O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Bailando com lobos... americanos - Matias Spektor


O Pentagono no Brasil Emergente
Matias Spektor
Folha de S.Paulo, 2.05.2012

A ascensão do Brasil muda a relação com os EUA, e crescem os interesses em prol de maior aproximação 

Leon Panetta, chefe do Pentágono, esteve aqui na semana passada para encerrar três décadas de distanciamento entre o Brasil e os EUA na área de defesa. A tarefa será longa porque os dois países têm visões fundamentalmente distintas da segurança internacional.
As ameaças que mais preocupam o governo americano -terrorismo, radicalismo islâmico e proliferação nuclear- são secundárias para o governo brasileiro. Enquanto isso, em Washington, quase ninguém entende por que Brasília prioriza ameaças como a fragilidade das fronteiras e as riquezas naturais da Amazônia e da plataforma continental no Atlântico.
Também há boa dose de choque de interesses. Os dois países têm leituras opostas sobre o que fazer sobre Cuba, Venezuela, Colômbia e Honduras. Não concordam a respeito de Irã, Palestina, Líbia ou Síria.
Na concepção brasileira, os americanos usam e abusam das regras do jogo para impor suas preferências sobre os mais fracos. Na concepção americana, o comportamento brasileiro tem um quê de ingenuidade típica de um país que pretende jogar na liga dos pesos-pesados sem ter os meios para fazê-lo.
Isso não fez dos dois países rivais ou adversários, mas criou entre ambos um enorme distanciamento.
O processo brasileiro de ascensão ora em curso está transformando essa realidade. No novo contexto, crescem poderosos interesses em prol da aproximação. O destaque vai para duas forças complementares.
A primeira é o dinheiro. Nos últimos dez anos, o orçamento brasileiro de defesa passou de R$ 45 bilhões para R$ 65 bilhões. Representando apenas 1,5% do PIB, ainda tem muito espaço para crescer. Assim, a indústria militar americana vê no Brasil um grande comprador potencial, ao passo que o emergente complexo industrial de defesa brasileiro enxerga uma oportunidade para assinar contratos nos EUA.
Os grupos interessados em ambos os países não se limitam aos gigantes Boeing e Embraer, mas incluem centenas de empresas nas áreas de energia renovável, nanotecnologia, ciberespaço, atividades espaciais e usos civis da tecnologia nuclear.
A segunda força de aproximação é a nova projeção global da política externa brasileira. A crescente flexibilidade para participar de operações de paz e os novos recursos disponíveis para oferecer cooperação técnica internacional fazem do Brasil um ator cada vez mais útil na promoção da paz e da estabilidade no mundo. No Haiti, essa atitude levou à mais intensa cooperação militar com os Estados Unidos desde a Segunda Guerra Mundial.
O próximo teatro de cooperação será a África, onde os países têm crescentes interesses de segurança.
O Brasil emergente não buscará uma aliança militar com os Estados Unidos nem aceitará limitar sua própria autonomia. Contudo, poderá instrumentalizar sua relação com a maior potência do mundo para facilitar suas ambições globais.
Se essa aproximação der certo, será, em grande medida, devido ao trabalho silencioso dos militares dos dois países. Existe entre eles uma reserva gigantesca de boa vontade. Esse contato representa uma incipiente rede transnacional de profissionais que já está muito à frente do vagaroso ritmo dos acordos oficiais entre os dois governos. 
 

Argentina: revisar para baixo todos os PIBs desde 2008...

As estatísticas argentinas de inflação eram manipuladas, isto já se sabia. O que não se sabia, exatamente, era a influência disso sobre as taxas de crescimento, sempre apresentadas como a maior maravilha daquele governo populista e manipulador.
Agora, graças à Ecolatina, se pode ter uma ideia mais precisa do tamanho da manipulação, e ajustar em consequência,  para baixo, as taxas de crescimento.
Paulo Roberto de Almeida
PS: Acrescento uma curta nota do Citibank, no final
Em post anterior deste blog (o que é isso companheiro) levantei a hipótese que um país (Argentina) que “brincava” com os índices de inflação, possivelmente, utilizava também dados subestimados para deflacionar o PIB e calcular o crescimento do PIB real.
Em post seguinte falei pelo que li do The Drunkeneysian que talvez isso não fosse verdade. Não haviam dados de que a Argentina fizesse com o deflator do PIB o que faz com os índices de inflação.
Pois bem, a evidência chegou. O economista-chefe da MB Associados, Sergio Vale, gentilmente pesquisou o assunto e conseguiu com uma consultoria da Argentina, a Ecolatina, resolver esse dúvida.
A Ecolatina acompanha de perto as estatística na Argentina e calculou o crescimento real do PIB, a preços de 1993, e, dessa forma, conseguiu identificar que, de fato, o governo da Argentina falsifica ou subestima (para ser mais educado) o deflator do PIB desde 2007. O que significa que o crescimento do PIB real por lá, o verdadeiro, é muito menor do que o número oficial.
A tabela abaixo foi preparada pela Ecolatina.  Pelos dados oficiais, o crescimento real do PIB da Argentina de 2007 a 2011 foi de 39% (PIB precios Cte, 1993 INDEC). Pelo dado correto estimado pela Ecolatina (PIB precios Cte.1993 Ecolatina), o crescimento do PIB real neste período foi de 25,35%; bem menos que o crescimento real do PIB oficial.
Obrigado ao Sérgio Vale da MB Associados e a Ecolatina. E quanto ao governo Argentino “Lo siento por el populismo”.
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Argentina: Official Annual Inflation to Remain Unchanged
√√  Consumer Price Index (Friday, 3:00 p.m., April Fcst: 0.8% Month
Over Month)
We expect the National Statistics Institute (INDEC)'s monthly CPI inflation to stand
at 0.8% in April, down from 0.9% in March. If our forecast proves correct, the official
annual inflation rate would remain unchanged at 9.8%. It is worth noting that most, if
not all, non-official annual inflation estimations stand above 20% (i.e. more than
double the official print).


Supremo, ja nao tao supremo...: acusacao EXTREMAMENTE GRAVE...

A crer, não na matéria abaixo, mas nas suas fontes, pelo menos dois ministros do supremo estão sob suspeita, talvez até mais de dois.
O caso é suficientemente grave para merecer uma despromoção do supremo (sim com "s" minúsculo) a Inferior Tribunal Federal, ou não tão supremo tribunal de sentenças arranjadas.
Nada mais me surpreende neste país, nem a última barreira contra golpes de Estado (que não precisam ser violentos, nem precisam tomar o poder, basta abastardarem os poderes, justamente), converte-se agora, a confirmarem-se as suspeitas e talvez acusações, em corte de soluções ad hoc.
Que vergonha para o Brasil, para a nação, para as simples consciências... 
Paulo Roberto de Almeida 



Reinaldo Azevedo, 3/05/2012

Está mais do que evidente que a conversa de Carlinhos Cachoeira com seus operadores era marcada por megalomania, “bravatas” e “conversa fiada”, para usar duas expressões do ministro Luiz Fux, do Supremo. Parecia haver ali certa competição para demonstrar influência. Mais um pouco, e o contraventor diria exercer influência na Casa Branca e no Pentágono: “Esse trem aí a gente vê lá com o Obama, com aquela moça lá que nasceu em Anápolis. O Dadá vai ligar pra CIA…” Também o senador Demóstenes Torres gosta de provar a sua desenvoltura e capacidade de mexer os pauzinhos, de marcar reuniões com este e com aquele, pouco importa se do governo ou da oposição… Já expus aqui como, em maio do ano passado, depois que VEJA publicou a reportagem sobre a Delta, ele entrou em ação: na aparência, para investigar tudo; na prática, para não investigar nada. Em conversa com o bicheiro, chega a se orgulhar de sua ação bem-sucedida. Para todos os efeitos, cobrou que o Senado apurasse a denúncia feita pela revista; de fato, comemora a pouca repercussão. Todos ali alimentavam certa fantasia de “donos do mundo”, jactando-se do  talento para enganar todo mundo o tempo todo.
É nesse cotexto, pois, que Demóstenes diz a Carlinhos Cachoeira, como revelam Fernando Mello, Breno Costa e Leandro Colon, na Folha de hoje, que Demóstenes diz a Cachoeira que um amigo seu fora convidado para integrar o Supremo. Teria rejeitado a oferta porque o governo Dilma impunha duas condições: que votasse a favor do Ficha Limpa e que absolvesse os mensaleiros. O convidado teria recusado, então, a proposta, aceita, sustenta Demóstenes, por Luiz Fux, que já teria cumprido a primeira parte do acordo. Restaria entregar a segunda: livrar a cara do “chefe da quadrilha” e dos quadrilheiros. Já entro no mérito. Mais alguns detalhes dessa hipótese, que não está só na boca de Demóstenes, como sabem Brasília e todo o mundo político.
Sendo verdadeira a pressão, Rosa Weber teria sido escolhida sob as mesmas condições. E não é segredo pra ninguém que Lula e José Dirceu se articularam para adiar para 2013 o julgamento do mensalão. Caso alcancem seu objetivo, mais dois ministros deixam o Supremo: Cezar Peluso, em setembro, e Ayres Britto, em novembro. O PT, de modo fundado ou não, dá como certo que Peluso votará contra os interesses da “quadrilha”. E tem dúvidas sobre o voto de Ayres Britto. Embora, em linhas gerais, o ministro seja afinado com valores mais à esquerda, também se mostra sensível ao chamado “sentimento da sociedade”… E boa parte da sociedade quer mensaleiros na cadeia porque já se cansou desses vigaristas.

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Não creio que una notícia como esta seja publicada nos grandes jornais de Rio e SP.


Bolivia: Diputados del Brasil culpan a las políticas de Evo Morales por incremento del narcotráfico – EJU.TV

Diputados del Acre reclaman. Afirman que el crecimiento del narcotráfico en Brasil es consecuencia de la política de Evo Morales. Moción: Asterio Moreira y Major Rocha exigen una nota de repudio contra el Gobierno boliviano.
Dos diputados del Estado de Acre, en Brasil, culparon al gobierno de Evo Morales por el incremento del narcotráfico en su región. Las declaraciones las hicieron a raíz de la primera marcha contra el crack y otras drogas realizada el pasado 16 de abril, en las puertas del Palacio Legislativo de la ciudad capital, Río Branco.
Las declaraciones de los parlamentarios Asterio Moreira y Major Rocha fueron difundidas a través de boletines emitidos por la Asamblea Legislativa del Estado de Acre el 17 y 18 de este mes.
Incentivo de Evo Morales al cultivo de coca. El diputado Moreira declaró que nunca, en su historia, Brasil estuvo tan vulnerable a la entrada de drogas gracias al incentivo del presidente Evo Morales, al cultivo de coca en su país y a la omisión de su colega peruano Ollanta Humala.
Rocha coincidió en que el crecimiento del narcotráfico en Acre y Brasil es una consecuencia de la política de Morales. Dijo que Bolivia es responsable por casi toda la droga que entra en Acre y destruye familias. “Más; asimismo, el gobierno (de Brasil) y las autoridades tratan al país vecino con benevolencia, como a compañero y camarada. Este trato diferenciado tiende a agravar el problema, pues es así que el cocalero es tratado. Aquel ciudadano es uno de los principales responsables por el avance de la violencia en nuestro territorio”.
Tráfico de cocaína a Brasil se elevó en 200%. Moreira, por su parte, declaró que “el narcotráfico tiene tentáculos dentro del gobierno de Evo Morales y los números muestran que la producción y el comercio de cocaína se expandieron durante su gestión”. Añadió que la producción es hecha sobre el argumento de que la coca es una planta cultural del país, pero es usada para atraer dólares.
El parlamentario citó un artículo del Instituto Plinio Correa de Oliveira, líder del movimiento Tradición, Familia y Propiedad, que indica que la producción de cocaína aumentó un 41% en el gobierno de Evo Morales y el tráfico para Brasil se elevó en un 200%.
Exige una moción de repudio a Bolivia. El diputado pidió que la Asamblea Legislativa encamine una nota de repudio contra los gobiernos peruano y boliviano. “Repudió a los gobiernos peruano y boliviano porque ellos colaboran con el aumento del uso de drogas y dependientes de estupefacientes, ellos producen y el Estado del Acre compra y consume droga”. “La producción de drogas en esos países alcanza para abastecer al mundo”, aseguró.
Fuente: EJU.TV (Bolivia)

Macunaima em Genebra - Marcelo de Paiva Abreu

Macunaíma é mau conselheiro
Marcelo de Paiva Abreu*                                                                                                                                                      
O Estado de São Paulo, segunda-feira, 30/04/2012

Em artigo recente, fiz críticas à hiperatividade obtusa que vem caracterizando a política comercial brasileira. Além de mencionar que existem sólidos argumentos econômicos que desaconselham a adoção de medidas tais como o aumento discricionário do IPI e do PIS/Cofins e novos subsídios às exportações, enfatizei o conflito entre tais medidas e as regras da Organização Mundial do Comércio (OMC) que regem - ou deveriam reger - o comércio mundial. A melhor resposta de que foram capazes os contumazes defensores do protecionismo e da política econômica baseada na criação de dificuldades, seguida de distribuição de facilidades, foi, pasmem, a de que a OMC não deve ser levada a sério.
Na verdade, há muitas razões para levá-la a sério. Algumas são de natureza jurídica: as regras da OMC são objeto de ratificação pelo Congresso Nacional e integradas à legislação brasileira. Levar a sério a OMC é levar a sério as leis brasileiras. A propensão a levar a sério limitações jurídicas ou estatutárias sempre variará consideravelmente de acordo com o ponto de vista do indivíduo, ou do país.
Mas, se um indivíduo, ou país, escolhe não levar a lei a sério, isso não diz nada sobre a lei e bastante sobre o indivíduo, ou sobre o país. É preciso não esquecer de que decisões foram tomadas com base na crença de que o marco jurídico estaria claramente definido e que mudanças de regras têm efeitos assimétricos sobre distintos agentes econômicos.
No passado, muitos chegaram a justificar a violação da legalidade constitucional com base em argumentos de necessidade política. Na área econômica, há registro de interferência política na geração de informações econômicas que desagradavam ao governo. Será ingênua a ideia de que Constituição, metodologias do IBGE e compromissos com instituições multilaterais devam ser levados a sério?
Talvez não seja excesso de otimismo julgar que o Brasil aprendeu nas últimas décadas que as "flexibilidades" do passado, além de censuráveis, acabaram custando caro. Mas mesmo os adeptos da Realpolitik em versão tropical - à Macunaíma, o herói sem nenhum caráter de Mário Andrade - deveriam levar em conta argumentos que vão além da maximização de benefícios no curto prazo. E chegar à conclusão de que, apesar das tentações, vale a pena levar a OMC a sério.
Até recentemente, o Brasil vinha acumulando excelente reputação na OMC. Parte do prestígio remonta aos tempos do Gatt, com destaque para a participação positiva nas negociações sobre a cláusula de autorização de preferências tarifárias para países em desenvolvimento, resistência ao unilateralismo dos EUA e negociações da Rodada Uruguai. A partir do final da década de 1990, o Brasil tornou-se protagonista em diversos episódios relacionados à solução de controvérsias. Inicialmente, o tema dominante foi a disputa entre a Embraer e a Bombardier, sua concorrente canadense.
Os resultados, após marchas e contramarchas, tenderam a beneficiar os canadenses, embora com algumas decisões favoráveis à Embraer. Bem mais significativas foram decisões mais recentes, favoráveis ao Brasil, quanto aos subsídios do governo dos EUA aos seus produtores de algodão, e da União Europeia às suas exportações de açúcar. As decisões, embora complicadas pela relutância das partes derrotadas em implementar soluções aceitáveis, estabeleceram marcos importantes no processo de enquadramento dos grandes protagonistas comerciais às disciplinas multilaterais.
Nas negociações da Rodada Doha, o Brasil jogou papel crucial a partir da reunião de Cancún, em 2003, quando foi neutralizada a tentativa de EUA e União Europeia de bloquear a liberalização agrícola multilateral e viabilizada a criação do G-20 na OMC, que - a despeito de discordâncias entre seus principais integrantes, Brasil, China e Índia - contribuiu de forma significativa para o avanço das negociações até o impasse de meados de 2008. O Brasil consolidou sua posição como interlocutor privilegiado, ao compor, juntamente com os EUA, a União Europeia, a China e a Índia, o grupo de países que concentraram as negociações decisivas. Embora haja fracassado o acordo, ficou clara a postura construtiva do Brasil.
Essa posição foi alcançada a despeito da baixa participação brasileira no comércio mundial - atualmente da ordem de 1,3%. É - ou era - o único foro internacional em que a diplomacia brasileira havia conquistado posição tão destacada.
Mas, nos últimos meses, esse cabedal tem sido rapidamente erodido pela adoção de medidas protecionistas, que violam escancaradamente as regras multilaterais, e por tentativas algo teatrais de ampliação da agenda da OMC, para levar em conta desalinhamentos cambiais, iniciativa com baixíssima probabilidade de prosperar em Genebra.
É irônico que o Brasil que anseia por um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU seja o mesmo que queima seu filme em Genebra. Nunca é demais lembrar que disciplinas comerciais multilaterais críveis são de especial interesse das economias de menor porte, como a brasileira, em oposição aos grandes protagonistas. Regras e políticas decentes interessam mais aos pequenos do que aos grandes.

*Doutor em economia pela Universidade de Cambridge, é professor titular do Departamento de Economia da PUC-Rio.

A grande ilusao dos intelectuais sobre o comunismo - Lilian Hellman

When Stalinism Was in Vogue

The Wall Street Journal, May 1, 2012
Hellman disdained a system that made her fabulously rich while romanticizing one that made its citizens spectacularly poor.

Upon returning from the Soviet Union in 1933, the British writer Malcolm Muggeridge, stunned by the privation and state terror of communism, wondered how it was possible that "so many obvious and fundamental facts about Russia are not noticed even by serious and intelligent visitors." In 1937, as Stalin commenced his psychopathic purge of "Trotskyite enemies," the serious and intelligent playwright Lillian Hellman arrived in Moscow a stalwart supporter of Bolshevism, eager to demonstrate Muggeridge's point.
Hellman, who cycled between writing for the theater and fattening her wallet producing Hollywood melodrama, would cite this Potemkin visit to Moscow as inspiration for "The North Star," her 1943 screenplay celebrating a verdant collective farm in Ukraine whose productive peasants—singing, insouciant comrades—were rudely dispersed by invading Nazis. The critic Mary McCarthy, who would later emerge as one of Hellman's fiercest detractors, declared the film a "tissue of falsehoods woven of every variety of untruth."
The script earned Hellman an Oscar nomination. But a decade later it would also earn her a subpoena from the House Committee on Un-American Activities—and a reputation as an iron-spined dissident. In a letter to the committee, Hellman declared that she would not "cut my conscience to fit this year's fashions," while insisting that she had little interest in politics.
Like most of Hellman's public statements about her political activities, this was a lie. It is because of her political activism that Hellman, whose literary output was of variable quality, has been the subject of countless biographies and academic studies. In "A Difficult Woman," Alice Kessler-Harris, a professor of history at Columbia University, returns to this well-tilled soil, offering an "empathetic view of Hellman and her politics."
Like most book-length treatments of Hellman, "A Difficult Woman" is less concerned with her oeuvre than with relitigating the politics of anticommunism. Now that key claims of American radicalism have been upended by revelations from the Soviet archives—the innocence of Alger Hiss and Julius Rosenberg, the independence of the American Communist Party—Ms. Kessler-Harris grouses that "victory went to those who defined communism as the enemy of national security."

A Difficult Woman

By Alice Kessler-Harris
(Bloomsbury, 439 pages, $30)
One can dip into a shallow reserve of sympathy for those who, like Muggeridge, were briefly seduced by utopianism and soon disabused by reality. But Hellman deserves no such leniency. Ms. Kessler-Harris marvels that Hellman "dedicated much of her life to the cause of civil liberties; in return, she earned the Stalinist label." This is giving Hellman short shrift: she worked rather hard to earn the Stalinist label.
Consider: Hellman zealously supported the Moscow line on Trotsky, offering no criticism when he was murdered by Kremlin agents; she defended Stalin's mass executions of party cadres in 1937-38, signing a petition that accused the victims of being "spies and wreckers" of socialism; she supported Stalin's alliance with Nazi Germany, despite her supposed devotion to "anti-fascism," and defended Moscow's indefensible invasion of Finland in 1939-40, claiming that the country supported Nazism and deserved no pity, a scurrilous lie that Ms. Kessler-Harris leaves unchallenged.

Hellman disdained a system that made her fabulously rich while romanticizing one that made its citizens spectacularly poor. And as Hellman biographer Carl Rollyson noted, she never made "more than a grudging admission of how profoundly wrong she was about Stalin." Unlike Martin Heidegger and Ezra Pound, both of whom supported a different genocidal tyrant, Hellman barely saw her reputation suffer because of her repellent allegiances.
Ms. Kessler-Harris's defense of Hellman and others who refused to abjure Stalinism will sound familiar. While some party apparatchiks were "vaguely aware in the 1930s of Stalin's increasingly ruthless methods"—a rather limp way of describing a roiling genocide—one must remember that "this was, after all, a period when rumors flew." Soviet enthusiasts like Hellman, Ms. Kessler-Harris writes, were merely showing a commitment to "social justice" and not Stalinism per se. The Communist Party plumped for the noble goals of racial equality and a vaguely defined "peace," leading Ms. Kessler-Harris to ask: "How could [Hellman] not have joined?" It is a question easily answered by Alfred Kazin, Irving Howe and countless other liberal intellectuals who understood the axiomatic immorality of Bolshevism.
Ms. Kessler-Harris claims that American anti-communists waged campaigns "filled with hyperbole and outright lies." But it was the Stalinists, Hellman included, who made falsehood a core principle. Her penchant for fantastical tales prompted Mary McCarthy's acid comment that "every word she writes is a lie, including 'and' and 'the.' " The story of Hellman's friendship with "Julia," an Austrian working in the anti-fascist resistance whom she supposedly assisted, was put forward in Hellman's memoir "Pentimento" (1973) and made into a Hollywood film. The story, it turned out, was cribbed from an acquaintance. (The film's director would later denounce Hellman as a "phony.")

Ms. Kessler-Harris acknowledges Hellman's prevarications only grudgingly, resorting to a tedious postmodern explanation that writers are entitled to their own version of "truth"—though Hellman insisted that stories like Julia's were literal truth. Despite voluminous evidence to the contrary, Ms. Kessler-Harris insists that Hellman's "concern for accuracy persisted throughout her life." Not when it came to her memoirs and certainly not when it came to communism's crimes. The previous draft of history was correct: The anticommunists were right, and Hellman was profoundly, inexcusably wrong.
Mr. Moynihan is a contributing editor of Reason magazine.

terça-feira, 1 de maio de 2012

Tourada na Bolivia: soldados como bandarilheiros

Parece que a moda pegou: depois da corrida em Buenos Aires, agora temos nova pegada de touros bravos na Bolívia. Normalmente o touro morre ao final, mas de vez em quando ele também espeta o toureiro...
Vamos ver o que vai dar...
Paulo Roberto de Almeida

Após Argentina, Bolívia expropria empresa espanhola de energia

A TDE é responsável por 73% das linhas de transmissão do setor elétrico da Bolívia 

01 de maio de 2012 | 13h 20
 
Texto atualizado às 13h49
SÃO PAULO - O presidente da Bolívia, Evo Morales, nacionalizou nesta terça-feira, 1º, a Transportadora de Electricidad SA (TDE), distribuidora de energia controlada pela espanhola Red Eléctrica Internacional. Morales ordenou a ocupação da empresa pelas Forças Armadas.
"Hoje, como nós homenageamos aos trabalhadores e aos cidadãos da Bolívia que lutaram para a recuperação dos recursos naturais e serviços básicos, nós estamos nacionalizando a provedora de transmissão de energia elétrica", disse Morales.
O anúncio foi realizado em solenidade do Dia do Trabalho no Palácio de Quemado, em La Paz. A TDE foi fundada em 1997 e é responsável por 73% das linhas de transmissão do sistema elétrico da Bolívia.
De acordo com o site da TDE, 99,94% de seu capital pertence à Red Eléctrica Internacional, enquanto a outra fatia (0,06%) é de propriedade dos trabalhadores da empresa.
A medida é uma resposta aos pedidos dos trabalhadores, que exigem reajustes salariais maiores. Desde que chegou ao poder, Morales já nacionalizou outras empresas no Dia do Trabalho, em setores como o de petróleo e eletricidade.
Uma porta-voz do governo espanhol procurada pela agência Dow Jones disse que a Espanha está analisando a situação de perto e poderá divulgar um comunicado ainda hoje.
Em abril, a Argentina anunciou a expropriação de outra companhia espanhola, a petrolífera YPF, de propriedade da Repsol.
(Com informações da AFP, Dow Jones e Efe)

Catedra Rio Branco em Oxford - Edital Capes

Transcrevendo:

Cátedra Rio Branco – OxfordPDFImprimirE-mail

OBJETIVO:

A Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoas de Nível Superior (CAPES), e o Instituto Rio Branco, e a Universidade de Oxford, realizam seleção de candidatos à bolsa para o Programa Cátedra Rio Branco em Relações Internacionais da Universidade de Oxford, na área de educação. O programa tem como objetivo enviar pesquisadores, intelectuais e formuladores de políticas públicas à Universidade de Oxford, proporcionando ambiente propício proporcionando ambiente propício para a análise da função desempenhada pelo Brasil no cenário mundial e das posições adotadas pelo país em temas globais.

BENEFÍCIOS:

Pela CAPES:
  • Bolsa mensal de £ 3500,00 (três mil e quinhentas libras esterlinas);
  • Auxílio-instalação;
  • Auxílio para aquisição de passagem aérea Brasil/ Inglaterra/ Brasil;
  • Seguro saúde.
Pela Universidade de Oxford:
  • O candidato selecionado será admitido como membro da Universidade de Oxford e de uma de suas Faculdades; terá acesso às bibliotecas da Universidade de Oxford e terá disponibilizada sala de trabalho no Centro Latino Americano ou nas proximidades;
  • Quantia mensal de £1.500 (hum mil e quinhentas libras esterlinas) por até 3 meses letivos para custos com acomodação em Oxford;
  • Isenção de taxas escolares.

DURAÇÃO:

Mínimo de 3 e máximo de 12 meses.

DATA LIMITE DE CANDIDATURAS:

Até 6 de junho de 2012.

Inscrições

Links Disponíveis:

Documentos relacionados

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20/04/2012Edital Capes n° 15/2012 - Cátedra Rio Branco em Relações Internacionais Universidade de OxfordDOC
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As verdadeiras origens da Comunidade Europeia: autoritarismo centralizador de direita - Antonin Cohen

Finalmente, um livro de um historiador vem revelar o que para mim era o óbvio, desde o início, contrariamente a todas essas estórias mal contadas sobre o idealismo da integração europeia, até num sentido romântico da palavra, como sendo a obra de congraçamento de povos em favor da mais perfeita união, derrubada de barreiras, liberalização geral dos negócios e essas justificativas bem intencionadas de integração.
O processo europeu sempre foi tecnocrático, centralizador, mercantilista e intervencionista, como a mentalidade dirigista de seus promotores o permitia fazer naquelas circunstâncias sombrias de um pós-guerra difícil, e a ameaça de novos conflitos militares à frente.
Ainda que uma suposta ameaça soviética, ou de bolchevização à francesa pudesse ter entrado na equação -- o PCF fazia então quase um quarto dos votos nacionais -- o que ameaçava mais era a militarização da Alemanha e o espectro de uma quarta invasão no futuro. 
Portanto, ademais dessa herança semi-fascista dos projetos comunitários, caberia colocar também o pavor francês de uma nova derrota frente à Alemanha (já que os americanos impediram os franceses de esmagar economicamente a Alemanha, como tinha acontecido em Versalhes, em 1919, o que levou Keynes a prever, profeticamente, um novo conflito), como um dos fatores que levaram Monnet a escrever o seu famoso Memorandum de comunidade do carvão e do aço.
Em todo caso, este livro deve passar a ser uma referência nos estudos de área. Sem idealismos, portanto.
Paulo Roberto de Almeida 


Antonin Cohen:
 De Vichy à la Communauté européenne
Paris, PUF, 2012, 456p.

Comment le Plan Monnet-Schuman du 9 mai 1950, acte fondateur de la construction européenne, a été influencé par les réseaux et les idées de la troisième voie et de la Révolution nationale, du régime de Vichy à la Guerre froide.

L'ouvrage
Adossée à l’idée que l’Europe communautaire serait sortie en droite ligne des projets de la Résistance, l’historiographie classique tend à passer sous silence tout ce que cette entreprise doit aux cercles intellectuels et politiques issus de la Révolution nationale. À ce titre, ce livre offre une perspective nouvelle sur la construction européenne. Il retrace de manière minutieuse l’influence de la troisième voie corporatiste et personnaliste sur la genèse des premières institutions européennes, du régime de Vichy à la Guerre froide. Il montre en particulier ce que le projet d’une autorité supranationale chargée de gérer l’économie de marché sans contrôle parlementaire, proposé par Jean Monnet et Robert Schuman le 9 mai 1950, hérite des conceptions de l’économie et de la politique issues de la troisième voie : ni capitalisme, ni socialisme. L’acte fondateur de la construction européenne apparaît ainsi sous un jour nouveau, non pas tant comme une origine que comme une fin. 
Ce livre est donc, aussi, une passionnante réflexion, en acte, sur la construction de l’histoire en train de se faire. Une généalogie de la «communauté européenne».

Table des matières

Introduction

Chapitre 1. Le roman des origines
La construction sociale d’un récit héroïque
Les fonctions symboliques d’un récit des origines
Pour une historicisation des événements

Chapitre 2. Aux sources de la «communauté» européenne
Pour une Révolution nationale
Par une révolution communautaire
Vers une communauté européenne
Chapitre 3. La troisième voie personnaliste et communautaire
Aux origines de la philosophie personnaliste et communautaire
Le «mythe» de la communauté entre Berlin et Vichy
D’une communauté l’autre : une entreprise intellectuelle entre deux mondes
Chapitre 4. Révolution nationale, révolution communautaire
Un réseau de réseaux
À l’intersection de tous les réseaux
Les journées du Mont-Dore
Chapitre 5. De la Révolution nationale à l’Europe fédérale
Pour une Europe fédérale et communautaire
Le Congrès de l’Europe
Vers une seconde chambre supranationale
Chapitre 6. Vers une Europe communautaire
De la Révolution nationale au Revenu national
Les États-Unis en Europe
Retour au Plan Schuman

Conclusion
Index

A propos de l'auteur:
Antonin Cohen est maître de conférences en science politique à l’Université Paris Ouest Nanterre La Défense, membre du Groupe d’analyse politique et de l’Institut des sciences sociales du politique (CNRS).