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quarta-feira, 2 de março de 2022

Um alerta contra os falsos historiadores - Carmen Licia Palazzo

 Como historiadora e professora de História eu me sinto na obrigação de alertar os jovens alunos sobre algumas postagens totalmente equivocadas que estão sendo muito divulgadas na internet mas que distorcem a verdade por motivação puramente política. Vou dar nome, sim, afinal não pretendo ser simpática a tudo e a todos.

Sem nenhuma agressividade e sem a menor vontade de "comprar briga", alerto a turma jovem, que está começando sua caminhada universitária e que ainda não tem a bagagem de leitura e de pesquisa necessária para avaliar a qualidade do que está lendo e ouvindo, que as dezenas de vídeos do professor de Relações Internacionais Fernando Horta, uma personalidade bastante comunicativa e simpática, muito popular nas redes sociais, têm viés claramente doutrinador e distorce os fatos.

O Brasil tem excelentes historiadores e analistas de Relações Internacionais, é perfeitamente possível ler comentários e análises da mais alta qualidade, o que não é o caso dos referidos vídeos. Como eu disse, não estou querendo polemizar e quem gosta, que continue a acompanha-lo, mas não é a melhor recomendação para se informar sobre o ataque russo à Ucrânia e mesmo para outros temas de RI. Prestem atenção em tudo o que estiverem lendo com um senso crítico aguçado, principalmente se os autores dos textos e vídeos se apresentarem como historiadores, pois a chancela de uma determinada especialização nem sempre corresponde ao que esperamos em matéria de análise.

Não pretendo entrar na discussão mais a fundo, é apenas meu alerta. E não se trata de divergências de opinião, pois minha referência é quanto à qualidade dos conteúdos e à grande influência sobre estudantes ainda muito jovens e sem o instrumental necessário de análise. Aliás, como estamos vendo, não se trata também de esquerda ou de direita, pois entre ambos há uma clara comunhão de opiniões em várias questões... Curioso, se não fosse triste.

Respeitosamente, fica o alerta.

Carmen Lícia Palazzo

Brasília, 2/03/2022

quarta-feira, 29 de julho de 2020

A pouco nobre arte de enganar com os números - Paulo Roberto de Almeida

Da arte pouco nobre de enganar com os números


Paulo Roberto de Almeida
[ObjetivoComentário crítico sobre distorção de dadosfinalidadeesclarecimento público]


Jornalistas estão reproduzindo mais uma das “pegadinhas” desonestas da Oxfam: a de que a riqueza “financeira” dos megarricos teria crescido ainda mais na pandemia, o que se “consegue” selecionando dois períodos arbitrários num índice de bolsa de valores, com números que “provam” que os mais ricos ficaram ainda mais ricos, aos passo que os mais pobres afundaram ainda mais. 
Fica parecendo que os primeiros ficaram mais ricos às custas dos segundos, o que absolutamente não é verdade.
Jornalistas — e o público em geral — não deveriam cair nesse tipo de mentira conveniente, sem investigar as fontes de informação e a “metodologia” aplicada aos números, um exercício de estatística elementar que muitas vezes escapa de mentes mais apressadas, ou pouco preparadas para interpretar corretamente dados primários.
‪De certa forma, a Oxfam, em sua desonestidade subintelequitual contumaz reproduz a tristemente famosa “teoria do Intercâmbio desigual”: basta pegar as commodities num pico de alta numa série histórica, e depois comparar com preços não deflacionados de manufaturas mais adiante: pimba! “provou”!
Se tem uma coisa que eu não suporto mesmo – bem mais do que a “burrice” daqueles que têm todas as informações à mão, mas preferem insistir em erros primários, simplificando as coisas – é a desonestidade intelectual, que eu chamo de subintelequitual.
Isso ocorre muito entre militantes de certas causas, que tendem a possuir teses prontas, e que depois vão “torturar” os números para que eles “revelem” aquelas teses pré-fabricadas.
Por isso eu tenho muito pouco respeito pelo economista Thomas Piketty e suas “teses” sobre a concentração de renda, apelando para um título de duvidoso gosto marxiano: o “capital no século XXI”, e isto independentemente dos dados aparentemente corretos do crescimento da riqueza financeira ao longo das últimas décadas, depois de um longo período de “desconcentração” no século XX.
Primeiro, a seleção dos dados “financeiros”, como se ela fosse a única forma de riqueza possível, quando existem outras formas de riqueza intangível, mais difíceis de se medir, mas não menos reais.
Depois, essa outra arbitrariedade de seguir essa “marcha do capital” ao longo das décadas, como se os mesmos ricos continuassem abocanhando a riqueza geral da sociedade, em detrimento dos mais pobres, que “ficaram com uma parte menor” daquela riqueza medida unicamente pelo seu lado financeiro, que é chamado de capital. 
Ora, isso é de uma desonestidade tipicamente marxiana e marxista, que “consegue” provar as teses pré-fabricadas da concentração de renda, da “pauperização” dos mais pobres, enfim, da divisão da sociedade em classes antagônicas e, finalmente, a de que os mais ricos estão impedindo as classes médias e os mais pobres de prosperar. 
Isso não é nem teoria, nem economia aplicada: é simplesmente mistificação econômica, uma espécie de “metafísica hegeliana do capital”, que apenas segue a riqueza na sua forma exclusivamente financeira, pairando na superestrutura da sociedade, como se a riqueza geral permanecesse a mesma ao longo dos tempos, aliás apropriada pelas mesmas “classes” e pelos mesmos indivíduos ou famílias (o que pode realmente ocorrer, pois os mais ricos tendem a defender a sua riqueza, multiplicá-la e passar aos seus descendentes).
Em terceiro lugar, a “conclusão” de que a riqueza do capital financeiro é uma coisa malévola em si, e que ela é causa das desigualdades, e portanto da infelicidade atual do nosso tempo, já que a humanidade em geral ainda possui muitos pobres e miseráveis, ao mesmo tempo em que os superricos, os megabilionários se multiplicam e ficam cada vez mais ricos, aparentemente às custas de todos os demais. 
Daí a concluir que a sua riqueza é ilegítima, indevida e perversa para a felicidade geral da sociedade é apenas um passo, como faz a Oxfam e os simplistas que seguem suas mistificações. 
Daí também as teses para taxar mais os ricos e “distribuir” esse estoque de riqueza entre os mais pobres, como se os fluxos de criação de novas riquezas se mantivessem inapelavelmente constantes, como se a economia fosse uma cornucópia infinita, suportando os novos Robin Wood da extração estatal, apoiados em economistas bonzinhos, pela eternidade.
Isso é Rousseau, isso é Marx, isso é Piketty, e todos os partidários da tese de que a propriedade é um roubo, e de que o mais importante é a desigualdade entre as pessoas, e não a capacidade de gerar riquezas através do trabalho inteligente, o skilled labour de que falava Adam Smith, ou o quarto fator produtivo, a inteligência, de que falava Cairu, depois da terra, do trabalho e do capital. 
Por fim, considero que a mais nobre missão do economista seja enriquecer os mais pobres, ao passo que economistas que se entregam à pouco nobre missão de empobrecer os mais ricos, como Piketty, não deveriam merecer esse título.
O maior problema da humanidade NÃO É a desigualdade, inerente a todas as épocas e formações sociais, uma vez que ela é inerente a todos os seres humanos, inapelavelmente sempre únicos e originais, e supostamente dotados de consciência, racionalidade e responsabilidade sobre suas vidas, a partir de certo ponto de suas vidas. 
Todos os seres humanos partem de um marco zero, e serão mais pobres ou mais ricos, mais felizes ou infelizes, a partir de certa dotação natural de fatores, nas sobretudo a partir do ambiente social, cultural e patrimonial no qual foram criados e se desenvolveram (ou não).
Daí que uma nova “teoria dos sentimentos morais” deveria assegurar que todos os seres humanos pudessem ser dotados das mesmas condições igualitárias de partida para que pudessem florescer ao longo da vida, o que se obtém basicamente através da educação e de um mínimo de condições infraestruturais para colocar suas dotações adquiridas a serviço de uma vida útil e benéfica a si e aos descendentes.
A chamada “renda básica” não pode ser nada além de um ajutório temporário para que a pessoa possa se ajudar a si própria.
Daí que a educação é o maior bem da humanidade, um patrimônio inter-geracional que precisa ser mantido em condições ótimas de realimentação e de acumulação social e societal (de preferência pela solidariedade universal, ou globalista).
A educação é um problema “técnico”, portanto “solucionável” com os devidos investimentos sociais.
Sociedades que possuem elites predatórias (como as nossas, na AL e e outras partes do mundo também) são pouco propensas a redistribuir riquezas por meio da educação, uma vez que a riqueza dessas elites pode efetivamente ser feita através da extração da riqueza alheia, por meio da concentração de poder (original ou adquirido). 
Ou seja, não existe uma solução fácil á concentração de renda, à má distribuição de riquezas, à desigualdade entre is homens.
Apenas não creio que o maior problema da humanidade esteja na desigualdade, e sim na pobreza. E esta se combate com mais liberdades econômicas e políticas, e alguma solidariedade social.
Um pouco de sorte também ajuda. 
Certos povos têm mais “sorte” do que outros. O Brasil, aparentemente, ainda não tropeçou com essa “sorte”.

Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 3726, 29 de julho de 2020

quarta-feira, 30 de julho de 2014

Legislando economicamente 60 anos para a frente??!! Qual pais faz esse tipo de bobagem?

Acho que você já percebeu, caro leitor, que esse país é o nosso próprio, não é mesmo?
Entendo que se deve legislar em matéria providenciária pelo menos uma geração à frente, até duas, uma vez que se trata de transferências de recursos intergeracionais, ou seja, os ativos de hoje, e os que ainda vão entrar no mercado de trabalho, vão precisar cotizar para pagar os ativos de hoje e os aposentados de amanhã, que serão aliás os próprios contribuintes. Aqui, se trata simplesmente de uma conta de padeiro, como diriam alguns: ou seja, se você quer ganhar dinheiro mais à frente precisa saber de onde sairá esse dinheiro, do não consumo de hoje e do investimento (individual ou coletivo) realizado agora, para recolher os retornos dos recursos amanhã.
Mas será que isso se aplica em matéria de produção industrial -- sempre tão dinâmica e mutável -- ou de decisões de investidores privados? Quem pode dizer como se distribuirão insumos, fluxos de comércio, transportes e comunicações, oportunidades para alocação ótima de investimentos com mais de meio século de distância? Só um maluco econômico faria isso, não é mesmo?
Pois é, esse maluco somos nós mesmos.
Já foi um erro, em 1967, os militares criarem a Zona Franca de Manaus, que introduz uma série de distorções na alocação de recursos.
Pergunto: quem, em sã consciência, considera normal transportar insumos a 4 mil km de distância, e depois transportar os bens produzidos a igual distância para os mercados consumidores? Não faz sentido, não é mesmo?
As vantagens ricardianas da Amazônia indicariam que ela estaria melhor desenvolvendo produtos e serviços da floresta: turismo ecológico, extração de recursos naturais, processamento de princípios ativos das espécies locais para seu aproveitamento industrial, enfim, uma série de outras atividades que valorizariam a região em seu ambiente próprio, não mediante um enclave artificial, sujeito a fraudes, desvios, corrupção e toda uma série de distorções que só convertem a região e o Brasil num sistema esquizofrênico de organização econômica.
Lamento que os técnicos, os legisladores, os estadistas (ou falta de) não consigam fazer do Brasil um país normal...
Paulo Roberto de Almeida

A Emenda Constitucional 83, que prorroga os benefícios tributários da Zona Franca de Manaus até 2073, será promulgada em sessão solene do Congresso Nacional na próxima terça-feira (5 de agosto). A sessão terá início ao meio-dia no Plenário do Senado Federal.
A Zona Franca de Manaus foi criada em 1967 - com vigência inicial até 2023 -, para estimular a geração de emprego e renda na região amazônica. Em junho passado o Congresso aprovou texto do Executivo que prorroga a vigência por mais 50 anos – até 2073.
O prolongamento da vigência da zona franca tem como objetivo, segundo o governo, oferecer segurança jurídica para que os empresários mantenham projetos ou aumentem investimentos, além de permitir a continuidade de um regime que vem colaborando para o desenvolvimento socioeconômico da Amazônia. 

segunda-feira, 31 de março de 2014

Acucar no comercio internacional: fim de uma distorcao de tres seculos na economia mundial?

Improvável que aconteça. Em todo caso, se trata da primeira vez, em praticamente três séculos de história econômica mundial, que um produto primário, dos mais importantes no comércio internacional desde a baixa Idade Média, e um dos mais importantes desde a era das navegações, vem a ser objeto de negociações realmente internacionais, com vistas a terminar um conjunto de distorções que prejudicam produtores e consumidores em praticamente todos os cantos do planeta.
O açúcar foi um dos primeiros produtos, talvez unicamente, a ser objeto de políticas governamentais de incentivo, estímulo, proteção, subsídios, enfim, um conjunto de medidas oficiais que distorcem as condições de produção, distribuição, comércio e consumo desde antes do período contemporâneo.
Já durante os tempos coloniais, ele era um dos objetos preferidos do exclusivo comercial entre metrópoles e respectivas colônias.
Durante as guerras napoleônicas, quando se começou a produzir mais maciçamente açúcar de beterraba para substituir o de cana que não chegava mais nos portos continentais, começaram as medidas oficiais de subsídios e proteção, que nunca mais terminaram.
O açúcar foi um dos primeiros produtos a deformar as regras de um sistema de comércio aberto e multilateralizado, e provavelmente será um dos últimos, senão o último, a ser totalmente liberado dessas políticas distorcivas.
Não acredito que o esquema proposto por um congressista americano venha a dar resultado, e isto por um motivo muito simples. Ainda que todos os demais países concordassem com o que ele propõe, a Índia, sempre a Índia, nosso grande aliado no protecionismo comercial internacional, simplesmente vai se opor a isso, em nome dos seus 400 ou 500 milhões de miseráveis. A desculpa é esfarrapada, sabemos, e a Índia seria a primeira a ganhar com a modernização do seu setor agrícola, mas a última coisa que políticos populistas, e corruptos, querem ouvir falar é de um sistema de mercados livres.
Nossa aliada no G20 comercial vai sabotar esses esforços, querem apostar?
Prevejo mais algum tempo de subsídios, protecionismo, distorções para o açúcar no comércio internacional.
Ele será o último a ser liberalizado.
Provavelmente dentre de mais ou menos 150 anos...
Paulo Roberto de Almeida

Has the time come for worldwide sugar subsidies to end?

sugarBy Rick Manning
A unique opportunity has emerged at the World Trade Organization to end sugar subsidies once and for all.
Australia, Colombia, Brazil, Paraguay, Thailand, Canada, El Salvador, the European Union and the United States have all complained to the WTO about massive sugar subsidies in India that threaten the world sugar market.
The complaints would be much more powerful if the U.S. Congress were to move forward immediately with Representative Ted Yoho’s (R-FL) proposal that would dictate that U.S. sugar subsidies would end once the rest of the world dropped their market distorting giveaways.  The proposal, known as Zero to Zero, would give U.S. representatives at the WTO the moral authority to demand the rest of the world drop the sugar subsidy arms race without permanently harming U.S. sugar production through unilateral disarmament.
Here’s how it would work.
Under the Yoho Zero to Zero plan, the U.S. would agree to eliminate all domestic sugar subsidies after the WTO had brokered an agreement with other countries around the world to drop theirs as well.  With sugar subsidies taking center stage at the WTO, there is no better time than the present to move forward with this innovative and aggressive move to return to a subsidy free world wide sugar market.
While the Farm Bill in the U.S. has passed and is in place for five years, congressional action on the Yoho proposal should not wait as it would give our nation’s trade negotiators a timely boost in seeking an end to escalating subsidies.  Most importantly, it would force other nations, like Brazil, to choose whether to argue against Indian sugar subsidies while continuing their own program that has undercut other sugar producers around the world.
By leading the way on the Yoho legislation without unilaterally disarming and harming our nation’s domestic sugar industry, Congress would be making a bold statement that could provide the tipping point in the world wide debate on the place of agriculture subsidies as a whole, and sugar subsidies in particular.
Rick Manning is the vice president of public policy and communications for Americans for Limited Government.

Read more at NetRightDaily.com: http://netrightdaily.com/2014/03/time-come-worldwide-sugar-subsidies-end/#ixzz2xXzu8Oms

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Demagogia governamental se estende ao transporte aereo: subsidios para passagens de aviao

Será que o brasileiro não percebe que esse subsídio que o governo pretende dar para passagens aéreas vai mesmo sair do seu próprio bolso, de todos os bolsos, mesmo dos daqueles que não viajam e nunca viajarão de avião?
Será que os brasileiros não percebem que se trata de demagogia das mais escandalosas, que representa mais intervencionismo estatal na vida econômica do país e que vai significar uma distorção ainda maior do já deformado do ambiente de negócios no Brasil?
Mais ainda: se trata de uma porta aberta à corrupção, toda vez, cada vez que uma medida especial de subsídio governamental é introduzida para qualquer coisa, por qualquer motivo. Parece até que o governo está convidando as empresas a fraudarem os registros de passageiros, para ganhar um pouco mais do maná governamental.
Ou seja, as pessoas são néscias, os políticos são coniventes com a demagogia e esse governo anti-mercado vai continuar destruindo a economia de mercado no Brasil?
O Brasil está condenado a virar um país socialista? Sem querer?
Paulo Roberto de Almeida

Governo quer passagem aérea com preço de ônibus

  • Empresas terão subsídio para operar rotas regionais em 270 aeroportos do país
  • O Globo, 1/12/2013

BRASÍLIA - Para estimular os voos em 270 aeroportos de pequeno e médio portes do país, que serão turbinados com o programa da aviação regional, o governo quer oferecer aos passageiros bilhetes por preços semelhante às passagens de ônibus. Para isso, será oferecido um subsídio às empresas que quiserem operar rotas, ligando cidades menores aos grandes centros. Segundo o ministro da Secretaria de Aviação Civil (SAC), Moreira Franco, antecipou ao GLOBO, a proposta prevê subsídios diferenciados por região, segundo a renda dos moradores e os preços das passagens rodoviárias, que variam entre os estados. Já está certo que o governo vai subsidiar até metade dos assentos da aeronave, no limite de 60 assentos.

Aeroporto de Cabo Frio será beneficiado
Foto: Márcio Alves / Márcio Alves/22-11-2012- A companhia vai receber o subsídio, tendo como referência o preço que ela estiver cobrando do passageiro - explicou Moreira Franco.
O ministro disse que, além de facilitar o acesso da população ao transporte aéreo, como é caso de moradores da região da Amazônia, por exemplo, o estímulo à aviação regional será positivo ao abastecer os grandes hubs (aeroportos que funcionam como centro de distribuição de rotas). Hoje, há cinco pequenas empresas que operam rotas regionais e atendem a 21 municípios, segundo a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). São Trip, Passaredo, Sete, Brava (NHT) e Map Linhas Aéreas.
O governo ainda não dispõe de projeções de preços com a adoção dos subsídios, mas um levantamento nos sites da empresas aéreas e de transporte rodoviário mostra que há um enorme discrepância nas tarifas. Uma passagem aérea (ida e volta) entre Belo Horizonte e Ipatinga (separadas por 220 quilômetros) custa entre R$ 270 e R$ 880, fora a taxa de embarque. De ônibus, a viagem sai por R$ 106. Para ir de avião de Juiz de Fora ao Rio, o passageiro precisa desembolsar entre R$ 502 e R$ 707, incluindo a volta; se for de ônibus vai pagar R$ 168. A distância entre as duas cidades é de apenas 179 quilômetros.

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Trapalhadas petroliferas dos companheiros no pre-sal

Governo vê conflito de interesse em leilão do pré-sal

ANP pode ser ao mesmo tempo reguladora e participante do leilão marcado para outubro

Sabrina Valle

Agencia Estado, 31/07/2013


RIO - A demora na criação e divulgação das regras de funcionamento da PPSA (Pré-Sal Petróleo S.A) está gerando insegurança entre investidores e controvérsia em Brasília. A estatal foi criada por lei, em 2010, para gerir os contratos de partilha, mas ainda não saiu do papel, embora o primeiro leilão do pré-sal esteja marcado para o dia 21 de outubro.
O edital do leilão do prospecto de Libra determina que, no caso da ausência da PPSA, a Agência Nacional do Petróleo (ANP) assuma a função. O próprio Ministério do Planejamento é contra a regra. Alega que haveria um paradoxo, já que a agência seria ao mesmo tempo reguladora e participante.
"A agência responsável por fiscalizar seria a mesma instituição integrante do consórcio." O comentário do ministério foi enviado à ANP no processo de entrega de propostas, encerrado nesta semana, para a audiência pública que será realizada na próxima terça-feira, dia 6 de agosto. O Planejamento sugere que, na ausência da PPSA, o edital aponte outra empresa pública que possa assumir a competência outorgada. Sugeriu como exemplo a Empresa de Planejamento Energético (EPE).
O Planejamento propõe, ainda, que seja estabelecido um teto para o excedente em óleo à União, para proteger a Petrobrás. "Em caso de proposta excessiva, que ofereça, por exemplo, 99% do lucro para a União, a Petrobrás sairia prejudicada, pois, sendo a operadora única, seria obrigada a aportar toda a infraestrutura e, sendo obrigada a aderir à proposta vencedora, não obteria lucro algum", disse o ministério em seus comentários.
Advogados que se manifestaram na audiência foram além do conflito de interesse. Lembram que os órgãos estatais terão muito maior poder de voto do que consorciados, o que pode gerar inseguranças aos investidores.
A Petrobrás também fez sugestões à ANP. Defende que possa compartilhar prejuízos com parceiros em caso de dano ambiental, por exemplo. A Petrobrás será operadora do campo, conforme determina a Lei de Partilha. Pelas regras do edital, assumiria sozinha parte das responsabilidades pelo campo.
"Nos casos de dano ambiental ou indireto os Consorciados Contratados sempre ratearão os prejuízos, independentemente de determinado empregado do Operador tê-lo ocasionado por culpa grave ou dolo", sugere a estatal. "Esta sistemática é a prática da indústria internacional e é adotada por todas as majors. Mesmo com o emprego das mais modernas tecnologias na prevenção de acidentes e em segurança, é sabido que as operações de E&P encerram grandes riscos".