supostamente (lá vem o conceito outra vez) compreendido no caso dos posts misteriosamente subtraídos à curiosidade desses atentos leitores, permito-me transcrever aqui apenas o índice dessa série, que deve continuar disponível onde sempre esteve.
Se continuar desaparecido, vou ter de visitar Baker Street e demandar os serviços do mais famoso investigador de crimes até hoje inventado pela imaginação humana, neste caso de um espírita, Arthur Conan Doyle (de quem recomendo, aliás, os romances históricos).

OK, fique, aqui e agora, com a lista dos Missing posts: from 1361 to 1662

2010:
• ▼ Janeiro (182)
o 1664) Depois das reticências, as entrelinhas, e as...
o 1663) Books, books, books...
o 1662) Reticencias, entrelinhas, exclamacoes, ponto...
o 1661) Relacoes Brasil-EUA: melhorando cada vez mai...
o 1660) Homenagem a Lincoln Gordon, Embaixador ameri...
o 1659) Mini-tratado das reticencias
o 1658) A arte da escrita (bem, nem tanto...)
o 1657) O Itamaraty e o decreto do governo Lula sobr...
o 1656) Brasil: a caminho da ditadura? (2)
o 1655) Rodada Doha: suficiente para combater a cris...
o 1654) Brasil: a caminho da ditadura? (1)
o 1653) Integrations en Amerique du Sud - Sorbonne
o 1652) Brasil Já Vai À Guerra - Juca Chaves
o 1651) Ainda os caças da FAB: quadratura do circulo...
o 1650) O seu, o meu, o nosso dinheiro, para industr...
o 1649) Sobre decisoes politicas e ferramentas opera...
o 1648) Juíza de Santa Rita (PB) diz que juiz é um s...
o 1647) Balanco da decada e previsoes imprevidentes
o 1646) Fórum Social Mundial: antecipando as conclus...
o 1645) Meu balanço da década que passou...
o 1644) Um balanço otimista dos ultimos dez anos.......
o 1643) Política externa brasileira: uma matéria a f...
o 1642) O Azerbaijão, a terra do fogo (azer)
o 1641) Politica Externa: desacordos Brasil-EUA
o 1640) Quando os grandes economistas erram feio...
o 1639) Countercyclical Policy Measures in Brazil
o 1638) Brasil vai ao espaço? Talvez, em todo caso, ...
o 1637) Economic Freedom of the World 2009, Cato Rep...
o 1636) Nova declaração de princípios, ao início de ...

2009:
o
• ▼ 2009 (648)
o ▼ Dezembro (80)
• 1635) “Todo ano ele faz tudo sempre igual…”
• 1634) Dolar: rumores sobre a sua morte e desaparec...
• 1633) Cenarios para o Brasil nas proximas decadas
• 1632) Mercosul e Brasil: acordos comerciais em sep...
• 1631) Politica externa brasileira: editorial do jo...
• 1630) BNDES: desembolsos superam 137 bilhoes em 20...
• 1629) Livro Relacoes Brasil-Europa 2010-2020
• 1628) Retrospectiva 2009 - Brasil e mundo
• 1627) Brasil é grande, diz ministro da Defesa...
• 1626) Estado forte, mas ausente, onde deveria esta...
• 1625) Jornalismo brasileiro: caminhando rapidament...
• 1624) Estado brasileiro: uma trajetoria insustenta...
• 1623) Bahia de Sao Salvador de Todos os Santos: um...
• 1622) Bolsas de Acao Afirmativa: um dialogo import...
• 1621) Amorim: O Brasil tem um bom diálogo com os E...
• 1620) EUA: sua forca está na imigracao (e na liber...
• 1619) O brasileiro é obcecado por concursos públic...
• 1618) O novo Mister Doom: prometendo calotes "sobe...
• 1617) Self-portrait
• 1616) Investindo em vento
• 1615) EUA - como criar uma nova bolha imobiliária....
• 1614) O profeta Samuel (nao fui eu quem disse...)
• 1613) Planos com a mudanca de ano
• 1612) Uma mensagem de Natal individualista
• 1611) Livros: um crime contra os leitores, um aten...
• 1610) EUA: como o governo engole a economia (o do ...
• 1609) Lula: personalidade do ano para o Le Monde
• 1608) Crise financeira: a boa e a verdadeira expli...
• 1607) Zelaya: bem, já que estamos falando dele...
• 1606) Triste fim de Manoel Zelaya (bem, nao tao tr...
• 1605) Exiting from High Public Debt: uma recomenda...
• 1604) Uma mensagem de Natal diferente
• 1603) Fim do Mundo: ja que estamos nos preparando ...
• 1602) Politica externa brasileira: sintomas preocu...
• 1601) COP-15: Palanque Politico? (Miriam Leitao)
• 1600) Argentina: a angustia de ser seu socio (obri...
• 1599) O fracasso da cupula "climatica" de Copenhag...
• 1598) Politica Externa brasileira: as consequencia...
• 1597) Os dez livros liberais mais importantes da d...
• 1596) Cuba e Coreia do Norte: duas economias socia...
• 1595) Depois do fracasso de Copenhagen, o Consenso...
• 1594) Lincoln Gordon: antecipando sobre a homenage...
• 1593) Preparando o balanco de final de ano (mas es...
• 1592) Morte do embaixador Lincoln Gordon
• 1591) Novo Livro PRA: O Moderno Principe (Maquiave...
• 1590) Banco de imagens sobre o Brasil, Unesco-Libr...
• 1589) Doze bilhoes de dolares para Chavez "investi...
• 1588) Conflito Venezuela-Colombia: a visao chavist...
• 1587) Um papa controverso: Eugenio Pacelli e os ju...
• 1586) Politica externa brasileira: um editorial co...
• 1585) Politica externa brasileira: uma materia a f...
• 1584) Fraude e falsidade na ciencia: a proposito d...
• 1583) A partidarizacao da Politica Externa brasile...
• 1582) Relacoes Brasil-EUA: artigo de Paulo Sotero
• 1581) Maximas de um pais minimo...
• 1580) Bjorn Lomborg: Entrevista na Veja
• 1579) Caio Prado Junior, revisto e rejeitado...
• 1578) Tocqueville de novo em missao: De la Democra...
• 1577) Mercosul: uma análise dos seus primeiros dez...
• 1576) Zelaya na Embaixada do Brasil em Honduras: a...
• 1575) Copenhage: um acordo vazio de significado
• 1574) O Brasil precisa decidir o que quer ser...
• 1573) Oliveira Lima e a diplomacia brasileira do i...
• 1572) Le Monde: o aniversario de um pequeno grande...
• 1571) Cupula do clima em Copenhage: fracasso anunc...
• 1570) Pausa para... um pouco de musica
• 1569) Paul Samuelson: as razoes de sua ampla aceit...
• 1568) Antiglobalizadores atacam outra vez: sim, a ...
• 1567) Trabalhos publicados mais recentes...
• 1566) Trabalhos PRA sobre relacoes internacionais ...
• 1565) Morte de um keynesiano irredutivel: Paul Sam...
• 1564) O petroleo do Iraque e a teoria da conspirac...
• 1563) Antiglobalizadores: de novo, mais transpirac...
• 1562) Obama and the Nobel Peace Prize
• 1561) Mercosul: além de protecionista para dentro ...
• 1560) Triste fim de Mercosul Policarpo Quaresma?
• 1559) Concurso do Itamaraty - Guia de Estudos
• 1558) Os verdes, esses incuraveis sofismadores...
• 1557) Uma pequena licao sobre protecionismo e livr...
• 1556) Ufa, emergindo de uma longa noite censória.....

• ▼ Novembro (88)
o 1555) Cuba: uma economia de penuria
o 1554) Voyage au bout de la Terre (sort of...)
o 1553) The End is Near: are you prepared?
o 1552) Uma discussao sobre o papel do Estado
o 1551) Eleicoes e politica na America Latina: Finan...
o 1550) A Amazonia na Academia Brasileira de Ciencia...
o 1549) Brasileiros gostam do Estado, querem mais Es...
o 1548) Relacoes especiais Brasil-França (muito além...
o 1547) Estado da Populacao Mundial - Relatorio do U...
o 1546) Politica externa do Brasil - editorial do Wa...
o 1545) Politica Externa Brasileira na Campanha Pres...
o 1544) Cupula amazonica: um exercicio de lideranca....
o 1543) Olimpiadas de 1936 na Alemanha nazista: quan...
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o 1540) O que preocupa os exportadores: a valorizaca...
o 1539) Bhagwati contra os acordos regionais
o 1538) Entrevista de Samuel Pinheiro Guimaraes: um ...
o 1537) Chavez, o democrata
o 1536) Um Palmares de acordo com a Historia, nao co...
o 1535) Samuel Pinheiro Guimaraes, entrevista a Zero...
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o 1530) Mercosul: análise prospectiva (muito breve.....
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o 1528) Um escritor escrevinhador: Cormac McCarthy
o 1527) Google and World Bank: all the data you were...
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o 1475) Juanita Castro: charlando con sus lectores
o 1474) A familia Castro, de Cuba, obviamente: divid...
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o 1472) Controversias historicas: Ha-Joon Chang e o ...
o 1471) Bolivarianismo religioso
o 1470) Lenin morreu de sifilis; Sorry, true believe...
o 1469) A profissao academica: do copiar-colar ao co...
o 1468) O passado sinistro do Itamaraty, segundo um ...

• ▼ Outubro (65)
o 1467) De volta ao problema do Estado e da política...
o 1466) O ranking das universidades brasileiras
o 1465) Academic Ranking in Social Sciences
o 1464) The Story of Academic Rankings - Nian Cai Li...
o 1463) Como inviabilizar a industria farmaceutica d...
o 1462) A volta do Estado?, Nao, segundo Mailson da ...
o 1461) Magreb: brevissima história, Beatriz Bissio
o 1460) Concurso para o Itamaraty: 108 vagas
o 1459) Livro sobre a Queda do Muro de Berlim: dia 9...
o 1458) Ricupero sobre Venezuela no Mercosul: "É UM ...
o 1457) Um ajudante de Hitler confirma as ordens par...
o 1456) Arquivos liberados sobre a queda do muro de ...
o 1455) Relações entre União Européia-Brasil, Rodada...
o 1454) Impasses da Rodada Doha
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o 1447) Nao faltam idiotas no mundo (e como...)
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o 1431) A OTAN bolivariana: estava demorando para sa...
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o 1427) Mourir Pour des Idées - Georges Brassens
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o 1423) ABIN: inteligencia talvez seja uma palavra f...
o 1422) Sobre viagens e visitas - um texto pessoal
o 1421) Mudancas de pessoal no Itamaraty
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• 1370) Um novo codigo penal para punir terroristas
• 1369) Brasil no ranking de competitividade
• 1368) Financial Times: Política de petróleo no Bra...
• 1367) A marcha do apartheid no Brasil
• 1366) Nos pagamos a conta: isto tambem é Brasil......
• 1365) Nos pagamos a conta: isto tambem é Brasil......
• 1364) Nos pagamos a conta: isto tambem é Brasil......
• 1363) Pre-sal: colocando racionalidade no debate
• 1362) Bonnes affaires pour la France au Bresil
• 1361) Falacias Academicas 12: o mito da exploracao...

Bem, se depois disso os posts continuarem desaparecidos (dá até vontade de revisitar alguns, pelo apetitoso do título e a promessa de algumas boas gargalhadas, pelo ridículo efetivo), vou ter de tomar novas providências...

Paulo Roberto de Almeida

1691) Tocqueville de volta a atualidade...

Sobre Tocqueville, e antes de transcrever o artigo abaixo, permito-me remeter a este artigo meu, recentemente publicado, embora tenha sido escrito em meados de 2009:

“De la Démocratie au Brésil: Tocqueville de novo em missão”
Espaço Acadêmico (ano 9, n. 103, dezembro 2009, p. 130-138; ISSN: 1519-6186)
link: http://periodicos.uem.br/ojs/index.php/EspacoAcademico/article/view/8822/4947


Tocqueville em tempos de populismo
Ricardo Vélez Rodríguez
O Estado de S.Paulo, Sábado, 20 de Fevereiro de 2010

A Editora Martins Fontes publicou, no final do ano passado, O Antigo Regime e a Revolução (tradução de Rosemary C. Abílio, São Paulo: Martins Fontes, 2009, 286 páginas), de Alexis de Tocqueville (1805-1859), livro que viu a luz, pela primeira vez, em 1856. Precedentemente, com a publicação de A Democracia na América, em 1835, Tocqueville havia logrado notável sucesso na recuperação do ideal democrático. A democracia fora associada à anarquia (e à correlata instabilidade política) instaurada pela Revolução Francesa. O livro viera comprovar que esta não se vinculava à instauração do governo representativo, mas às elucubrações de Jean-Jacques Rousseau, num modelo conhecido como democratismo. Essa distinção ficaria muito nítida depois da Revolução de 1848, na França, na medida em que já se dispunha de termo de comparação. A Revolução de 1830 introduzira, em caráter pioneiro no país, instituições liberais. Entre outras coisas, o confronto iria evidenciar que o democratismo continuava atuante, preservada a sua capacidade demolidora.

Tocqueville parte do registro de que, em 1789, os franceses se propuseram a cortar em dois o seu destino. Imaginavam poder separar por um abismo o que haviam sido até então do que queriam ser dali em diante. Pessoalmente, acreditava que haviam tido menos sucesso do que imaginavam. A fim de testar essa hipótese, era mister "interrogar em seu túmulo uma França que não existe mais" e tentar reconstituir, com base na documentação preservada, os traços essenciais do Antigo Regime. Descreve as dificuldades encontradas nessa investigação e resume os principais resultados. "O que é válido dizer", escreve, "é que destruiu inteiramente ou está destruindo (pois perdura) tudo o que, na antiga sociedade, decorria das instituições aristocráticas e feudais, tudo o que de algum modo se ligava a elas, tudo o que trazia delas, em qualquer grau que fosse, a menor marca. Conservou do antigo mundo apenas o que fora alheio a essas instituições ou podia existir sem elas. (...) A Revolução (...) pegou o mundo de surpresa, é bem verdade, e, entretanto era apenas o complemento do mais longo trabalho, o encerramento súbito e violento de uma obra na qual dez gerações de homens haviam trabalhado. Se não tivesse acontecido, o velho edifício social não teria deixado de cair em todo lugar, aqui mais cedo, ali mais tarde; apenas teria continuado a cair parte por parte em vez de desmoronar de uma só vez. A Revolução concluiu bruscamente, por um impulso convulsivo e doloroso, sem transição, sem precaução, sem complacência, o que teria se encerrado pouco a pouco, por si mesmo ao longo do tempo. Essa foi a sua obra" (ed. cit., páginas 24-25).

Basicamente, O Antigo Regime e a Revolução viria comprovar que o centralismo cartorial constituiu traço marcante da política no século 18 e nas décadas que se seguiram à Revolução Francesa. Ao contrário do que se alardeava, a Revolução não se fizera para debilitar o poder político. O registro da tradição acha-se expresso com as seguintes palavras: "Um estrangeiro, a quem fossem entregues hoje todas as correspondências confidenciais, que enchem os arquivos do Ministério do Interior e das administrações departamentais, logo ficaria sabendo mais sobre nós do que nós mesmos. Como se verá ao ler este livro, no século XVIII, a administração pública já era muito centralizada, muito poderosa, prodigiosamente ativa. Estava incessantemente auxiliando, impedindo, permitindo. Tinha muito a prometer, muito a dar. Já influía de mil maneiras, não apenas na condução geral dos assuntos públicos, mas também na sorte das famílias e na vida privada de cada homem. Ademais, era sem publicidade, o que os levava a não terem receio de expor a seus olhos até as fraquezas mais secretas" (ed. cit.; Prefácio, página XLIII).

Tocqueville chamava a atenção para o efeito político que esse centralismo causava na sociedade francesa: o despotismo. O centralismo tirava da sociedade a sua iniciativa e a transformava em eterno menor de idade perante o Estado todo-poderoso. O grande mal causado à França pelo centralismo era antigo. A substituição paulatina do velho direito consuetudinário germânico pelo direito romano situava-se nas origens de todos os males, e era como que a fonte jurídica legitimadora do processo centralizador, que se alastrou depois por todos os aspectos da vida social. O despotismo é, na sua essência, centralizador. Atrelada assim à diretriz norteadora do Estado moderno (substituir a descentralização feudal pelo centralismo monárquico), graças à influência dos "philosophes", Rousseau à frente, a Revolução Francesa abriu uma senda distanciada do que efetivamente de novo trouxera a Revolução Gloriosa inglesa: o governo representativo, que, progressivamente, iria incorporar o ideal democrático. Na preservação deste, no continente, seria igualmente decisiva a contribuição de Alexis de Tocqueville.

O processo revolucionário fez ruir um governo e um reino, mas sobre essas cinzas ergueu um Estado muito mais poderoso que o anterior. Algo semelhante ao que ocorre, atualmente, com os movimentos populistas latino-americanos, que alegam estar libertando os seus povos do neoliberalismo, dando ensejo a propostas cada vez mais estatizantes, fenômeno do qual não escapa o Brasil, levando em consideração os últimos pronunciamentos do presidente Lula e da sua candidata à sucessão, Dilma Rousseff, que apregoam claramente a volta do antigo estatismo como solução mágica para todos os nossos problemas.

Ricardo Vélez Rodríguez é coordenador do Centro de Pesquisas Estratégicas da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)

1690) Diploma de jornalista e reserva de mercado: mais uma razão para ser contra...

Sempre fui contra, absolutamente.
A matéria abaixo apenas confirma a inutilidade dos cursos...

51% das escolas de jornalismo reprovadas
Quem foi que errou?
Alberto Dines
Observatório da Imprensa, 19.02.2010

O assunto foi manchete da Folha de S.Paulo, chamada destacada no Jornal do Brasil, O Globo e pequena no Estado de S.Paulo. Não é para menos: 23% dos cursos superiores de engenharia elétrica, mecânica, economia e jornalismo avaliados pelo Ministério da Educação não oferecem condições adequadas de ensino.

O mais grave da notícia – pelo menos no tocante a quantidades – só foi destacado por O Globo: o pior desempenho foi dos cursos de jornalismo, que tiveram um índice de reprovação de 51% !

O não dito é ainda mais preocupante: a imprensa foi a última a saber. Surpreendida, como sempre, incapaz de prevenir e antecipar. Jamais investigou aquilo que lhe diz respeito. Deu as costas tanto ao seu interesse como ao interesse público.

Essa é a grande verdade: as empresas jornalísticas não estão minimamente interessadas em acompanhar a produção da matéria-prima essencial para alimentar a sua qualificação: recursos humanos. Fazem aqueles cursinhos de treinamento para badalar os resultados, aproveitam os mais expeditos, cumprem a lei do diploma e o resto que se dane.

Combinação de descaso com inapetência, ambos alimentados pelo interesse pecuniário: fiscalizar as escolas de jornalismo significa antes de tudo denunciar o descalabro do ensino superior privado, hoje um dos grandes anunciantes da mídia diária. Dois dos maiores jornais brasileiros (Folha e Globo) ostentam entre os seus colaboradores regulares o lobista-mor do ensino superior privado, Arnaldo Niskier. E isto não acontece por acaso ou em função do talento do escriba: é acerto mesmo – toma lá, dá cá.

A divulgação desses dramáticos resultados confirma o que este Observador vem dizendo aqui, desde 1997:

* O ensino do jornalismo precisa ser reexaminado. Professor de disciplinas técnicas deve ser jornalista, com militância profissional reconhecida e comprovada (além dos demais atributos acadêmicos).
* Uma escola de jornalismo deve coexistir com um projeto jornalístico regular e permanente. Não se ensina medicina sem um hospital, clínica ou ambulatório.
* A pós-graduação em jornalismo é uma necessidade. É preciso separá-la definitivamente da pós em comunicação. A base é comum mas são matérias distintas, assim como farmacologia e medicina. O orientador de monografias ou teses sobre jornalismo deve ser um professor com experiência comprovada em redações para impedir que os trabalhos de pós-graduação em jornalismo continuem a conter as asneiras que serão reforçadas em trabalhos posteriores.
* O provão veio para ficar. Se algumas definições precisam ser reexaminadas, que sejam reexaminadas. Se alguns critérios precisam ser revistos, que sejam revistos. Mas o processo regulador e fiscalizador como um todo não pode ser revertido. Ser contra o provão hoje é o mesmo do que proclamar-se contra a reforma do Judiciário [veja rubrica Diretório Acadêmico, nesta edição].

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

1689) De volta a questao dos diplomas

O assunto ja foi tratado em meu post 1676 (ver mais abaixo), mas com base nesta nota do Observatório da Imprensa...

Prezado(a) leitor(a), estas são os destaques da Marcha do Tempo na edição desta semana do OI:
RESULTADOS DO PROVÃO 1
51% das escolas de jornalismo reprovadas
Alberto Dines
Publicado em 20/2/2000


...retomei a discussão que mantenho com um colega sociólogo -- bem, não sei se tenho o direito de me classificar assim, pois afinal de contas nunca pretendi obter o reconhecimento legal de meu diploma de "doutor em ciências sociais", pois não dou muita importância a diplomas, ou a títulos, nem me esforço para enquadrar-me em uma determinada categoria profissional -- a propósito da famosa lei de reserva de mercado no setor de comunicações a favor dos jornalistas formados em escolas de comunicações e detentores de diplomas reconhecidos e registrados no Ministério do Trabalho, como "jornalistas" e únicos passíveis de serem contratados por empresas do setor.
Acabo de escrever o que segue:

Por que voce insiste em que jornalista precisa ter diploma? Diploma de incompetencia?
Por que voce nao dá aos donos de empresas de comunicação a liberdade de contratar quem eles desejam, de qualquer area.
Por que apenas os incompetentes das escolas de jornalismo tem de ser contratados?
Por que nao estender a incompetencia a todos os demais cursos?
Peneirando sempre se pode encontrar alguem melhor...
Isso é logico, é matematico: ampliando-se o recrutamento, voce escolhe melhor
O Itamaraty faz isso: apesar de lidarmos basicamente com direito, economia, linguas, podemos aceitar veterinarios, arquitetos, medicos, engenheiros. Estamos melhor servidos assim.
Alias, como eu lhe disse, eu nao exigiria nenhum tipo de diploma para ser diplomata, nem mesmo o de alfabetizado.
Ser diplomata não é uma questao de diploma, e sim de preparação e vocação...

Fico por aqui, no momento...

Paulo Roberto de Almeida (19.02.2010)

1688) Ideologia importada: afro-descendentes...

Fora da lei
DEMÉTRIO MAGNOLI
O ESTADO DE SÃO PAULO - 18/02/10

A Constituição diz que "todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza", mas a Universidade de Brasília (UnB) distingue os candidatos inscritos em seus vestibulares em função de um critério racial. A Constituição determina que o "acesso aos níveis mais elevados do ensino" se dará "segundo a capacidade de cada um", mas a UnB reserva um quinto de suas vagas a "negros". Na UnB, uma comissão constituída por docentes racialistas e lideranças do "movimento negro" prega rótulos raciais aos candidatos, cassando-lhes o direito de autodeclaração de cor/raça. A Constituição assegura que "ninguém será privado de direitos" por motivo de "convicção filosófica ou política", mas o tribunal racial da UnB promove "entrevistas identitárias" para investigar as opiniões dos candidatos sobre negritude e movimento negro. Por iniciativa do senador Demóstenes Torres, o DEM ingressou no Supremo Tribunal Federal (STF) com ação de inconstitucionalidade contra o vestibular racializado da UnB.

A Fundação Ford é a principal exportadora das políticas de preferências raciais inventadas nos EUA a partir do governo de Richard Nixon. Há uma década ela financia simpósios jurídicos no Brasil destinados a ensinar a juízes como contornar o princípio constitucional da igualdade entre os cidadãos. O argumento formulado pela Fundação Ford baseia-se no justo paradigma de tratar desigualmente os desiguais - o mesmo que sustenta a tributação progressiva e a exigência de rampas para deficientes físicos em edifícios de uso público. Sobre tal paradigma se equilibra o raciocínio de que a desigualdade média de renda entre "brancos", de um lado, e "pretos" e "pardos", de outro, deve ser remediada por políticas raciais de discriminação reversa.

O sofisma precisa ser desmascarado em dois planos. No plano das políticas sociais, tratar desigualmente os desiguais significa expandir as vagas nas universidades públicas e investir na qualidade do sistema público de ensino. Nas palavras de Wellington Dias, o governador petista do Piauí que, corajosamente, desafia um dogma de seu partido: "Criar cotas para negros, índios, alunos do ensino público esconde o lado grave do problema. Isso mostra a incapacidade do poder público. Sou contra isso. É preciso melhorar o sistema e qualificar os professores."

No plano do Direito, o sofisma converte indivíduos singulares em representantes de "raças", ensinando a milhões de jovens a terrível lição de que seus direitos constitucionais estão subordinados a uma cláusula racial. O vestibular da UnB é capaz de negar uma vaga a um concorrente de baixa renda que obteve notas altas, mas foi rotulado como "branco", para transferi-la a um candidato de alta renda com notas inferiores, mas rotulado como "negro". A justificativa implícita inscreve-se na fantasia do pensamento racial: o candidato de alta renda da cor certa "simboliza" a "raça" de baixa renda e seus imaginários ancestrais escravos. O sofisma não resiste a um exame lógico, mas persiste pela adesão política de uma corrente significativa de juristas ao pensamento racial.

A política, no baixo sentido da palavra, contamina a apreciação da ação de inconstitucionalidade que tramita na Corte constitucional. O relator Ricardo Lewandowski, um juiz que enxerga as audiências públicas como meios para mostrar que o tribunal toma decisões "em contato com o povo", tem curiosos critérios de seleção do "povo". No caso da audiência sobre o vestibular da UnB, ele decidiu ignorar a regra elementar da isonomia, convocando 28 depoentes favoráveis às cotas raciais e apenas 12 contrários. O "povo" do relator, ao menos quando se trata da introdução da raça na lei, é constituído essencialmente por representantes do Executivo e das incontáveis ONGs que figuram como sublegendas brasileiras da Fundação Ford.

O princípio da impessoalidade na administração pública, consagrado na Constituição, serve tanto para coibir o patrimonialismo tradicional quanto para conter a tentação contemporânea de subordinar os interesses gerais difusos aos interesses ideológicos organizados. Edson Santos, chefe da mal batizada Secretaria da Igualdade Racial, não reconhece a vigência dessa parte do texto constitucional. Um ofício assinado por ele cumpre o papel de panfleto de convocação de funcionários governamentais e ONGs para "mobilizarem caravanas com destino a Brasília" a fim de pressionar o STF nos dias da audiência pública. Edson Santos monta o circo por fora, enquanto Lewandowski ergue as lonas por dentro.

Em 2 de fevereiro, dia exato em que Edson Santos divulgou o panfleto oficial, as centrais sindicais - cujo financiamento decorre de um ato governamental - firmaram uma carta conjunta de apoio ao vestibular racial da UnB. O "movimentismo" é fenômeno típico do estágio embrionário dos totalitarismos. Nesse estágio, o Estado despe-se de sua natureza pública e adquire as feições de um ente de coordenação de "movimentos sociais" que já não passam de tentáculos do governo. O ministro-militante, que faz o Estado patrocinar uma manifestação "popular" de sítio à Corte constitucional, seria alvo óbvio de processos de responsabilidade se o Ministério Público e a maioria parlamentar não estivessem envenenados pela concepção da sociedade brasileira como uma coleção de "movimentos sociais" e ONGs.

No ofício ilegal, Edson Santos assevera que o hipotético acatamento da ação de inconstitucionalidade "abrirá as portas para paralisar todas as políticas de ação afirmativa, inclusive aquelas que beneficiam as mulheres, estudantes, trabalhadores, os índios, deficientes físicos e mentais, as comunidades tradicionais, etc." A ação em curso incide exclusivamente sobre as políticas de preferências raciais, cujo pressuposto é a rotulação estatal dos cidadãos segundo o critério abominável da raça. Mas o que seria do "movimentismo" sem o clássico expediente da mentira oficial?

1687) Ajuda externa nunca desenvolveu ninguem

De boas intenções...

Review Essay
Banned Aid
Why International Assistance Does Not Alleviate Poverty
Jagdish Bhagwati
Foreign Affairs, January/February 2010

JAGDISH BHAGWATI is Senior Fellow in International Economics at the Council on Foreign Relations and University Professor of Economics and Law at Columbia University. He served on the UN secretary-general's Advisory Panel on International Support for the New Partnership for Africa's Development from 2005 to 2006.

Dead Aid: Why Aid Is Not Working and How There Is a Better Way for Africa
By Dambisa Moyo.
Farrar, Straus & Giroux, 2009, 208 pp. $24.00.

If you live in the affluent West, no public policy issue is more likely to produce conflicts in your conscience than foreign aid. The humane impulse, fueled by unceasing televised images of famine and pestilence in the developing world, is to favor giving more aid. But a contrasting narrative has the opposite effect: Emperor Jean-Bédel Bokassa of the Central African Republic used Western aid to buy a gold-plated bed, and Zaire's dictator, Mobutu Sese Seko, spent it on personal jaunts on the Concorde. Such scandals inevitably lead many to conclude that most aid is wasted or, worse still, that it alone is responsible for corruption.

These debates have largely been the province of Western intellectuals and economists, with Africans in the developing world being passive objects in the exercise -- just as the 1980s debate over the United States' Japan fixation, and the consequent Japan bashing, occurred among Americans while the Japanese themselves stood by silently. Yet now the African silence has been broken by Dambisa Moyo, a young Zambian-born economist with impeccable credentials. Educated at Harvard and Oxford and employed by Goldman Sachs and the World Bank, Moyo has written an impassioned attack on aid that has won praise from leaders as diverse as former UN Secretary-General Kofi Annan and Rwandan President Paul Kagame.

Moyo's sense of outrage derives partly from her distress over how rock stars, such as Bono, have dominated the public discussion of aid and development in recent years, to the exclusion of Africans with experience and expertise. "Scarcely does one see Africa's (elected) officials or those African policymakers charged with a country's development portfolio offer an opinion on what should be done," she writes, "or what might actually work to save the continent from its regression. . . . One disastrous consequence of this has been that honest, critical and serious dialogue and debate on the merits and demerits of aid have atrophied." She also distances herself from academic proponents of aid, virtually disowning her former Harvard professor Jeffrey Sachs, whose technocratic advocacy of aid and moralistic denunciations of aid skeptics cut no ice with her. Instead, she dedicates her book to a prominent and prescient early critic of aid, the development economist Peter Bauer.

Moyo's analysis begins with the frustrating fact that in economic terms, Africa has actually regressed, rather than progressed, since shedding colonial rule several decades ago. She notes that the special factors customarily cited to account for this tragic situation -- geography, history, social cleavages, and civil wars -- are not as compelling as they appear. Indeed, there are many places where these constraints have been overcome. Moyo is less convincing, however, when she tries to argue that aid itself has been the crucial factor holding Africa back, and she verges on deliberate provocation when she proposes terminating all aid within five years -- a proposal that is both impractical (given existing long-term commitments) and unhelpful (since an abrupt withdrawal of aid would leave chaos in its wake).

Moyo's indictment of aid, however, is serious business, going beyond Africa to draw on cross-sectional studies and anecdotes from across the globe. Before buying her indictment, however, it is necessary to explore why the hopes of donors have so often been dashed.

THE CHARITY TRAP
Foreign aid rests on two principles: that it should be given as a moral duty and that it should yield beneficial results. Duty can be seen as an obligation independent of its consequences, but in practice, few are likely to continue giving if their charity has little positive effect. Beginning in the years after World War II, those who wanted the rich nations to give development aid to poorer ones had to address the challenges of building domestic support for greater aid flows and ensuring that the aid would be put to good use. But their unceasing efforts to produce higher flows of aid have led aid advocates to propose the use of tactics that have ironically undermined aid's efficacy, virtually guaranteeing the kind of failures that understandably trigger Moyo's outrage.

At the outset, aid was principally driven by a common sense of humanity that cut across national boundaries -- what might be called cosmopolitan altruism. Aid proponents in the 1940s and 1950s, such as Gunnar Myrdal and Paul Rosenstein-Rodan, were liberals who felt that the principle of progressive taxation -- redistribution within nations -- ought to be extended across international borders. This led to proposals such as those to set an aid target of one percent of each donor nation's GNP, playing off the Christian principle of tithing (giving ten percent of one's income to the church) or the Muslim duty of zakat (which mandates donating 2.5 percent of one's earnings to the needy).

How was the one percent figure arrived at? According to Sir Arthur Lewis, the first Nobel laureate in economics for development economics, the British Labour Party leader Hugh Gaitskell had asked him in the early 1950s what figure they should adopt as the United Kingdom's annual aid obligation and Lewis had settled on one percent of GNP as a target because he had a student working on French colonies in Africa, where French expenditures seemed to add up to one percent of GNP. Such a target, of course, implied a proportional, rather than a progressive, obligation, but it had a nice ring to it.

The problem was that the one percent target remained aspirational rather than practical. Outside of Scandinavia, there was never much popular support for giving away so much money to foreigners, however deserving they might be. So aid proponents started looking for other arguments to bolster their case, and they hit on enlightened self-interest. If one could convince Western legislatures and voters that aid would benefit them as well, the reasoning went, the purse strings might be loosened.

In 1956, Rosenstein-Rodan told me that then Senator John F. Kennedy, who bought into the altruism argument, had told him that there was no way it could fly in the U.S. Congress. A case stressing national interest and the containment of communism was needed. And so the argument was invented that unless the United States gave aid, the Soviet Union would provide it and, as a result, the Third World might tilt toward Moscow. In fact, the Soviets had already funded the construction of Egypt's Aswan Dam, a project the United States had turned down. The only catch was that if the Cold War became Washington's rationale for giving aid, it was inevitable that much of it would end up in the hands of unsavory regimes that pledged to be anticommunist -- regimes with a taste for gold-plated beds, Concordes, fat Swiss bank accounts, and torture. By linking aid payments to the Cold War, proponents of aid shot themselves in the foot. More aid was given, but it rarely reached the people it was intended to help.

FROM ALTRUISM TO SELF-INTEREST
When the Cold War began to lose its salience, the search began for other arguments to support aid. The World Bank appointed two successive blue-ribbon panels to deliberate on ways of expanding aid flows, the Pearson Commission, in 1968, and the Brandt Commission, in 1977. The group led by former West German Chancellor Willy Brandt, although emphasizing that there was a moral duty to give, fell back nonetheless on an enlightened self-interest argument based on a Keynesian assertion that made no sense at all: that raising global demand for goods and services through aid to the poor countries would reduce unemployment in the rich countries -- an argument seemingly oblivious to the fact that spending that money in the rich countries would reduce unemployment even more.

Other feeble arguments related to immigration. It was assumed that if aid were given wisely and used effectively, it would reduce illegal immigration by decreasing the wage differentials between the sending and the receiving countries. But the primary constraint on illegal immigration today is the inability of many aspiring immigrants to pay the smugglers who shepherd them across the border. If those seeking to reach El Norte or Europe earned higher salaries, they would have an easier time paying "coyotes," and more of them would attempt illegal entry.

Lewis, who was a member of the Pearson Commission, therefore despaired of both the altruistic and the enlightened self-interest arguments. I recall him remarking in 1970, half in jest, that development economists should simply hand over the job of raising aid flows to Madison Avenue. Little did he know that this is exactly what would happen 20 years later with the advent of the "Make Poverty History" campaign, supported by Live Aid concerts and the sort of celebrity overkill that many Africans despise. Of course, this has meant the revival of the altruism argument. Aid targets have therefore returned to the forefront of the debate, even though they are rarely met: in 2008, there was a shortfall of $35 billion per year on aid pledged by the G-8 countries at the Gleneagles summit in 2005, and the shortfall for aid to Africa was $20 billion.

One of the chief reasons for the gap is not just miserliness but a lack of conviction that aid does much good. Aid proponents today try to overcome this doubt by linking aid-flow obligations to worldwide targets for the provision of primary education and health care and other laudable objectives enshrined in the 2000 UN Millennium Development Goals (which are uncannily reminiscent of the Brandt Commission's proposals). But the question Moyo and other thoughtful critics properly insist on raising is whether aid is an appropriate policy instrument for achieving these targets.

And so one returns to the old question of what Rosenstein-Rodan termed "absorptive capacity": How much aid can be absorbed by potential aid recipients and transformed into useful programs? Arguments that aid can and should be used to promote development seem reasonable but have run into problems -- not just because corrupt dictators divert aid for nefarious or selfish purposes but because even in reasonably democratic countries, the provision of aid creates perverse incentives and unintended consequences.

The disconnect between what development economists thought foreign assistance would achieve and what it has actually done is best illustrated by a close look at the earliest model used to formulate development plans and estimate aid requirements. The model was associated with two world-class economists, Roy Harrod of Oxford and Evsey Domar of MIT. In essence, the Harrod-Domar model used two parameters to define development: growth rates were considered a function of how much a country saved and invested (the savings rate) and how much it got out of the investment (the capital-output ratio). Aid proponents would thus set a target growth rate (say, five percent per annum), assume a capital-output ratio (say, 3:1), and derive the "required" savings rate (in this case, 15 percent of GNP). If the country's domestic savings rates fell below this level, they reasoned, the unmet portion could and should be financed from abroad.

Economists also assumed that aid recipients would use fiscal policy to steadily increase their own domestic savings rates over time, thus eliminating the need for aid entirely in the long run. With such matching efforts by the recipients to raise domestic savings, so the logic went, aid would promote growth and self-reliance.

The problem with this approach, widely used throughout the 1970s, was that although aid was predicated on increased domestic savings, in practice it led to reduced domestic savings. Many aid recipients were smart enough to realize that once wealthy nations had made a commitment to support them, shortfalls in their domestic efforts would be compensated by increased, not diminished, aid flows. Besides, as Moyo notes, the World Bank -- which provided much of the multilateral aid flows -- faced a moral hazard: unlike the International Monetary Fund, which lends on a temporary basis and has a "good year" when it lends nothing, the World Bank was then judged by how much money it disbursed, not by how well that money was spent -- and the recipients knew this.

PAVED WITH GOOD INTENTIONS
Similar problems involving the mismatch between intentions and realities are present in today's battles over aid. Now, as before, the real question is not who favors helping the poor or spurring development -- since despite the slurs of aid proponents, all serious parties to the debate share these goals -- but rather how this can be done.

Many activists today think that development economists in the past neglected poverty in their quest for growth. But what they miss is that the latter was seen as the most effective weapon against the former. Poverty rates in the developing countries did indeed rise during the postwar decades, but this was because growth was sporadic and uncommon. And that was because the policy framework developing countries embraced was excessively dirigiste, with knee-jerk government intervention across the economy and fears of excessive openness to trade and foreign direct investment. After countries such as China and India changed course and adopted liberal (or, if you prefer, "neoliberal") reforms in the last decades of the century, their growth rates soared and half a billion people managed to move above the poverty line -- without question, the greatest and quickest progress in fighting poverty in history.

Neither China nor India, Moyo points out, owed their progress to aid inflows at all. True, India had used aid well, but for decades its growth was inhibited by bad policies, and it was only when aid had become negligible and its economic policies improved in the early 1990s that its economy boomed. The same goes for China.

If history is any guide, therefore, the chief weapon in the "war on poverty" should be not aid but liberal policy reforms. Aid may assist poor nations if it is effectively tied to the adoption of sound development policies and carefully channeled to countries that are prepared to use it properly (as President George W. Bush's Millennium Challenge program recently sought to do). Political reform is important, too, as has been recognized by the enlightened African leaders who have put their energies into the New Partnership for Africa's Development (NEPAD), which aims to check the continent's worst political abuses.

But unfortunately, despite all these good intentions, if the conditions for aid's proper use do not prevail, that aid is more likely to harm than help the world's poorest nations. This has been true in the past, it is true now, and it will continue to be true in the future -- especially if some activists get their wishes and major new flows of aid reach the developing world simply because it makes Western donors feel good.

Moyo is right to raise her voice, and she should be heard if African nations and other poor countries are to move in the right direction. In part, that depends on whether the international development agenda is set by Hollywood actresses and globetrotting troubadours or by policymakers and academics with half a century of hard-earned experience and scholarship. In the end, however, it will be the citizens and policymakers of the developing world who will seize the reins and make the choices that shape their destiny and, hopefully, soon achieve the development progress that so many have sought for so long.

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quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

1686) Uma candidata à carreira diplomatica: esforçada e realista...

Recebi, hoje, uma consulta de uma jovem candidata, a que respondi como abaixo. Nem a mensagem, nem minha resposta deveriam ser tornadas públicas, e não escrevi pensando em fazê-lo, esclareço. Après coup, contudo, verifiquei que as dúvidas dessa jovem são, se não iguais, pelo menos similares ou semelhantes às de dezenas de outros jovens candidatos que, também como ela, trabalham, estudam, não dispõem, como vários candidatos privilegiados que se dedicam unicamente ao concurso, de condições ideais, para tentar o concurso, mas que no entanto possuem uma vontade imensa de ser diplomatas.
Foi pensando nesses casos, que resolvi postar aqui a mensagem da jovem -- com a obliteração de alguns dados não relevantes para o caso em si -- e também minha resposta a ela.

On 18/02/2010, at 19:31, T P E wrote:

Boa noite Sr.Paulo Roberto Almeida,
Me chamo T,e sou mais uma entre esses milhoes de jovens idealistas,que sonham com a carreira diplomática,e sonham em mudar o mundo. Moro em Sao Paulo,desde os meus 15 anos sonho com a carreira diplomática,hoje, com 21 um pouco desiludida com a relacao canditado/vaga da fuvest resolvi mudar minha opcao de curso e prestei vestibular para (...) Políticas (...).

Visando aumentar minhas oportunidades, me inscrevi tambem para o vestibular de relacoes internacionais da UFRJ. Passei na Usp e agora só me resta saber o resultado da UFRJ.
Aonde pretendo estudar futuramente,certamente posso lhe dizer que minha maior vontade é a esfera pública da área internacional, entretanto, enquanto buscava hoje sobre mercado de trabalho para os graduados em relacoes internacionais, achei sua entrevista concedida em 2006 como resposta aos jovens que buscam essa carreira, foi desolador, realista, mas desolador.

Sim sou jovem e tenho sonhos, mas devido as condicoes financeiras da minha família, trabalho e durante os meus estudos terei que prosseguir trabalhando,portantosei que dificilmente sairei poliglota da faculdade, já que nao terei muito tempo para me dedicar as atividades extra-curriculares, nao sei se terei condicoes para pagar um curso preparatorio para o Itamaraty.
Enfim desculpe-me incomoda-lo mas nao conheco nenhuma pessoa graduada nessa área que me aconselhe. Mesmo nao tendo condicoes e provavelmente nao estando em pé de igualdade com meus concorrentes, devo insistir?
Ou devo focar em alguma carreira que me dará maiores possibilidades, já que no que trata-se das oportunidades dos ''internacionalistas''na esfera privada, o mercado encontra-se saturado e altamente competitivo...

Desculpe-me sei que o senhor é um diplomata muito culto, e respeito e admiro isso, mas em linhas gerais: Será que uma menininha de subúrbio que mal sabe falar inglês, como eu deve continuar sonhando com a carreira diplomática ou cair na real de que essa carreira é altamente idealizada e inacessível aos meu padroes??
Sei que o senhor deve ser muito ocupado,mas espero ansiosamente sua resposta já que saindo a lista de aprovados na Ufrj devo decidir se vou deixar Sao Paulo ou nao para estudar relacoes internacionais lá.
Agradeco sua compreensao e paciencia se leu meu e-mail,muito obrigada!
T P E

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Minha resposta a ela:

T,
Eu compreendo suas angustias e duvidas e gostaria de aconselha-la melhor do que de fato eu consigo fazer. Seria uma enorme responsanbilidade, sem que eu conheca exatamente suas condicoes de vida, orcamento pessoal ou familiar, background familiar e preparacao intelectual, dizer exatamente o que voce deveria fazer.
Se voce quer ser ou pretende ser diplomata, saiba que esse é um caminho muito duro de estudos e preparacao, com uma enorme carga de leituras pela frente e uma dedicacao quase integral aos estudos.
Veja, eu tambem era de uma familia suburbana, pobre (meus pais nao tinham primario completo, e eu nao tinha muitos livros em casa) e tampouco sabia ingles. Mas, eu passei alguns anos na Europa, e sabia frances muito bem, e na epoca em que fiz concurso direto podia ser uma lingua ou outra, a segunda apenas classificatoria. Agora voce precisa aprender o ingles muito bem, mesmo.
Nao gostaria de fazer esse tipo de recomendacao, pois é bastante duvidosa minha capacidade efetiva de aconselha-la, mas se eu fosse voce, eu ficaria em SP (por uma questao de economia domestica, pois suponho que voce continuaria morando em casa dos pais), faria o curso de (...) Politicas (...) (que lhe dará suponho, alguma oportunidade de trabalho em prazo mais imediato) e, paralelamente, iniciaria um programa serio de estudos.
Voce tem de ser absolutamente autodidata, ou seja, ler todos os livros por conta propria e ficha-los, anotar tudo, estudar pela Internet, treinar muito o Ingles e o Portugues.
Todas as demais materias, é apenas uma questao de leitura e de fixacao da leitura.
Quanto as linguas (e uma segunda lingua será necessario tambem, e proponho que voce treine bastante o Espanhol), so tem uma maneira: pratique muita redacao, em Portugues e em Ingles. Sua redacao tem de ser perfeita, tambem. Mais proximo do concurso voce vai estudar um pouco de Gramatica, o que eu acho horrivel, mas parece que é necessario. Por enquanto comece a escrever, o tempo todo, com cuidado, com apuro, com correcao absoluta. Nao é impossivel.
De resto, voce tem de aproveitar todo tempo livre para ler os livros e materiais de internet, de noite, no fim de semana, no caminho de casa ou do trabalho, enfim, leia o tempo todo, o tempo todo.
Se voce tiver disciplina, muita vontade, voce conseguira, mas tem de partir do pressuposto que voce nao sabe nada e precisa aprender tudo. Nao é impossivel, mas voce está comecando tarde. Ja perdeu pelo menos tres ou quatro anos de leituras dirigidas.
Claro que o curso de RI na UFRJ teria maior interface com os exames de ingresso na carreira diplomatica, em compensacao voce teria muito mais despesas, nao teria certas mordomias domesticas, e precisar perder tempo com cuidados proprios. Depois, nao é nada que voce nao consiga fazer sozinha, ou seja, ler os livros e fazer trabalhos em temas internacionais. Voce pode ler jornais internacionais na internet: New York Times, Financial Times, Economist. Faça isso.
Estabeleça esses objetivos com seus pais, fique em SP, e passe o tempo estudando, como uma monja...
Acho que voce conseguirá.
Cordialmente,
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Paulo Roberto de Almeida

1685) Iran's Nuclear Challenge: US options - Hudson Institute

Richard Weitz, Director of the Center for Political-Military Analysis of the Hudson Institute (Washington, DC) sent me this summary of a recent meeting on the issue of nuclear Iran, a defiant proliferator (and not be afraid to be one...)

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Iran’s Nuclear Challenge: U.S. Options
Event Summary

On January 12, 2010, Hudson Institute’s Center for Political-Military Analysis and the Partnership for a Secure America co-hosted a panel discussion on how the United States should respond to Iran’s nuclear program. The event marked the second discussion in a series on nuclear security issues funded by the Connect U.S. Fund.

Ellen Laipson, President and CEO of the Stimson Center, was the first to speak. She was followed by Ambassador James F. Dobbins, Director of the RAND Corporation’s International Security and Defense Policy Center. Hillel Fradkin, Senior Fellow and Director of the Hudson Institute’s Center for Islam, Democracy and the Future of the Muslim World, spoke next. Alex Vatanka, Editor of Jane’s Islamic Affairs Analyst, was the final panelist. Matthew Rojansky, Executive Director of the Partnership for a Secure America, and Richard Weitz, Senior Fellow and Director of the Hudson Institute’s Center for Political-Military Analysis, co-chaired the panel.

U.S. Policy Goals
Ambassador Dobbins argued that three basic goals should guide an enduring U.S. strategy regarding Iran: halting or reversing its nuclear program, moderating Iran’s external behavior, and encouraging reform within the Iranian regime. Although Dobbins saw these goals as being compatible in the long run in that achieving one would facilitate attaining the others, he acknowledged that tactical conflicts might arise among them.

Ellen Laipson acknowledged that the Iranian case is a particularly difficult one due to the historical and ideological antagonisms and misunderstandings between the two countries. She believes that the frequent switching of U.S. public priorities regarding Iran—jumping from an anti-terrorism to an anti-nuclear focus to a pro-human rights platform—has complicated the effectiveness of U.S. diplomacy regarding that country. The United States should, in her opinion, more clearly define its goals in dealing with Iran, recognizing that U.S. objectives must be modest given Washington’s limited influence and consider how pursuing its goals could affect other U.S. foreign policy objectives. For example, the United States has to reflect how its actions regarding Iran will strengthen the nuclear non-proliferation regime. Although important, the issue of the Iranian nuclear program should not overwhelm discussion of other important U.S. goals or serve as the litmus test for all U.S.-Iranian interactions. It was important to consider a package of desirable and achievable objectives—such as limiting tensions between Tehran and other governments as well as inducing Iranians to define their security goals in ways that are more congruent with U.S. interests—in order to create room for opportunities and tradeoffs. The long-term objective should be to create opportunities for a reconciliation between the U.S. and Iranian governments as well as their peoples.

Dr. Fradkin cited constraining Iran’s nuclear program as the most important U.S. priority, both because of the threats it presented to other countries and the damage it was inflicting on the global nuclear non-proliferation regime. Fradkin was more optimistic than the other speakers that the Iranian people would eventually succeed in replacing the Iranian regime, so he argued that even delaying Iran’s ability to manufacture nuclear weapons by a few years could yield great benefits. Alex Vatanka was less optimistic about the prospects that the Iranian popular opposition would change their regime or modify Iran’s nuclear policies, but he believed that U.S. policies designed to weaken the Islamic Revolutionary Guard Corps (IRGC) could both reduce repression within Iran and weaken the influence of a major supporter of anti-American polices within Iran.

Iran’s Domestic Situation
Vatanka observed that, since last June’s Iranian presidential elections engendered widespread suspicions of fraud and a mass protest movement against the declared winner, incumbent President Mahmoud Ahmadinejad, the clerical regime, though certainly not on the brink of collapse, has become more concerned about domestic threats to its rule. The government has sought to silence the dissidents and appear stable and legitimate to the outside world. If anything, according to Vatanka, the IRGC has redoubled its resolve to make progress in developing Iran’s nuclear capabilities and other military potential in order to negotiate from a position of strength with foreign governments and strengthen its nationalist credentials within Iran. He anticipated further IRGC-led military exercises as well as further Iranian missile launched. In addition, Vatanka noted that many members of the opposition support Iran’s nuclear research and energy program, while others fear that calling for a negotiated compromise that would constrain Iran’s nuclear potential would make them look unpatriotic and a “Trojan Horse” for the United States. If anything, members of the Green opposition have sought to attack the regime for making excessive concessions to the United States on the nuclear issue. Although members of the mass popular opposition have no impact on Iran’s nuclear policy, members of the institutionalized opposition—who still hold important government and clerical posts—might have some influence in the future. Vatanka and Laison further noted that, since approximately seventy percent of the Iranian population is under the age of thirty, and generally have no experience with the 1979 Revolution and do not want to remain a pariah state, the decades ahead could see more favorable U.S.-Iranian relations as they assume power.

Dr. Fradkin saw the current Iranian regime as committed to the revolutionary ideology of the Islamic Republic’s founders. He also cited evidence that the June 12 Iranian presidential elections were rigged in favor of Ahmadinejad’s reelection. He noted the rapidity with which the results were announced as well as the implausible vote totals. He believed that the fraudulent elections had undermined the legitimacy of the Iranian regime at home and abroad. As a result, the regime was vulnerable to international sanctions that discredited its sought-after image of omnipotence. In addition, many Iranians might welcome American economic sanctions or military action against the Iranian government.

The numerous arrests, injuries, and killings carried out against protesters by the IRGC led Ambassador Dobbins to believe that Iranian Revolutionaries, previously in rough political balance with the Islamists and the Republicans, has enhanced its political influence and emerged as the dominant faction in Iran’s decision-making process. He was not optimistic about the prospects of imminent political change that would lead to a new Iranian regime to pursue less hostile policies toward the United States.

Laipson was also pessimistic about the prospects of a near-term collapse of the Iranian regime. In her assessment, societal change in Iran, as in other countries, is primarily driven by local factors. She doubted that U.S. policies could contribute to this process, noting the limited U.S. presence in the country at present as well as the 30-year history of public antagonism between the two countries. She also warned that overt American efforts to change Iran’s political system could backfire.

Prospects for Engagement
The general consensus of the speakers was that recent U.S. attempts to engage Iran diplomatically have proven unsuccessful and this situation was unlikely to change so long as the current Iranian leaders remain in power. Dobbins saw the Iranians as too preoccupied with their internal political struggles to make a good partner for diplomatic engagement. Fradkin noted how the main result of the years of frustrating negotiations, supported by both the Bush and Obama administrations as well as U.S. allies, has been that Iran had made further progress in developing sensitive nuclear technologies and in improving the range and accuracy of its ballistic missiles. Laipson attributed this lack of success to the limited American presence in Iran during the last thirty years, as well as to the revolutionary ideology of Iran’s post-1979 regime, which demonizes America, does not respond well to U.S. appeals to become a responsible global stakeholder, and makes cooperating with the United States difficult for Iranians. According to Vatanka, many Iranian leaders believe that Iran has the upper hand diplomatically with respect to the United States, making them unwilling to offer further concessions, thereby increasing the difficulties of engagement. All of the speakers noted the importance of courting the younger generation of Iranians to build good will that could yield dividends in the future. Additionally, the four panelists emphasized that establishing an embassy, while useful, was unlikely to happen soon, as the Iranian government would likely demand U.S. concessions that Americans would find unacceptable.

Laipson was pessimistic about the ability of other governments to induce changes in Iranian foreign policy through diplomacy, noting that many of them, especially the Europeans, believed that only a deal between Washington and Tehran would resolve the Iranian nuclear issue. She believed that other important countries, such the so-called middle powers, could exert greater influence in pressing Iran to moderate its nuclear policies. Dobbins and Fradkin noted that many of Iran’s neighbors, though apprehensive about Tehran’s regional ambitions, wanted the United States to solve the Iranian nuclear problem without involving them too directly.

Military Options
Laipson, Dobbins, and Vatanka believed that any U.S. military attack against Iran, even if limited to its nuclear sites, would enflame Iranian public opinion against the United States and rally support for a harder government line on the nuclear issue. Laipson maintained that a strike against nuclear sites would redouble the government’s resolve to obtain nuclear weapons to prevent further U.S. attacks. Dobbins argued that any use of force that left the current regime in power would probably work against the three core goals that should guide U.S. strategy.

Vatanka believed that the Iranian leaders now believe that they could survive a limited foreign military strike. For example, he pointed to the underground nuclear enrichment facility in Qom as illustrating the regime’s strategy of seeking to preserve its nuclear potential even in the case of a limited military strike. The United States should consider how it can best deflate the Iranian leadership’s sense of overconfidence short of considering military options.

Fradkin, however, thought that many Iranians might accept a limited U.S. military strike against IRGC-related targets. Although not necessarily advocating a military strike, he would not remove the option from the table. He noted that a successful attack could delay Iran’s ability to develop a nuclear weapon by years, increasing the possibility that the current Iranian regime would be superseded by one less hostile toward the United States. Like others, Fradkin warned that many people would blame the United States for an Israeli attack since they would conclude that Washington had given Israel a green light for any military action against Iran. He added that, if using military force became necessary, it would be better for a great power like the United States to assume that responsibility directly, especially since U.S. military capabilities for such an option were superior to those available to Israel.

International Sanctions
The option of imposing additional sanctions on Iran received the most attention. As with the panelists’ diverging opinions on potential military action, the differences in their positions primarily reflected their varying interpretations how Iranian public opinion might respond.

Ambassador Dobbins listed five benefits that advocates of international sanctions believe they might achieve. First, sanctions could induce Iran to change its objectionable behavior. Second, if used to support democracy or human rights, sanctions could promote benign internal changes in Iran. Third, sanctions could degrade or impede the growth of Iran’s military power by weakening the national economy. Fourth, sanctions against Iran’s nuclear program could discourage other countries from pursuing nuclear weapons. Finally, sanctions offer an alternative to less palatable alternative options. Dobbins believed that the experience with using sanctions in other cases suggests they were unlikely to induce a major change in Iran’s nuclear policies, at least in the short run, or compel the Iranian government to curb its human rights abuse. But they could discourage other regimes from seeking nuclear options and allow members of Congress and others to register their concerns about Iranian behavior without requiring them to advocate the use of force or accept a nuclear Iran as inevitable.

Laipson, Dobbins, and Vatanka concurred that China and Russia would likely resist imposing very harsh sanctions on Iran. They did believe that, besides signaling American disapproval of the Iranian government, the only other likely benefit from sanctions would be if they were targeted against the IRGC, which is running the nuclear program. Vatanka pointed out that the Revolutionary Guard considered both Iran’s nuclear and missile programs extremely important, so that if the sanctions could somehow cripple those programs, they could inflict a major blow to the morale and popular legitimacy of the IRGC, a major anti-American force in Iranian politics. Laipson, Dobbins, and Vatanka cautioned against imposing broader sanctions against consumer products, which would harm the Iranian people and potentially alienate them from the United States and rally them behind their regime.

Fradkin argued that the Iranian public, even if adversely affected by U.S. sanctions, might instead blame their misfortune on the Iranian government and its confrontation foreign and domestic politics. He also doubted that any sanctions could be so constructed to only affect the IRCG given that the Revolutionary Guard had expanded its control over much of the Iranian economy as well as its military and security apparatus. Fradkin therefore supported a U.S.-led effort to seek international support for comprehensive, “crippling” sanctions on Iran that ideally will undermine a main pillar of the regime—the image of power it seeks to project to its domestic and foreign opponents. If, as expected, Russia and China blocked U.N. sanctions, Fradkin would favor working with European countries, whose governments he expected would be more willing to go along with punitive measures now that their years of sincere engagement efforts had failed to yield favorable results.

Dealing with a Nuclear-Armed Iran
Several questions from the audience inquired how Iranian behavior might change if Iran acquired the capacity to manufacture nuclear weapons. U.S. intelligence indicates that Iran does not currently have the ability to manufacture nuclear weapons but that Tehran might achieve such a capability within the next few years. The panelists were asked to assess the accuracy of this intelligence and how the U.S. should react if Iran does attain the ability to produce nuclear warheads. Dr. Fradkin said that the 2007 National Intelligence Estimate stating that Iran had stopped trying to develop a nuclear weapon might have been accurate at the time, but that Iran had likely resumed such efforts since then given the publicly available information. Ambassador Dobbins noted that earlier intelligence assessments had overestimated the pace of Iran’s subsequent nuclear progress. Laipson added that a fundamental problem was that the United States lacked an embassy in Tehran or other means to collect important information that would enrich U.S. assessments of Iranian nuclear developments or other events within Iran.

When asked to speculate how Iran might behave if it acquired nuclear weapons, Dobbins suggested other historical examples of how country’s foreign policies changed after they acquired nuclear weapons might offer some guidance, but the past record was mixed. Sometimes, as in the case of Pakistan, obtaining a nuclear arsenal made countries more aggressive, whereas in other cases, as with China and Russia, it moderated their behavior. Similarly, Iran could become more aggressive diplomatically, using its nuclear weapons capacity as leverage in negotiations, or Tehran could become less aggressive since Iranian leaders might perceive their nuclear arsenal as deterring foreign attacks and threats. In either case, Dobbins stressed that the United States should take care to avoid actions that would recognize the legitimacy of Iran’s nuclear arsenal in the hope that a future Iranian regime might renounce it in order to end the country’s isolation from the international community. Laipson observed that Iran would almost certainly not use such weapons to attack other countries, but would employ them to enhance its negotiating leverage. Nonetheless, she noted that Iran is already the major military power in the region, excluding extra-regional powers like the United States, so Iran’s possessing nuclear weapons would not necessarily engender a major change in regional security dynamics.

Dr. Fradkin, though agreeing that Iran would be unlikely to use a nuclear weapon in war, offered several examples of how an Iranian government that possessed a nuclear arsenal might become emboldened in its foreign policy. Tehran could use nuclear weapons to add weight to its efforts to remove U.S. military forces from neighboring countries, assert dominance over other Persian Gulf countries, try to force concessions from Israel, or threaten nearby oil-producing states like Saudi Arabia to keep oil prices high. To add credibility to its demands against the United States or to create a bargaining chip for negotiations with Washington, Iran could place its ballistic missiles in a country such as Venezuela that would be in striking range of the U.S. homeland. He also worried that Iran’s successful acquisition of nuclear weapons would encourage other countries, especially Iran’s neighbors, to pursue their own nuclear options. Given what he saw as the limited applicability of Cold War analogies regarding the nuclear standoff between the United States and the Soviet Union, Fradkin emphasized the importance of conducting additional studies—for example, on potential delivery systems for Iranian nuclear weapons—to determine what types of threats Iran could pose.

1684) Brasil diz que não apoiará sanção ao Irã na ONU

Um exemplo de coerência com as próprias ideias (ou posições), sem dúvida...

Brasil diz que não apoiará sanção ao Irã na ONU
Bloomberg, Valor Econômico, 18/02/2010

O Brasil disse aos EUA e à França que não apoiará sanções mais duras ao Irã e que pretende continuar sua política de aumento das relações comerciais com o país islâmico, apesar das objeções feitas pelo governo Obama.

"Não achamos que as sanções serão uma boa ideia agora", disse a embaixadora Maria Viotti. "As negociações têm de continuar. Se adotarmos sanções, isso tiraria as negociações dos trilhos."

A resistência do Brasil a mais sanções mostram a dificuldade dos EUA de manter a unidade que caracterizou as três resoluções anteriores da ONU contra autoridades e bancos iranianos.

O Brasil assumiu em janeiro uma vaga rotativa de dois anos no Conselho de Segurança da ONU e pode se juntar a China, Líbano e Turquia, que já deram indícios de que devem se abster ou votar contra novas sanções ao país.

O governo do presidente Barack Obama vem aumentando a pressão para que os membros do Conselho de Segurança apoiem penalidades maiores contra o Irã. A secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, disse que seria uma "má ideia" para os países da América Latina aumentarem os laços com o Irã.

O governo brasileiro defende que a aproximação comercial com Teerã seria um fator positivo.

"O Irã é um grande mercado para os produtos alimentícios do Brasil", disse a embaixadora Viotti. Além disso, afirmou ela, uma relação comercial mais forte colocaria o Brasil em posição de forçar uma negociação.

1683) Um estudante que estuda (e gosta de faze-lo...)

A proósito do meu post, abaixo:

1681) Estudantes, estudai! (acho que é isso)
Cui prodest? (Ou, para quem escrevo?)


um estudante de escreveu-me o que segue:

On 18/02/2010, at 02:29, Jhonny E. wrote:

Oi professor, tudo bom?

Lendo seu post 'Estudantes, estudai', percebi algo singular em suas palavras, algo que me deixou até...como diria, de certo modo 'inspirado' e emocionado. Sobre a 'abertura dos olhos' para a nova geração, que realmente deve ser cética e completamente autodidata, tanto com os livros quanto com as relações humanas, algo que o senhor me ensinou e 'tento' praticar ( usualmente com o senhor e eventualmente com pessoas mais 'vividas' de conhecimento).
Porém, acredito que a teoria não basta para justificar nossas ações, há tantas personalidades que possuem profundos conhecimentos acerca de vários assuntos e nem por isso mexem sequer um dedo para 'mover' o mundo ao seu redor, deixando da mesma forma que o encontrou ao nascer, não contribuindo para nada.

Teoria e prática devem se aliar, não a prática 'ideológica', nem tampouco ausente desta. Todos esses encontros, cada qual com seu proposito implica-se em suas ideologias, uns...a praticam outros a manifestam apenas em dados momentos.

Aprecio muito do que o senhor ensina para os mais jovens, refutando o falso e revelando o verdadeiro. Mesmo não aceitando o seu 'realismo' sobre o futuro do Brasil e seu afundamento. Lamento, e muito, o fato das pessoas não se juntarem por uma causa comum, concentrarem todo o acumulo de conhecimento que tem e realizarem ao menos uma reforma em todos os setores, lamento pelo fato das pessoas serem inertes em relação ao estudo, serem deficientes em suas análises, pobres em suas contribuições de mudança, fracas em relação a autoridade do argumento, cegas em enxergar o mundo e continuar caminhando, tentando se adaptar usando óculos para evitar que a vista canse.
O senhor já me disse mil vezes, 'continue a estudar, a aprender com os mais vividos, a ser um cidadão responsável intelectualmente', por isso e muito mais continuo firme, ao passo de pensar lamentavelmente que esse esforço não contribua para nada, ou ao menos contribua, mas não significamente como penso em fazer.
A única expectativa que vejo para mudar esse 'quadro do caos' que o mundo se encontro é por meio da reação em cadeia, mas pelo 'realismo' que aprendi do senhor cada dia vejo que ela fica mais longe e além de distante distorcida, pois de nada adiantará tentar mudar o mundo se nem ao menos mudamos nós mesmos.....

Abraços,
Jonathan Yuri

OBS: Se com meus 19 anos já estou 'frustado' imagina quanto tiver 60.

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Por falta de tempo, respondi apenas o que segue, mas pretendo voltar ao assunto:

Você, meu caro, vai viver num Brasil melhor do que o atual: mais desenvolvido, com brasileiros mais prósperos, instituições menos corruptas, mais justiça e mais educação, tenho certeza, mas isso nao vem de graça, é preciso esforço constante e um empenho de cada um para fazer do Brasil um país melhor do que aquele que encontramos quando aqui "chegamos". Persista, e você será feliz.
O abraço do
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Paulo Roberto de Almeida