O FMI vai à Europa, e
decepciona keynesianos equivocados
Paulo
Roberto de Almeida
Nota
Liminar: Sou um leitor eclético e costumo ler e refletir sobre cada peça de
inteligência que encontro na imprensa diária, sob a forma de artigos de
opinião, análises e comentários de economistas e jornalistas bem informados,
sobre tudo o que é relevante da atualidade econômica. Sou também tolerante com
opiniões alheias, desde que bem informadas, bem argumentadas e, sobretudo,
possuindo aquele grau de coerência mínima, e de consistência intrínseca, que
deve caracterizar cada uma dessas peças opinativas. Outro critério básico dessas
leituras críticas, vale dizer, é grau de aderência dos argumentos do autor em
questão aos dados da realidade.
Certamente não é o caso do
artigo que vai abaixo, que acabo de ler na página de um conhecido veículo defensor
do “pensamento único” – mas que por acaso se revolta contra o que ele chama de “pensamento
único do neoliberalismo” – e que não atende ao mérito que se espera encontrar
em um artigo sério de um acadêmico brasileiro.
O FMI é, certamente, o
instrumento mais keynesiano que existe na panóplia de políticas econômicas já
criadas pelo capitalismo administrado pelo Estado desde Bretton Woods, e ele é
chamado a intervir justamente quando falham os mercados, ou quando se acredita
que os mercados falharam. Não obstante essa característica dirigista,
estatizante, do FMI, economistas keynesianos (certamente equivocados) acreditam
que o FMI seja liberal, ou defenda o que eles chamam de “políticas neoliberais”.
Inacreditável cegueira. Pior ainda quando os argumentos são distorcidos ao ponto
de serem ridículos, como também encontrei no artigo abaixo.
Consoante, portanto, meu
espírito contestador, contrarianista, e até mesmo anarquista, procedi a uma
leitura cuidadosa do artigo em questão, que vai transcrito logo abaixo,
agregando em seguida meus comentários certamente desabusados.
Divirtam-se.
Paulo Roberto de Almeida
O FMI chegou a Europa
A fórmula que o FMI
propõe, hoje, aos europeus - de austeridade fiscal e privatizações - já foi
adotada em diversos países da América Latina nos anos 1990. Os países europeus
que vão se curvar ao FMI e que desejam conhecer o seu futuro não precisam de
“bola de cristal”; basta conhecer a história econômica desastrosa da América
Latina dos anos 1990.
João Sicsu
Em 2011, a crise explodiu na Europa. A
dívida dos países europeus já havia aumentado em 2009 porque o setor público
teve que “estatizar” a dívida privada do seu sistema financeiro: bancos
europeus emprestaram aos bancos americanos e não viram o seu dinheiro de volta.
Ao mesmo tempo, na Europa, famílias vinham se endividando para alcançar um
modelo de consumo assemelhado ao “American way of life”(o modo de vida
americano pré-crise, onde felicidade era sinônimo de consumo de bens de última
geração).
Então, os bancos europeus passaram a
financiar casas de luxo e automóveis de tecnologia sofisticada. A Europa se
transformou em Eurolândia, onde “comprar e ter” passaram a ser mais importantes
do que “viver e não ter vergonha de ser feliz”. Portugueses pobres e negros
passaram a valorizar e a usar Nike. Carros Porsche, Audi, Mercedes, BMW e Volvo
de alto luxo se tornaram comuns nas ruas da Europa. Ademais, governos da
periferia européia importaram produtos bélicos sofisticados.
Para financiar o gasto da periferia,
bancos se endividavam junto a outros bancos. E muitos governos europeus fizeram
dívidas dentro da própria Europa para tentar pagar suas contas comerciais com o
exterior, devido à elevada importação que suas economias faziam. A Alemanha
incentivou esse processo onde bancos assumiam uma postura arriscada e pessoas e
governos se endividavam. Lógico: 2/3 das suas exportações vão para a região da
União Européia.
Logo que a União Européia deu seus
primeiros passos, a Alemanha iniciou a implementação de uma estratégia econômica
de dominação da Europa. A Alemanha fez um pacto interno, de cunho político e
econômico, entre o governo, banqueiros, trabalhadores e empresários. Ofereceram
aos trabalhadores estabilidade no emprego em troca de arrocho salarial. Com
custos menores, devido aos salários comprimidos, os produtos alemães passaram a
penetrar com facilidade nos mercados de toda a Europa.
Para complementar a estratégia, a Alemanha
passou a emprestar dinheiro aos países que comprassem os seus produtos. Assim,
euros, na forma de lucro e juros, eram transferidos da periferia para o centro
da Europa. O enfraquecimento econômico da periferia representou também o seu
enfraquecimento político: foi aberto o caminho para a substituição de
governantes e para a rejeição de consultas populares.
As dívidas dos governos europeus da
periferia explodiram. Afinal, tiveram que socorrer bancos e tomar emprestado
euros para garantir o equilíbrio das suas contas externas. Enquanto a Alemanha
exportava e fazia superávit comercial; outros importavam e tomavam empréstimos,
a Grécia, por exemplo. A Grécia está gravemente endividada.
Tudo começou na periferia; mas, hoje, o
mundo já reconhece que a contaminação é geral: Irlanda, Portugal, Espanha,
Itália, França... De julho de 2008 a dezembro de 2009, a relação dívida/PIB da
zona do euro saltou de 70 para 80%. Este foi um período de recessão na Europa e
de queda na receita pública. Em 2010, a razão dívida/PIB alcançou 85%.
A situação de países como a Grécia é
conhecida na história econômica mundial: um país com elevada dívida pública e
déficit comercial com o exterior. Para esses casos, o FMI - desde o início das
suas atividades, já com postura conservadora – impunha uma fórmula bastante
peculiar. Um país deficitário na sua balança comercial e endividado, para
receber os empréstimos de socorro do Fundo deveria cortar gastos públicos de
forma drástica, o que resolveria os dois problemas econômicos.
O corte de gastos reduziria os déficits
das contas do governo e, em consequência, contribuiria para a estabilização da
dívida pública. Além disso, o corte de gastos públicos reduziria a capacidade
de compra da população e, portanto, reduziria também a demanda por produtos
importados contribuindo para o equilíbrio comercial com o exterior.
Durante décadas, o FMI somente impôs
políticas econômicas; basicamente, obrigava países em dificuldade a cortar
gastos governamentais e a conter o crédito para o consumo. A partir dos anos
1990, o FMI passou a propagandear e impor reformas estruturais. Para o FMI, o
receituário de políticas econômicas não era suficiente.
O FMI foi a principal organização de
defesa e implementação das reformas estruturais propostas pelo Consenso de
Washington (de 1989). A fórmula que o FMI propõe, hoje, aos países europeus -
de austeridade fiscal e privatizações - já foi adotada em diversos países da
América Latina nos anos 1990, por exemplo, Equador, México, Argentina e,
parcialmente, no Brasil.
Os países europeus que vão se curvar ao
FMI e que desejam conhecer o seu futuro não precisam de “bola de cristal”;
basta conhecer a história econômica desastrosa da América Latina dos anos 1990.
(*) Professor-Doutor do Instituto de
Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
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Um artigo maluco e meus comentários a ele
Paulo Roberto de Almeida
Economistas malucos existem em quaisquer países, isso é evidente, até
mesmo alguns que são Prêmio Nobel. Poderia citar dois, americanos, que estão
sempre publicando artigos na imprensa, mas me abstenho de fazê-lo, inclusive
para atiçar a curiosidade dos que aqui navegam. Só diria que, com todas essas
crises, causadas pelo keynesianismo exacerbado dos governos, eles reincidiram,
abusivamente, num keynesianismo ainda mais exacerbado, prescrevendo as mesmas
políticas econômicas -- de "demanda agregada", de injeção de dinheiro
governamental na economia, de gastos públicos e de endividamento acrescidos --
que justamente causaram as crises de que essas economias padecem. Mais
passons...; como diria um entendido, eles que são brancos, loiros de olhos
azuis, que se entendam. Fiquemos com os nossos malucos, que os temos às pencas.
E como! Nossas universidades só conhecem o keynesianismo, nunca se
estudou outra coisa que não o keynesianismo aplicado em nossas faculdades de
economia, com um agravante: aqui o keynesianismo veio na versão ainda mais
vulgar, tosca e grosseira do prebischianismo aplicado, como se ele fosse
receita de crescimento ou de desenvolvimento. Ou seja, o que Keynes recomendou
como medidas anticíclicas, em casos de ciclos depressivos ou de recessões
confirmadas, devendo portanto ser usado apenas em caráter temporário, como
expedientes emergenciais de uso limitado, aqui os nossos keynesianos toscos
transformaram em políticas permanentes de desenvolvimento, com todas as
distorções que isso possa acarretar.
Mais ainda: imbuídos da fé dos recentemente convertidos, eles até
criaram uma Associação Keynesiana Brasileira, que se compraz em render culto ao
mestre, com todas as liturgias de ofício, inclusive uma adoração reverencial
dos textos-base, escritos há mais de 70 anos e que continuam a ser citados como
se tivessem méritos prescritivos e capacidades curativas para os males do nosso
tempo, com todas as mudanças acumuladas nas dinâmicas econômicas mundial e
nacionais que conhecemos desde então. Malucos, certo? Mas não só isso.
São também desonestos intelectuais, como o prova o texto abaixo,
retirado -- de onde mais poderia ser? -- do site embromador mais enganador que
existe na internet, Carta Maior, um refúgio de viúvas do socialismo e de órfãos
da globalização, que vivem atacando o capitalismo e os sistemas de mercado,
como se fossem a perversidade convertida em regimes políticos e econômicos, e
que vivem prescrevendo as mesmas receitas fracassadas que levaram
a América Latina ao que ela é hoje, ou seja, nada de muito diferente de
meio século atrás, com todos os equívocos de políticas econômicas acumuladas ao
longo do tempo, e que continuam a ser repetidos ainda hoje, como aliás
manifesto nas medidas protecionistas e erroneamente "industrializantes"
que são adotadas, contornando os reais problemas da administração econômica.
Eu poderia fazer uma longa lista de todos os equívocos acumulados no
artigo abaixo, que não mereceria sequer figurar no Lattes do seu autor, tão
primários, tão políticos (e não econômicos) são os seus argumentos, tão
deformadas são as afirmações que ele faz ao longo de um texto que peca por
todas as omissões que ele pratica, e por todos os falsos argumentos que
evidencia.
Mas vejamos alguns deles:
1) "bancos europeus emprestaram aos bancos
americanos e não viram o seu dinheiro de volta".
PRA: Não, bancos europeus, japoneses e chineses, além de outros
espalhados por aí, participaram do mesmo exercício a que se dedicaram todos os
bancos nos anos de euforia financeira, causada pela bolha imobiliária
americana, por sua vez causada pela política equivocada do FED, de manter taxas
de juros artificialmente baixas; os bancos, em geral, compraram derivativos que
prometiam um retorno apetitoso, e foram tragados na mesma onda que também
tragou algumas empresas brasileiras: apostaram na valorização desses papéis,
como alguns capitalistas aqui apostaram na valorização do real,
indefinidamente; todos tomaram um tombo, e cabe esclarecer que o Estado
brasileiro também salvou nossos gregos e goianos, injetando dinheiro em bancos
e facilitando a vida de alguns desses capitalistas (não é Doutor Antonio
Ermírio de Moraes?; não é Doutor Silvio Santos?).
2) "A Europa se transformou em Eurolândia,
onde “comprar e ter” passaram a ser mais importantes do que “viver e não ter
vergonha de ser feliz”."
PRA: O argumento é primário e remete aos mesmos catastrofistas
ecologistas, aos mesmos inimigos do consumo que sempre argumentam que os
recursos vão se esgotar, que as pessoas estão consumindo demais, que é preciso
reciclar, que é preciso viver com produtos longamente, que é preciso parar de
gastar, de consumismo, de desperdício, de abusos no luxo e outras coisas do
gênero. Se o mundo dependesse desses conselhos, há muito a economia teria ido
para o buraco, estaríamos em profunda recessão e estagnação, o desemprego
subiria para alturas fantásticas e a tecnologia simplesmente estancaria seu
manancial de novas descobertas e inovações. O mundo ainda estaria na Idade
Média. Sim, suponho que os idiotas que proclamam esse tipo de argumento ainda
estejam usando máquina de calcular manual, não usem celulares de última
geração, e se contentem com somar no lápis e anotar seus brilhantes pensamentos
em cadernos de espiral... Qualquer outra solução seria um consumismo
desenfreado, incompatível com o que prescrevem para as economias nacionais.
Para serem fieis ao que pregam, eles deveriam retornar à Idade Média.
3) "muitos governos europeus fizeram dívidas
dentro da própria Europa para tentar pagar suas contas comerciais com o
exterior, devido à elevada importação que suas economias faziam..."
PRA: My God, essa é forte, até
mesmo para um economista maluco, ou seja, um keynesiano tosco dos arraiais da
UFRJ. Deixa eu ver se entendi: governos emprestam dinheiro nos mercados
financeiros para pagar importações de companhias privadas???!!! Governos ficam
financiando consumo de importados de particulares??? Qual é o balanço de
pagamentos que registra essa contabilidade maluca, qual é o governo (grego?)
que cobre os gastos de importação de suas empresas e particulares? O economista
endoidou ou sempre foi assim?
4) "Logo que a União Européia deu seus
primeiros passos, a Alemanha iniciou a implementação de uma estratégia
econômica de dominação da Europa."
PRA: É isso: só podia ser o Lebensraum de volta. A
Alemanha, perversa como sempre com sua genética prussiana, sem que ninguém
perceba, concebe e implementa um plano de dominação imperial de toda a Europa,
fazendo com que todos os demais pobrezinhos europeus se dobrem à solidez de
sua Wehrmacht econômica, ao poderio de sua SS financeira, e
todos os outros países se submetem à Blitzkrieg econômica
dessa potência que nunca deixou de lado seus sonhos seculares: dominar toda a
Europa, transformar todos os outros povos em escravos da raça econômica superior.
Essa geopolítica à la Haushofer dos trópicos está sendo ensinada nas faculdades
brasileiras. Atenção brasileiros: os EUA fazem o mesmo com a América
Latina: "está tudo dominado", como acrescentariam os paranóicos...
5) "A Alemanha fez um pacto interno, de
cunho político e econômico, entre o governo, banqueiros, trabalhadores e
empresários. Ofereceram aos trabalhadores estabilidade no emprego em troca de
arrocho salarial. Com custos menores, devido aos salários comprimidos, os
produtos alemães passaram a penetrar com facilidade nos mercados de toda a
Europa."
PRA: Pois é, vejam como são as coisas: os países, os povos, as
sociedades, os governos estão proibidos de fazer um pacto para reduzir os seus
custos de produção, eles não podem obter ganhos de competitividade, via
controle dos aumentos salariais (acima da inflação), via aumento de
produtividade, via racionalização da produção (inclusive via terceirização,
off-shore, out-sourcing, deslocalização), enfim, por todos os meios disponíveis
para aumentar a competitividade de sua economia. Eles precisam ser generosos,
como o governo brasileiro, por exemplo, concedendo aumentos salariais acima da
inflação, e sem qualquer conexão com a produtividade, sem qualquer consideração
de custos sociais diferenciados entre as regiões ou os setores da economia, sem
qualquer liberdade para negociações diretas, para livre contratação de salários
numa economia aberta, nada, eles precisam ser estupidamente keynesianos (no
sentido brasileiro, claro), como recomendaria esse "economista". Ou
seja, o fato de que a Alemanha, que tinha custos laborais superiores aos da
França, 20 anos atrás, tenha conseguido minimizar esse custo enorme de seu
sistema produtivo, diminuindo o bem-estar dos gordos operários alemães, para
"penetrar" nos mercados alheios, isso que é microeconomicamente
racional, é pecado para esse economista maluco.
6) "Para complementar a estratégia, a
Alemanha passou a emprestar dinheiro aos países que comprassem os seus produtos."
PRA: A afirmação é completamente destrambelhada e NÃO TEM NENHUM sentido
econômico, a mínima conexão com a realidade. Ou seja, para que produtos alemães
-- PRODUZIDOS por empresas privadas -- fossem comprados por CONSUMIDORES
PRIVADOS de outros países, o governo alemão, a Alemanha, passou a emprestar
dinheiro para os outros governos, aos demais países para que eles comprassem
biscoitos alemães. Esse é forte, e deveria envergonhar qualquer estudante
primeiroanista de economia.
7) "As dívidas dos governos europeus da
periferia explodiram. (...) Enquanto a Alemanha exportava e fazia
superávit comercial; outros importavam e tomavam empréstimos, a Grécia, por
exemplo. A Grécia está gravemente endividada."
PRA: Essa também é forte: ou seja, para financiar o consumo, governos
europeus fizeram dívidas enormes, induzidos espertamente pelos alemães para
emprestar para satisfazer seus gostos privados. Quando é que economistas
primários vão pagar imposto toda vez que fizerem afirmações tão estúpidas
quanto estas?
8) "Durante décadas, o FMI somente impôs políticas
econômicas; basicamente, obrigava países em dificuldade a cortar gastos
governamentais e a conter o crédito para o consumo. A partir dos anos 1990, o
FMI passou a propagandear e impor reformas estruturais."
PRA: A velha lenga-lenga do FMI carrasco dos povos, impondo políticas
absurdas contra a vontade dos governos e os desejos dos cidadãos; se não fosse
pelo FMI e suas políticas recessivas, o mundo seria uma maravilha, todo mundo
faria políticas keynesianas anticíclicas e tudo funcionaria perfeitamente. O
FMI sempre atrapalha, sempre. Quando é que economistas primários vão parar de
fazer demagogia em cima das políticas acertadas entre o FMI e os governos dos
países demandantes? Quando é que eles vão reconhecer a realidade da falência de
políticas irresponsáveis levadas pelos governos, que depois, na última hora, ou
já proclamada a insolvência, apelam para o dinheiro barato do FMI? Por que é
que esses governos não ficam com o dinheiro fácil de seus próprios cidadãos --
que podem ser tosquiados à vontade, como sempre ocorre por aqui -- ou não
apelam para mercados sempre abundantes em recursos (mas a juros de mercado)?
Quando é que vai parar a ingenuidade desses pilantras de faculdades tabajara de
economia?
9) "A fórmula que o FMI propõe, hoje, aos
países europeus - de austeridade fiscal e privatizações - já foi adotada em
diversos países da América Latina nos anos 1990, por exemplo, Equador, México,
Argentina e, parcialmente, no Brasil."
PRA: Mas claro, essa fórmula é totalmente errada e só vai trazer recessão,
desemprego, desespero. A fórmula certa, dixit economistas keynesianos da
periferia, é exatamente o contrário: prodigalidade fiscal, gastos públicos para
sustentar a tal de demanda agregada, injeção fiscal, juros baixos, estatizações
e controle estrito dos capitais (internos e externos), desvalorização cambial
compulsória e manipulação da taxa de câmbio, numa taxa desvalorizada, além, é
claro, de protecionismo comercial, políticas industriais ativas, seleção de
vencedores dentre os capitalistas promíscuos, e toda sorte de receita
aparentemente keynesiana que eles tiram de sua algibeira para afundar ainda
mais os países, como está ocorrendo na Venezuela, como aliás ocorreu na Grécia
e em diversos outros países por ai, alguns muito perto daqui. Por que o governo
brasileiro não adota todas essas medidas maravilhosas (aliás, está adotando
algumas)?
10) "Os países europeus que vão se curvar ao
FMI e que desejam conhecer o seu futuro não precisam de “bola de cristal”;
basta conhecer a história econômica desastrosa da América Latina dos anos 1990."
PRA: Mais uma vez temos de nos render à sapiência keynesiana. Os países
da América Latina estavam na pior, nos anos 1980 e 90, aplicaram políticas
keynesianas, como as receitadas por esse economista regressista, e se safaram
brilhantemente, tanto é que hoje se permitem dar lições aos europeus, sobre
como enfrentar a recessão via gastos públicos, manutenção de emprego e outras
receitas milagres do gênero. Pena que a história seja muito diferente da que
conta esse economista fantasioso.
É preciso ter muito estômago para ler fantasias desse gênero, o que
apenas confirma como é débil o debate econômico em certos setores do
"pensamento" brasileiro atualmente.
Paulo Roberto de Almeida
(26/12/2011)