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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

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quarta-feira, 29 de julho de 2020

A pouco nobre arte de enganar com os números - Paulo Roberto de Almeida

Da arte pouco nobre de enganar com os números


Paulo Roberto de Almeida
[ObjetivoComentário crítico sobre distorção de dadosfinalidadeesclarecimento público]


Jornalistas estão reproduzindo mais uma das “pegadinhas” desonestas da Oxfam: a de que a riqueza “financeira” dos megarricos teria crescido ainda mais na pandemia, o que se “consegue” selecionando dois períodos arbitrários num índice de bolsa de valores, com números que “provam” que os mais ricos ficaram ainda mais ricos, aos passo que os mais pobres afundaram ainda mais. 
Fica parecendo que os primeiros ficaram mais ricos às custas dos segundos, o que absolutamente não é verdade.
Jornalistas — e o público em geral — não deveriam cair nesse tipo de mentira conveniente, sem investigar as fontes de informação e a “metodologia” aplicada aos números, um exercício de estatística elementar que muitas vezes escapa de mentes mais apressadas, ou pouco preparadas para interpretar corretamente dados primários.
‪De certa forma, a Oxfam, em sua desonestidade subintelequitual contumaz reproduz a tristemente famosa “teoria do Intercâmbio desigual”: basta pegar as commodities num pico de alta numa série histórica, e depois comparar com preços não deflacionados de manufaturas mais adiante: pimba! “provou”!
Se tem uma coisa que eu não suporto mesmo – bem mais do que a “burrice” daqueles que têm todas as informações à mão, mas preferem insistir em erros primários, simplificando as coisas – é a desonestidade intelectual, que eu chamo de subintelequitual.
Isso ocorre muito entre militantes de certas causas, que tendem a possuir teses prontas, e que depois vão “torturar” os números para que eles “revelem” aquelas teses pré-fabricadas.
Por isso eu tenho muito pouco respeito pelo economista Thomas Piketty e suas “teses” sobre a concentração de renda, apelando para um título de duvidoso gosto marxiano: o “capital no século XXI”, e isto independentemente dos dados aparentemente corretos do crescimento da riqueza financeira ao longo das últimas décadas, depois de um longo período de “desconcentração” no século XX.
Primeiro, a seleção dos dados “financeiros”, como se ela fosse a única forma de riqueza possível, quando existem outras formas de riqueza intangível, mais difíceis de se medir, mas não menos reais.
Depois, essa outra arbitrariedade de seguir essa “marcha do capital” ao longo das décadas, como se os mesmos ricos continuassem abocanhando a riqueza geral da sociedade, em detrimento dos mais pobres, que “ficaram com uma parte menor” daquela riqueza medida unicamente pelo seu lado financeiro, que é chamado de capital. 
Ora, isso é de uma desonestidade tipicamente marxiana e marxista, que “consegue” provar as teses pré-fabricadas da concentração de renda, da “pauperização” dos mais pobres, enfim, da divisão da sociedade em classes antagônicas e, finalmente, a de que os mais ricos estão impedindo as classes médias e os mais pobres de prosperar. 
Isso não é nem teoria, nem economia aplicada: é simplesmente mistificação econômica, uma espécie de “metafísica hegeliana do capital”, que apenas segue a riqueza na sua forma exclusivamente financeira, pairando na superestrutura da sociedade, como se a riqueza geral permanecesse a mesma ao longo dos tempos, aliás apropriada pelas mesmas “classes” e pelos mesmos indivíduos ou famílias (o que pode realmente ocorrer, pois os mais ricos tendem a defender a sua riqueza, multiplicá-la e passar aos seus descendentes).
Em terceiro lugar, a “conclusão” de que a riqueza do capital financeiro é uma coisa malévola em si, e que ela é causa das desigualdades, e portanto da infelicidade atual do nosso tempo, já que a humanidade em geral ainda possui muitos pobres e miseráveis, ao mesmo tempo em que os superricos, os megabilionários se multiplicam e ficam cada vez mais ricos, aparentemente às custas de todos os demais. 
Daí a concluir que a sua riqueza é ilegítima, indevida e perversa para a felicidade geral da sociedade é apenas um passo, como faz a Oxfam e os simplistas que seguem suas mistificações. 
Daí também as teses para taxar mais os ricos e “distribuir” esse estoque de riqueza entre os mais pobres, como se os fluxos de criação de novas riquezas se mantivessem inapelavelmente constantes, como se a economia fosse uma cornucópia infinita, suportando os novos Robin Wood da extração estatal, apoiados em economistas bonzinhos, pela eternidade.
Isso é Rousseau, isso é Marx, isso é Piketty, e todos os partidários da tese de que a propriedade é um roubo, e de que o mais importante é a desigualdade entre as pessoas, e não a capacidade de gerar riquezas através do trabalho inteligente, o skilled labour de que falava Adam Smith, ou o quarto fator produtivo, a inteligência, de que falava Cairu, depois da terra, do trabalho e do capital. 
Por fim, considero que a mais nobre missão do economista seja enriquecer os mais pobres, ao passo que economistas que se entregam à pouco nobre missão de empobrecer os mais ricos, como Piketty, não deveriam merecer esse título.
O maior problema da humanidade NÃO É a desigualdade, inerente a todas as épocas e formações sociais, uma vez que ela é inerente a todos os seres humanos, inapelavelmente sempre únicos e originais, e supostamente dotados de consciência, racionalidade e responsabilidade sobre suas vidas, a partir de certo ponto de suas vidas. 
Todos os seres humanos partem de um marco zero, e serão mais pobres ou mais ricos, mais felizes ou infelizes, a partir de certa dotação natural de fatores, nas sobretudo a partir do ambiente social, cultural e patrimonial no qual foram criados e se desenvolveram (ou não).
Daí que uma nova “teoria dos sentimentos morais” deveria assegurar que todos os seres humanos pudessem ser dotados das mesmas condições igualitárias de partida para que pudessem florescer ao longo da vida, o que se obtém basicamente através da educação e de um mínimo de condições infraestruturais para colocar suas dotações adquiridas a serviço de uma vida útil e benéfica a si e aos descendentes.
A chamada “renda básica” não pode ser nada além de um ajutório temporário para que a pessoa possa se ajudar a si própria.
Daí que a educação é o maior bem da humanidade, um patrimônio inter-geracional que precisa ser mantido em condições ótimas de realimentação e de acumulação social e societal (de preferência pela solidariedade universal, ou globalista).
A educação é um problema “técnico”, portanto “solucionável” com os devidos investimentos sociais.
Sociedades que possuem elites predatórias (como as nossas, na AL e e outras partes do mundo também) são pouco propensas a redistribuir riquezas por meio da educação, uma vez que a riqueza dessas elites pode efetivamente ser feita através da extração da riqueza alheia, por meio da concentração de poder (original ou adquirido). 
Ou seja, não existe uma solução fácil á concentração de renda, à má distribuição de riquezas, à desigualdade entre is homens.
Apenas não creio que o maior problema da humanidade esteja na desigualdade, e sim na pobreza. E esta se combate com mais liberdades econômicas e políticas, e alguma solidariedade social.
Um pouco de sorte também ajuda. 
Certos povos têm mais “sorte” do que outros. O Brasil, aparentemente, ainda não tropeçou com essa “sorte”.

Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 3726, 29 de julho de 2020

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Guerra cambial: esses banqueiros enviesados contra nos...

Deve ser mentira: ou então se basearam no que disse o ministro da Fazenda, a pessoa justamente menos preparada para tratar de política cambial...
Esses banqueiros acreditam em qualquer um...
Paulo Roberto de Almeida

Brasil é o 4º mais intervencionista no câmbio, diz HSBC

País cai no ranking, pois no ano passado ocupava a segunda posição; Suíça e Japão são os países que mais intervêm

13 de fevereiro de 2013

Fernando Nakagawa, da Agência Estado
LONDRES - O Brasil deixou de ser um dos países mais ativos na proteção de sua moeda. A constatação é de um estudo divulgado nesta quarta-feira: o Ranking da Guerra Cambial. Produzido pela equipe de pesquisa global do banco britânico HSBC, o levantamento compara 36 moedas e a ação desses países no mercado. De zero a dez, o Brasil ficou com sete pontos na contagem dos mais intervencionistas no câmbio - o que lhe rendeu o quarto lugar da lista. Com dez pontos, Japão e Suíça dividem o título de mais ativos na defesa de suas moedas.
No estudo, economistas do HSBC compararam o comportamento de 35 diferentes países e também da União Europeia nos últimos 12 meses. Levaram em conta desde aspectos subjetivos, como os discursos e a retórica dos líderes econômicos, até itens comparáveis, como taxa de juro, volume de intervenções diretas, medidas regulamentares e programas de relaxamento quantitativo.
Feita a comparação, o Brasil recebeu sete pontos em uma escala que varia de zero - o menos intervencionista - até dez - o mais ativo possível. Além de medidas tradicionais de política monetária como corte de juros, o estudo diz que "a regulamentação tornou-se a tática adicional favorita dos emergentes".
O HSBC dá como exemplos a mudança de alíquotas de impostos ou novas regras para o mercado. "O Brasil é um exemplo notável disso, onde novas alíquotas passaram a ser cobradas em operações financeiras que estavam pressionando o real."
Com sete pontos, o Brasil divide o 4.º lugar no ranking com o Peru e Taiwan. À frente estão Colômbia, Venezuela e Turquia, com oito pontos, e Argentina, com nove pontos, além dos líderes Japão e Suíça, que têm a pontuação máxima.
Queda. No ano passado, o Brasil era mais intervencionista e estava em segundo lugar, atrás apenas da Suíça. "Um ano atrás, a intervenção era maior e visava a enfraquecer o real. Agora, há uma ação de duas vias para manter a relação entre o dólar e o real em um intervalo", diz o estudo, que sinaliza que o menor esforço brasileiro tem a ver com a cotação do dólar no Brasil que, nos últimos meses, tem oscilado entre R$ 1,95 e R$ 2,05.
Outro fator que explica o Brasil menos ativo é o custo dessa intervenção. "Uma moeda mais fraca pode aumentar a inflação. O Brasil usou sua moeda para estimular o crescimento, mas recentemente reconheceu que o impacto negativo disso é ter mais inflação", diz o relatório. Diante desse custo para a economia, o HSBC prevê que o governo brasileiro passará a agir de maneira "mais suave".
Atrás do Brasil no ranking estão todos os outros grandes emergentes e também as economias maduras: os Estados Unidos têm seis pontos, China e Reino Unido têm quatro pontos, Rússia e Chile fizeram três pontos e a Índia tem apenas um ponto. Na lanterna, Canadá, México e África do Sul têm zero ponto e recebem o título de menos intervencionistas no mercado cambial.
As perspectivas de curto prazo para a guerra cambial não são muito otimistas. Para o banco, atualmente são maiores as chances de um recrudescimento da disputa de moedas nos próximos meses, especialmente com uma possível reação do Banco Central Europeu e de países produtores de commodities. O estudo, porém, não cita quais os países produtores de produtos básicos poderiam reagir.

quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

O atroz encanto de ser protecionista argentino

Argentina, comercio internacional, Freud, Potemkin y otros personajes
InfoLatam, 30/01/2013
Claudio Loser

La clase media argentina, en la medida que se lo puede permitir, es usuaria devota de la psicología para ayudar a resolver sus conflictos personales y familiares. Más aun, la Argentina es uno de los pocos lugares donde se mantiene vigente el psicoanálisis como escuela central para resolver complejos conflictos internos. El mundo aprendió muchísimo de Freud, pero la práctica ha avanzado hacia métodos más pragmáticos, enfocados en encontrar soluciones operativas, y que no llevan a la permanente dependencia del paciente con el analista.
Lamentablemente, esto es un reflejo de que los argentinos viven aferrados a un culto al pasado difícilmente existente en el resto de America Latina, aun incluyendo la magnífica celebración del día de los muertos en México. Así se habla como si estuvieran presentes Rosas y Sarmiento, Carlos Gardel, el mismo Freud, sin entrar a mencionar los personajes de los últimos sesenta años en la política nacional.
La actitud del gobierno argentino en el reciente encuentro entre America Latina y Europa en Santiago de Chile ilustra ese punto. En circunstancias en que el mundo busca expandir el comercio internacional, tal como lo ilustra el esfuerzo de Chile, Colombia, México y Perú para consolidar su alianza del Pacífico, la Argentina se encierra en una discusión proteccionista incluso dentro del MERCOSUR. Para ello, el discurso oficial utiliza viejos argumentos, esgrimidos en algún momento por la CEPAL, aunque el mismo Prebisch y la institución subsecuentemente los abandonaron.
Ciertamente, importantes países utilizan descaradamente técnicas proteccionistas a nivel de comercio, inversión e incluso de financiamiento. Los EEUU, la Unión Europea, Japón, Rusia, China, India y Brasil son claros y tristes ejemplos de irracionalidad de uno u otro tipo. Pero aun así, no alcanzan el grado de desordenado y arbitrario encierro comercial que la Argentina aplica hoy, con altos costos para sus habitantes, especialmente los menos favorecidos. Tal como en el pasado, la Argentina castiga así a sus pocas áreas innovadoras y dinámicas, como el sector exportador agrícola, y el sector energético.
Un sistema cambiario distorsionado y una moneda sobrevaluada completan una realidad repetida muchas veces en el pasado, como si fuese una continua sesión psicoanalítica preocupada de revisitar presuntos procesos internos y sin ver la realidad que la rodea. (El autor de esta nota debe aclarar aquí que su tesis doctoral, completada hace más de cuarenta años, analizaba los tóxicosefectos adversos de una protección arbitraria aplicada a la industria entre las décadas del 30 y del 60. Nada nuevo bajo el sol.)
A esto se agrega la más alta inflación en la región, también una repetición histórica, solamente que encubierta ya desde hace cinco años. Utiliza así la Argentina la metodología de otro personaje del pasado, el príncipe Grigori Potemkin, ministro de Catalina la Grande de Rusia que, dice la leyenda, construía pueblos ficticios para impresionar a su jefa y hacer creer que había progreso en el país.
Quizás el elemento más nuevo en la situación actual es el proceso de cesación de pagos y subsiguiente resolución unilateral de la deuda, aunque allí también hay antecedentes. Se trata de Felipe II de España, que hace 550 años inventó el default, aunque entonces se llegó a una solución consensuada.
La inspiración de las medidas es histórica, pero el daño es presente y con serias implicaciones para un país que cada vez más se pierde en la gloria de su pasado. Quizás por todas estas contradicciones internas se buscan soluciones en un permanente auto-análisis psicoanalítico, elegante pero inefectivo. Los jóvenes podrían mirar hacia adelante, a través del cristal de Facebook y el Tweeter. Pero el país político se encierra en sí mismo y los insta a analizar antiguos e irrelevantes conflictos bajo la tutela intelectual de personajes ya fallecidos y de ideas que, aunque fascinantes, no son operativas.
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Addendum:
Argentina: el FMI informa de que última revisión economía fue hace 62 meses
30/01/2013 - Infolatam
El Fondo Monetario Internacional (FMI) informó de que la última revisión de la economía de Argentina data de hace 62 meses, y señaló que forma parte junto con Venezuela, Ecuador, Somalia y Madagascar del grupo de países con retrasos de más de 18 meses en presentar los datos.
En un breve comunicado, el Fondo explicó que su Directorio Ejecutivo fue informado informalmente “por el personal técnico sobre la situación económica de Argentina, cuya última consulta bajo el artículo IV tuvo lugar hace 62 meses”.
El artículo IV es como se conoce formalmente a las revisiones anuales de la economía de cada país que realiza el Fondo, y que luego comparte con el resto de países miembros.
El anuncio no tiene efectos prácticos ni conlleva sanciones y forma parte del compromiso del Fondo de informar al Directorio “sobre los países miembros cuya Consulta del Artículo IV se encuentra demorada por más de 18 meses”.
La última revisión oficial de la economía argentina por técnicos del Fondo se produjo en 2006 y la siguiente estaba prevista para junio de 2007.
La notificación se produce al margen del proceso formal actualmente en marcha en el Fondo de verificación de la calidad de las estadísticas suministradas por Argentina, y que se espera sea comunicado el 1 de febrero.
Los otros países que se encuentran en esta situación son Ecuador (desde enero de 2009), Venezuela (desde septiembre de 2005), Madagascar (junio de 2009) y Somalia (desde 1990).
La demora de Ecuador, Venezuela y Argentina se debe a la falta de acuerdo en las modalidades de la misión o porque las autoridades no han facilitado los datos, mientras que en el caso de Somalia y Madagascar se debe a la situación política y de seguridad.

sábado, 26 de janeiro de 2013

Brasil: maquiagem a la Argentina das contas de comercio exterior

Parece que o Brasil sempre acaba imitando a Argentina, assim dizem, pelo menos. E nem sempre para o melhor; corrijo, sempre para pior...
Agora são as contas de comércio exterior, que recebem um "tratamento argentino", antes de serem liberadas ao distingo público.
Desse jeito vamos acabar acompanhando os argentinos em seu recuo para o protecionismo dos anos 1980 (já estamos lá), para o dirigismo dos anos 1970, para a confusão dos anos 1960 e vai por aí.
Não sei se vamos conseguir acompanhar os argentinos naquilo que fizeram de pior: o retorno aos controles de capitais e manipulações cambiais dos anos 1950, e quem sabe até, dos anos 1930?
Mais um esforço da equipe econômica e vamos continuar avançando rapidamente para trás...
Paulo Roberto de Almeida 

Contabilidade paralela

Instituo Teotonio Vilela, 25/01/2013
  Balança comercial é o alvo da vez nas maquiagens nas contas públicas promovidas pelo governo Dilma

As manobras levadas a cabo tanto pela equipe econômica comprometem a credibilidade das informações divulgadas pelo governo federal e corrompem a necessária prestação de contas à sociedade. Ilustram, também, o desprezo petista em relação à transparência e a lisura que devem nortear a administração pública. As críticas estão na Carta de Formulação e Mobilização Política desta terça-feira (22). "Tem maquiagem para todo lado nas contas da gestão de Dilma Rousseff; agora é a vez da balança comercial", alerta o documento editado pelo Instituto Teotonio Vilela. Leia a íntegra abaixo:
Está cada vez mais difícil confiar na contabilidade oficial. A gestão petista especializou-se em artifícios de toda sorte para maquiar seus maus resultados. Agora é a vez de a balança comercial ser manipulada. Não fosse isso, o país poderia até ter apresentado déficit no seu comércio exterior em 2012.
A maquiagem está ficando explícita aos pouquinhos, na divulgação dos resultados semanais da balança neste primeiro mês do ano. O que começou com um rombo de US$ 100 milhões na primeira semana de janeiro, chegou a US$ 1,7 bilhão na terceira. Trata-se de comportamento inédito em 18 anos de medições.
Na soma, as transações comerciais com o exterior acumulam até agora US$ 2,7 bilhões no vermelho, de acordo com informações divulgadas ontem pelo Ministério do Desenvolvimento. Mantida a tendência, a balança brasileira terá, neste janeiro, o pior resultado mensal verificado desde o início da série histórica da Secretaria de Comércio Exterior, iniciada em 1995.
Terão as condições piorado tanto, e de maneira tão repentina? A resposta é não.
A explicação para o que está acontecendo com as transações de comércio exterior neste início de 2013 deve ser buscada no último trimestre de 2012, quando a Petrobras deixou de registrar suas importações de petróleo e derivados no sistema. São estas operações que estão agora engordando as estatísticas da balança e inflando o déficit.
A postergação dos registros na contabilidade não tem nada de fortuito. Baseia-se numa decisão da Receita Federal, que passou a permitir, desde junho último, que a esta­tal registrasse suas operações de compra e venda de combustíveis até 50 dias após o desembaraço nas alfândegas.
Estima-se que a Petrobras tenha deixado de lançar algo como US$ 10 bilhões na conta das importações do país em 2012. As exportações, porém, foram todas computadas até o fim de dezembro. Com isso, o governo conseguiu manobrar para evitar que o saldo da balança comercial decaísse para terreno negativo no ano passado, como mostra O Globo em sua edição de hoje.
A maquiagem pode até ter impedido o déficit em 2012, mas não evitou que a balança comercial brasileira exibisse seu pior desempenho em dez anos: o superávit foi de apenas US$ 19,4 bilhões, com queda de 34,8% sobre o ano anterior.
Como se sabe, as ocorrências exotéricas nas estatísticas do comércio exterior brasileiro estão longe de ser caso isolado. As contas públicas foram objeto de manipulação muito mais grave na virada do ano, com objetivo de engordar o superávit fiscal e forjar a consecução da meta fixada para o ano.
Trata-se de lambança com a qual o PT conseguiu superar-se em criatividade e ousadia. O nefasto histórico inclui, ainda, as bilionárias transferências para o BNDES feitas ao longo dos últimos quatro anos e o encontro de contas feito com papéis da Petrobras – sempre ela – por ocasião da capitalização da empresa, em 2009.
As manobras levadas a cabo tanto pela equipe econômica – seja com as bênçãos de Lula, seja agora com as de Dilma Rousseff – comprometem a credibilidade das informações divulgadas pelo governo federal e corrompem a necessária prestação de contas à sociedade. Ilustram, também, o desprezo petista em relação à transparência e a lisura que devem nortear a administração pública. Se o partido que está no poder é capaz de todo tipo de maquiagem na contabilidade oficial para ludibriar os contribuintes, imagine o que não acontece de ainda pior por debaixo dos panos.
(Fonte: ITV/ Foto: Arquivo/Appa)

sábado, 29 de setembro de 2012

Argentina: tambem tem uma prospera classe media...


A mágica de Cristina

Editorial O Estado de S.Paulo, 29 de setembro de 2012
No mundo da fantasia da presidente Cristina Kirchner, quem ganha 13 pesos por dia, o equivalente a R$ 5, já não é mais considerado pobre na Argentina. É o que mostra o mais recente cálculo do Instituto Nacional de Estatística e Censo (Indec), o órgão que desde 2007, na presidência de Néstor Kirchner, torce números para servir aos interesses populistas da Casa Rosada.
Para considerar verdadeira a última projeção publicada pelo Indec, seria preciso aceitar que uma família argentina típica, com quatro pessoas, conseguiria pagar suas contas, alimentar-se, vestir-se, manter a saúde, estudar e ainda divertir-se com 1.555 pesos (R$ 673) mensais, como mostra o Clarín (24/9). Esse critério sugere que seria possível fazer todas as refeições do dia com 6 pesos (R$ 2,50). Não parecem números razoáveis, sob qualquer ponto de vista, mas são justamente esses dados que o governo de Cristina usa para vangloriar-se de ter reduzido a pobreza para menos de 6,5% da população, tornando a miséria praticamente inexistente - mesmo num país que está em crise crônica.
A diferença entre os delírios oficialistas de Cristina e o mundo real impressiona. Tomando-se a inflação real, e não a oficial, uma família argentina precisaria de 3.600 pesos (R$ 1.560) mensais para deixar de ser pobre. Com isso, o porcentual de pobres na Argentina saltaria dos alegados 6,5% para 21,9%, segundo levantamento da Universidade Católica Argentina. Em números absolutos, significa que o governo argentino quer suprimir, numa canetada, 6 milhões de pobres das estatísticas, reduzindo o total para parcos 2,6 milhões. Em sua defesa, o Indec alega que a linha de pobreza que utiliza é meramente "teórica", mas o fato é que ela é explorada para respaldar o discurso sobre o alegado sucesso das políticas sociais de Cristina.
Tal manipulação dos índices econômicos já se tornou a marca da Argentina kirchnerista - a ponto de a revista The Economist ter anunciado, em fevereiro, que não publicaria mais a inflação oficial do país, num texto sob o sugestivo título Não minta para mim, Argentina. A distorção no cálculo da inflação, por exemplo, prejudica não somente a estimativa da linha de pobreza, mas também a projeção sobre o próprio crescimento do país. Ao considerar uma inflação de 10% anuais, o governo induziu ao cálculo de que o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 2,5% no primeiro semestre em relação a igual período de 2011. Mas analistas mostram que essa expansão provavelmente não superou 1%, porque é preciso levar em conta uma alta de preços muito mais acentuada - a média das consultorias independentes é de inflação de 23,4% neste ano.
A discrepância entre os números explica por que, desde 2009, o governo dos Kirchners acusa as empresas que tentam calcular a inflação real de especular no mercado usando o aumento do custo de vida. Mais de uma dezena delas teve seu funcionamento prejudicado em razão de processos judiciais movidos pela Casa Rosada. Periodicamente, porém, o governo argentino passa o vexame de ser admoestado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), que divulga as estimativas de inflação do país com ressalvas. Há poucos dias, o FMI expressou "preocupação" com as estatísticas oficiais da Argentina e cobrou que elas fossem melhoradas "sem mais demora".
Não se pode menosprezar o esforço, ainda que por meio de assistencialismo, para tirar milhões de pessoas da miséria. A Universidade Católica Argentina - a mesma que verificou as distorções nos números de Cristina - atesta que o índice de pobreza recuou de 26,9% em 2007 para 21,9% em 2011, e o de indigência caiu de 8,1% para 5,4% no mesmo intervalo, o que é um grande avanço, considerando-se que o desastre econômico do início deste século fez a pobreza chegar a 45% no país. No entanto, na ânsia de supervalorizar seu governo na área social, Cristina abusa da prestidigitação estatística, que faz desaparecer os pobres. Algo semelhante ocorre no Brasil, onde, segundo a Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência, já é considerado de "classe média" quem ganha pouco menos de R$ 10 por dia, ou apenas R$ 291 por mês. A diferença é que, aqui, os números não são falsificados.

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Argentina: revisar para baixo todos os PIBs desde 2008...

As estatísticas argentinas de inflação eram manipuladas, isto já se sabia. O que não se sabia, exatamente, era a influência disso sobre as taxas de crescimento, sempre apresentadas como a maior maravilha daquele governo populista e manipulador.
Agora, graças à Ecolatina, se pode ter uma ideia mais precisa do tamanho da manipulação, e ajustar em consequência,  para baixo, as taxas de crescimento.
Paulo Roberto de Almeida
PS: Acrescento uma curta nota do Citibank, no final
Em post anterior deste blog (o que é isso companheiro) levantei a hipótese que um país (Argentina) que “brincava” com os índices de inflação, possivelmente, utilizava também dados subestimados para deflacionar o PIB e calcular o crescimento do PIB real.
Em post seguinte falei pelo que li do The Drunkeneysian que talvez isso não fosse verdade. Não haviam dados de que a Argentina fizesse com o deflator do PIB o que faz com os índices de inflação.
Pois bem, a evidência chegou. O economista-chefe da MB Associados, Sergio Vale, gentilmente pesquisou o assunto e conseguiu com uma consultoria da Argentina, a Ecolatina, resolver esse dúvida.
A Ecolatina acompanha de perto as estatística na Argentina e calculou o crescimento real do PIB, a preços de 1993, e, dessa forma, conseguiu identificar que, de fato, o governo da Argentina falsifica ou subestima (para ser mais educado) o deflator do PIB desde 2007. O que significa que o crescimento do PIB real por lá, o verdadeiro, é muito menor do que o número oficial.
A tabela abaixo foi preparada pela Ecolatina.  Pelos dados oficiais, o crescimento real do PIB da Argentina de 2007 a 2011 foi de 39% (PIB precios Cte, 1993 INDEC). Pelo dado correto estimado pela Ecolatina (PIB precios Cte.1993 Ecolatina), o crescimento do PIB real neste período foi de 25,35%; bem menos que o crescimento real do PIB oficial.
Obrigado ao Sérgio Vale da MB Associados e a Ecolatina. E quanto ao governo Argentino “Lo siento por el populismo”.
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Argentina: Official Annual Inflation to Remain Unchanged
√√  Consumer Price Index (Friday, 3:00 p.m., April Fcst: 0.8% Month
Over Month)
We expect the National Statistics Institute (INDEC)'s monthly CPI inflation to stand
at 0.8% in April, down from 0.9% in March. If our forecast proves correct, the official
annual inflation rate would remain unchanged at 9.8%. It is worth noting that most, if
not all, non-official annual inflation estimations stand above 20% (i.e. more than
double the official print).


domingo, 28 de novembro de 2010

Mudando Indices da Economia: perigo a vista

Todo governo sempre tem um ministro trapalhão. Isso é inevitável. Aliás, quanto maior for a equipe -- e no Brasil chega aos quarenta, mas confesso que perdi a conta --, maior a possibilidade de serem vários os trapalhões.
Quando eles apenas concorrem com os humoristas da TV, nenhum perigo à vista: apenas matéria para os programas de humor e os chargistas dos jornais, justamente. Mas quando eles se metem a reformar o mundo, o Brasil, o Piauí, existe um enorme perigo à vista, como alerta este editorial do Estadão.
Perguntar não ofende: no nosso caso, precisaria ser justamente o ministro da Fazenda?
Esse cargo é, potencialmente, o de maior perigo nacional.
Em complemento, um editorial anterior sobre o mesmo personagem...
Paulo Roberto de Almeida

Mantega ataca de novo


Editorial - O Estado de S.Paulo
Domingo, 28 de novembro de 2010
Perigo à vista: o ministro Guido Mantega teve mais uma ideia. Agora ele propõe uma trapalhada para o próximo governo - usar um índice especial de inflação para baixar os juros mais velozmente. Se essa lambança for executada, as metas oficiais serão desmoralizadas, como ocorreu na Argentina, o combate à inflação será relaxado e toda a estratégia dos próximos quatro anos poderá ser prejudicada. Convidado pela presidente eleita para permanecer no posto, o ministro deu uma entrevista coletiva e prometeu uma gestão séria, renegando implicitamente seu currículo. A mudança foi desmentida rapidamente por ele mesmo.
A ideia é adotar um IPCA sem combustíveis e sem alimentos para servir de referência para a meta de inflação e para a política de juros. Mas o Banco Central (BC), o mercado financeiro e muitas consultorias já dispõem de índices desse tipo. O expurgo do índice permite obter o chamado núcleo de inflação. A exclusão dos itens mais instáveis ou das variações extremas pode ajudar na avaliação da tendência geral dos preços.
A técnica é usada em muitos países. O BC leva em conta esse tipo de informação ao fixar os juros. Mas não se baseia só nesses dados, porque sua missão é atingir um alvo definido em termos do IPCA cheio, isto é, com todos os componentes. Pode-se corrigir qualquer erro de avaliação num prazo curto, porque a política é revista a cada 45 dias. Tem havido muito mais acertos do que erros.
No Brasil, a maior parte dos preços flutua livremente. Uma alta sazonal ou acidental é compensada num prazo razoável por uma queda. Mas é perigoso apostar, sempre, no recuo dos preços de alimentos e de combustíveis. Pode haver longos períodos de alta, não apenas em consequência de mudanças nas condições de produção e de consumo, mas também de alterações financeiras. Produtos agrícolas, petróleo e outras commodities são objetos do jogo financeiro tanto quanto ações, títulos de crédito e moedas.
Núcleos de inflação podem dar informações importantes, quando avaliados com discernimento. Mas concentrar a atenção em dados como esses pode levar a resultados desastrosos. O exemplo mais evidente é o erro cometido pelo Federal Reserve, o banco central americano, ao manter os juros muito baixos por muito tempo. Os condutores da política levaram em conta um número muito restrito de preços, quando deveriam ter dado importância à especulação nos mercados de commodities. Da mesma forma, deveriam ter estado atentos à formação da enorme bolha no setor imobiliário.
O ministro Mantega parece não ter percebido ou interpretado corretamente esses fatos. Para produzir uma boa política monetária e financeira é preciso levar em conta um número maior - e não menor - de informações. O núcleo de inflação só é útil porque é um dado a mais, isto é, porque propicia uma perspectiva adicional para o exame do índice cheio. Não é bom por apresentar menos informações, mas por enriquecer o conjunto. Além disso, as pessoas pagam os preços da inflação cheia, não da expurgada, e um persistente erro de avaliação pode causar muito mal, especialmente aos pobres.
O ministro Mantega tem um longo currículo de trapalhadas e de mágicas desastrosas. Ele tem exercido o seu talento principalmente na tentativa de maquiar as contas do governo e, de um modo especial, o endividamento público. Se cuidasse melhor da política fiscal, contendo a gastança e preservando o Tesouro de operações promíscuas de financiamento, a economia seria mais saudável e seria mais fácil baixar os juros. O caminho é esse. A presidente eleita não deve maquiar a política de preços e de juros, mas promover com urgência o expurgo das más ideias.
Também deve recomendar boas maneiras a seu pessoal. Segundo o ministro Mantega, o economista Alexandre Tombini, escolhido para presidir o BC, "não vai titubear" quando tiver de prejudicar o setor financeiro, por ser funcionário público de carreira. O atual presidente do BC, Henrique Meirelles, dirigiu um banco privado e seu desempenho no governo é muito superior ao do ministro da Fazenda. Essa diferença, reconhecida internacionalmente, talvez explique a descortesia do ministro. Mas não a justifica.
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Promessas de seriedade

Editorial - O Estado de S.Paulo
26 de novembro de 2010
 
Se as promessas tiverem algum valor, a equipe econômica do próximo governo será parcimoniosa no gasto, preocupada com a eficiência e empenhada em aumentar a poupança pública, para elevar o investimento federal e dar mais força e mais espaço à iniciativa privada. Nisto se resumem os compromissos de austeridade anunciados pelos futuros ministros da Fazenda, Guido Mantega, e do Planejamento, Miriam Belchior, na primeira entrevista depois de confirmada sua escolha pela presidente eleita, Dilma Rousseff. Na mesma ocasião, o economista Alexandre Tombini, convidado para presidir o Banco Central (BC), defendeu o regime de metas de inflação e disse haver recebido a garantia de respeito à independência operacional da instituição. Ele ainda terá de mostrar na prática se dará continuidade ao estilo de política monetária dos últimos oito anos, mas seu currículo autoriza um crédito de confiança. Uma expectativa otimista é muito mais difícil no caso dos convidados para a Fazenda e para o Planejamento.
No governo há mais de quatro anos, o ministro Guido Mantega jamais se destacou por qualquer compromisso com a austeridade e com o uso eficiente e criterioso do dinheiro público. Para cumprir suas novas promessas, terá de renegar atos e palavras bem conhecidos. Durante sua gestão, o governo só produziu algum superávit primário - o dinheiro posto de lado para o pagamento de juros - porque a arrecadação cresceu ininterruptamente. Apesar disso, recorreu a artifícios para cumprir a meta. Neste ano, o resultado global só não foi pior graças a dividendos de empresas estatais e a um malabarismo contábil para converter em receita o aporte de capital à Petrobrás.
Seu currículo inclui a criação de um fundo soberano muito peculiar, alimentado com dinheiro de um Tesouro deficitário (o governo acumula déficits nominais, ano após ano, porque o superávit primário nem dá para cobrir o serviço da dívida). A proposta inicial - usar dólares da reserva - foi logo abandonada, porque a aplicação da reserva cambial é regulada por lei. Ele, aparentemente, não sabia disso.
Em mais de quatro anos ele nada fez para conter o inchaço da folha de salários e encargos e nunca se opôs às custosas conveniências político-eleitorais do presidente e do partido. Quando surgiu a crise, concedeu facilidades fiscais a alguns setores e passou recursos do Tesouro ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social para um programa de estímulo ao investimento. O programa deveria ter sido interrompido após alguns meses, mas foi mantido no ano seguinte e envolveu aportes de R$ 180 bilhões. O Grupo Petrobrás foi um dos principais beneficiários. O setor privado, o mais atingido pela crise, teve acesso bem mais limitado aos empréstimos.
Os gastos de custeio continuaram crescendo na crise e a retórica oficial incluiu também essa gastança no bolo da política anticíclica. Mas ações anticíclicas têm ida e volta. Não é o caso dessas despesas, na maior parte incomprimíveis.
Neste ano, o ministro Mantega defendeu os gastos federais ainda falando em combater a crise - terminada no ano passado. Além disso, negou qualquer relação entre a expansão da despesa pública e o aumento da inflação. Terá de renegar também essa conversa, se quiser levar adiante o discurso da seriedade.
Quanto à engenheira Miriam Belchior, escolhida para o Ministério do Planejamento, participou da estruturação do Bolsa-Família, um programa em geral bem-sucedido, e trabalhou com a ministra Dilma Rousseff na Casa Civil, como coordenadora do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Deve ter sido a babá do programa, já que a ministra, segundo o presidente Lula, foi a mãe. Tem reputação de boa administradora, mas terá de provar suas qualidades mais uma vez, porque a gestão do PAC - um dos fracassos mais visíveis do atual governo - empobrece qualquer currículo. Ainda este mês o Tribunal de Contas chamou de precários os balanços do programa e cobrou clareza.
A futura ministra defendeu uma revisão dos gastos de custeio e falou em "fazer mais com menos". Para isso, será preciso renegar os critérios do atual governo e buscar eficiência - uma preocupação condenada como reacionária pelo lulismo.