|
Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, em viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas.
O que é este blog?
Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.
quinta-feira, 6 de junho de 2013
A America Latina e o seu Big Brother: revisando a estrategia? - Kevin P. Gallagher
Ainda o caso dos medicos cubanos - Carlos Brickmann
Carlos Brickmann, 5/06/2013
O debate sobre a contratação de médicos no Exterior virou um tema ideológico. E, no entanto, a questão é simples: não há qualquer problema em contratá-los, venham de Cuba, da Argentina, do Paquistão, do Canadá, desde que revalidem seu diploma no Brasil e comprovem sua capacidade de falar e entender nossa língua. É como acontece com advogados formados aqui mesmo: até que sejam aprovados no exame da OAB, são bacharéis em Direito, mas não podem exercer a advocacia. Por que, com médicos estrangeiros, seria diferente?
Nada contra faculdades estrangeiras. Este colunista conhece uma médica brasileira que se formou no Peru, revalidou seu diploma no Brasil e vem trabalhando há anos, com clientes fieis e confiantes em sua capacidade. O médico russo Noel Nutels fez um trabalho magnífico com índios. Ideologia é besteira: o importante é saber se o médico estrangeiro tem competência (e se os locais para onde for designado têm condições de dar-lhe apoio básico para seu trabalho).
Quanto à história de que em outros países qualquer médico desembarca e já começa a trabalhar, definitivamente não é assim.
Um competente médico paulista, Luiz Nusbaum, estudioso do assunto, lembra que não há qualquer restrição do Conselho Federal de Medicina à contratação de médicos estrangeiros, desde que revalidem o diploma e saibam comunicar-se em Português - ou não entenderão seus clientes, que também não entenderão suas recomendações e prescrições. Na Inglaterra, informa, o médico se submete ao PLAB, Professional and Linguistic Assessment Board. Nos EUA, ao USMLE, United States Licensing Examination. O mesmo ocorre em Portugal e Espanha.
E há outra questão: médicos de países europeus estarão interessados em mudar-se para o Brasil? Diz o presidente da Ordem dos Médicos de Portugal, José Manuel Silva: "A proposta do governo brasileiro fica próxima da escravatura"; "os médicos vão ficar dependentes das decisões discricionárias do governo brasileiro"; "as condições que devem encontrar do outro lado do Atlântico são semelhantes ao Portugal do início do século 20".
Traduzindo: trazer médicos estrangeiros significa, em bom português, importar médicos cubanos. Exclusivamente cubanos.
Acordo de livre-comercio transatlantico: um acordo de anexacao da Europa pelos EUA (ou ao menos da Franca)
Deixo a vocês lembrarem-se também do autor, e dos usuários das frase: eles ainda estão por aí.
Pois bem: não temos o monopólio das estupidezes. Os gauleses também acham isso...
Pois é... no que depender da França, esse acordo não sai nos próximos 75 anos...
Paulo Roberto de Almeida
Accord de libre-échange Etats-Unis-UE : une menace pour le modèle européen
Le Monde.fr | • Mis à jour leDepuis plusieurs semaines, l'idée d'un accord de libre-échange entre les Etats-Unis et l'Union européenne refait surface. Les défenseurs de ce projet vantent un accord bénéfique pour les deux zones. La Commission européenne y voit un futur "moteur pour l'emploi et la croissance" et ne veut pas rater cette "chance unique" de sortirde la crise. Il est pourtant impossible à ce stade d'évaluer les bénéfices réels d'un tel accord. On peut en revanche s'inquiéter de l'importance des enjeux qu'il soulève.
The Economist: de volta ao tema da pobreza (Editorial)
terça-feira, 4 de junho de 2013
Agora coloco o começo, ou seja, o editorial:
The world’s next great leap forward
Towards the end of poverty
Nearly 1 billion people have been taken out of extreme poverty in 20 years. The world should aim to do the same again
A angustia do deficit comercial numa nacao mercantilista -
Brasileiros tem horror a déficit comercial: ainda toleram as exportações (menos o MST), mas odeiam importações (salvo quando de iPads e iPhones para eles mesmos).
Assim é o Brasil, minha gente.
Um texto para confrontar algumas amgústias enrustidas ou reveladas.
Paulo Roberto de Almeida
Depósito de...
Richard Sylvestre
quarta-feira, 14 de maio de 2008
A "tara nacional" por exportações
[2] O que gostaria de comentar é a tara por exportações e saldos positivos de balança comercial ou mesmo de transações correntes que o novo grande plano estatal demonstrou. Já escrevi um texto relacionado à “economia internacional” (Um Falso Problema) que falava sobre balanço de pagamentos. Só vou acrescentar algumas coisas mais especificamente sobre exportações e importações: a primeira é a idéia de que exportar é bom e importar um crime. Imaginemos que não exista moeda. Vivemos em um mundo de escambo. Você, brasileiro, deseja comprar um produto ofertado por um americano (por n razões, mas o que importa é que você o quer porque provavelmente aquilo lhe traz mais “benefícios” do que qualquer ação alternativa, como comprar um nacional). Quando você vai comprar o produto do americano, para convencer o sujeito a lhe dar o bem você terá que ofertar algo em troca, digamos, uma quantidade de bananas. Essa quantidade de bananas que você dá ao americano são as famosas “exportações” (vendas de bens para consumidores em outros países). Ora, provavelmente você acharia péssimo “exportar” e não receber algo em troca, no caso, o produto do americano. Esse bem que o americano lhe dá é aquilo que comumente chamado de “importações” (compra de bens de agentes localizados em outros países).
[3] Nessa transação toda, qual foi a parte “boa”? Obviamente não foi exportar. Exportar é o pagamento por um bem estrangeiro que você quer, ou seja, o pagamento de uma importação. A finalidade de tudo isso, aquilo que você deseja é justamente consumir o bem estrangeiro, é importar e, se fosse possível, não exportar nada (pagar). A idéia de que exportar é algo bom e importar é ruim é um dos maiores non-senses econômicos existentes. Não só um dos maiores, mas um dos mais antigos também. Adam Smith, David Ricardo, Jean Baptiste Say já lutavam contra esse mito nas suas respectivas épocas (século XVIII, XIX). Mas o fantasma do mercantilismo voltou com força total no século XX com a ascensão de teorias pseudo-econômicas enterradas há tempos por esses grandes pensadores. No Brasil, os zumbis que retornaram das trevas dessa pseudo-economia renegada foram chamados de “desenvolvimentistas” - cômico se não tivesse sido trágico...
[4] Mas voltando a questão das importações e exportações, a inclusão de moeda não muda em nada o “núcleo” da história. A moeda só funcionará como um meio, uma intermediaria na troca. Alguém exporta, e recebe, digamos dólares por essas exportações. O cara que recebeu os dólares não dorme, não come os dólares. Ele quer bens (se ele mesmo importar os bens dos EUA, a história se torna idêntica a do escambo só com a diferença de termos mais uma etapa). Mas nosso exportador pode querer trocar dólares por reais para comprar bens no Brasil mesmo. Ele então precisará encontrar alguém disposto a trocar dólares por reais. Mas por que alguém aceita dólares em troca de reais? Ora, por que quer importar, quer comprar do exterior. A única “coisa nova” em tudo isso é que o cara que exportou não necessariamente será o mesmo cara que importará. No fundo a moeda só funciona como um meio, um intermediário. Bens se trocam por bens. Numa situação de escambo, quando uma exportação é feita, a correspondente importação é automaticamente realizada (é o “espelho” da exportação). No caso da moeda o mesmo ocorrerá, mas não necessariamente feita pela mesma pessoa. Assim como nas “trocas internas”, a moeda separa os agentes envolvidos no ato de vender e de comprar bens. Eu vendo bens para X, mas compro bens de Y.
[5] O sonho de toda nação seria importar, importar muito e nunca precisar exportar nada, simplesmente por que importar é consumir, receber bens de fora. Alguém lá fora produziu e você recebe esses bens para seu deleite sem precisar pagar (exportar) nada. Esse seria o caso também se os americanos tivessem uma “tara por reais” e quisessem fazer coleção com eles. Só com uma impressora, poderíamos obter todas as maravilhas que o mundo produz, sem fazer esforço algum. Resumindo: é um completo absurdo se considerar que exportar é que é bom e importar um mau. É um completo absurdo argumentar que o governo deve “desvalorizar o câmbio” para que o país exporte. Desvalorizações são simplesmente subsídios para exportadores e consumidores externos que o governo dá as custas do nosso dinheiro.
[6] Obviamente, existem várias falácias econômicas mais profundas por trás de todos esses argumentos “mercantilistas”, falácias muitas vezes escondidas sob elegantes modelos matemáticos que no fundo, em bom português estão apenas dizendo coisas do tipo: escassez não existe, ligar a impressora e fabricar papeizinhos é uma boa forma de gerar riqueza etc.. Uma das maiores é a idéia de que demanda agregada tem alguma relevância para crescimento econômico (quem se interessar mais por isso, escrevi dois textos (1 e 2) sobre o tema) e que exportações elevam a demanda agregada. Ora, se um estrangeiro vem aqui e compra um monte dos bens que produzimos teremos duas alternativas; na primeira, como já foi dito, tudo que eles compraram aqui significa que compramos lá em igual valor, ou seja, deixamos de comprar aqui, de trocar com um brasileiro. Imagine um escambo: de repente aparece um estrangeiro louco por trocar computadores por todas as minhas maças. Eu estou melhor ou pior porque as maças que produzi estavam sendo procuradas no mercado, não porque o cara que comprou era brasileiro ou americano ou tailandês. O fato de eu trocar com brasileiros ou “exportar” não muda absolutamente nada. A segunda alternativa seria eu vender um monte para o exterior e “dormir” com os dólares (no lugar de comprar coisas no exterior). Mas aquilo que eu vendi para o exterior obviamente não pode ser consumido por brasileiros, logo o consumo dos brasileiros terá que cair.
[7] O que gera crescimento econômico não é exportar mais ou menos, é maior produtividade. A causa econômica mais direta é a poupança e conseqüentemente mais capital que gera a maior produtividade (uma condição necessária para poupança são direitos de propriedade bem estabelecidos). Mas mesmo se exportar mais, não gera crescimento econômico, um grande volume de comércio (exportação e importação) ajuda. Imagine se você tivesse que produzir absolutamente tudo o que consome atualmente. Provavelmente ou morreria de fome ou seu nível de vida despencaria. Eu, por exemplo, não faria a mínima idéia de como postar esse texto e mesmo se soubesse, você provavelmente nem estaria na internet lendo-o. Por que trocamos? Exatamente porque as trocas nos permite explorar algo chamado vantagens comparativas. Eu sei fazer, produzir algo a um custo relativamente menor em termos de outras coisas que você (tenho uma vantagem comparativa em relação a um bem qualquer). E você o mesmo para um outro bem. Nós podemos obter mais de todos os bens se cada um fizer aquilo que relativamente faz melhor e trocarmos depois, do que se nos isolássemos e produzíssemos tudo sozinhos. O mesmo é válido para um país. Os países conseguem obter mais bens e viver mais confortavelmente se produzirem aquilo que possuem vantagens comparativas e depois trocarem, do que se se fechassem em autarquias (aliás, um exemplo disso é ver países como Coréia do Norte, Cuba, Albânia, principalmente o primeiro, e comparar com a Coréia do Sul).
[8] Antes de terminar, um último ponto. Sem julgar essa fixação por exportações que o presente governo parece ter, como um governo poderia realmente aumentar as exportações de um país? A resposta já foi dada a mais de 100 anos pelo grande economista Jean Baptiste Say. A melhor forma de fomentar as exportações é liberando a importação. Voltando ao inicio do texto, por que alguém exporta? Simplesmente para importar. Se é custoso importar, não há razão alguma para exportar. E é isso que ocorre quando o governo cisma, por exemplo, em dificultar as importações para fazer saldos positivos na balança comercial. Eles acontecem num primeiro momento, depois somem (o saldo antigo volta), mas com um país mais fechado, mais autárquico e sem produtividade alguma. Eis o resultado das “velhas” políticas industriais brasileiras. A melhor política industrial pró-exportação que o governo poderia fazer seria exatamente o que Say já recomendou muito antes: não fazer política industrial alguma, é só liberar as importações.
China: 24 anos do massacre de Tian An Men: manifestacao em Hong Kong (claro, onde poderia ser?)
Paulo Roberto de Almeida
PS.: Fotos no link seguinte: http://rendezvous.blogs.nytimes.com/2013/06/05/in-hong-kong-a-rain-soaked-celebration-of-democracy/?emc=tnt&tntemail0=y
quarta-feira, 5 de junho de 2013
Oxford: um encontro para comemorar os 50 anos da New York Review of Books
Se este blog possuir algum correspondente em Oxford, UK, ou nas cercanias, este correspondente voluntário certamente não me deixará na mão; irá, assistirá atentamente, e fará um relatório completo do encontro.
Abaixo o programa.
Atenção, correspondente imaginário: não se esqueça de inscrever-se, não custa nada, e tem retornos infinitos...
Paulo Roberto de Almeida
Philosophy as a Humanist Discipline
June 22, 2013 – June 23, 2013
Registration (Required)
Program
Robert Silvers (Chair); Avishai Margalit, Alan Ryan, Mary Warnock
John Vickers (Chair); John Gray, Helena Kennedy QC, Mark Lilla.
Hermione Lee (Chair); Naomi Eilan, Alan Ryan, Edward Skidelsky
Ken Macdonald, QC (Chair); Jerome Bruner, Samuel Scheffler, Jeremy Waldron.
Robert Silvers (Chair); Avishai Margalit, Timothy Garton Ash, Marc Stears