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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

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quarta-feira, 2 de março de 2022

Um alerta contra os falsos historiadores - Carmen Licia Palazzo

 Como historiadora e professora de História eu me sinto na obrigação de alertar os jovens alunos sobre algumas postagens totalmente equivocadas que estão sendo muito divulgadas na internet mas que distorcem a verdade por motivação puramente política. Vou dar nome, sim, afinal não pretendo ser simpática a tudo e a todos.

Sem nenhuma agressividade e sem a menor vontade de "comprar briga", alerto a turma jovem, que está começando sua caminhada universitária e que ainda não tem a bagagem de leitura e de pesquisa necessária para avaliar a qualidade do que está lendo e ouvindo, que as dezenas de vídeos do professor de Relações Internacionais Fernando Horta, uma personalidade bastante comunicativa e simpática, muito popular nas redes sociais, têm viés claramente doutrinador e distorce os fatos.

O Brasil tem excelentes historiadores e analistas de Relações Internacionais, é perfeitamente possível ler comentários e análises da mais alta qualidade, o que não é o caso dos referidos vídeos. Como eu disse, não estou querendo polemizar e quem gosta, que continue a acompanha-lo, mas não é a melhor recomendação para se informar sobre o ataque russo à Ucrânia e mesmo para outros temas de RI. Prestem atenção em tudo o que estiverem lendo com um senso crítico aguçado, principalmente se os autores dos textos e vídeos se apresentarem como historiadores, pois a chancela de uma determinada especialização nem sempre corresponde ao que esperamos em matéria de análise.

Não pretendo entrar na discussão mais a fundo, é apenas meu alerta. E não se trata de divergências de opinião, pois minha referência é quanto à qualidade dos conteúdos e à grande influência sobre estudantes ainda muito jovens e sem o instrumental necessário de análise. Aliás, como estamos vendo, não se trata também de esquerda ou de direita, pois entre ambos há uma clara comunhão de opiniões em várias questões... Curioso, se não fosse triste.

Respeitosamente, fica o alerta.

Carmen Lícia Palazzo

Brasília, 2/03/2022

domingo, 24 de outubro de 2021

As investigações envolvendo políticos e familiares nunca chegam a termo?

 Recebido de Ricardo Bergamini:

No Brasil, o melhor investimento é ser devedor do governo federal (Ricardo Bergamini).

Prezados Senhores

 

Não há necessidade de furar o teto de gastos para ajudar a miséria brasileira.

 

Em 2019, o Tesouro Nacional tinha um contencioso a receber da ordem de R$ 2.436,1 bilhões (33,57% do PIB): tributários não previdenciários - R$ 1.776,4 bilhões (24,48% do PIB); tributários previdenciários – R$ 543,1 bilhões (7,49% do PIB); não tributários – R$ 95,4 bilhões (1,31% do PIB); FGTS – R$ 21,2 bilhões (0,29% do PIB).

 

Até 30/09/21, os gastos com Cartões Corporativos, apenas com a presidência da república foram de R$ 15,3 milhões.

Na união, estados e municípios, existem em torno de 1,2 milhões de assessores parlamentares (fontes primárias de peculato – exemplos: “rachadinhas” do clã Bolsonaro) que poderiam ser dispensados sem restrições constitucionais com economia de R$ 113,3 bilhões ao ano.

 

Ex-mulher do presidente Jair Bolsonaro, Ana Cristina Valle, acumulam dívidas de R$ 325,5 mil com a União.

 

Bolsonaro enriqueceu o seu clã usando o estado brasileiro como única fonte primária de recursos (Ricardo Bergamini).

 

 

Empresas de ex-mulher de Bolsonaro devem à União

 

Citadas em investigação do Ministério Público do Rio sobre suposta “rachadinha” no gabinete do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos), as empresas da segunda ex-mulher do presidente Jair Bolsonaro, Ana Cristina Valle, acumulam dívidas de R$ 325,5 mil com a União. Três CNPJs ligados a ela estão inscritos na dívida ativa por tributos que não foram pagos. São débitos previdenciários ou de Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). Também há multas trabalhistas e outras pendências tributárias.

 

As empresas de Ana Cristina são citadas em relatórios de inteligência financeira na investigação sobre suposta “rachadinha” (desvio de salários) de assessores de Carlos. Os documentos mostraram movimentações “atípicas” em suas contas. Em uma delas, a Valle Ana Consultoria e Serviços de Seguros, o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) constatou saques fragmentados que ultrapassaram R$ 1 milhão. 

 

No levantamento feito pelo Estadão na lista de devedores, essa é a empresa que concentra a maior parte das dívidas registradas. São R$ 241,6 mil no total. Na Receita Federal, a Valle Ana consta como inapta desde outubro de 2018.

 

Os promotores obtiveram na Justiça, em maio deste ano, a quebra de sigilo bancário e fiscal dos investigados. A medida atingiu as empresas de Ana. No pedido enviado ao juiz Marcello Rubioli, eles citaram o relatório do Coaf que apontou possíveis atos suspeitos.

 

SAQUES

 

No caso da Valle Ana Consultoria e Serviços de Seguros, os promotores citaram à Justiça que os saques se deram de modo fragmentado, parecido com a tendência que também era observada na investigação que mira o senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ). Foram 1.185 retiradas no CNPJ de Ana Cristina entre 2008, ano em que ela saiu do gabinete, e 2014. Uma média de pouco menos de R$ 1 mil por vez. Flávio já foi denunciado, com outros réus, por peculato, lavagem de dinheiro, organização criminosa e apropriação indébita.

 

O Coaf alertou que a empresa tem os saques em espécie como principal forma de saída de recursos, “dificultando a identificação da real utilização dos valores”. O MP mostra que Ana tem 90% da sociedade da empresa, e os outros 10% pertencem a uma mulher que também empregou familiares no gabinete do Carlos. Por isso, as empresas entraram numa espécie de “subnúcleo” da investigação, vinculadas ao núcleo da família Valle.

 

Adriana Teixeira da Silva Machado teve a mãe, Luci Teixeira da Silva, nomeada no gabinete durante dois anos. E seu irmão, Luiz Claudio Teixeira da Silva, trabalhou para Flávio Bolsonaro. “Tais vínculos, associados à expressiva movimentação de dinheiro em espécie na conta da Valle Ana Consultoria, sugerem a possibilidade de que Ana Cristina Siqueira Valle possa ter indicado parentes de sua sócia para atuarem como ‘funcionários fantasmas’, de modo a viabilizar o desvio dos recursos públicos destinados à sua remuneração (…)”, afirma o MP.

 

Em outro ponto, a Promotoria destaca que as movimentações financeiras nas empresas podem “reforçar a hipótese de que (os CNPJs) possam ter sido utilizadas para ocultação do desvio de recursos públicos oriundos do esquema de ‘rachadinha.’” Outras três empresas são citadas, mas de modo mais genérico.

 

DEPÓSITOS

 

Os relatórios do Coaf também apontam depósitos vultosos feitos por Ana Cristina na própria conta. Em março de 2011, ela depositou R$ 191,1 mil; quatro meses depois, mais R$ 341,1 mil.

 

O MP também investiga a atuação de Ana Cristina no mercado imobiliário enquanto esteve casada com Bolsonaro, com uso de dinheiro vivo e o pagamento de valores supostamente subfaturados. O MP cita essas ações no pedido de quebra de sigilo, junto com novos indícios descobertos por meio dos relatórios do Coaf.

 

Procurada, defesa de Ana Cristina Valle afirmou que não iria se manifestar. O Estadão não conseguiu contato com Adriana Teixeira. 

 

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.


quinta-feira, 22 de abril de 2021

Paulo Roberto de Almeida analisa balanço de despedida de Ernesto Araújo e vê mentiras, falácias e falcatruas (FSP, 21/04/2021)

O texto desformatado mas melhor lisível: 

Diplomata vê mentiras, falácias e falcatruas em discurso de Ernesto


Coluna Monica Bergamo

Folha de S. Paulo, 21/04/2021


O diplomata Paulo Roberto de Almeida fez análise parágrafo por parágrafo do balanço que Ernesto Araújo fez após sua saída do cargo de ministro das Relações Exteriores, apontando o que vê como falácias e falcatruas. Ele destaca o que Araújo disse em seu texto sobre as relações com EUA (“jamais promovi alinhamento automático”) e China (“mantive relações produtivas”) como grandes mentiras. 


“O patético chanceler acidental parece não ter consciência de que vive num mundo situado em outra galáxia, distante das preocupações normais dos diplomatas profissionais", escreve Almeida. Sobre a diplomacia com os EUA, Almeida afirma que "todas as vezes que Trump ordenava alguma coisa, o traidor chanceler dos nossos interesses se apressava em cumprir, zelosamente, até de forma escabrosa, como ocorreu, por sinal, na decisão de retirar o nome do candidato do Brasil à presidência do BID, para favorecer o nome de um preposto de Trump". 


Ele diz que o mesmo aconteceu no etanol, no caso do 5G, "em qualquer outra coisa que fosse ordenada de Washington." "Não se trata sequer de alinhamento obediente, mas de pura submissão automática e antinacional", completa. 


Sobre as relações com a China, o diplomata afirma que "as mais tensas relações do país com o parceiro mais essencial se deram justamente com a China, e não exclusivamente por causa do anticomunismo primário do chanceler anacrônico, mas por causa das obsessões anti-chinesas da família presidencial." 


Almeida acrescenta que a queda de Araújo se deu "exatamente pela condução absolutamente caótica, negativa, catastrófica das relações com o maior parceiro comercial desde 2009, o único que permite superávits salvadores na balança comercial." O diplomata ironiza trecho do texto de Araújo que diz que o então chanceler defendeu a dignidade do Brasil nas relações com a China. 


"O modelo chinês impõe cautela e temor no previdente ex-chanceler, que tomou todas as providências para que o Brasil não se 'atrelasse' a essa estratégica maquiavélica do gigante asiático. O cruzado brancaleônico estava disposto a tudo para preservar nossa 'dignidade' e liberdade, em face de tão poderosa ameaça. Ufa!". 

=Descrição de chapéAument

Diplomata analisa balanço de despedida de Ernesto Araújo e vê mentiras, falácias e falcatruas

Paulo Roberto de Almeida fez leitura de cada um dos parágrafos do balanço do ex-chanceler

Coluna Monica Bergamo
FSP, 21/04/2021

O diplomata Paulo Roberto de Almeida fez análise parágrafo por parágrafo do balanço que Ernesto Araújo fez após sua saída do cargo de ministro das Relações Exteriores, apontando o que vê como falácias e falcatruas.

Ele destaca o que Araújo disse em seu texto sobre as relações com EUA (“jamais promovi alinhamento automático”) e China (“mantive relações produtivas”) como grandes mentiras.

“O patético chanceler acidental parece não ter consciência de que vive num mundo situado em outra galáxia, distante das preocupações normais dos diplomatas profissionais", escreve Almeida.

Sobre a diplomacia com os EUA, Almeida afirma que "todas as vezes que Trump ordenava alguma coisa, o traidor chanceler dos nossos interesses se apressava em cumprir, zelosamente, até de forma escabrosa, como ocorreu, por sinal, na decisão de retirar o nome do candidato do Brasil à presidência do BID, para favorecer o nome de um preposto de Trump".

Ele diz que o mesmo aconteceu no etanol, no caso do 5G, "em qualquer outra coisa que fosse ordenada de Washington."

"Não se trata sequer de alinhamento obediente, mas de pura submissão automática e antinacional", completa.

Sobre as relações com a China, o diplomata afirma que "as mais tensas relações do país com o parceiro
mais essencial se deram justamente com a China, e não exclusivamente por causa do anticomunismo primário do chanceler anacrônico, mas por causa das obsessões anti-chinesas da família presidencial."

Almeida acrescenta que a queda de Araújo se deu "exatamente pela condução absolutamente caótica, negativa, catastrófica das relações com o maior parceiro comercial desde 2009, o único que permite superávits salvadores na balança comercial."

O diplomata ironiza trecho do texto de Araújo que diz que o então chanceler defendeu a dignidade do Brasil nas relações com a China.

"O modelo chinês impõe cautela e temor no previdente ex-chanceler, que tomou todas as providências para que o Brasil não se 'atrelasse' a essa estratégica maquiavélica do gigante asiático. O cruzado brancaleônico estava disposto a tudo para preservar nossa 'dignidade' e liberdade, em face de tão poderosa ameaça. Ufa!".

A análise de Almeida pode ser encontrada aqui.