Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, em viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas.
O que é este blog?
Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.
sexta-feira, 9 de agosto de 2019
Guerra cambial: de volta aos anos 1930? - George Magnus
sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013
Guerra cambial: esses banqueiros enviesados contra nos...
Esses banqueiros acreditam em qualquer um...
Paulo Roberto de Almeida
Brasil é o 4º mais intervencionista no câmbio, diz HSBC
País cai no ranking, pois no ano passado ocupava a segunda posição; Suíça e Japão são os países que mais intervêm
No estudo, economistas do HSBC compararam o comportamento de 35 diferentes países e também da União Europeia nos últimos 12 meses. Levaram em conta desde aspectos subjetivos, como os discursos e a retórica dos líderes econômicos, até itens comparáveis, como taxa de juro, volume de intervenções diretas, medidas regulamentares e programas de relaxamento quantitativo.
Feita a comparação, o Brasil recebeu sete pontos em uma escala que varia de zero - o menos intervencionista - até dez - o mais ativo possível. Além de medidas tradicionais de política monetária como corte de juros, o estudo diz que "a regulamentação tornou-se a tática adicional favorita dos emergentes".
O HSBC dá como exemplos a mudança de alíquotas de impostos ou novas regras para o mercado. "O Brasil é um exemplo notável disso, onde novas alíquotas passaram a ser cobradas em operações financeiras que estavam pressionando o real."
Com sete pontos, o Brasil divide o 4.º lugar no ranking com o Peru e Taiwan. À frente estão Colômbia, Venezuela e Turquia, com oito pontos, e Argentina, com nove pontos, além dos líderes Japão e Suíça, que têm a pontuação máxima.
Queda. No ano passado, o Brasil era mais intervencionista e estava em segundo lugar, atrás apenas da Suíça. "Um ano atrás, a intervenção era maior e visava a enfraquecer o real. Agora, há uma ação de duas vias para manter a relação entre o dólar e o real em um intervalo", diz o estudo, que sinaliza que o menor esforço brasileiro tem a ver com a cotação do dólar no Brasil que, nos últimos meses, tem oscilado entre R$ 1,95 e R$ 2,05.
Outro fator que explica o Brasil menos ativo é o custo dessa intervenção. "Uma moeda mais fraca pode aumentar a inflação. O Brasil usou sua moeda para estimular o crescimento, mas recentemente reconheceu que o impacto negativo disso é ter mais inflação", diz o relatório. Diante desse custo para a economia, o HSBC prevê que o governo brasileiro passará a agir de maneira "mais suave".
Atrás do Brasil no ranking estão todos os outros grandes emergentes e também as economias maduras: os Estados Unidos têm seis pontos, China e Reino Unido têm quatro pontos, Rússia e Chile fizeram três pontos e a Índia tem apenas um ponto. Na lanterna, Canadá, México e África do Sul têm zero ponto e recebem o título de menos intervencionistas no mercado cambial.
As perspectivas de curto prazo para a guerra cambial não são muito otimistas. Para o banco, atualmente são maiores as chances de um recrudescimento da disputa de moedas nos próximos meses, especialmente com uma possível reação do Banco Central Europeu e de países produtores de commodities. O estudo, porém, não cita quais os países produtores de produtos básicos poderiam reagir.
quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013
Uma suposta guerra cambial para o NYTimes
PRA
EDITORIAL
Preventing a Currency War
New York Times: February 13, 2013
The Group of 7 industrialized countries appeared to tamp down talk of a currency war in a statement this week that said markets should determine exchange rates and that countries should use fiscal and monetary policies to achieve faster growth. It may help curb fears that stagnant economies will devalue their currencies to make their exports more affordable relative to competitors.
The statement came in response to sharp moves in currencies like the euro and the yen and calls by some Group of 7 countries like France for policies that could lead to competitive devaluations.
The yen, for instance, has fallen by about 11 percent against the dollar since the recent election in Japan of Prime Minister Shinzo Abe, who has pushed for economic stimulus and more aggressive asset purchases by the Bank of Japan to fight deflation. Critics say those policies are aimed at lowering the value of the yen, which Mr. Abe’s government has denied.
And last week President François Hollande of France proposed that euro-zone nations should adopt a policy to manage the value of the common currency to maintain the competitiveness of European goods. (The euro has appreciated about 2 percent against the dollar and nearly 10 percent against the yen this year.)
Such misguided thinking can lead only to chaos and retaliation. If all countries were to competitively devalue their currencies, the result would be a downward spiral that would benefit no one, but could lead to high inflation. Certainly in Europe, altering exchange rates is not the answer; reviving economies will require giving up on austerity, which is choking demand and investment.
Developing countries like Brazil and Mexico also complain that looser monetary policy in industrialized nations can produce effects similar to currency manipulation. When central banks in countries like Japan and the United States pump more money into their financial systems, investors are driven to put their money into emerging markets where interest rates are higher. That pushes up currencies like the real and peso, making exports from those countries more expensive on the world market. Instead of responding to this effect by manipulating their exchange rates, those countries could protect themselves from volatile capital flows by regulating them.
With much of Europe in a recession, Japan struggling with deflation, and the weak American economy potentially falling back into a recession if the automatic spending cuts go through, the global economy is fragile. The last thing the world needs is a currency war.
segunda-feira, 2 de abril de 2012
Brasil ja vai a guerra, e escolheu os inimigos...
Hoje o Brasil também vai à guerra, pelo menos na linguagem belicosa daquela que é chamada de "presidenta", pelos linguistas do Planalto (ou seriam linguarudos?).
Aparentemente, os inimigos são as velhas potências coloniais, que já não se aguentam mais de déficits, e ainda encontram maneira de inundar o mundo com seus dólares e euros.
Não tenho certeza de que os indianos vejam americanos e europeus como inimigos, mas a presidenta sim...
Acho que essa batalha não vai dar em nada, se não fizermos o dever de casa.
Paulo Roberto de Almeida
A presidenta Dilma afirmou que Brasil e Índia têm “sólidas credenciais” para lutar contra as políticas monetárias expansionistas dos países desenvolvidos, durante o Seminário Empresarial Brasil-Índia, na última semana, em Nova Délhi.
“Nós, Brasil e Índia, temos sólidas credenciais para lutar contra os efeitos das políticas monetários expansionistas do mundo desenvolvido que não tem tomado as providências necessárias para garantir uma expansão das suas economias. Somos, sem sombra de dúvida, favoráveis à superação da crise na Europa. Achamos que houve uma melhora na medida em que foi evitada uma crise mais aguda, uma crise monetária mais aguda e acreditamos que é imprescindível que os países desenvolvidos tomem medidas efetivas para garantir a retomada da economia mundial”.
Para a presidenta, não resta dúvida que os dois países podem, juntos, enfrentar e superar de forma mais efetiva os efeitos da crise econômica internacional.
“Quando nós exploramos as nossas complementaridades, respeitando, cada um, a característica do outro, nós podemos enfrentar juntos, de forma muito mais efetiva, todos os desafios que a conjuntura nos apresenta. Por isso, eu tenho certeza que o dinamismo característico das nossas economias permitirá que superemos no melhor sentido esta fase crítica da economia internacional. Por isso é com alegria que eu vejo a nossa relação comercial se tornar cada vez mais expressiva. O Brasil permanece com principal parceiro comercial da Índia na América Latina”.
Dilma afirmou aos empresários que o comércio entre Brasil e Índia, hoje concentrado no petróleo e nos seus derivados, deve ser diversificado e defendeu a ampliação da parceria na área de medicamentos. Já no setor de combustíveis, Dilma afirmou que o Brasil está disposto a contribuir com o governo indiano na busca de alternativas energéticas sustentáveis.
sexta-feira, 2 de março de 2012
"Brasil declara guerra cambial" - Contra si mesmo???
Quem fala em "guerra cambial" -- um termo absolutamente inapropriado e totalmente equivocado -- é o próprio governo, que distraído, parte em guerra contra ele mesmo...
Pois é, o governo provoca a valorização do real, ao manter juros estratosféricos (que mesmo a 10% são o triplo, ou o quádruplo da média mundial), e depois diz que vai lutar contra a "guerra cambial", como se esta nos fosse imposta por americanos -- que despejam, isso é certo, dólares no mundo -- e por chineses -- que espertamente colam sua moeda à divisa americana para não perder partes de mercado.
Mas vocês já se deram conta da imensa bobagem proclamada por Mantega e outros neófitos da "guerra cambial"?
Os EUA estão ficando mais pobres, ao desvalorizar sua moeda, e eles o fazem por absoluta necessidade, já que de outro modo o ajuste seria ainda mais brutal. Os chineses apenas defendem seu modelo exportador, fazendo ajustes cambiais dirigidos, algo que o Brasil praticou durante 40 anos seguidos (e o mundo não nos acusou de fazer "guerra cambial", ainda que manipulássemos o câmbio).
O governo é absolutamente risível, ou patético, ao falar de guerra cambial.
Deveria cuidar das suas contas, o que ele não faz...
Paulo Roberto de Almeida
Jornais estrangeiros veem nova ‘guerra cambial’
o País “declara uma nova guerra cambial”.
sábado, 8 de outubro de 2011
Aliados desestrategicos e guerra cambial imaginaria... (editorial Estadao)
Guerra cambial e fantasia
Editorial O Estado de S.Paulo
quinta-feira, 6 de outubro de 2011
China as "currency manipulator": as time goes by... (The Economist)
Free trade and the yuan
One step forward, one back
As trade deals head towards approval, a backlash grows against China
- A new prescription for the poor
- From prison to jail
- »One step forward, one back
- The drawn-out primary calendar
- Hello, sunshine!
- The machine wins
- A person already?
- The inkblot protests
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segunda-feira, 10 de janeiro de 2011
Politica comercial do Brasil: dois erros...
Depois, um atentado contra as regras da OMC, este sim sob responsabilidade do ministro em questão, a quem os assessores internacionais, ou de política comercial, não alertaram-no de que a OMC não tem jurisdição sobre políticas cambiais nacionais. Isso pertencia ao FMI, muito antigamente, mas seria precisa alertar o ministro Mantega que tampouco o FMI cuida agora -- ou desde 1973, oficialmente, desde 1971, de fato -- de políticas cambiais. Os países são livres para fazerem o que quiserem de suas moedas, apreciarem, desvalorizarem, deixarem estável, ancorá-la em alguma outra moeda, até abandonar a moeda nacional e, portanto, a política cambial, tout court.
A OMC vai ouvir o ministro e depois alguém deveria dizer-lhe: "So what? O que o Brasil pretende fazer a esse respeito? Somos todo ouvidos..."
Na prática, não vão fazer absolutamente nada, como não podem fazer.
Ou o Brasil se entende com os americanos -- e suas políticas de "quantitative easing" -- ou ele se entende com os chineses -- e suas políticas de manipulação cambial.
Pode também atuar nas causas reais da falta de competitividade brasileira: o excesso de tributação na cadeia produtiva, a falta de inovação, uma infra-estrutura miserável e diversos outros problemas todos "made in Brazil", inclusive as políticas fiscais e comerciais do governo.
O ministro Mantega se quiser resolver o problema poderia começar atacando suas causas internas, antes de pensar em transferir o problema para outros países ou a OMC...
Paulo Roberto de Almeida
Brasil adverte de[sic] uma guerra comercial por causa da manipulação cambial
Agencia EFE, Seg, 10 Jan, 07h16
Londres, 10 jan (EFE).- O ministro da Fazenda, Guido Mantega, adverte de [sic; PRA] uma "guerra comercial global" pela manipulação monetária e menciona concretamente os Estados Unidos e China, em entrevista publicada nesta segunda-feira pelo "Financial Times".
Segundo Mantega, o Brasil está tomando medidas para impedir que o real continue se valorizando e colocará o tema na Organização Mundial do Comércio (OMC) e outros foros mundiais.
"Trata-se de uma guerra monetária que está se transformando em uma guerra comercial", afirma Mantega em sua primeira entrevista exclusiva desde que Dilma Rousseff substituiu Luiz Inácio Lula da Silva à frente do país.
Seus comentários, assinala o jornal, acompanham as intervenções que foram feitas na semana passada nos mercados de divisas tanto do Brasil como de Chile e Peru, as recentes e fortes altas do franco-suíço e de outras moedas, e a fuga dos investimentos das economias dos EUA e Europa.
O Fundo Monetário Internacional insinuou a semana passada que o mundo precisa de novas regras que governem o recurso pelos Governos aos controles de capitais.
Mantega já utilizou em setembro passado a expressão "guerra de divisas" antes de aplicar controles aos investimentos de bolsa estrangeiras no Brasil para frear uma apreciação de 39% do real frente ao dólar nos dois últimos anos.
Na quinta-feira, o Banco Central do Brasil pôs em prática de surpresa uma medida destinada a impedir a venda a curto prazo do dólar (apostando por sua depreciação) contra o real pelos bancos e anunciou que devem ser esperadas mais medidas "no mercado de futuros".
Segundo Mantega, o tema das manipulações cambiais estará este ano na agenda do G20 e o Brasil também o apresentará na OMC para que seja considerado como um tipo de subsídio velado às exportações.
Os analistas acham, no entanto, que será difícil mudar as regras da OMC para incluir as taxas de câmbio porque a China seguramente vetaria uma proposta nesse sentido.
Segundo Mantega, o comércio do Brasil com os Estados Unidos passou de um superávit de cerca de US$ 15 bilhões a favor do país para um déficit de US$ 6 bilhões desde que Washington começou a flutuar sua economia mediante uma política monetária relaxada.
Para o ministro, a super-valorizada moeda chinesa também está distorcendo o comércio mundial: "Temos excelentes relações com a China, mas há alguns problemas. Certamente gostaríamos de ver uma valorização do iuane".
domingo, 14 de novembro de 2010
A presidenta eleita quer que os brasileiros fiquem mais pobres...
Esse é o resultado, inevitável, de sua intenção proclamada, de desvalorizar o real, sem dizer o que pretende colocar no lugar do sistema de câmbio flutuante.
Minha convicção é a de que ela não vai fazer absolutamente nada, inclusive porque não tem segurança sobre as consequencias de um gesto desse tipo, e seus conhecimentos de economia -- a despeito dos diplomas, ou dos créditos que disse que tinha -- são muito limitados.
Em todo caso, vamos acompanhar esse tema com muito carinho, como diria alguém...
Paulo Roberto de Almeida
Dilma Rousseff sugirió que podría devaluar el real en cuanto asuma
terça-feira, 19 de outubro de 2010
A "guerra cambial" do ministro Mantega (3): enxugando gelo...
Limito-me a transcrever um artigo perfeitamente racional sobre um assunto que o governo trata de maneira completamente irracional.
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Paulo Roberto de Almeida
A questão cambial: enxugando gelo
João Luiz Mauad
Diário do Comércio, 18/10/2010
A solução do problema do câmbio passa longe de pacotes intervencionistas, como o aumento do IOF recentemente divulgado, que não enfrenta o cerne da questão. Na tentativa de estabilizar a taxa cambial, o governo acaba contribuindo para que esta valorização se acentue.
Ainda bem que as pessoas não saem por aí desafiando a lei da gravidade, tal qual insistem em pôr à prova a velha lei econômica da oferta e da demanda. Fico imaginando indivíduos usando as janelas dos edifícios, no lugar das escadas e dos elevadores, ou saltando de aviões em pleno voo. Seria uma catástrofe, sem dúvida.
A alguns, esta pode parecer uma comparação descabida – afinal afrontar a lei da oferta e da demanda não mata (pelo menos não instantaneamente). No entanto, em determinadas circunstâncias, pode provocar danos consideráveis. Vejamos, abaixo, um caso bastante atual.
Todos os dias, chova ou faça sol, abrimos os jornais ou ligamos a TV e nos deparamos com a infalível choradeira de empresários, políticos, ministros de Estado, economistas e outros opinantes por causa do câmbio. Lamentam, com certa razão, que a taxa estaria defasada. Entretanto, prisioneiros do velho credo protecionista – que remonta à era mercantilista, mas vem sendo alimentado com maciças doses de nacionalismo, tanto pela esquerda quanto pela direita –, não enxergam que a solução do problema passa longe de pacotes intervencionistas, como o aumento do IOF recentemente divulgado pelo governo, que não enfrenta o cerne da questão.
Qualquer pessoa de bom senso sabe que enquanto a oferta de moeda estrangeira continuar maior do que a demanda, seja em função dos superávits comerciais, seja por conta da afluência de investimentos externos, o real permanecerá apreciado. Sabemos também que, em condições de livre mercado, quando há excesso de oferta, a consequente queda dos preços a desestimulará e aquecerá a demanda, até que as duas se equilibrem num novo patamar. O problema é que as soluções espontâneas do mercado não funcionam quando os governos interferem no jogo. E este é, exatamente, o caso em questão. Na tentativa de estabilizar a taxa de câmbio, o governo acaba contribuindo para que ela valorize ainda mais.
Só os ingênuos podem acreditar, por exemplo, que as nossas vendas externas são superiores às compras porque temos alguma vocação exportadora natural ou porque o resto do mundo precisa mais dos nossos produtos do que nós dos deles. Nada poderia ser mais falso. Nossa balança comercial é (ainda) superavitária simplesmente porque os bens e serviços exportados são isentos de impostos, enquanto os importados são taxados de todas as formas possíveis. Os tão festejados superávits são, por conseguinte, induzidos por uma penca de ardis protecionistas.
Para que a taxa de câmbio passe espelhar o efetivo poder de compra do real em relação às outras moedas, é preciso acabar com os artificialismos hoje existentes, o que só será possível se liberarem as amarras das importações. Falo de redução e corte de impostos, desburocratização aduaneira e outras medidas que tornem atraentes as compras no exterior (algo não só possível hoje em dia, como desejável, já que a nossa dívida externa encontra-se perfeitamente equacionada e as reservas suficientes para administrá-la com tranquilidade).
O problema é que, para pôr em prática essa solução, seria necessário, primeiro, remover o ranço protecionista incrustado na cultura econômica brasileira, resultado do trabalho árduo, zeloso e dedicado da velha guarda nacionalista, estimulada e financiada por empresários ineficientes que se dizem capitalistas, mas têm ojeriza à concorrência e ao livre mercado.
Uma eventual abertura aos importados, além de beneficiar o consumidor com a oferta de mercadorias baratas e de qualidade, deteria a desvalorização do dólar . E seria especialmente benéfica para o controle da inflação –a concorrência costuma fazer cair os preços –, facilitando, inclusive, a redução da taxa básica de juros pelo BC. Isso sem falar no enorme incentivo que tal medida traria ao crescimento econômico do País, pois muito mais que o superávit comercial, o que realmente estimula o crescimento é a soma das correntes de comércio com exterior.
Outra coisa que o governo poderia fazer, urgentemente, é parar de operar no mercado de câmbio, comprando dólares a rodo para tentar estabilizar a taxa em patamares que os tecnocratas, do alto de sua enorme arrogância, entendem mais correta para o Brasil.
Adquirir divisas e engordar as nossas já inchadas reservas tem um custo muito alto, além da imensa diferença entre os juros pagos pelo Tesouro para captar recursos no mercado interno e os juros que remuneram as reservas brasileiras no exterior, o aumento da dívida pública contribui para a manutenção dos juros internos em patamares sempre elevados.
E nunca é demais lembrar que a alta remuneração dos títulos públicos tem sido um atrativo poderoso para os capitais especulativos, especialmente agora, com o mercado internacional altamente líquido, depois que os países do primeiro mundo inundaram as respectivas economias na tentativa de deter a recessão.
Se mantiver as atuais políticas, o governo vai continuar enxugando gelo e, pior, jogando fora o dinheiro dos pagadores de impostos.
João Luiz Mauad é empresário e colunista do site www.midiaamais.com.br