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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Mais uma das invencoes economicas geniais do governo: regressismo patina ate para tras...

Fabuloso: eu já sabia que não ia dar certo (como diria o Harry), desde quando anunciaram a medida mais reacionária dos últimos oitenta anos: sair da multilateralização dos pagamentos externos para a bilateralização, e justamente com um vizinho que é um manipulador cambial contumaz. 
Como é que o Brasil, com seus competentes economistas no Banco Central - mas muitos outros incompetentes na Fazenda -- consegue dar um passo atrás, de mais ou menos 80 anos (para ser gentil), e reverter um sistema tão simples quanto a contabilidade uniforme em dólares, segundo regras já testadas intensamente por dezenas de países e pelo FMI?
Como e por que diabos, o Brasil resolve abandonar o dólar, numa relação comercial altamente instável -- como ocorre com a errática e protecionista Argentina -- e introduzir um sistema de dupla contabilidade, que só obriga o BC a ter custos administrativos acrescidos, ao ter de fazer contabilidades paralelas, em pesos e em reais, para registrar fluxos de comércio que estavam sendo perfeitamente registrados em dólares, inclusive aqueles que são cursados ao abrigo do Convênio de Créditos Recíprocos da Aladi?
Por que diabos um BC tem de ser responsável por garantir riscos cambiais e comerciais de exportadores privados? Onde mais, em quais outros países malucos, os BCs se afastam de suas funções monetárias e cambiais para adentrar em regimes privados de garantias comerciais, assumindo prejuízos para exportadores privados?
Quem é o maluco que mantém a ficção do comércio em moedas locais, quando, no final de cada dia, os valores correspondentes precisam ser referidos ao dólar, para que os Bancos Centrais respectivos liquidem suas posições superávitárias ou deficitárias?
Quem foi o idiota que, por preconceito contra o dólar, ordenou todas essas bobagens?
Quem é o economista maluco que acha que as empresas exportadoras também vão gastar dinheiro à toa -- como faz o governo, mas com o nosso dinheiro -- mantendo duas contabilidades paralelas, uma, normal, a que é feita em dólares há décadas, para todas as finalidades, e uma outra, especialíssima e exclusiva, em reais, ou pior, em pesos, pagando o dobro de contabilistas, para fazer o mesmo trabalho dobrado, e inútil?
Qual é o banco estúpido, que vai montar um sistema paralelo para também lidar com reais voláteis, e pesos, altamente voláteis, quando ele o faz tranquilamente em dólares, sendo que todo o financiamento comercial internacional é mesmo contabilizado em dólar?
Quem foi o idiota que propôs tudo isso, para nada, ou quase nada? 
Deve ter sido o mesmo idiota que queria fazer livre comércio com a China e que também queria comércio em moedas nacionais com a China. INACREDITÁVEL!!! Todo o saldo que conseguiríamos com a China, num sistema maluco como esse, teria de ser revertido em compras obrigatórias no próprio mercado chinês, já que receberíamos em yuan, uma moeda inconvertível (como o real, aliás, e o peso argentino também). Incrível.
Esses economistas geniais do governo deveriam merecer o Darwin Award, se ele existisse para economistas. 
O Brasil avança rapidamente para trás em matéria econômica. Consegue voltar ao tempo das moedas inconversíveis e do intercâmbio equilibrado...
Mais um pouco ele volta ao tempo das diligências e vai passar a usar a Western Union...
Paulo Roberto de Almeida 

Patina o comércio 'sem dólar' entre Brasil e Argentina

O Estado de S. Paulo, 26/12/2011


Sistema que permite trocas comerciais entre países sem utilização de dólar cresceu em 2011, mas ainda é pouco representativo.

O sistema que permite trocas comerciais entre o Brasil e a Argentina sem utilização do dólar cresceu em 2011, mas ainda representa um porcentual pequeno dos negócios entre os dois países. Para especialistas em mercado de câmbio e comércio exterior, esse sistema é pouco atrativo para grandes empresas, mas pode representar redução de custos e burocracia para companhias de pequeno e médio porte, que respondem hoje pela maior parte dos negócios em moedas locais.
Lançado há três anos, o Sistema de Pagamentos em Moeda Local (SML) entre Brasil e Argentina tem como objetivo reduzir a dependência do dólar e servir de base para a criação, no futuro, de uma moeda única para o Mercosul. Os resultados alcançados até agora, no entanto, são pouco relevantes em relação à corrente de comércio entre as duas nações.
As exportações para o país vizinho por esse sistema cresceram 40% entre janeiro e outubro deste ano, de acordo com dados do Banco Central e do Ministério do Desenvolvimento, mas ainda representam somente 1,3% das vendas totais. Do lado das importações, os negócios caíram 20% no mesmo período e continuam com uma participação próxima de zero.
No sistema de moeda local, o exportador brasileiro fecha o negócio em reais com o importador do país vizinho. A empresa argentina deposita o equivalente em pesos em um banco local que opera o sistema.
A instituição financeira registra a operação no banco central argentino, que faz a compensação com a autoridade monetária brasileira. Posteriormente, o exportador recebe em conta corrente o valor correspondente já transformado em reais.
Uma desvantagem neste sistema é que o exportador não tem a possibilidade de deixar o dinheiro depositado fora do País para fazer o pagamento de outras despesas ou trazê-lo em um momento de câmbio mais favorável.
A ausência de um contrato de câmbio, fator que reduz custos e burocracia no SML, é um problema para empresas que precisam desse instrumento para usá-los como lastro para empréstimos em moeda estrangeira.
Para exportadores que não têm acesso a essas linhas de financiamento, não têm depósitos fora do País e têm poder menor de negociação com os bancos, entretanto, o sistema que elimina o dólar pode representar uma alternativa, segundo José Augusto de Castro, vice-presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB).
“Há uma série de restrições que acabam afastando as grandes companhias. Por isso, a participação majoritária no SML é de pequenas em médias empresas”, diz Castro.
Moeda americana. Outra barreira para o avanço desses negócios é a falta de confiança na moeda do país vizinho. O SML reduz, mas não elimina totalmente o risco cambial, pois há defasagem entre o fechamento do negócio e a realização da transação financeira.
Esse risco está relacionado sempre à variação da moeda do exportador, que serve de referência para a operação. Segundo especialistas consultados, isso explica porque praticamente todas as transações hoje no sistema são de vendas para a Argentina, em que as partes correm o risco de variação do real, e não o contrário.
João Medeiros, diretor da corretora de câmbio Pioneer, avalia que esse sistema só deve se disseminar quando e se o dólar deixar de ser a moeda de referência para os dois países.
Para ele, nem mesmo o fortalecimento do real foi suficiente para impulsionar esse sistema. “Ainda é um negócio muito incipiente. É relativamente pequeno nas exportações brasileiras, e o volume de importações é quase nada. Só teremos crescimento disso quando as moedas forem conversíveis”, ressalta.
Preferência. Mesmo que empresas brasileiras de menor porte queiram utilizar esse sistema para exportar, precisam encontrar importadores argentinos dispostos a correr o risco de variação do real e que prefiram receber pesos, em vez de dólares, o que é pouco provável no momento atual, já que o governo do país vizinho impõe restrições para compra da moeda americana.
Para Medeiros, a preferência das empresas por fechar negócios em dólar reflete o que acontece também com os turistas brasileiros que viajam para a Argentina.
“O brasileiro que leva reais para lá até consegue trocar a moeda. Também pode usar pesos, mas os argentinos querem mesmo é o dólar”, destaca o diretor da corretora.

Pra frente Brasil! (ainda que lentamente): sobre o ufanismo governamental

Acredito que o governo não tem NADA a comemorar com o anúncio abaixo, ou seja, de que o Brasil já é a sexta maior economia do mundo, e deveria até pedir desculpas à sociedade pelo mal que ele faz, à própria sociedade, aos cidadãos e à economia brasileira, em qualquer ordem e em diversas proporções.
Em primeiro lugar, tamanho do PIB nacional nunca foi indicador de prosperidade nacional, do contrário países pequenos, como Dinamarca ou Luxemburgo seria países horríveis para se morar, e não sociedades com renda per capita altamente satisfatória, e mesmo superlativa.
Em segundo lugar, quem obteve esse PIBão não foi o governo, sequer o Estado brasileiro, e sim as milhares de empresas brasileiras e os milhões de trabalhadores que realmente criaram riqueza e renda, sendo que o governo, o Estado de forma geral, só atuou para diminuir o potencial de criação de riqueza, ao extrair renda dos cidadãos e das empresas para gastos não produtivos. O Estado brasileiro é um despoupador líquido, capturando dois quintos da riqueza e investindo 1% do PIB em investimentos produtivos.
Em terceiro lugar, muito desse PIB é ilusão estatística, ou manipulação cambial, já que uma outra taxa de câmbio, mais realista, ou desvalorizada -- como querem vários economistas malucos que existem por aí -- representaria um PIB bem menor. Dou um exemplo: em 1998, antes da famosa crise de desvalorização e da introdução do regime de flutuação, no começo de 1999, éramos uma "enorme", superior a 800 bilhões de dólares; bastou o câmbio sair de 1,6 para mais de 2,4 reais por dólar, para que o PIB baixasse vergonhosamente para 450 bilhões de dólares, ou seja, ficamos pobres outra vez. Isso tudo, portanto, é uma ilusão cambial, e não traduz o potencial exato da economia brasileira.
Em quarto e mais importante lugar, cabe referir que prosperidade mesmo se mede em PIB per capita, ou seja, disponibilidade de renda para que cada um possa satisfazer suas necessidades. Cabe referir que, mesmo com esse PIBão, nossa renda per capita é quatro, cinco ou seis vezes menor do que a dos países mais ricos, e que, para alcançar a renda média europeia, como reconhece o próprio ministro da Fazenda, ainda vai demorar muito. Mais vergonhoso ainda será quando a China, que cresce três vezes mais do que o Brasil, superar a nossa renda per capita, ela que tem ainda milhões e milhões de miseráveis ou de pobres. E isso não é difícil: crescendo 8,5% em termos per capita, ao ano, a China pode ultrapassar o Brasil em mais alguns anos, pois ela dobra a sua renda per capita em menos de uma geração (17 anos, aproximadamente), ao passo que o Brasil só consegue dobrar a sua renda per capita em mais de duas gerações, ou seja, mais de 50 anos.
Em quinto lugar, o PIB do Brasil é explicado, basicamente, pela valorização dos produtos primários de exportação, algo totalmente alheio e independente dos méritos ou deméritos da economia brasileira. Ou seja, o Brasil não está vendendo, ele está sendo comprado, e graças à valorização das commodities pela voracidade industrial chinesa, tem auferido uma renda extra por ser um país de enormes recursos naturais. O Brasil foi enormemente beneficiado pelo crescimento da economia mundial, sem que ele tenha feito praticamente nada para isso.
Em sexto e último lugar, esse crescimento todo se dá justamente pelos produtos de baixa elasticidade-renda, já que estamos perdendo espaço nos mercados de crescimento mais dinâmico, que são os manufaturados eletrônicos, num processo que alguns chamam (mas eu não estou de acordo) de "desindustrialização", um termo muito vago para abranger de maneira adequada a complexidade do fenômeno. Em todo caso, o Brasil participa muito pouco dos mercados de alta tecnologia ou de alto valor agregado, ocupando apenas os nichos de baixa valorização, e muito pouco em serviços, em finanças, em know-how. Isso se explica, em grande medida, pela qualidade pavorosa, para não dizer horripilante, da educação brasileira, que só anda para trás, em função das novas saúvas que ocupam o MEC, as pedagogas freireanas. Nesse aspecto, não há nenhum risco de melhorar, pois as barbaridades educacionais permanecem e se ampliam, com um MEC que só se conserta destruindo e construindo outra estrutura, outras carreiras do professorado, outra filosofia educacional.
Finalmente, é uma ilusão que o Brasil seja um país melhor do que a Grã-Bretanha, ou a Itália, ou talvez dentro em pouco a França, apenas porque o seu PIB superou ou superará os PIBs desses países. Qualquer pessoa que conheça os países, e seus fatores intangíveis, constata, verifica, sabe, pessoalmente, que isso é uma bobagem monumental.
Volto a repetir: o Brasil já poderia ser, há muito tempo, um país mais rico, ou melhor, com cidadãos mais prósperos, e só não o é, ou seus habitantes não dispõem de rendas superiores, por culpa exclusivamente do Estado, que rouba, literalmente, a renda dos cidadãos.
O Estado tornou-se, na atualidade, o principal obstrutor do desenvolvimento brasileiro. Os brasileiros ainda vão se convencer disso, e prender o ladrão...
Em outros termos, não cabe nenhum ufanismo deslocado.
Paulo Roberto de Almeida 

Brasil demorará até 20 anos para ter padrão de vida europeu, diz Mantega

Ao comentar estudo que mostra o País como a sexta maior economia do mundo, o ministro da Fazenda destacou que ainda é preciso investimento nas áreas social e econômica

OESP, Segunda, 26 de Dezembro de 2011, 15h09
Adriana Fernandes, da Agência Estado BRASÍLIA - O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse nesta segunda-feira, 26, que o Brasil poderá demorar de 10 a 20 anos para fazer com que o cidadão brasileiro tenha um padrão de vida semelhante ao europeu. Ao comentar o estudo do Centro de Pesquisa para Economia e Negócios (CEBR, em inglês), que aponta o Brasil como a sexta maior economia do mundo, à frente do Reino Unido, o ministro afirmou que o Brasil vai consolidar essa posição porque continuará crescendo mais do que outros países em razão de crise internacional afetar mais as economias avançadas. 
Mantega disse que o País ainda precisa investir mais nas áreas social e econômica. "Isso significa que nós vamos ter continuar crescendo mais do que esses países, aumentar o emprego e a renda da população. Nós temos um grande desafio pela frente", disse Mantega. "Mas a boa notícia é que nós estamos nessa direção e caminhando a passos largos para que o Brasil, num futuro próximo, seja um país melhor", afirmou, em nota à imprensa.


Mantega disse que essa posição vai ser consolidada e a tendência é de que o Brasil se mantenha entre as maiores economias do mundo nos próximos anos.


Ao citar as boas relações comerciais do Brasil com outros países, especialmente com os asiáticos, Mantega destacou que, atualmente, o Brasil é "respeitado e cobiçado, tanto que os investimentos estrangeiros diretos devem somar US$ 65 bilhões esse ano".

Homenagem a uma colega: Milena Medeiros

Milena Oliveira de Medeiros (1976-2011)
Infelizmente vítima de péssimas condições sanitárias em posto no qual esteve em missão transitória (Malabo, na Guiné Equatorial) e igualmente vítima da incompetência médica em Brasília...
Um colega consternado...
Meus sentimentos à família por esta tragédia familiar.
Paulo Roberto de Almeida
Terceiro Secretário
Divisão de Seguimento de Cúpulas - 03/01/2011

06/03/1976:
Filha de Joaquim Dantas de Medeiros e Raimunda Carneiro de Oliveira, nasce em 06 de março, em Rio Branco/AC
06/02/1998:
Bacharel em Direito pela Universidade Federal do Acre
02/10/1998:
Escritório Jurídico Lourival Marques de Oliveira
08/10/1998:
Especialização em Direito Constitucional, pela Universidade Federal do Acre
22/12/2006:
Bacharel em Música pela Universidade de Brasília
12/08/2009:
Terceira Secretária em 12 de agosto
13/08/2009:
CG Ensino - IRBr
23/12/2010:
Subsecretaria-Geral Política II - Divisão de Seguimento de Cúpulas, Sub-Chefe

Morre diplomata que contraiu malária na África

Correio Braziliense – 27/12/2011
Servidora foi internada após voltar de viagem oficial. Fatalidade provoca mudança de procedimento do Itamaraty, que passará a informar funcionários de riscos às visitas a países com áreas endêmicas
A diplomata brasileira Milena de Oliveira Medeiros, 35 anos, morreu na manhã de ontem, vítima de malária. Internada desde o começo de dezembro no Hospital Brasília, no Lago Sul, ela havia contraído a doença em uma viagem à África a serviço do governo — entre 20 e 27 de novembro, a servidora participou de missão oficial em Malabo, capital da Guiné Equatorial.
Oito dias após retornar ao Brasil, Milena começou a passar mal e, em 5 de dezembro, teria procurado pela primeira vez o hospital, onde fez um exame para malária cujo resultado sairia em duas semanas. Ela foi internada dois dias depois, devido ao agravamento de seu quadro clínico e, no dia 10, a diplomata deu entrada na unidade de terapia intensiva (UTI) do hospital. Desde então, seu estado de saúde era considerado grave.
O Ministério das Relações Exteriores (MRE) havia informado, na semana passada, que “a demora no diagnóstico da doença e a pouca familiaridade com o tratamento de certos tipos de enfermidades tropicais” encontravam-se na “raiz do agravamento do estado de saúde de Milena de Oliveira e Medeiros”. A reportagem procurou o hospital na noite de ontem, mas a instituição não divulgou informações sobre o caso.
Em nota publicada ontem no site do Itamaraty, o MRE afirmou que Milena “sempre exerceu suas funções com grande dedicação e sentido de dever. Sua passagem, que abrevia prematuramente uma carreira promissora, é sentida profundamente por todos os seus amigos e colegas”. O texto informou ainda que “o ministro Antonio Patriota manifestou aos familiares da diplomata suas condolências e a solidariedade de todo o corpo de funcionários do Ministério das Relações Exteriores”.
Orientação
O Itamaraty foi criticado ontem pelo Sindicato Nacional dos Servidores do Ministério das Relações Exteriores (Sinditamaraty), que divulgou nota em seu site acusando o MRE de não acompanhar o estado de saúde dos servidores. “O Itamaraty, por sua especificidade, deveria promover exames médicos dos funcionários designados para missões em áreas endêmicas. Estes precisam receber atenção médica especial e constante: antes, durante e depois da permanência nessas regiões”, defendeu o sindicato.
A assessoria de imprensa do Itamaraty confirmou que a pasta não adota um procedimento padrão de orientação a diplomatas que fazem viagens oficiais. Mas, por meio de nota, informou que, “com o objetivo de promover a prevenção de doenças por parte de funcionários designados para servir ou cumprir missão de caráter temporário em países nos quais se registre a presença de endemias, a administração do ministério está intensificando suas atividades de divulgação de medidas profiláticas e de identificação de sintomas, o que se fará inicialmente por meio da elaboração de cartilha específica de orientação”.
Milena Medeiros nasceu em Rio Branco (AC), cursou direito na Universidade Federal de Rio Branco e música na Universidade de Brasília (UnB). Ela ingressou na carreira diplomática em 2009, por meio de concurso público.

Diplomata brasileira morre de malária após visita oficial a África

27 de Dezembro, 2011
A notícia foi confirmada na passada noite de segunda-feira pela agência de notícias brasileira. Milena Oliveira de Medeiros, diplomata brasileira, morreu no hospital, depois de ter contraído malária numa viagem oficial do governo à Guiné Equatorial.A diplomata, de 35 anos, já estava internada na capital, Brasília, desde o início do mês de Dezembro, depois de ter regressado da viagem de serviço a Malabo entre os dias 20 e 27 de Novembro.
De acordo com a BBC Brasil, António Patriota, actual ministro dos Negócios Estrangeiros manifestou as suas condolências. «A sua passagem, que abrevia prematuramente uma carreira promissora, é sentida profundamente por todos os seus amigos e colegas», disse.
O hospital privado a que a diplomata recorreu quando começou com os primeiros sintomas terá solicitado ao Ministério da Saúde o medicamento contra a malária, que apenas chegou uma semana depois do internamento.

Economistas malucos: uma especie de sauva brasileira


O FMI vai à Europa, e decepciona keynesianos equivocados

Paulo Roberto de Almeida

Nota Liminar: Sou um leitor eclético e costumo ler e refletir sobre cada peça de inteligência que encontro na imprensa diária, sob a forma de artigos de opinião, análises e comentários de economistas e jornalistas bem informados, sobre tudo o que é relevante da atualidade econômica. Sou também tolerante com opiniões alheias, desde que bem informadas, bem argumentadas e, sobretudo, possuindo aquele grau de coerência mínima, e de consistência intrínseca, que deve caracterizar cada uma dessas peças opinativas. Outro critério básico dessas leituras críticas, vale dizer, é grau de aderência dos argumentos do autor em questão aos dados da realidade.
Certamente não é o caso do artigo que vai abaixo, que acabo de ler na página de um conhecido veículo defensor do “pensamento único” – mas que por acaso se revolta contra o que ele chama de “pensamento único do neoliberalismo” – e que não atende ao mérito que se espera encontrar em um artigo sério de um acadêmico brasileiro.
O FMI é, certamente, o instrumento mais keynesiano que existe na panóplia de políticas econômicas já criadas pelo capitalismo administrado pelo Estado desde Bretton Woods, e ele é chamado a intervir justamente quando falham os mercados, ou quando se acredita que os mercados falharam. Não obstante essa característica dirigista, estatizante, do FMI, economistas keynesianos (certamente equivocados) acreditam que o FMI seja liberal, ou defenda o que eles chamam de “políticas neoliberais”. Inacreditável cegueira. Pior ainda quando os argumentos são distorcidos ao ponto de serem ridículos, como também encontrei no artigo abaixo.
Consoante, portanto, meu espírito contestador, contrarianista, e até mesmo anarquista, procedi a uma leitura cuidadosa do artigo em questão, que vai transcrito logo abaixo, agregando em seguida meus comentários certamente desabusados.
Divirtam-se.
Paulo Roberto de Almeida

O FMI chegou a Europa
A fórmula que o FMI propõe, hoje, aos europeus - de austeridade fiscal e privatizações - já foi adotada em diversos países da América Latina nos anos 1990. Os países europeus que vão se curvar ao FMI e que desejam conhecer o seu futuro não precisam de “bola de cristal”; basta conhecer a história econômica desastrosa da América Latina dos anos 1990.
João Sicsu
Carta Maior, 24/12/2011
Em 2011, a crise explodiu na Europa. A dívida dos países europeus já havia aumentado em 2009 porque o setor público teve que “estatizar” a dívida privada do seu sistema financeiro: bancos europeus emprestaram aos bancos americanos e não viram o seu dinheiro de volta. Ao mesmo tempo, na Europa, famílias vinham se endividando para alcançar um modelo de consumo assemelhado ao “American way of life”(o modo de vida americano pré-crise, onde felicidade era sinônimo de consumo de bens de última geração). 
Então, os bancos europeus passaram a financiar casas de luxo e automóveis de tecnologia sofisticada. A Europa se transformou em Eurolândia, onde “comprar e ter” passaram a ser mais importantes do que “viver e não ter vergonha de ser feliz”. Portugueses pobres e negros passaram a valorizar e a usar Nike. Carros Porsche, Audi, Mercedes, BMW e Volvo de alto luxo se tornaram comuns nas ruas da Europa. Ademais, governos da periferia européia importaram produtos bélicos sofisticados.
Para financiar o gasto da periferia, bancos se endividavam junto a outros bancos. E muitos governos europeus fizeram dívidas dentro da própria Europa para tentar pagar suas contas comerciais com o exterior, devido à elevada importação que suas economias faziam. A Alemanha incentivou esse processo onde bancos assumiam uma postura arriscada e pessoas e governos se endividavam. Lógico: 2/3 das suas exportações vão para a região da União Européia.
Logo que a União Européia deu seus primeiros passos, a Alemanha iniciou a implementação de uma estratégia econômica de dominação da Europa. A Alemanha fez um pacto interno, de cunho político e econômico, entre o governo, banqueiros, trabalhadores e empresários. Ofereceram aos trabalhadores estabilidade no emprego em troca de arrocho salarial. Com custos menores, devido aos salários comprimidos, os produtos alemães passaram a penetrar com facilidade nos mercados de toda a Europa. 
Para complementar a estratégia, a Alemanha passou a emprestar dinheiro aos países que comprassem os seus produtos. Assim, euros, na forma de lucro e juros, eram transferidos da periferia para o centro da Europa. O enfraquecimento econômico da periferia representou também o seu enfraquecimento político: foi aberto o caminho para a substituição de governantes e para a rejeição de consultas populares. 
As dívidas dos governos europeus da periferia explodiram. Afinal, tiveram que socorrer bancos e tomar emprestado euros para garantir o equilíbrio das suas contas externas. Enquanto a Alemanha exportava e fazia superávit comercial; outros importavam e tomavam empréstimos, a Grécia, por exemplo. A Grécia está gravemente endividada.
Tudo começou na periferia; mas, hoje, o mundo já reconhece que a contaminação é geral: Irlanda, Portugal, Espanha, Itália, França... De julho de 2008 a dezembro de 2009, a relação dívida/PIB da zona do euro saltou de 70 para 80%. Este foi um período de recessão na Europa e de queda na receita pública. Em 2010, a razão dívida/PIB alcançou 85%. 
A situação de países como a Grécia é conhecida na história econômica mundial: um país com elevada dívida pública e déficit comercial com o exterior. Para esses casos, o FMI - desde o início das suas atividades, já com postura conservadora – impunha uma fórmula bastante peculiar. Um país deficitário na sua balança comercial e endividado, para receber os empréstimos de socorro do Fundo deveria cortar gastos públicos de forma drástica, o que resolveria os dois problemas econômicos. 
O corte de gastos reduziria os déficits das contas do governo e, em consequência, contribuiria para a estabilização da dívida pública. Além disso, o corte de gastos públicos reduziria a capacidade de compra da população e, portanto, reduziria também a demanda por produtos importados contribuindo para o equilíbrio comercial com o exterior. 
Durante décadas, o FMI somente impôs políticas econômicas; basicamente, obrigava países em dificuldade a cortar gastos governamentais e a conter o crédito para o consumo. A partir dos anos 1990, o FMI passou a propagandear e impor reformas estruturais. Para o FMI, o receituário de políticas econômicas não era suficiente. 
O FMI foi a principal organização de defesa e implementação das reformas estruturais propostas pelo Consenso de Washington (de 1989). A fórmula que o FMI propõe, hoje, aos países europeus - de austeridade fiscal e privatizações - já foi adotada em diversos países da América Latina nos anos 1990, por exemplo, Equador, México, Argentina e, parcialmente, no Brasil. 
Os países europeus que vão se curvar ao FMI e que desejam conhecer o seu futuro não precisam de “bola de cristal”; basta conhecer a história econômica desastrosa da América Latina dos anos 1990.

(*) Professor-Doutor do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

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Um artigo maluco e meus comentários a ele
Paulo Roberto de Almeida 

Economistas malucos existem em quaisquer países, isso é evidente, até mesmo alguns que são Prêmio Nobel. Poderia citar dois, americanos, que estão sempre publicando artigos na imprensa, mas me abstenho de fazê-lo, inclusive para atiçar a curiosidade dos que aqui navegam. Só diria que, com todas essas crises, causadas pelo keynesianismo exacerbado dos governos, eles reincidiram, abusivamente, num keynesianismo ainda mais exacerbado, prescrevendo as mesmas políticas econômicas -- de "demanda agregada", de injeção de dinheiro governamental na economia, de gastos públicos e de endividamento acrescidos -- que justamente causaram as crises de que essas economias padecem. Mais passons...; como diria um entendido, eles que são brancos, loiros de olhos azuis, que se entendam. Fiquemos com os nossos malucos, que os temos às pencas.
E como! Nossas universidades só conhecem o keynesianismo, nunca se estudou outra coisa que não o keynesianismo aplicado em nossas faculdades de economia, com um agravante: aqui o keynesianismo veio na versão ainda mais vulgar, tosca e grosseira do prebischianismo aplicado, como se ele fosse receita de crescimento ou de desenvolvimento. Ou seja, o que Keynes recomendou como medidas anticíclicas, em casos de ciclos depressivos ou de recessões confirmadas, devendo portanto ser usado apenas em caráter temporário, como expedientes emergenciais de uso limitado, aqui os nossos keynesianos toscos transformaram em políticas permanentes de desenvolvimento, com todas as distorções que isso possa acarretar.
Mais ainda: imbuídos da fé dos recentemente convertidos, eles até criaram uma Associação Keynesiana Brasileira, que se compraz em render culto ao mestre, com todas as liturgias de ofício, inclusive uma adoração reverencial dos textos-base, escritos há mais de 70 anos e que continuam a ser citados como se tivessem méritos prescritivos e capacidades curativas para os males do nosso tempo, com todas as mudanças acumuladas nas dinâmicas econômicas mundial e nacionais que conhecemos desde então. Malucos, certo? Mas não só isso.
São também desonestos intelectuais, como o prova o texto abaixo, retirado -- de onde mais poderia ser? -- do site embromador mais enganador que existe na internet, Carta Maior, um refúgio de viúvas do socialismo e de órfãos da globalização, que vivem atacando o capitalismo e os sistemas de mercado, como se fossem a perversidade convertida em regimes políticos e econômicos, e que vivem prescrevendo as mesmas receitas fracassadas que levaram a América Latina ao que ela é hoje, ou seja, nada de muito diferente de meio século atrás, com todos os equívocos de políticas econômicas acumuladas ao longo do tempo, e que continuam a ser repetidos ainda hoje, como aliás manifesto nas medidas protecionistas e erroneamente "industrializantes" que são adotadas, contornando os reais problemas da administração econômica.
Eu poderia fazer uma longa lista de todos os equívocos acumulados no artigo abaixo, que não mereceria sequer figurar no Lattes do seu autor, tão primários, tão políticos (e não econômicos) são os seus argumentos, tão deformadas são as afirmações que ele faz ao longo de um texto que peca por todas as omissões que ele pratica, e por todos os falsos argumentos que evidencia.

Mas vejamos alguns deles: 
1) "bancos europeus emprestaram aos bancos americanos e não viram o seu dinheiro de volta".
PRA: Não, bancos europeus, japoneses e chineses, além de outros espalhados por aí, participaram do mesmo exercício a que se dedicaram todos os bancos nos anos de euforia financeira, causada pela bolha imobiliária americana, por sua vez causada pela política equivocada do FED, de manter taxas de juros artificialmente baixas; os bancos, em geral, compraram derivativos que prometiam um retorno apetitoso, e foram tragados na mesma onda que também tragou algumas empresas brasileiras: apostaram na valorização desses papéis, como alguns capitalistas aqui apostaram na valorização do real, indefinidamente; todos tomaram um tombo, e cabe esclarecer que o Estado brasileiro também salvou nossos gregos e goianos, injetando dinheiro em bancos e facilitando a vida de alguns desses capitalistas (não é Doutor Antonio Ermírio de Moraes?; não é Doutor Silvio Santos?).

2) "A Europa se transformou em Eurolândia, onde “comprar e ter” passaram a ser mais importantes do que “viver e não ter vergonha de ser feliz”.
PRA: O argumento é primário e remete aos mesmos catastrofistas ecologistas, aos mesmos inimigos do consumo que sempre argumentam que os recursos vão se esgotar, que as pessoas estão consumindo demais, que é preciso reciclar, que é preciso viver com produtos longamente, que é preciso parar de gastar, de consumismo, de desperdício, de abusos no luxo e outras coisas do gênero. Se o mundo dependesse desses conselhos, há muito a economia teria ido para o buraco, estaríamos em profunda recessão e estagnação, o desemprego subiria para alturas fantásticas e a tecnologia simplesmente estancaria seu manancial de novas descobertas e inovações. O mundo ainda estaria na Idade Média. Sim, suponho que os idiotas que proclamam esse tipo de argumento ainda estejam usando máquina de calcular manual, não usem celulares de última geração, e se contentem com somar no lápis e anotar seus brilhantes pensamentos em cadernos de espiral... Qualquer outra solução seria um consumismo desenfreado, incompatível com o que prescrevem para as economias nacionais. Para serem fieis ao que pregam, eles deveriam retornar à Idade Média.

3) "muitos governos europeus fizeram dívidas dentro da própria Europa para tentar pagar suas contas comerciais com o exterior, devido à elevada importação que suas economias faziam...
PRA: My God, essa é forte, até mesmo para um economista maluco, ou seja, um keynesiano tosco dos arraiais da UFRJ. Deixa eu ver se entendi: governos emprestam dinheiro nos mercados financeiros para pagar importações de companhias privadas???!!! Governos ficam financiando consumo de importados de particulares??? Qual é o balanço de pagamentos que registra essa contabilidade maluca, qual é o governo (grego?) que cobre os gastos de importação de suas empresas e particulares? O economista endoidou ou sempre foi assim?

4) "Logo que a União Européia deu seus primeiros passos, a Alemanha iniciou a implementação de uma estratégia econômica de dominação da Europa.
PRA: É isso: só podia ser o Lebensraum de volta. A Alemanha, perversa como sempre com sua genética prussiana, sem que ninguém perceba, concebe e implementa um plano de dominação imperial de toda a Europa, fazendo com que todos os demais pobrezinhos europeus se dobrem à solidez de sua Wehrmacht econômica, ao poderio de sua SS financeira, e todos os outros países se submetem à Blitzkrieg econômica dessa potência que nunca deixou de lado seus sonhos seculares: dominar toda a Europa, transformar todos os outros povos em escravos da raça econômica superior. Essa geopolítica à la Haushofer dos trópicos está sendo ensinada nas faculdades brasileiras. Atenção brasileiros: os EUA fazem o mesmo com a América Latina: "está tudo dominado", como acrescentariam os paranóicos...

5) "A Alemanha fez um pacto interno, de cunho político e econômico, entre o governo, banqueiros, trabalhadores e empresários. Ofereceram aos trabalhadores estabilidade no emprego em troca de arrocho salarial. Com custos menores, devido aos salários comprimidos, os produtos alemães passaram a penetrar com facilidade nos mercados de toda a Europa."
PRA: Pois é, vejam como são as coisas: os países, os povos, as sociedades, os governos estão proibidos de fazer um pacto para reduzir os seus custos de produção, eles não podem obter ganhos de competitividade, via controle dos aumentos salariais (acima da inflação), via aumento de produtividade, via racionalização da produção (inclusive via terceirização, off-shore, out-sourcing, deslocalização), enfim, por todos os meios disponíveis para aumentar a competitividade de sua economia. Eles precisam ser generosos, como o governo brasileiro, por exemplo, concedendo aumentos salariais acima da inflação, e sem qualquer conexão com a produtividade, sem qualquer consideração de custos sociais diferenciados entre as regiões ou os setores da economia, sem qualquer liberdade para negociações diretas, para livre contratação de salários numa economia aberta, nada, eles precisam ser estupidamente keynesianos (no sentido brasileiro, claro), como recomendaria esse "economista". Ou seja, o fato de que a Alemanha, que tinha custos laborais superiores aos da França, 20 anos atrás, tenha conseguido minimizar esse custo enorme de seu sistema produtivo, diminuindo o bem-estar dos gordos operários alemães, para "penetrar" nos mercados alheios, isso que é microeconomicamente racional, é pecado para esse economista maluco.

6) "Para complementar a estratégia, a Alemanha passou a emprestar dinheiro aos países que comprassem os seus produtos."
PRA: A afirmação é completamente destrambelhada e NÃO TEM NENHUM sentido econômico, a mínima conexão com a realidade. Ou seja, para que produtos alemães -- PRODUZIDOS por empresas privadas -- fossem comprados por CONSUMIDORES PRIVADOS de outros países, o governo alemão, a Alemanha, passou a emprestar dinheiro para os outros governos, aos demais países para que eles comprassem biscoitos alemães. Esse é forte, e deveria envergonhar qualquer estudante primeiroanista de economia. 

7) "As dívidas dos governos europeus da periferia explodiram. (...) Enquanto a Alemanha exportava e fazia superávit comercial; outros importavam e tomavam empréstimos, a Grécia, por exemplo. A Grécia está gravemente endividada."
PRA: Essa também é forte: ou seja, para financiar o consumo, governos europeus fizeram dívidas enormes, induzidos espertamente pelos alemães para emprestar para satisfazer seus gostos privados. Quando é que economistas primários vão pagar imposto toda vez que fizerem afirmações tão estúpidas quanto estas?

8) "Durante décadas, o FMI somente impôs políticas econômicas; basicamente, obrigava países em dificuldade a cortar gastos governamentais e a conter o crédito para o consumo. A partir dos anos 1990, o FMI passou a propagandear e impor reformas estruturais."
PRA: A velha lenga-lenga do FMI carrasco dos povos, impondo políticas absurdas contra a vontade dos governos e os desejos dos cidadãos; se não fosse pelo FMI e suas políticas recessivas, o mundo seria uma maravilha, todo mundo faria políticas keynesianas anticíclicas e tudo funcionaria perfeitamente. O FMI sempre atrapalha, sempre. Quando é que economistas primários vão parar de fazer demagogia em cima das políticas acertadas entre o FMI e os governos dos países demandantes? Quando é que eles vão reconhecer a realidade da falência de políticas irresponsáveis levadas pelos governos, que depois, na última hora, ou já proclamada a insolvência, apelam para o dinheiro barato do FMI? Por que é que esses governos não ficam com o dinheiro fácil de seus próprios cidadãos -- que podem ser tosquiados à vontade, como sempre ocorre por aqui -- ou não apelam para mercados sempre abundantes em recursos (mas a juros de mercado)? Quando é que vai parar a ingenuidade desses pilantras de faculdades tabajara de economia?

9) "A fórmula que o FMI propõe, hoje, aos países europeus - de austeridade fiscal e privatizações - já foi adotada em diversos países da América Latina nos anos 1990, por exemplo, Equador, México, Argentina e, parcialmente, no Brasil."
PRA: Mas claro, essa fórmula é totalmente errada e só vai trazer recessão, desemprego, desespero. A fórmula certa, dixit economistas keynesianos da periferia, é exatamente o contrário: prodigalidade fiscal, gastos públicos para sustentar a tal de demanda agregada, injeção fiscal, juros baixos, estatizações e controle estrito dos capitais (internos e externos), desvalorização cambial compulsória e manipulação da taxa de câmbio, numa taxa desvalorizada, além, é claro, de protecionismo comercial, políticas industriais ativas, seleção de vencedores dentre os capitalistas promíscuos, e toda sorte de receita aparentemente keynesiana que eles tiram de sua algibeira para afundar ainda mais os países, como está ocorrendo na Venezuela, como aliás ocorreu na Grécia e em diversos outros países por ai, alguns muito perto daqui. Por que o governo brasileiro não adota todas essas medidas maravilhosas (aliás, está adotando algumas)?

10) "Os países europeus que vão se curvar ao FMI e que desejam conhecer o seu futuro não precisam de “bola de cristal”; basta conhecer a história econômica desastrosa da América Latina dos anos 1990."
PRA: Mais uma vez temos de nos render à sapiência keynesiana. Os países da América Latina estavam na pior, nos anos 1980 e 90, aplicaram políticas keynesianas, como as receitadas por esse economista regressista, e se safaram brilhantemente, tanto é que hoje se permitem dar lições aos europeus, sobre como enfrentar a recessão via gastos públicos, manutenção de emprego e outras receitas milagres do gênero. Pena que a história seja muito diferente da que conta esse economista fantasioso.

É preciso ter muito estômago para ler fantasias desse gênero, o que apenas confirma como é débil o debate econômico em certos setores do "pensamento" brasileiro atualmente.
Paulo Roberto de Almeida 
(26/12/2011)

Ah, esses ricos exibicionistas: o que eles não fazem com os seus bilhoes?

Claro, nos EUA, não no Brasil. Aqui eles preferem gastar em iates de luxo, aviões a jato particulares e outras "loucuras". Mas, o que mais eles fazem, exatamente, é esconder o dinheiro do fisco brasileiro, abrindo contas em paraísos fiscais, depositando dinheiro na Suíça ou no Caribe, enfim, tentando salvar um pouco da voracidade estatal.
Nos EUA eles doam milhões para universidades e bibliotecas, abrem museus e fundações beneméritas, enfim, devolvem um pouco do que ganharam com acréscimos culturais à sociedade.
Abaixo, apenas um exemplo.



Crystal Bridges, the Art Museum Walmart Money Built, Opens
Steve Hebert for The New York Times
The New York Times, December 26, 2011

Jim Dine's "Walking to Boras" at the Crystal Bridges Museum of American Art in Arkansas. More Photos »

BENTONVILLE, Ark. — By just about any measure, the Crystal Bridges Museum of American Art, which opened last month in this small town in northwest Arkansas, is off to a running start. The dream-come-true of Alice Walton, an heir to the Walmart fortune, it is characterized by people both inside and outside the museum as a work in progress, with plenty of room for improvement. But there it stands, a big, serious, confident, new institution with more than 50,000 square feet of gallery space and a collection worth hundreds of millions of dollars in a region almost devoid of art museums.

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Much more than just a demonstration of what money can buy or an attempt to burnish a rich family’s name, Crystal Bridges is poised to make a genuine cultural contribution, and possibly to become a place of pilgrimage for art lovers from around the world.
It came into being in record time: it was only in May 2005 that Ms. Walton announced the selection of the Israeli-born Boston architect Moshe Safdie to design the museum and ruffled feathers along the Eastern Seaboard by buying a landmark of Hudson River School landscape painting, “Kindred Spirits,” by Asher B. Durand, from the New York Public Library for around $35 million. The purchase came early in an extended shopping spree that rattled nerves, aroused skepticism and stimulated the art market.
Today Crystal Bridges has a spacious and comfortable, if rather coarsely detailed home set into a beautiful ravine carved by the Crystal Spring, from whence comes the name. (The land was once part of the Walton family property in Bentonville, where Ms. Walton’s father, Sam Walton, opened his first five-and-dime in 1951.) And it has a collection, spanning colonial times to the present, substantial enough to merit the use of the word “masterworks” in the title of its opening exhibition. This display of more than 400 paintings, sculptures and works on paper includes efforts by revered artists like Gilbert Stuart, Thomas Cole and Thomas Eakins and is especially outstanding in its holdings in early-20th-century Modernism, with wonderful clusters of paintings by Marsden Hartley and Stuart Davis and two fabulous canvases by Arthur Dove.
It also has the beginning of a distinctive mission, which is to tie together American art and history and the immediate experience of nature in a compelling and accessible way, one that still keeps the art very much in the foreground.
This mission seems built into Mr. Safdie’s design, which consists of eight linked pavilions that border or span two large pools that are fed by the spring (and that unfortunately were empty and still being worked on when I visited this month). , in a way that seems slightly confused the arrangement evokes aspects of the Getty’s hilltop campus in Los Angeles, of Frank Lloyd Wright’s Falling Water in western Pennsylvania and a fancy theme park, albeit one minus the rides.
But there is an undeniable brilliance to this physical dispersal; you are never far from the outdoors, never cocooned by a maze of galleries. Moving through the building becomes something of a tour of its remarkable setting.
Meanwhile, the art on view define the museum as foremost an exceptional if idiosyncratic picture gallery assembled by someone with a discerning and independent eye for paintings. The collection has an appealing aesthetic populism, which is to say that different paintings provide points of entry for different levels of sophistication, and their groupings offer the immediate means to sharpen that sophistication as you move from work to work.
In the first two pavilions, which take art up to about 1900, there are sentimental genre paintings, and splendid ones (Richard Caton Woodville’s 1848 “War News From Mexico”); facile Impressionist landscapes; and earlier works whose robust paint handling almost seem to presage Impressionism (John La Farge’s “Hollyhocks” from around 1864-65). And there are plenty of things that will stop just about anyone in his tracks: John Singleton Copley’s shimmering portrait of Mrs. Theodore Atkinson Jr.; a fiery autumn landscape by Thomas Moran; Francis Guy’s panoramic “Winter Scene in Brooklyn”; George Inness’s great and stormy “Sunset on the River”; an impressively large and varied group of works by the Luminist Martin Johnson Heade; John Singer Sargent’s enigmatic portrait of the writer Robert Louis Stevenson and his wife; and a glowing depiction of an Indian encampment, set in a semitropical forest bathed in yellow light, by George Catlin.
There is one huge blind spot in the collection up to 1900, and it is a very serious one in my book: the almost complete lack of paintings by largely self-taught or folk artists. This country’s folk art is as great and as original as any other art it has produced; its uncanny fusion of abstraction and representation, and of primitive and modern makes it the American equivalent of Sienese painting in the early Italian Renaissance. Leaving it out is like looking at the story of American art with only one eye.
This absence results in a certain unopposed homogeneity dominated by a fairly academic quest for realism. I kept wishing for a quirky, flattened landscape or marine view by the great Thomas Chambers to disrupt the fussy verisimilitude and endless vistas of the Hudson River school paintings.
In contrast, the galleries of early 20th-century art are enlivened by a healthy opposition of conflicting sensibilities and approaches, which is part of what makes them the museum’s most successful. Here the Ash Can School, American Scene painting and various degrees of Modernism, both abstract and representational, are constantly sparring. There are unfamiliar works, like George Bellows’ antiwar painting “The Return of the Useless” from 1918, a harrowing scene of German soldiers and Belgian forced laborers rendered in shades of red; and emblematic masterworks like Dove’s glimmering semi-abstraction “Moon and Sea II” from 1923; and Hartley’s tender painting of a blocky Acadian boxer from 1940.
The galleries dominated by postwar American art are the most confused and arbitrary, but they also roil with different sensibilities. Major artists like Jasper Johns, Roy Lichtenstein, Andy Warhol, Robert Rauschenberg and Jackson Pollock are mostly represented by works that are either small or perfunctory. The energy in this area comes largely from unexpectedly strong works by lesser artists, both realist and abstract, among them Grace Hartigan, Will Barnet, Wayne Thiebaud, Joan Mitchell, Gene Davis and Hale Woodruff and the eminently weird Janet Sobel, the self-taught artist who painted peasant-art motifs but also made dripped-paint abstractions before Pollock, who was aware of her work. Here she is represented by a large painting in which she does both at once.
The works in this half of the museum can jump back and forth in time — in some cases almost to the beginning of the century. In a narrow side gallery devoted mostly to artists’ self-portraits and including striking works by Davis (1912), Oscar Bluemner (1933) and John Steuart Curry (1935), you’ll find a 1939 painting in which Ben Shahn portrays himself wearing spectator shoes and taking photographs near a group of black-clad churchgoers. Next to it hangs a small gray-on-gray study, from 2006, for one of the morose Photo Realist self-portraits that the Italian-born New York painter Rudolf Stingel has been making over the last decade. The juxtaposition doesn’t exactly make sense, but the very incongruity seems to announce, “Anything can happen here.”
Crystal Bridges can boast of one piece of brand-new art that perfectly embodies its larger mission: James Turrell’s latest free-standing “Skyspace,” a circular stone structure with a domed roof open at the center for viewing the sky at dawn or sunset. Subtle shifts in the artificial lighting inside the dome conspire with the changing natural light to create a dazzling chromatic show. It may sound cheesy, but it works.
(It also accentuates a major failure of the museum’s design, though, to exploit the site’s abundant natural light inside the galleries. This is an amazing shortcoming in an institution so clearly devoted to both painting and the natural world.)
Crystal Bridges is user friendly in ways big and small. Admission is free, and it has an ambitious education program that will, among other things, reach out to more than 80,000 elementary school students in the area. And in some of the interstices between its pavilions — where one might have been grimly prepared to see museum gift shops — it has areas outfitted with comfortable chairs and couches and stocked with stacks of art books for browsing.
These elements, like the museum they are part of, convey the belief that art, like music and literature, is not a recreational luxury or the purview of the rich. Rather, it is an essential tool for living to which everyone must have access, because it helps awaken and direct the individual talent whose development is essential to society, especially a democratic one. Art, after all, is one of the places where the pursuit of happiness gains focus and purpose and starts expanding outward, to aid and abet that thing called the greater good.

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