O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

domingo, 19 de maio de 2013

Vinicius de Moraes declara seu amor 'a Inglaterra (1959)


POR QUE AMO A INGLATERRA

Vinicius de Moraes
Revista Senhor, Abril de 1959

            A Inglaterra não foi para mim um amor à primeira vista. Ao chegar a Londres, em agosto de 1938, em gozo da primeira bolsa para Oxford, dada a um brasileiro pelo Conselho Britânico, a cidade surpreendeu-me pela sua reserva. Senti, de fato, a poesia do grande porto, com meu navio a penetrar lentamente o Tamisa nas luzes  de uma antemanhã cinza-azul, toda povoada de lentas asas brancas de gaivotas. Mas quando enfrentei as calçadas de Piccadilly Circus, cerca de meu hotel, senti como se a cidade imensa estivesse se divertindo em observar o rapaz carioca – o rapaz carioca em quem o moleque-de-praia era “doublé” de um poeta um tanto metafísico e esotérico – em seu primeiro contacto com a austeridade do Império Britânico. E encabulei. Eram seis horas da tarde e havia multidões que passavam por mim sem me olhar, a dar-me a sensação de que eu era justamente o que minha vaidade de jovem poeta premiado não podia permitir que eu fosse: uma forma liliputiana a mais a passear no rosto gigantesco de Gulliver, acorrentado, mas a divertir-se com a pequenez dos seus conquistadores. Lembro-me de que, num dado momento, passou por mim uma família hindu, vestida a caráter, os homens de turbante, as mulheres envoltas em saris. Eu nunca tinha visto um hindu na minha vida. Aquilo foi demais para mim. Fui refugiar-me atras de um sherry no bar do meu hotel, de onde só sai para dormir, às nove da noite. No quarto, sozinho, senti um isolamento atroz, que me parecia vir da cidade infinita a trazer-me de vez em quando, adormecidos pela distancia, os ruídos informes de sua vida noturna.
            Foi só três ou quatro dias depois, ao tentar atravessar uma rua no momento errado, que me senti realmente protegido pelo Império Britânico, e comecei a achar que, malgrado a minha selvageria de menino de ilha, poderia amar a Inglaterra. Ao avançar, pousou-se sobre o meu ombro uma mão, a um tempo imperiosa e amiga que me fixou ao solo sem maior esforço. Olhei para o lado e vi, acima, muito acima de mim, mirando em frente, esse ser especial no mundo que se chama um guarda inglês, um constable: alto como a Torre de Londres, firme com a rocha de Gibraltar. Quando o momento de atravessar chegou, a pressão desfez-se do meu ombro, a mão retirou-se e  eu pude partir. Dei-lhe um olhar grato, a que ele respondeu com um outro, em que senti um frio e inteligente senso-se-humor.           
Uma semana mais tarde, numa tarde agônica,  constantemente cortada de uma chuva fina e neurastenizante, estando eu a comprar uma entrada para o concerto de Yehudi Menuhin, vi uma filha de guarda chuvas formada numa rua cerca do teatro. Dirigi-me para lá. Pouco depois passava, num automóvel, um senhor, ou melhor, um guarda-chuva famoso, a agitar na mão uma folha de papel para o povo que o aplaudia. Nesse senhor reconheci o Primeiro Ministro Neville Chamberlain e lembrei-me de que ele voltava de Munique. O papel em questão era o pseudo-compromisso de não declarar guerra, de Hitler, que, apesar disso, logo em seguida incorporaria a Tchecoslovaquia ao poderio alemão. Não dei muita importância ao fato, pois naquele tempo eu tinha apenas 24 anos e política não era o meu forte. Mas dois dias não eram passados e vi no rosto do homem das ruas de Londres de siso grave e olhar preocupado.  Li pela primeira vez nos seus traços o sentimento contido da cólera e achei que, desabafada, essa cólera deveria ser terrível.
            Não me lembro mais se foi na véspera de Munique, ou pouco antes que correu a noticia de que Londres seria bombardeada. Eu passara o dia em casa de um conhecido e ao sair à rua, sem saber ainda de nada, entrei no fog mais espesso que já vi na minha vida. Encostei-me em um edifício e resolvi esperar, e não sem um certo sentimento de estranheza no coração. Foi novamente um constable que me tirou da dificuldade, encaminhando-me, como um guia de cego, até um taxi; e só quando cheguei a meu quarto, numa pensão para onde me mudara – um quarto no subsolo, desses de onde se vê, através da janela, apenas os pés da humanidade – é que encontrei um bilhete do British Council mandando-me seguir com urgência para Oxford. Do céu noturno de Londres chegava-me, maciço e constante, o ronco dos aviões de caça, à espera de qualquer eventualidade. Era a minha experiência de guerra, mas não tive nenhum medo e resolvi desobedecer ao Conselho Britânico. Deitei-me e fiquei à escuta daquele ruído informe, sinistro e pressago, o ouvido atento ao silvo eventual da primeira bomba ou ao estilhaçar da primeira explosão. Aquilo tudo era, para mim, uma grande aventura, uma grande aventura que, misteriosamente me aproximava da Inglaterra e do seu povo. Achei dentro de mim que seria uma covardia eu desertar, abandonar Londres às bombas alemãs, não estar presente a sua defesa, não defende-la eu mesmo – à cidade que tinha mãos para proteger minha vida, cuidados maternos para com a minha inexperiência. E assim que acabei por dormir. Nunca cheguei a confessar ao Conselho Britânico a minha indisciplina, o que faço agora, certo de que no seu fair-play, a nobre entidade a estimara mais do que estimaria uma obediência mecânica e menos proveitosa, do ponto de vista  da experiência e do coração.
            Uma certa noite, depois de alguns drinques – e possivelmente one too many – eu cismei de subir o underground de Piccadilly Circus no sentido inverso. A escada rolante desce a uma velocidade razoável, e tratava-se de ultrapassar essa velocidade e atingir a plataforma superior da grande estação. Lancei-me à prova, que até hoje não sei como consegui terminar, tal foi o esforço empregado. Pois bem: fui formidavelmente encorajado por todos os que desciam, a me animarem com palavras e aplausos, havendo-se formado uma verdadeira torcida a meu favor. Não houve um só protesto contra a impertinência do estrangeiro a perturbar a boa ordem de um serviço de utilidade publica. Esse foi meu primeiro contato com o espirito esportivo inglês, e uma das razoes porque amei a Inglaterra e me senti tão bem em Londres.
            Depois, em Oxford, muitos outros elementos vieram  solidificar a estrutura desse sentimento de afetividade crescente para com a Inglaterra. Lembro-me, por exemplo, da primeira gafe que cometi à mesa de jantar, no grande hall de Magdalen College. Ignorante ainda dos usos e costumes da Universidade, alguma coisa fiz que foi notada pela high table, ou seja, a mesa do Deão e dos professores do colégio – os tutors, como são chamados - , o que me valeu receber um bilhete em latim, trazido por um mordomo numa pequena bandeja de prata. Segundo esse bilhete, eu deveria expiar minha gafe bebendo uma quantidade de cerveja suficiente para afogar um recém-nascido, cuja cerveja me foi trazida num fantástico canecão, cheio até as bordas. Vi todo mundo parar de comer e voltar-se para mim: mais de quatrocentos estudantes em suas capas pretas. Tratava-se de beber ou morrer. Levantei-me, tomei da enorme caneca e iniciei a prova. Até a metade foi tudo muito bem. Mas da metade para baixo, não sei até hoje como consegui ingerir aquilo. Sentia como se a cerveja me fosse sair pelos ouvidos, de tal modo estava locupletado. Mas o fato de ser o primeiro brasileiro com uma bolsa do Conselho Britânico para Oxford impôs o dever moral de não fazer feito, custasse o que custasse. E como fui encorajado, sobretudo na parte heróica da prova, pelos meus colegas. Quando acabei, a ovação foi geral. Dali por diante todos passaram a falar comigo afetuosamente, e comecei a ser convidado freqüentemente para os loucos parties nos quartos dos estudantes. Aí está Reginald Maudling, ex-aluno de Merton College, atual Ministro do Império Britânico e companheiro querido, que não me deixa mentir.
            De outra feita, um rapaz cujo nome não me lembro, disse à mesa coisas desairosas sobre o Brasil . Disse-o mais para implicar comigo, pois era o único estudante dos que sentavam perto de mim que parecia não ir particularmente com meu jeito. Na saída do hall, numa escada, ainda ajuntou algo mais, alto bastante para que eu ouvisse. Desci-lhe o braço, e não fosse a quantidade de estudantes que se aglomeravam na escada e que o sustentaram na queda, é possível que se tivesse machucado seriamente. Fui, muito amolado com a história, para o meu quarto, à espera dos seus padrinhos, que ele me disse mandaria imediatamente, a fim de que nós fossemos fight it out, nos grounds do colégio. Embora muito brigão em menino, sempre me desagradou a violência física, e não sei o que teria dado para ver o assunto resolvido amigavelmente. Pois bem: os deuses da boa educação inglesa tenderam aos meus rogos. Meia hora depois chegavam os padrinhos do rapaz, mas não para me levarem com eles. Para conversarem, sim, com os meus padrinhos, e apresentarem desculpas em nome do meu desafeto. Que ele reconhecia ter-se comportado mal e gostaria que eu esquecesse o acidente.
            Larguei todo o mundo e  fui, correndo e emocionado, ao seu quarto, onde nos abraçamos estreitamente. Depois disso ficamos bons camaradas, e só não o ficamos mais, porque, no período seguinte, ele saia da Universidade. Isso chama-se fair play: qualidade que se pode encontrar eventualmente em indivíduos, mas nunca tão universalmente como na Inglaterra.
            Não foi exatamente fácil para mim a vida em Oxford. Estranhei  de inicio, a quase total liberdade dada aos estudantes de trabalhar, numa espécie de desafio ao seu senso de responsabilidade. Meu inglês, apesar de o haver eu capinado duramente antes de sair do “Brasil, estava longe de ser perfeito, e tive de enfrentar um período preliminar de anglo-saxão, em cima do “Beowulf” e outros textos arcaicos da literatura inglesa. Chegava, uma vez por semana ao quarto de meu tutor em total desalento. Ele me encorajava. Que não desanimasse, era assim mesmo, logo me habituaria. Paralelamente, frequentava o curso de Poesia do Professor Fox, e devorava os livros que constituíam meu dever semanal. Mas atrapalhava-me muito o estado altamente lírico em que o ambiente universitário me deixava, agudizado ainda mais pela leitura, por minha conta, dos poetas modernos. À noite, em meu estúdio, pegava o violão, que tanto encantava minha landlady Miss Mourdaunt, e me deixava estar cogitando versos, sonhando a forma nova de minha poesia, que deveria realmente revelar-se a partir daí. Depois murava-me contra a poltrona, com uma tábua de escrever, e fazia versos sem parar. Quando me faltava o espirito, traduzia literalmente os sonetos de Shakespeare, que procurava depois recriar em português. Vivia às voltas com o dicionário de Oxford. Sabia que ali no meu colégio, tinha estudado Shelley, um poeta grandemente amado. Tudo isso me perturbava muito. Às vezes saia à noite, pelas vielas internas, para um passeio a coberto dos proctors, os guardiães da Universidade, que volta e meia passavam, nos seus bowler-hats, à cata de estudantes noctívagos. Sofria da beleza daqueles muros ilustres, daquela pedra patinada por séculos de cultura, como o exsudar dentro da noite o calor de sua sábia austeridade.
            Foi talvez o período mais fecundo de minha vida de poeta. O verso, a principio timidamente, foi-se afirmando numa forma cada vez mais enxuta e clara, como um anseio muito maior de comunicação. O soneto, principalmente, começou a impor-se a determinados temas com uma prestança nunca experimentada. Dois terços de meu livro Poemas, Sonetos e Baladas foram escritos em Oxford, a bem dizer nos primeiros seis meses universitários.
            Houve outros sofrimentos também, tirante os da vida puramente escolar. O caso é que, no Brasil, eu tinha remado, cerca de um ano no Clube de Regatas do Flamengo, sobe os palavrões de ensinamento de um palamenta[1] famoso como “Engole-Garfo”, que fizera num iole-a-dois[2] o raid Montevidéu-Rio de Janeiro. Tratava-se de um ambiente da mais total boçalidade, mas eu saíra do Clube sob a impressão de que era um remador. Assim é que, quando me perguntaram que esportes queria praticar, disse imediatamente: remos e boxe. Quem sabe não chegaria a disputar um dia um campeonato intercolegial...
Comprei calções extraordinários, camisas de lã fabulosas e lá fui através de Christ Church Meadows, para a barcaça de Magdalen College, ancorada à margem do Isis, que é o nome universitário do Tamisa em sua tranqüila passagem por Oxford. O instrutor pôs-me num esquife e, de sua bicicleta, à margem, ordenou-me com um alto-falante manual que desse umas poucas voltas pelo rio, que era para julgar de minhas possibilidades. O resultado é que eu, o remador do ‘flamengo, tive que remar quinze dias a seco, num esquife especial colocado em terra, para reaprender tudo de novo. Desde a posição das mãos nos remos ate o tempo das remadas estava tudo errado. Fiquei meio humilhado, mas embora nunca tivesse a honra de remar pelo meu colégio, nem por isso deixaram de me colocar numa guarnição que nas frias manhas de Oxford, remava como um só homem, antes da ducha quente na barcaça de Magdalen College.
            Com o boxe a experiência foi mais dolorosa ainda. Comprei luvas de seis onças, calções de primeira qualidade, sapatos apropriados, e ingressei na Academia da Universidade. Tive um mês de instrução, aprendendo o a-b-c do boxeador, e fazendo muita corda e muito saco de areia para endurecer a fibra. Depois passei para a punching ball e, de vez em quando, fazia um ou dois rounds com o meu instrutor. Mas meu instrutor era um santo, e nunca me acertava à vera. Uma bela tarde, chego à Academia e ele me anuncia ter destacado um aluno mais antigo para me experimentar. Fui para o ringue e não pude deixar de sorrir ante o físico do meu adversário. Tratava-se de um magriço, um rapazinho de minha altura mas muito menos sólido que eu, com as costelas à mostra e uns bracinhos finos, que as luvas pareciam engolir. Resultado, não o acertei uma só vez, e ele encaixou tantos que, no fim do terceiro round, completamente grogue e presa dessa horrível angustia da impotência diante da competência, fui dado como incapaz de continuar a luta. Confesso que não voltei à Academia nem sequer para buscar os meus apetrechos, que tinha deixado lá.
            Tudo isso, embora não desse ao mundo nenhum grande desportista, não deixou de incutir no primeiro bolsista brasileiro para Oxford um senso de esportividade. Torci muito pela minha universidade, nas grandes regatas contra Cambridge, que, ai de mim, perdemos nesse ano.
            E o que não dizer de minha grande divida à poesia inglesa, de que já falei atrás, mas sobre o que quero voltar. Que não dizer do que devo a esses poetas todos que, desde Chaucer, desde os anônimos elizabetanos, comecei a ler e amar, e que tanto me deram nos duros caminhos da poesia... O que não dizer da imensa divida à Shakespeare, para mim o maior dos poetas da humanidade: das indescritíveis descobertas operadas no texto dos Sonetos, sobre que teria feito a minha tese, não houvesse a guerra, que me apanhou em férias na França, impedido a minha volta à Universidade. O que não dizer das noites do terrível inverno de 1938, passadas no meu estúdio de High Street, em companhia de Milton, Dreyden, Blake, Eliot; das noites de releitura de tantos clássicos da meninice: Robinson Crusoé, Ivanhoe, Alice in Wonderland e o conhecimento de clássicos novos: Pilgrim’s Progress, Pride and Prejudice, Wuthering Heights, The Forsyte, Saga, Jude, The Obscure e tantos outros – o romance inglês a me oferecer um novo panorama da vida e da paixão dos homens e mulheres da Inglaterra.
            Eis por que amo a Inglaterra, e eis por que sua lembrança ficou em mim, todo esse tempo, viva e exata com a de nenhum outro pais jamais visitado e conhecido. Ao voltar a Londres depois de 16 anos, como me foi doce reconhecer ruas percorridas, rever edifícios familiares, olhar os doces telhados de Chelsea, onde morei, em King’s Road, e que me sugeriram o canto bilíngue de minha “Quinta Elegia”... E à BBC, onde trabalhei durante as grandes ferias de verão de 1938, nos primeiros programas para o Brasil, pude dizer com emoção: já fostes a minha casa. Pois foi em casa que me senti nela e em Londres; como, de resto, em toda aquela bela e grande ilha, ao mesmo tempo apaixonada e discreta, cordial e austera, pátria de poetas como não se viu maiores, na longa luta do mundo para realizar-se em tranquilidade e poesia.


[1] Conjunto do remo e suas peças numa embarcação a remos e também barco de dois remos.
[2] “palamenta”

sábado, 18 de maio de 2013

Em democracias que se respeitam, o vice-presidente seria destituido do cargo...

... mas só em países normais, desses que possuem parlamentos atuantes, zelosos com o dinheiro público, cumprindo apenas o que está escrito na Constituição, claro, o que não é o caso do Brasil.
Paulo Roberto de Almeida


Ocupante do segundo cargo mais importante da República, Michel Temer nomeou uma funcionária da vice-presidência para gerenciar seus negócios e interesses particulares no mercado imobiliário.

Desde o dia 19 de março, Gilda Cruz Silva e Sanchez, que dá expediente no escritório da vice-presidência em São Paulo, também é diretora e administradora remunerada da Tabapuã Investimentos e Participações, empresa aberta pelo vice após as eleições de 2010 para cuidar do seu mais valioso patrimônio, um complexo de salas no edifício Spazio Faria Lima, localizado em área nobre da Zona Sul da capital. Segundo os registros da Junta Comercial do Estado de São Paulo, Gilda recebe um pró-labore pelo trabalho de administração. O documento informa que o valor está “dentro dos limites estabelecidos pela legislação do Imposto de Renda”, mas não revela as cifras.

Como secretária do vice-presidente em São Paulo, Gilda tem salário de 7 372,22 reais mensais, pagos pelo governo federal. Ela é responsável por agendar audiências e eventos políticos do vice. A jornada de trabalho de Gilda, conforme os dados públicos do governo, é de quarenta horas semanais. A lei brasileira exige que o funcionário nomeado tenha dedicação integral ao trabalho.

Segundo o artigo 117 do Estatuto do Servidor (Lei 8.112/90), é vedado aos funcionários públicos "participar de gerência ou administração de sociedade privada, personificada ou não personificada, exercer o comércio, exceto na qualidade de acionista, cotista ou comanditário". Gilda não se encaixa nas exceções. Ela não é sócia da empresa de Temer, apenas exerce nela o cargo de administradora.

"Essa proibição da lei vale para os servidores e é ainda mais importante para cargos de DAS [direção de assessoramento superior, como no caso de Gilda], porque são cargos de confiança", afirma o professor Mamede Said, da Faculdade de Direito da Universidade de Brasíila (UnB).  

Avião da Unasul ficará pronto em três anos

Hummm! Será mesmo?
Enfim, marquemos rendez-vous dentro de 3 anos para conferir.
Tenho a impressão de que não estará pronto, mas posso estar errado.
Conhecendo a América Latina, as promessas são muitas vezes maiores e melhores que os resultados...
Paulo Roberto de Almeida


Avião da Unasul ficará pronto em três anos
Leandra Felipe* - Correspondente da Agência Brasil/EBC
Fonte: Agência Brasil, 16/05/2013 - 23h23 

Bogotá – O avião militar de treinamento básico e primário, que está sendo desenvolvido em conjunto pelos países que integram a União de Nações Sul-Americanas (Unasul), ficará pronto até 2016, disse hoje (16) o vice-ministro argentino da Defesa, Alfredo Waldo Forti, durante a abertura da 8ª Reunião da Instância Executiva do Conselho de Defesa do grupo em Lima, no Peru.
"Avançamos no tema e um esquema de trabalho foi estabelecido e aprovado pelos ministros. Todos os países que têm recursos próprios estão se oferecendo para fabricar diferentes partes da aeronave. É um avião de uso futuro", declarou Forti à Agência Andina.
O avião será batizado de Unasul 1 e, segundo o vice-ministro, estará disponível para venda aos países membros, em 2017. Os testes serão coordenados pela Argentina. O custo do avião ainda não foi anunciado. Segundo Forti, o principal modelo terá nove horas de autonomia de voo.
Em um primeiro momento, o avião deverá atender à demanda das Forças Armadas dos países da Unasul, mas depois poderá ser comercializado com outras nações.
O estatuto de criação do comitê consultivo que vai supervisionar a montagem do avião foi firmado em abril do ano passado, durante a Feira Internacional de Defesa e Segurança, no Rio de Janeiro.

*Com informações da Agência Andina (Agência pública peruana de Informações)
Edição: Aécio Amado
É necessário apenas dar crédito à Agência Brasil

The China Factor in Latin America - CUNY, May 22, 2013

Asia and Latin America

***
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The China Factor in Latin America Adrian Hearn
Sociology and Social Policy,
University of Sydney
Daniel P. Erikson
Senior Advisor for Western Hemisphere Affairs,
U.S. Department of State
Moderator:
Mauricio Font
Bildner Center for Western Hemisphere Studies
Date: Wednesday, May 22, 5:00 PM
Location: The Graduate Center, Room 9204/05
                       365 Fifth Avenue (@ 34th Street)
The China Factor in Latin America
Adrian Hearn's presentation focuses on China’s growing economic role in the Americas and its challenge to many countries in this region to develop new approaches to trade, investment, and development that favor economic sustainability, environmental responsibility, and political trust. Driven by Chinese demand, commodities now account for 60% of exports from Argentina, 47% from Brazil, and 75% from Chile. Around 90% of Latin America’s exports to China consist of mining and agriculture, but managing the resulting structural transformations is only one of the challenges. Equally important are strategies for negotiating with Chinese state owned enterprises, integrating growing Chinese communities into national social and economic systems, and promoting education about Chinese politics and culture. The presentation examines these challenges and draws parallels with Australia, where 59% of exports are commodities and China is the number one trade partner. As in Argentina and Brazil, concern about Chinese land acquisitions has prompted Australia’s Foreign Investment Review Board to reconsider its “national interest test” to ensure local economic benefit, environmental sustainability, and adequate employment standards. Australia and Latin America harbor a shared need to manage their changing circumstances, both in dialogue with each other and with Chinese partners.
About the speakers
Adrian Hearn is professor at the Department of Sociology and Social Policy at the University of Sydney. His research examines the geopolitical implications of China’s deepening diplomatic and economic relations with Latin America, and by comparison with Australia.He is co-editor of China Engages Latin America: Tracing the Trajectory, Boulder (2011). His most recent publications include “China, Global Governance and the Future of Cuba” (2012) in Journal of Current Chinese Affairs; "Harnessing the Dragon: Overseas Chinese Entrepreneurs in Mexico and Cuba" (2012) in The China Quarterly); and "Cuba and China: In Mixed Enterprise we Trust" (2012) in Hemisphere. Dr. Hearn current work adopts an ethnographic approach to explore cultural convergences/divergences, economic development, and approaches to transparency and technology transfer from the ground up.
Daniel P. Erikson is senior advisor for policy in the Bureau of Western Hemisphere Affairs at the U.S. Department of State since 2010. He advises the assistant secretary on issues related to policy and strategy, economic engagement, and multilateral affairs. Erikson previously served as senior associate for U.S. policy and director of Caribbean programs at the Inter-American Dialogue. Erikson has published more than sixty articles, numerous book chapters, and is the author of The Cuba Wars: Fidel Castro, the United States, and the Next Revolution, which won ForeWord Magazine's 2008 Book of the Year Award for political science. Erikson has taught Latin American politics at Johns Hopkins' School of Advanced International Studies and his past positions include research associate at Harvard Business School and Fulbright-Garcia Robles fellow in U.S.-Mexican business relations.
Mauricio Font is director of the Bildner Center for Western Hemisphere Studies and professor of sociology at The Graduate Center and Queens College, City University of New York. His research examines problems of development and reform in Brazil, Cuba and Latin America as well as international cooperation in the Western Hemisphere.
The Bildner Center 30 years 3
PLEASE RESERVE by sending an email tobildner@gc.cuny.edu

Miseria universitaria no Brasil: as Humanidades ideologizadas...

Transcrevo a ementa de um trabalho encomendado por um professor a alunos de seu curso, no terreno das ciências sociais aplicadas, contendo além de mentiras, deformações, equívocos e fraudes. EU acabo de receber um pedido de ajuda, o que obviamente não vou fazer, por ser impossível concordar com desonestidade e má-fé.
Eis a demanda:


O novo relatório do Bird (Banco Mundial), divulgado ontem, mostra que no período de maior adesão ao neoliberalismo aumentaram a pobreza e o protecionismo em escala internacional. A receita liberal ganhou força nos anos 80 e os países em desenvolvimento aderiram rapidamente aos seus três principais ingredientes: abriram seus mercados, reduziram o papel do Estado e estimularam a entrada de investimentos estrangeiros. 
Em números absolutos, a quantidade de pessoas vivendo com menos de US$ 1 por dia passou de 1,2 bilhão em 1987 para 1,5 bilhão hoje. Segundo o Banco Mundial, se as tendências recentes persistirem, em 2015 haverá 1,9 bilhão de pessoas nessas condições. Como proporção da população, a América Latina está entre as regiões onde a pobreza mais cresce. 
O relatório lembra ainda que a relação entre melhoria na renda média e redução da pobreza nem sempre andam juntas, pois, mesmo quando a renda média aumenta, a redução da pobreza pode não ocorrer no mesmo ritmo. 
O futuro seria menos assustador se houvesse razões para crer na liberalização do comércio internacional, há quatro séculos cantada em prosa e verso pelos economistas como um fator essencial de desenvolvimento. Mas o Banco Mundial alerta para as reações protecionistas cada vez mais intensas, em especial nos países industrializados. O número de processos antidumping (ou seja, contra práticas comerciais consideradas desleais por produtores domésticos) tem aumentado desde os anos 80. Para o Bird, no futuro vai ser cada vez mais difícil manter o apoio às reformas liberais. As dificuldades são previstas para os próximos 25 anos. 
Analise o texto, relacionando-o com a dimensão comercial da globalização.


As afirmações são simplesmente falsas, fraudulentas, enganosas, mentirosas, totalmente desonestas.
Assim estão nossas faculdades de ciências sociais, e assim são certos professores: o que esses professores praticam é lavagem cerebral, simplesmente.
Paulo Roberto de Almeida

Em tempo: o último relatório do Banco Mundial se refere a empregos (Jobs), e não contém nenhuma dessas barbaridades.
Quem desejar lê-lo, pode fazê-lo neste link: http://siteresources.worldbank.org/EXTNWDR2013/Resources/8258024-1320950747192/8260293-1322665883147/WDR_2013_Report.pdf

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Addendum:
Localizado o texto de onde o " profeçor" retirou as suas afirmações boçais, abaixo transcrito.
O "ontem" se referia a 1999, ou seja, simplesmente 14 anos atrás.
Já não era verdade nesta época, e continuou não sendo verdade quase quinze anos depois.
Para contrabalançar esse tipo de análise idiota, eu já tinha feito vários textos, dos quais recomendo este aqui:


Distribuição mundial de renda: as evidências desmentem as teses sobre concentração e divergência econômica, Revista Brasileira de Comércio Exterior (Rio de Janeiro: Funcex, ano XXI, nr. 91, abril-junho 2007, p. 64-75); link: http://www.pralmeida.org/05DocsPRA/1716DistMundRendaRBCE.pdf


Agora a transcrição da matéria do século passado:
São Paulo, Quinta-feira, 16 de Setembro de 1999 
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GLOBALIZAÇÃO
Relatório do Banco Mundial afirma que 1,5 bilhão de pessoas vivem com menos de US$ 1 por dia
Abertura não reduz pobreza, diz BirdGILSON SCHWARTZ
Da Equipe de Articulistas 

O novo relatório do Bird (Banco Mundial), divulgado ontem, mostra que no período de maior adesão ao neoliberalismo aumentaram a pobreza e o protecionismo em escala internacional.
A receita liberal ganhou força nos anos 80 e os países em desenvolvimento aderiram rapidamente aos seus três principais ingredientes: abriram seus mercados, reduziram o papel do Estado e estimularam a entrada de investimentos estrangeiros.
Em números absolutos, a quantidade de pessoas vivendo com menos de US$ 1 por dia passou de 1,2 bilhão em 1987 para 1,5 bilhão hoje. Segundo o Banco Mundial, se as tendências recentes persistirem, em 2015 haverá 1,9 bilhão de pessoas nessas condições. Como proporção da população, a América Latina está entre as regiões onde a pobreza mais cresce.
O relatório lembra ainda que a relação entre melhoria na renda média e redução da pobreza nem sempre andam juntas, pois, mesmo quando a renda média aumenta, a redução da pobreza pode não ocorrer no mesmo ritmo.
De 4,4 bilhões de pessoas vivendo em países em desenvolvimento, cerca de 60% não têm acesso a condições básicas de saneamento, um terço não sabe o que é água limpa, 25% não têm moradia adequada e 20% estão sem acesso a serviços médicos. Entre as crianças, 20% não completam cinco anos de escolaridade nem se alimenta de modo adequado.
O futuro seria menos assustador se houvesse razões para crer na liberalização do comércio internacional, há quatro séculos cantada em prosa e verso pelos economistas como um fator essencial de desenvolvimento.
Mas o Banco Mundial alerta para as reações protecionistas cada vez mais intensas, em especial nos países industrializados. O número de processos antidumping (ou seja, contra práticas comerciais consideradas desleais por produtores domésticos) tem aumentado desde os anos 80. Para o Bird, no futuro vai ser cada vez mais difícil manter o apoio às reformas liberais. As dificuldades são previstas para os próximos 25 anos.
A última esperança talvez esteja no investimento estrangeiro direto. O Banco Mundial aponta um estoque de poupança global da ordem de US$ 13,7 trilhões no ano 2000. Em tese, todo esse dinheiro está em busca de retornos atraentes, típicos das regiões em desenvolvimento. O lado frustrante está não apenas na volatilidade dos capitais, mas no fato de que no máximo 25% dos recursos vão para países em desenvolvimento. Ou seja, o investimento é tão concentrado quanto a riqueza mundial.
O relatório chama a atenção para formas menos discutidas de promoção do desenvolvimento, como o planejamento nas grandes cidades, a preocupação com os efeitos da destruição do meio ambiente e os desafios das novas formas de inovação, especialmente nas tecnologias de informação.


BRICS perdem prestigio entre investidores - Raul Juste Lores (FSP)


Brics perdem prestígio entre investidores estrangeiros
Raul Juste Lores, Washington
Folha de S.Paulo, 16/05/2013

"Onde estão as maiores oportunidades da América Latina?", era a pergunta de uma enquete feita entre 800 empresários presentes à Conferência Global de Private Equity, organizada pelo Banco Mundial, em Washington.
Metade votou nos países andinos, especialmente Colômbia, Peru e Chile; um pouco menos, no México. No Brasil, apenas sete.
O encontro anual que reúne fundos que compram participação de empresas, os private equities, é iniciativa do IFC (International Finance Corporation), braço financeiro do Banco Mundial.

O Brasil foi criticado em diversos painéis. Na palestra que abriu o evento, o indiano Ruchir Sharma, que dirige o departamento de "equities" em mercados emergentes do Morgan Stanley, afirmou que os Brics (Brasil, Rússia, Índia e China) estão "fracassando na liderança" e que "serão a grande decepção da década".
'VAI MAL'
"Quando um país chega à capa da [revista] "Economist", já sabemos que seu pico ficou para trás", disse o investidor. "Dá pra dividir a América Latina pelos Andes, à esquerda [a oeste] vai bem, à direita dos Andes vai mal."
"O boom dos commodities ficou para trás e o Brasil vai desacelerar, a Índia desperdiça todas as oportunidades, e a China, que tinha o crescimento de 8% ao ano como piso, agora o terá como teto."
Para Sharma, as estrelas emergentes da próxima década serão Polônia, Turquia, Colômbia, Peru, Chile, Filipinas e Indonésia.
Os brasileiros que participaram de um concorrido debate sobre América Latina sentiram-se como se estivessem "na defensiva o tempo todo", disse o diretor do fundo FIR, Marcus Regueira
"Há riscos e dificuldades em qualquer emergente e as questões sobre nossas leis trabalhistas e nossa burocracia são pertinentes", explica. "Mas também há muito desconhecimento sobre o Brasil e nós somos incompetentes em vender bem o país."
"O Brasil é uma democracia, onde contratos são respeitados, temos uma cultura ocidental e o Brasil não é só commodities", afirmou.
Ricardo Propheta, do BRZ Investimentos, também disse que havia uma euforia "exagerada" em 2010 e 2011. "Agora os investidores estão conhecendo mais o Brasil e isso é positivo. Continuamos em um momento ascendente", declarou.

A medicina dos companheiros e os companheiros da Medicina

Importação de médicos vai parar na Procuradoria
Lígia Formenti 
O Estado de S. Paulo, 17/05/2013

De acordo com o jornal O Estado de São Paulo, o Conselho de Medicina diz que medida fere autonomia nacional e causa reação de ministro
 
O Conselho Federal de Medicina (CFM) apresentou ontem à Procuradoria Geral da República uma representação contra os ministros da Saúde, Alexandre Padilha, Educação, Aloizio Mercadante e Relações Exteriores, Antônio Patriota. O objetivo é receber informações sobre o projeto do governo para recrutar médicos estrangeiros para trabalhar no País.
 
O CFM argumenta que a medida fere a autonomia nacional, desrespeita a legislação sobre o ingresso de profissionais estrangeiros no País e coloca em risco a qualidade de assistência oferecida à população.
 
A medida provocou imediata reação de Padilha. O ministro afirmou que sempre esteve aberto a esclarecimentos e o assunto não pode ser tratado com preconceito nem com arrogância, em uma clara crítica à recente declaração da entidade, que se referiu aos profissionais estrangeiros como "pseudomédicos". "Se um profissional brasileiro, registrado no conselho regional, não passar em um exame nos Estados Unidos, por exemplo, ele também deve ser considerado pseudomédico?" Padilha informou que prestará todos os esclarecimentos necessários, mas deixou aberta a porta para a importação de profissionais.
 
O presidente do Conselho Federal de Medicina, Roberto D'Ávila, afirma que a medida trará ao País médicos de segunda linha para tratar da população mais carente. Padilha, no entanto, garante que os detalhes do projeto ainda estão sendo analisados e o programa será feito com base em experiências internacionais bem-sucedidas.
 
Ontem, o ministro procurou afastar outro fantasma do programa: a importação de profissionais formados na Escola Latino-Americana de Cuba (Elam). "Os que estão em escolas cuja formação é incompleta para atuar naquele país estão totalmente descartados de qualquer proposta de intercâmbio", disse. A Elam oferta cursos de Medicina para estudantes estrangeiros - incluindo brasileiros saídos de movimentos populares. Profissionais formados ali, no entanto, não têm autorização para atuar naquele país.
 
Com o veto aos estudantes do Elam, Padilha retira outro argumento usado pelas entidades profissionais ao projeto, mas reforça a política de importação de médicos cubanos "de raiz", formados nas escolas locais. Desde que a importação de médicos começou a ser cogitada, organizações médicas alertavam para o risco de o País receber profissionais formados na Elam e de faculdades de qualidade questionável do Paraguai e Bolívia. Nesta semana, Padilha afirmou que o programa não aceitará profissionais procedentes desses dois países. A justificativa usada é a de que o programa não será voltado para países que tenham menos de dois médicos por mil habitantes.
 
Revalida. A regra atual determina que profissionais formados no exterior façam um exame, batizado de Revalida, para validar o diploma. Desde o ano passado, a pedido da presidente Dilma Rousseff, o governo estuda uma fórmula para incentivar a vinda de profissionais de outros países. A medida teria como objetivo reduzir, a curto prazo, a carência de profissionais - um problema que entidades médicas afirmam não existir.

Venezuela: a ditadura parte para a intimidacao - O Globo


Maduro diz saber quem são os venezuelanos que não votaram na última eleição

  • O Globo, 18 de maio de 2013

  • Presidente afirmou que teve acesso até a carteiras de identidade
  • Oposição entendeu a declaração como uma forma de intimidação a leitores que não compareceram às urnas

CARACAS - Nicolás Maduro continua se lamentando dos votos que o chavismo perdeu em sua eleição do dia 14 de abril, mas, na quarta-feira, cruzou a linha das estimativas não oficiais e disse saber o título de eleitor e as identidades dos 900 mil compatriotas que não foram votar no pleito que o elegeu. O comentário foi denunciado pela oposição como uma tentativa de intimidar o eleitor. Num pronunciamento filmado no estado de Barinas, o chefe de Estado fala que teve acesso a “carteiras de identidade e tudo” e lamenta que não teve tanto apoio quanto esperava.
O presidente recebeu um milhão de votos a menos do que teve seu antecessor, Hugo Chávez, falecido em março, contra Henrique Capriles no ano passado. Foi a primeira vez que Maduro afirmou que seu partido havia feito uma lista dos nomes dos eleitores que não compareceram à votação, levantando dúvidas sobre se a lista foi feita com informações públicas - o voto é facultativo no país - ou se houve informação privilegiada à legenda de Maduro, o PSUV (Partido Socialista Unido da Venezuela). A oposição considerou a afirmação uma ameaça à liberdade de escolha dos eleitores e reafirmou o caráter secreto do voto no país.
Falando a partidários, Maduro avaliava o desânimo que teria levado a uma alta abstenção de chavistas no pleito contra Capriles.
- A força que temos que ter é para, ao invés de sermos abatidos pela tristeza, abatermos a tristeza e a relutância que nos atinge, atingiu ou pode atingir: 900 mil compatriotas, já os temos, com cédula de identidade e tudo - disse ele, que venceu Capriles por 224 mil votos: - E isso significou que a diferença foi pequena, e poderia ter sido maior.
Em pronunciamentos anteriores, ele já havia reclamado da ausência dos votos chavistas na eleição. Há algumas semanas, comentou, num programa de TV, sobre 600 mil votos a menos.
A oposição demonstrou sua confiança no sigilo do sistema eleitoral do país e pediu que o CNE (Conselho Nacional Eleitoral) se pronunciasse sobre a afirmativa de Maduro.
CNE ignora pedido de oposição
Liliana Hernández, do comitê Simón Bolívar, que organizou a campanha de Capriles, questionou a ausência de uma defesa do CNE sobre a segurança do sigilo eleitoral no país.
- Onde está o CNE? Como Nicolás Maduro saiu ontem (quarta-feira) a dizer que tem o número de cédula dos que não votaram por ele? - questionou a deputada do partido Um Novo Tempo.
Para ela, Maduro tem a intenção de fazer crer que o voto no país não é secreto e, assim, intimidar os eleitores a votarem no partido que detém o poder. Milhões de venezuelanos dependem de ajuda oficial dos programas sociais instituídos por Chávez. Segundo a deputada, o CNE deve responder às afirmações que “violentam o sagrado princípio do voto secreto”. Não havia, entretanto, nenhuma nota sobre o tema no site oficial do órgão eleitoral, que é dominado por chavistas.
Os opositores continuam, porém, a contestar as eleições na Justiça sob alegação de fraude, mas se negaram a participar da auditoria feita pelo CNE após uma forte contestação popular pela recontagem de votos que deixou ao menos sete mortos e vários feridos. Capriles diz que só ficará satisfeito com uma recontagem completa, e ameaça recorrer à Justiça internacional.

Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/mundo/maduro-diz-saber-quem-sao-os-venezuelanos-que-nao-votaram-na-ultima-eleicao-8423666#ixzz2TcqDvOta
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E por falar em raca, os franceses querem suprimir a palavra da legislacao... - Le Monde


"Ce n'est pas le mot race dans les textes qui alimente le racisme"

Le Monde.fr, 
Propos recueillis par 
L'Assemblée nationale a adopté, jeudi 16 mai, une proposition de loi du Front de gauche supprimant le mot "race" de la législation, notamment du Code pénal, du Code de procédure pénale et du Code du travail ainsi que de la loi du 29 juillet 1881 sur la liberté de la presse qui punit le discours raciste. Pour ne pas risquer de fairetomber l'incrimination de racisme, les députés socialistes ont fait adopter un amendement affirmant explicitement, dans l'article premier, que "la République combat le racisme, l'antisémitisme et la xénophobie. Elle ne reconnaît l'existence d'aucune prétendue race."


Danièle Lochak, professeur émérite de droit public à l'université de Paris-Ouest-Nanterre-La Défense, ancienne présidente du Gisti (Groupe d'information et de soutien des immigrés), et auteur de La race, une catégorie juridique ( Presses de la FNSP, revue Mots, 1992) porte un jugement nuancé sur cette initiative qui ne devrait pas, selon elle, aboutir ensuite à modifier la Constitution de 1958, et encore moins le préambule de 1946.


Etait-il nécessaire de faire disparaître le mot "race" de la législation ?
Je suis partagée. D'un côté, les mots ne sont pas neutres. Utiliser un terme – a fortiori dans un contexte juridique – peut lui donner une certaine légitimité : on peut donc comprendre le souhait d'éliminer le mot "race" des textes de loi.
D'un autre côté, dans tous les contextes où ce mot apparaît, c'est sur le mode de la dénégation, pour disqualifier les actes et les propos racistes, il est donc difficile d'entirer la conséquence que les "races" existeraient.
Le terme, au demeurant, n'est pas tabou dans beaucoup d'autres pays qui, comme la France, ont mis hors la loi la discrimination raciale. Et surtout, on le trouve dans toutes les conventions internationales relatives aux droits de l'homme qui interdisent les discriminations fondées – notamment - sur l'origine, ou l'appartenance à une ethnie ou une race. Ratifiées par la France, elles font à ce titre partie de son droit positif. C'est le cas également de l'article 10 du traité sur le fonctionnement de l'Union européenne (TFUE), de la Charte européenne des droits fondamentaux et de la directive de 2000 relative à l'égalité de traitement entre les personnes "sans distinction de race ou d'origine ethnique".

L'adoption de ce texte va-t-il entraîner des changements concrets ?
Ce texte a une portée essentiellement symbolique, tout le monde en convient. Car ce n'est pas la présence du mot "race" dans la législation qui alimente le racisme ni même la croyance en l'existence des races. Ce qui est important, c'est de se donnerles moyens de lutter contre le racisme – qui suppose entre autres une politique plus respectueuse des droits des étrangers et des droits des Roms.
Si le texte amendé au cours de la discussion parlementaire aboutit à remplacersystématiquement les mots "en raison de [...] sa race" par l'expression "pour des raisons racistes", de façon à ne pas risquer d'affaiblir la répression du racisme, on notera qu'il laisse subsister dans l'ensemble de la législation les termes d'"ethnie" ou d'"appartenance à une ethnie". Or l'ethnie est en réalité un substitut euphémisé de la "race" mais qui, sentant moins le soufre, peut aboutir à conférer une crédibilité à des distinctions qui sont tout aussi contestables et dangereuses que celles reposant sur la "race".

Que pensez-vous du processus retenu ? Un premier vote portant sur la suppression du mot dans la législation et une suppression ultérieure dans la Constitution, comme s'y est engagé François Hollande...
Sur ce point, je suis assez tenté de reprendre à mon compte la proposition du groupe communiste et républicain en 2003, qui était de ne modifier ni la Constitution de 1958, ni le préambule de 1946 énonçant des droits et des libertés fondamentaux, en raison de leur valeur historique.
Modifier la Constitution de 1958, qui a déjà subi des dizaines de réformes, cela peut à la rigueur se concevoir. Mais on imagine mal de changer le préambule de 1946. Outre que c'est juridiquement impossible, rappelons-nous que, adopté à l'issue de la seconde guerre mondiale, il représente un moment important de la "mémoire discursive d'une histoire tragique", pour reprendre l'expression de la chercheuseSimone Bonnafous.

Goodbye Brazil: um livro sobre a emigracao brasileira - Maxine L Margolis

Vale a pena ler, o que ainda não fiz, mas pretendo fazer:


Goodbye, Brazil: Emigres from the Land of Soccer and Samba (Paperback)

Maxine L Margolis

Madison: University of Wisconsin Press, 2013. 


Brazil, a country that has always received immigrants, only rarely saw its own citizens move abroad. Beginning in the late 1980s, however, thousands of Brazilians left for the United States, Japan, Portugal, Italy, and other nations, propelled by a series of intense economic crises. By 2009 an estimated three million Brazilians were living abroad?about 40 percent of them in the United States. Goodbye, Brazil is the first book to provide a global perspective on Brazilian emigration. Drawing and synthesizing data from a host of sociological and anthropological studies, preeminent Brazilian immigration scholar Maxine L. Margolis surveys and analyzes this greatly expanded Brazilian diaspora, asking who these immigrants are, why they left home, how they traveled abroad, how the Brazilian government responded to their exodus, and how their host countries received them. Margolis shows how Brazilian immigrants, largely from the middle rungs of Brazilian society, have negotiated their ethnic identity outside Brazil. She argues that Brazilian society outside Brazil is characterized by the absence of well-developed, community-based institutions - with the exception of thriving, largely evangelical Brazilian churches. Margolis looks to the future as well, asking what prospects at home and abroad await the new generation, children of Brazilian immigrants with little or no familiarity with their parents' country of origin. Do Brazilian immigrants develop such deep roots in their host societies that they hesitate to return home despite Brazil's recent economic boom?; or have they become true transnationals, traveling between Brazil and their adopted lands but feeling not quite at home in either one?

A Franca como pais "periferico", na Europa, certamente, no mundo, talvez - Jacob Funk Kirkegaard

Creio que o autor tem razão, e eu até diria que ele está sendo muito condescendente com a França: como um país irreformável, a França não será (ou já é) apenas uma país periférico; ela será, também, um país irrelevante. Até que os chineses a ajudem a sair do buraco, mas eles vão ter de ceder alguns castelos e vários vignobles aos chineses, ah isso vão; e também vão ensinar algumas de suas técnicas aos chineses, que depois vão inundar o mundo com produtos franceses made in China. Não estou falando de Louis Vuitton, que isso eles já fazem: estou falando de foie gras, camembert, e coisas do gênero...
Paulo Roberto de Almeida

Is France a ‘Peripheral’ Country?

by Jacob Funk Kirkegaard
Peterson Institute of International Economics, May 8th, 2013 | 07:08 pm
A few weeks ago Reuters reported that the French finance Minister, Pierre Moscovici, fell asleep during the final late night negotiations over the Cypriot bank bailout on March 24. It apparently fell to the International Monetary Fund (IMF) managing director, Christine Lagarde—a former French finance minister herself—to wake him up. No doubt the grueling round-the-clock schedule of the Cyprus negotiations would have taxed the most vigorous participant, but that should not stop speculation about the meaning of what happened.
For any leading euro area finance minister to doze off during key negotiations to settle the economic future of another euro area member is an embarrassing dereliction of duty. Perhaps Mr. Moscovici was assured that his 70-year-old old German counterpart, Wolfgang Schäuble, would defend French taxpayers’ interests. Moscovici’s staff—which failed to wake him up—seemingly agreed. Or perhaps Paris simply viewed the German-led bail-in solution in Cyprus as a fait accompli about which they could do little. Or perhaps the French government’s support for costs imposed on creditors and uninsured depositors was stronger that it wished to acknowledge. Taking a nap during the negotiations could thus have been a subtle way of Moscovici stepping outside the door at the key decision moment.
The other euro area finance ministers could probably be forgiven for letting sleeping ministers lie. But by failing to wake Moscovici up, they effectively rendered France’s potential input as irrelevant. Probably to avoid that implication, Lagarde woke up her successor.
Whatever the underlying motives for Moscovici’s sidelining at the Cyprus negotiations are, the broader reasons for France’s evident loss of influence in the EU since the beginning of the crisis are several.
Paris has been hit by bad timing luck in European affairs. My colleague John Williamson once explained that a period of “extraordinary politics” follows serious crises, compelling leaders to establish new institutions, such as the so-called Permanent Five members (P-5) in the United Nations Security Council or the de facto clout wielded by U.S. and European members of the IMF Board resulting from their dominant global role in the 1940s. In European affairs today it matters for a country to be economically strong in a time of severe crisis.
Ironically, Chancellor Angela Merkel and Germany are reaping the unforeseen national benefits of reforms instituted by her predecessor, Gerhard Schöder, a decade ago in response to Germany’s status then as the “sick man of Europe.” Its weakness mattered little because nothing dramatic was happening at the time to the European institutional design following the collapse of the constitution treaty negotiated under the leadership of former French President Giscard de Estaing. Today Germany is strong when it matters, and able to play a leading role in the birth of important and permanent new European institutions like the updated fiscal surveillance framework (two-pack/six-pack, fiscal treaty), the European Stabilization Mechanism (ESM), and now the banking union. These redesigns have been largely devoid of obvious French fingerprints, even if France can take credit for helping to goad Germany into taking action at critical moments.
If Germany benefited from Schröder’s early reforms, France’s situation results from its profound misreading of the effects of the euro introduction, and the political dynamic of crises. Germany’s original agreement to give up the Deutsche mark for the euro back in the 1990s has historically been seen as a concession in return for France’s acceptance of German reunification. (Chancellor Helmut Kohl also saw the euro as a reunified Germany’s anchor in Europe.) With the euro’s advent, Paris was free from the yoke of having to pursue German monetary policies to defend the “Franc Fort” in the 1980s. The crisis, however, has bestowed disproportional political power to Germany, which as the euro’s anchor has been able to set the crisis response agenda.
For two decades, France has failed to reform its economy, yielding power to Berlin and the European Central Bank to demand domestic reforms in other euro area member countries. Meanwhile, the government of President Francois Hollande has done little to arrest France’s path of gradual decline since adoption of the Maastricht Treaty in 1992. Neither Presidents Jacques Chirac nor Nicolas Sarkozy succeeded from the center right, and the consensus seeking socialist Hollande does not seem to have the political will to face down entrenched special interests blocking reforms either. The alleged left-right divide in France is obsolete. Both sides favor the status quo and are fearful of street protests blocking any serious attempts at reform.1
The parallel with fears of “Arab street” protests blocking reforms in the Middle East is evident. But with its founding myth of storming the Bastille, France has embraced its identity as a place where farmers, truck drivers, and average citizens are easier to mobilize. By protesting, French citizens are engaging in an intrinsic element of being French. Like the National Rifle Association in the United States, French labor unions, public sector representatives and protected industries appeal to patriotic fervor to promote their political and economic interests. As a result, international competitiveness suffers, the size of the public sector continues to grow, unemployment rises and debt and deficits begin to approach damaging levels.
Unable to muster the political capacity to reform itself in the absence of a deep crisis, France fits the political definition of a peripheral country in the euro area, except that things have not gotten as bad as they have in Greece, Portugal, Ireland, and arguably Spain and Italy in recent years.
To be sure, France is far from an economic basket case. It has avoided the build-up of huge post-euro imbalances. It does not have Italy’s history of free-spending governments, and it enjoys some of Europe’s most favorable long-term demographics and a first-rate public infrastructure. Were it to experience a crisis, it is inconceivable that Germany (and the ECB) would not come to the rescue. As a result, despite the growing differentials in French and German economic competitiveness, unemployment and debt, France is likely to keep getting a pass from financial markets and tracking German interest rate levels closely.
Lacking financial market pressure, however, France’s status quo parties will likely continue to derive the functional equivalent of America’s “exorbitant privilege” and enjoy interest rates lower than its own economic fundamentals would dictate. France’s problem is not a sudden speculative attack, but rather continued malaise, stagnation, and decline.
Though he never used the word “malaise,” President Jimmy Carter described the American mood in 1979 in ways that seem suitable to the predicament in France: “The threat is nearly invisible in ordinary ways. It is a crisis of confidence. It is a crisis that strikes at the very heart and soul and spirit of our national will. We can see this crisis in the growing doubt about the meaning of our own lives and in the loss of a unity of purpose for our nation.”Hollande’s government continues to shun globalization by blocking foreign investments in France. The latest sad example is the blocking of Yahoo!’s proposed takeover of successful French internet start-up, Dailymotion. He has, on the other hand, overseen some new labor market rules accepted by the social partners, and has committed to reforms of the social insurance system later this year in return for a two-year delay in achieving a deficit target. But these consensus-driven steps are unlikely to shake France out of its paralysis or earn much respect elsewhere in the euro area, and especially not in Berlin.
The euro area’s required institutional reforms can be divided into two groups: one that is urgently required and one that takes the form of highly desirable institutional innovations. The most urgent steps that are needed to convince markets and voters that a euro collapse is not imminent include establishment of the ESM as a de facto European monetary fund to serve as a backstop if a euro area member loses market access; the ECB’s outright monetary transaction (OMT) program, serving as a conditional lender-of-last-resort; and the banking union, which will integrate banking supervision with resolution in cases of insolvent banks, and establish a system of deposit insurance. All these new institutions have been implemented under financial market pressure and in response to the political desires of Germany. France’s input has mattered little.
But neither financial markets, nor Brussels technocrats, nor central bank pressure can be factors in the other group of institutional reforms, such as deeper political and fiscal integration in the euro area and revisions of the EU Treaty. Only the democratically elected leaders of Europe can bring about these changes. These steps will be close to impossible to achieve without support and agreement from France and Germany, the two countries historically at the heart of the European integration project.
Regrettably, France’s lack of domestic economic reforms will ensure that Germany will likely refuse to discuss deeper fiscal and political union in Europe for the foreseeable future. The road to any potential form of euro area fiscal integration, whether in the form of debt mutualization or an increased euro area fiscal capacity, will have to pass through a French reform-driven domestic economic revival first. Germany will not agree to permanent-burden sharing with a France that does not reform itself first.
This does not mean the collapse of the euro or the European project, only an end to most longer-term progress on the project. Just as the United States political system can stagger through political crises with one of the two large parties on the political fringes, the euro area can stagger on under de facto German leadership for as long as France’s inaction exiles itself from real influence. As with the US fiscal negotiations, this state of affairs ensures that progress will be minimal, based on the least common denominator, rather than arrived at by a grand bargain between France and Germany.
France’s inability to reform itself puts Europe at risk, in short, and condemns France to subpar influence in Europe and thwarted aspirations. For its own sake and Europe’s, France must do better.
Note
1. I have benefited from many discussions with my colleague Nicolas Véron about the “status quo party” in France.