Maduro diz saber quem são os venezuelanos que não votaram na última eleição
- O Globo, 18 de maio de 2013
- Presidente afirmou que teve acesso até a carteiras de identidade
- Oposição entendeu a declaração como uma forma de intimidação a leitores que não compareceram às urnas
CARACAS - Nicolás Maduro continua se lamentando dos votos que o chavismo perdeu em sua eleição do dia 14 de abril, mas, na quarta-feira, cruzou a linha das estimativas não oficiais e disse saber o título de eleitor e as identidades dos 900 mil compatriotas que não foram votar no pleito que o elegeu. O comentário foi denunciado pela oposição como uma tentativa de intimidar o eleitor. Num pronunciamento filmado no estado de Barinas, o chefe de Estado fala que teve acesso a “carteiras de identidade e tudo” e lamenta que não teve tanto apoio quanto esperava.
O presidente recebeu um milhão de votos a menos do que teve seu antecessor, Hugo Chávez, falecido em março, contra Henrique Capriles no ano passado. Foi a primeira vez que Maduro afirmou que seu partido havia feito uma lista dos nomes dos eleitores que não compareceram à votação, levantando dúvidas sobre se a lista foi feita com informações públicas - o voto é facultativo no país - ou se houve informação privilegiada à legenda de Maduro, o PSUV (Partido Socialista Unido da Venezuela). A oposição considerou a afirmação uma ameaça à liberdade de escolha dos eleitores e reafirmou o caráter secreto do voto no país.
Falando a partidários, Maduro avaliava o desânimo que teria levado a uma alta abstenção de chavistas no pleito contra Capriles.
- A força que temos que ter é para, ao invés de sermos abatidos pela tristeza, abatermos a tristeza e a relutância que nos atinge, atingiu ou pode atingir: 900 mil compatriotas, já os temos, com cédula de identidade e tudo - disse ele, que venceu Capriles por 224 mil votos: - E isso significou que a diferença foi pequena, e poderia ter sido maior.
Em pronunciamentos anteriores, ele já havia reclamado da ausência dos votos chavistas na eleição. Há algumas semanas, comentou, num programa de TV, sobre 600 mil votos a menos.
A oposição demonstrou sua confiança no sigilo do sistema eleitoral do país e pediu que o CNE (Conselho Nacional Eleitoral) se pronunciasse sobre a afirmativa de Maduro.
CNE ignora pedido de oposição
Liliana Hernández, do comitê Simón Bolívar, que organizou a campanha de Capriles, questionou a ausência de uma defesa do CNE sobre a segurança do sigilo eleitoral no país.
- Onde está o CNE? Como Nicolás Maduro saiu ontem (quarta-feira) a dizer que tem o número de cédula dos que não votaram por ele? - questionou a deputada do partido Um Novo Tempo.
Para ela, Maduro tem a intenção de fazer crer que o voto no país não é secreto e, assim, intimidar os eleitores a votarem no partido que detém o poder. Milhões de venezuelanos dependem de ajuda oficial dos programas sociais instituídos por Chávez. Segundo a deputada, o CNE deve responder às afirmações que “violentam o sagrado princípio do voto secreto”. Não havia, entretanto, nenhuma nota sobre o tema no site oficial do órgão eleitoral, que é dominado por chavistas.
Os opositores continuam, porém, a contestar as eleições na Justiça sob alegação de fraude, mas se negaram a participar da auditoria feita pelo CNE após uma forte contestação popular pela recontagem de votos que deixou ao menos sete mortos e vários feridos. Capriles diz que só ficará satisfeito com uma recontagem completa, e ameaça recorrer à Justiça internacional.
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