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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

terça-feira, 7 de outubro de 2014

Duro de aprender; o Brasil feito para os companheiros - Deirdre McCloskey, Diogo Costa

Lições não aprendidas do século XX que continuam sendo tentadas no Brasil

Nos séculos XIX e XX, a vida do europeu comum foi prejudicada, não beneficiada, pelos seus impérios coloniais. O crescimento econômico da Rússia foi freado, não acelerado, pelo planejamento central soviético. As regulamentações progressistas americanas e suas antecipações européias serviram para proteger monopólios no setor de transportes — como as ferrovias —, no setor de varejo — como comércios de luxo —, e também monopólios profissionais, como o dos médicos. As regulamentações progressistas não ajudaram consumidores.
A legislação “protetora” nos Estados Unidos e o “salário família” na Europa inferiorizaram as mulheres. Psiquiatras armados pelo estado prenderam homossexuais nos Estados Unidos e democratas na Rússia. O New Deal impediu, em vez de ajudar, a recuperação americana após a Grande Depressão.
O Brasil, que terminou o século XIX com vocação para Estados Unidos, entrou no século XXI tentando alcançar a renda per capita do México
Os sindicatos elevaram os salários de metalúrgicos e operários do setor automotivo, mas reduziram os salários dos trabalhadores não sindicalizados. Os salários mínimos protegeram empregos sindicais, mas fizeram com que os pobres permanecessem desempregados. Os códigos de construção civil por vezes impediram desabamentos e incêndios, mas sempre garantiram a estabilidade de construtoras bem conectadas deixando a moradia mais cara para os pobres. Permissões de zoneamento e planejamento protegeram os proprietários ricos em vez dos moradores pobres. Controles de aluguel deixaram os pobres e os doentes mentais desabrigados, porque ninguém irá fazer casas baratas quando a lei encarece as construções a força. Os ricos ficam com os apartamentos com controle de aluguel e com as casas históricas nas vizinhanças antes pobres.
A regulamentação elétrica elevou o custo da eletricidade, assim também fizeram as proibições de energia nuclear. As regulamentações financeiras não ajudaram os pequenos investidores. Seguros federais de depósito permitiram que os bancos tratassem seus correntistas de modo irresponsável. O movimento de conservação do oeste americano enriqueceu fazendeiros que utilizaram terras públicas para o gado e enriqueceu empresas madeireiras que utilizaram terras públicas para o corte de árvores. As proibições no comércio de drogas recreativas resultaram no aumento do consumo de drogas, na destruição de bairros pobres e no encarceramento de milhões de jovens. Governos proibiram comércios de agulhas e publicidade de preservativos, e negaram a existência da AIDS.
O Espaço Vital econômico da Alemanha foi finalmente conquistado pela arte privada da paz, não pela arte pública da guerra. A duradoura Esfera de Co-prosperidade da Grande Ásia Oriental foi construída por japoneses de terno e gravata, não por bombardeiros de mergulho. A Europa se recuperou depois das suas duas guerras civis do século XX principalmente pelo seu próprio esforço de trabalho e investimento, e não principalmente por causa da caridade de-governo-para-governo como a Comissão Hoover ou o Plano de George Marshall. A ajuda externa de-governo-para-governo enriqueceu ditadores tiranos sem beneficiar os pobres.
A importação do socialismo para o terceiro mundo, mesmo sob as formas relativamente não violentas de gandhismo-fabiano sufocou o crescimento, enriqueceu grandes industrialistas e manteve o povo na pobreza. As teorias malthusianas concebidas no Ocidente foram colocadas em prática na Índia e especialmente na China, resultando em milhões de meninas desaparecidas. A revolução verde, patrocinada por capitalistas, foi atacada por políticos ambientalistas ao redor do mundo, mas permitiu que lugares como a Índia se tornassem auto-suficientes em cereais.
O poder estatal em diversas partes da África subsaariana foi usado para tributar uma maioria de agricultores em benefício dos primos do presidente e de uma minoria de burocratas urbanos. O poder estatal em diversas partes da América Latina impediu reformas agrárias de acontecerem e patrocinou o desaparecimento de pessoas. A propriedade estatal do petróleo na Nigéria, no México e no Iraque foi utilizada para apoiar o partido no poder, sem causar benefício algum para a população.
Os homens árabes continuaram empobrecidos ao utilizar do poder estatal para negar educação e o direito de dirigir às mulheres árabes. A captura de governos pelo clero corrompeu religiões e destruiu economias. A captura do governo pelos militares corrompeu exércitos e destruiu economias.
Políticas industriais, do Japão à França, serviram de apoio para indústrias falidas, como na agricultura e no varejo, em vez de escolher vencedores. A regulamentação de demissões elevou o nível do desemprego na Alemanha e na Dinamarca, e especialmente na Espanha e na África do Sul. Nos anos 1960, os edifícios ocidentais de moradia inspirados por Le Courbusier condenaram os pobres em Roma, Paris e Chicago a viverem em cortiços.
Nos anos 1970, o socialismo oriental de larga escala destruiu o meio ambiente. Nos anos 2000, os “coletivistas da geração do milênio,” vermelhos, verdes ou comunitários, se opuseram a uma globalização que ajuda os pobres, mas que ameaça dirigentes sindicais, capitalistas ligados ao estado e a carreira de pessoas nas ONGs ocidentais.
Assim a historiadora econômica Deirdre McCloskey convida seus interlocutores, oponentes do capitalismo liberal, a reconsiderarem suas propostas políticas futuras à luz dos acontecimentos políticos passados.
Fica irresistível adicionar nossas experiências nacionais ao catálogo de fatos de McCloskey:
O controle estatal sobre o valor do café não revigorou a produtividade nacional, mas acelerou o declínio das exportações brasileiras. Políticas trabalhistas copiadas de Mussolini não deixaram os trabalhadores brasileiros mais independentes, apenas menos competitivos. Os projetos das universidades federais não criaram centros globais de excelência acadêmica, mas fizeram com que o suor da família pobre financiasse o curso de antropologia do filho da família rica.
A proibição dos cassinos não deixou o povo mais virtuoso, mas deixou seu vício mais clandestino. Barreiras à importação não estimularam o comércio interno, mas causaram a exclusão comercial dos mais pobres. O planejamento urbano modernista da nossa capital não ergueu a cidade do futuro, mas criou uma ilha de monumentos excêntricos cercada de satélites de pobreza por todos os lados.
A tomada de poder pelos militares não serviu para a restauração de instituições republicanas, mas serviu para a imposição de suas próprias instituições autocráticas. Os desembolsos de um banco de desenvolvimento não popularizaram o empreendedorismo, mas premiaram empresários ligados ao governo. Políticas desenvolvimentistas dos anos 1970 não culminaram em grandes conquistas econômicas, mas na década perdida dos anos 1980.
Gastos públicos financiados por inflação não criaram uma infraestrutura de verdade, mas projetaram uma prosperidade de mentira. A militarização da polícia não diminuiu o número anual de homicídios violentos, mas aumentou o número de execuções sem o devido processo legal. Congelamentos de preços não foram capazes de impedir que a inflação se avolumasse, mas foram capazes de impedir que bens de consumo chegassem às prateleiras.
Substituições de importação não criaram indústrias competitivas, mas financiaram o atraso tecnológico com os impostos dos pobres. Políticas de incentivo à cultura não criaram obras primas, mas fizeram com que a produção cultural respeitasse menos o público e mais a aprovação do financiamento público. Confisco de poupança não serviu para derrubar a inflação, mas serviu para derrubar a confiança no estado de direito.
A expansão do funcionalismo burocrático não fez do país um modelo de administração pública, mas fez com que o Brasil tivesse mais cursos de direito do que todo o resto do mundo. Uma tributação de nível escandinavo não transformou o Brasil numa Suécia, mas transformou Brasília numa Disneylândia.
E assim o Brasil, que terminou o século XIX com vocação para Estados Unidos, entrou no século XXI tentando alcançar a renda per capita do México.
Podemos concluir com McCloskey:
Qualquer um que, depois do século XX, ainda acredita que socialismo, nacionalismo, imperialismo, mobilização, planejamento central, regulamentação, zoneamento, controle de preços, política tributária, sindicatos trabalhistas, cartéis de empresas, gastos públicos, policiamento intrusivo, fé na união entre religião e política, ou que a maioria das propostas de ação governamental totalizante do século XIX ainda são ideias puras e inofensivas para melhorar nossas vidas não está prestando atenção.
Fonte: Instituto Mises Brasil, 06/10/2014.

Eleicoes 2014: companheiros subterraneos chegam 'a delinquencia politica

Capturado nas chamadas MC -- meios de comunicação social -- esta imagem, abaixo reproduzida, que supostamente pretende transmitir o que pensam supostos apoiadores da candidatura de oposição sobre certas categorias sociais.
A montagem tem todo o jeito de ter sido feita pelos mesmos mercenários que invadem os diversos instrumentos de comunicação social para atacar, difamar, espalhar mentiras, xingar, enfim, aquilo que eles são ordenados fazer, contra pagamento, obviamente.
Não é imprópio dizer que a mesma delinquência que alcança os mais altos escalões do partido companheiro, e que já conduziu diversos chefes de quadrilha à Papuda, converteu-se igualmente em arma política preferencial do exército de mercenarios que serve a seus objetivos eleitorais.
Eles pensam que vão ganhar novos eleitores dessa forma, ajudando a denegrir os eleitores da outra candidatura.
Estão tentando chamar os brasileiros de idiotas, mais uma vez...
Paulo Roberto de Almeida


segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Books of the Times: Henry Kissinger and his world order (podcast)


 

 

Book Review Podcast: 

Henry Kissinger’s ‘World Order’





Photo
CreditIker Ayestaran
In The New York Times Book Review, John Micklethwait reviews Henry Kissinger’s “World Order.” Mr. Micklethwait writes:
If you think America is doing just fine, then skip ahead to the poetry reviews. If, however, you worry about a globe spinning out of control, then “World Order” is for you. It brings together history, geography, modern politics and no small amount of passion. Yes, passion, for this is a cri de coeur from a famous skeptic, a warning to future generations from an old man steeped in the past. It comes with faults: It is contorted by the author’s concerns about his legacy and by a needless craving not to upset the Lilliputian leaders he still seeks to influence. It also goes over some of the same ground as previous works. But it is a book that every member of Congress should be locked in a room with — and forced to read before taking the oath of office.
On this week’s podcast, Mr. Kissinger discusses “World Order”; Alexandra Alter has news from the literary world; Lawrence Wright talks about “Thirteen Days in September”; and Gregory Cowles has best-seller news. Pamela Paul is the host.
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As the World Turns
Henry Kissinger’s ‘World Order’
By JOHN MICKLETHWAITSEPT. 11, 2014

If you want to understand the point of Henry Kissinger, play this mind game: Imagine that the nonagenarian had run American foreign policy since Sept. 11, 2001, instead of two groups that had spent much of the previous quarter-century condemning him. First came the democracy-touting neoconservatives, who saw his realpolitik as appeasement, and now liberal Democrats, who insist nation-building must begin at home — and therefore hate foreign entanglements, let alone grand strategies.
Might a little realism have been useful in Iraq, rather than the “stuff happens” amateurism of the Bush years? Would a statesman who read Winston Churchill on Afghanistan (“except at harvest time . . . the Pathan [Pashtun] tribes are always engaged in private or public war”) have committed America to establishing a “gender sensitive . . . and fully representative” government in Kabul? Would Kissinger have issued a red-line warning to Syria and then allowed Assad to go unpunished when he used chemical weapons? Or let a power vacuum gradually develop on Vladimir Putin’s borders? Or looked on as the South China Sea became a cockpit of regional rivalries?
 
If you think America is doing just fine, then skip ahead to the poetry reviews. If, however, you worry about a globe spinning out of control, then “World Order” is for you. It brings together history, geography, modern politics and no small amount of passion. Yes, passion, for this is a cri de coeur from a famous skeptic, a warning to future generations from an old man steeped in the past. It comes with faults: It is contorted by the author’s concerns about his legacy and by a needless craving not to upset the Lilliputian leaders he still seeks to influence. It also goes over some of the same ground as previous works. But it is a book that every member of Congress should be locked in a room with — and forced to read before taking the oath of office.
The premise is that we live in a world of disorder: “While ‘the international community’ is invoked perhaps more insistently now than in any other era, it presents no clear or agreed set of goals, methods or limits. . . . Chaos threatens side by side with unprecedented interdependence.” Hence the need to build an order — one able to balance the competing desires of nations, both the established Western powers that wrote the existing international “rules” (principally the United States), and the emerging ones that do not accept them, principally China, but also Russia and the Islamic world.
This will be hard because there never has been a true world order. Instead, different civilizations have come up with their own versions. The Islamic and Chinese ones were almost entirely self-centered: If you were not within the umma of believers or blessed with the emperor’s masterly rule, you were an infidel or a barbarian. Balance did not come into it. America’s version, though more recent and more nuanced, is also somewhat self-centered — a moral order where everything will be fine once the world comes to its senses and thinks like America (which annoyingly it never quite does). So the best starting point remains Europe’s “Westphalian” balance of power.
For centuries pluralism was both Europe’s strength and its weakness. After the fall of Rome in 476, no power ruled the whole continent. Europe’s modus vivendi was competition: Your enemy’s enemy was your friend. Thus Roman Catholic France allied itself with Protestant German and Dutch princes and even the Ottomans to prevent the Catholic Holy Roman Empire from achieving supremacy. Out of all this maneuvering came the brutal Thirty Years’ War, with faction fighting faction across borders, rather like the modern Middle East. Eventually, in 1648, a gathering of 235 envoys in separate towns around Westphalia worked out three different treaties.
The basic bargain was cuius regio, eius religio. A ruler could set the religion in his country, but it enshrined the nation-state as the building block of the European order: Each king was called “majesty” and treated equally. It opened up an age of diplomacy (before then only the Venetians had what we would call ambassadors). Equilibrium did not always last: Inevitably, there were rising powers to contain, as well as irrational surges like the French Revolution’s desire to bring equality to all. After Waterloo, the dominant British provided the balance by tilting to one side or another.
This is Kissinger’s home territory — and he tells the story well. His heroes inevitably are realpolitikers, like Cardinal Richelieu, France’s chief minister from 1624 to 1642, who heretically sided with the Protestants, explaining that “man is immortal, his salvation is hereafter. The state has no immortality, its salvation is now or never”; Austria’s Klemens von Metternich, the architect of the Congress of Vienna; and Britain’s pragmatic Lord Palmerston (“We have no eternal allies, and we have no perpetual enemies”). Read Kissinger’s description of Talleyrand, and by the end the aristocratic French diplomat has assumed a guttural German accent and thick glasses:
“He started his career as Bishop of Autun, left the Church to support the Revolution, abandoned the Revolution to serve as Napoleon’s foreign minister, abandoned Napoleon to negotiate the restoration of the French monarch and appeared in Vienna as Louis XVIII’s foreign minister. Many called Talleyrand an opportunist. Talleyrand would have argued that his goals were stability within France and peace in Europe and that he had taken whatever opportunities were available to achieve these goals. He had surely striven for positions to study the various elements of power and legitimacy at close hand without being unduly constrained by any of them. Only a formidable personality could have projected himself into the center of so many great and conflicting events.”
So Europe has given us the most plausible historical model, but it is no longer the sculptor. It shed its power during two world wars, half-embraced the idea of a post-Westphalian union and is now too obsessed in the European Union’s internal construction. It will be of little use on the world stage until it has resolved that debate, and as Kissinger notes in one of his more withering asides, unifications in Europe have only been achieved with a forceful uniter, like Piedmont in Italy or Prussia in Germany.
Kissinger also canters eloquently through Russia. Vladimir Putin’s nationalism makes more sense once you understand the historical chip on his shoulder and his country’s centuries-long, remorseless expansion: Russia added an average of 100,000 square kilometers a year to its territory from 1552 to 1917.
Still, the book stalls a bit with Islam. Religion used to be one of Kissinger’s blind spots: The word does not appear in the index of “Diplomacy.” Now Kissinger seems to have swung too far the other way. Islam’s failure to differentiate between mosque and state suddenly explains virtually everything (though not, presumably, the success of the largest Muslim-dominated state, Indonesia). Iran is perfidy personified. By contrast, Israel is a victim, “a Westphalian state” in a sea of unreason. He does not mention its unhelpful settlement-building or examine the Jewish state’s own extremists (the man who killed the peacemaking Yitzhak Rabin is a “radical Israeli student”). It all feels like a rather belated olive branch to the Israeli right and its supporters in America’s Congress.
The book recovers speed with Asia. Kissinger compares Britain’s effect on India to Napoleon’s on Germany: In both cases multiple states that had seen themselves only as a geographic entity discovered a national one. There is some repetition here with his last book on China, but he moves quickly through the Middle Kingdom’s self-absorbed history, where foreign policy was largely a matter of collecting tribute through the emperor’s Ministry of Rituals and where soldiery was little valued (“Good iron is not used for nails. Good men do not become soldiers”). In 1893, even as Western forces were overrunning the country, the Qing dynasty diverted military funds to restore a marble boat in the Imperial Palace.
Gradually, though, the full extent of the problem becomes clear — and its American dimension. Within Asia, two potential balances of power are emerging, both involving China — one in South Asia, the other in East Asia. But neither at present has a balancer, a country capable of shifting its weight to the weaker side as Britain did in Europe. As for China itself, although it makes some use of international rules, it “has not forgotten that it was originally forced to engage with the existing international order in a manner utterly at odds with its historical image of itself.” In 15 cases of history where a rising and established power interacted, 10 ended in war. Supposedly America is China’s partner, but “partnership cannot be achieved by proclamation.”
Is modern America capable of leading the world out of this? Kissinger never answers this question directly, but the chapters on his own country read like a carefully worded warning to a treasured but blinkered friend. America comes to the task with two deep character faults. The first, bound up with its geography, is a perception that foreign policy is “an optional activity.” As late as 1890, its army was only the 14th largest in the world, smaller than Bulgaria’s. This is a superpower that has withdrawn ignominiously from three of the last five wars it chose to fight — in Vietnam, Iraq (the younger Bush version), Afghanistan. The second is that the same ideals that have built a great country often made it lousy at diplomacy, especially “the conviction that its domestic principles were self-evidently universal and their application at all times salutary” — the naïveté of Woodrow Wilson’s League of Nations and the neoconservatives’ forays in the Islamic world.
At its best, America is unstoppable. Theodore Roosevelt, for instance, both understood the need for his country to be involved and managed to fashion its idealism to a pragmatic end. In the Cold War, America’s moral order worked: There was a clear adversary that could eventually just be outmuscled, there were compliant allies and there were set rules of engagement. But the current disorder is more complex: chaos in the Middle East, the spread of nuclear weapons, the emergence of cyberspace as an unregulated military arena and the reordering of Asia. The challenge is “not simply a multipolarity of power but a world of increasingly contradictory realities,” Kissinger writes. “It must not be assumed that, left unattended, these trends will at some point reconcile automatically to a world of balance and cooperation — or even any order at all.”
Meanwhile, statesmanship, the craft of “attending” to these problems, is getting harder. Kissinger rightly mocks the cyber-utopian idea that greater connectiveness and transparency will make the world safer, as nations learn about one another: “Conflicts within and between societies have occurred since the dawn of civilization. The causes of these conflicts have not been limited to an absence of information or an insufficient ability to share it.” To the contrary, the immediacy of everything is a test. Every incident is flashed round the world, everything becomes part of domestic politics, political careers are molded in public. Boldness, leadership and stealth are all more difficult.
How do America’s current leaders shape up? Here the book is both irritatingly coy and implicitly devastating. There is no direct criticism of the Obama administration and even a slightly comic paragraph expressing Kissinger’s deep personal admiration for George W. Bush — in the midst of a section on the cluelessness of his foreign policy. But under the equivocation and the courtiership, the message is clear, even angry: The world is drifting, unattended, and America, an indispensable part of any new order, has yet to answer even basic questions, like “What do we seek to prevent?” and “What do we seek to achieve?” Its politicians and people are unprepared for the century ahead. Reading this book would be a useful first step forward.
WORLD ORDER
By Henry Kissinger
420 pp. Penguin Press. $36.
John Micklethwait is The Economist’s editor in chief and a co-author of “The Fourth Revolution: The Global Race to Reinvent the State.”
A version of this review appears in print on September 14, 2014, on page BR1 of the Sunday Book Reviewwith the headline: 'World Order'. Order Reprints|Today's Paper|Subscribe



Photo

Henry Kissinger CreditJürgen Frank
 

Eleicoes 2014: por que nao votar no continuismo; por que votar na mudanca? - Mauricio F Bento

Por princípio, não faço e não coloco publicidade eleitoral neste blog, inteiramente dedicado ao debate de ideias e de propostas, inclusive de políticas econômicas. Como cidadão sou levando a fazer certas escolhas: o que fazer profisionalmente, que carreira  escolher, como gastar meu dinheiro em coisas que tragam prazer intelectual, etc.; como eleitor, sou obrigado a decidir em quem votar, e aqui claramente penso na construção de um Brasil próspero, livre, do lado da democracia e dos direitos humanos, sobretudo no plano internacional, que é o meu terreno de atuação.
Por isso coloco este artigo que foi distribuído por uma rede de debates, o Grupo de Estudos Lobos da Capital, e que me pareceu, com algumas poucas imperfeições de detalhe como basicamente correto em seus argumentos e exposição de fatos objetivos.
Creio que ele tem elementos suficientes de informação para permitir um debate bem fundamentado.
Paulo Roberto de Almeida


Artigo Eleições
Mauricio F. Bento
 6 de setembro de 2014
 
Mal começou o Segundo turno e já estou vendo uma série de ataques e mentiras pela internet. Então resolvi escrever um pequeno texto esclarecendo alguns dos principais pontos do interesse dos eleitores.

Vou responder a duas perguntas: 1) Por que não votar na Dilma? 2) Por que votar no Aécio? 

1) Por que não votar na Dilma?

Primeiramente sobre, idoneidade - algo básico - o PT está aparelhando o Estado.
Indicou seu advogado, Dias Toffoli, para ser ministro do STF e, hoje, Toffoli é presidente do Tribunal Superior Eleitoral, maior corte eleitoral, bem num ano eleitoral.
É isso mesmo, o ex-advogado do PT é o atual presidente do TSE.
Mesmo que o PT perca as eleições, ele vai continuar lá em ambas as cortes.

Toffoli é só um exemplo simbólico, mas na realidade, o PT vem fazendo isso em todos os lugares que tem sido possível faze-lo. Outros ministros do STF, outros ministros de outras cortes, diretores de agências reguladoras... todos são pessoas que ficarão em seus cargos após o dia 31/12/2014, mesmo que o PT perca.

Sobre corrupção, o PT alça seus criminosos condenados (Dirceu, Genoíno) à condição de heróis. Só abrir a página do partido e ver. Não que não tenham corruptos em outros partidos, tem gente boa e ruim em todos os lugares, mas no PT, se você é um criminoso condenado, você tem status de herói nacional.

Sobre o caso Petrobras, uma empresa que já figurou entre as empresas mais valiosas do mundo, hoje figura como empresa mais endividada do mundo, além de imersa em corrupção e vítima do aparelhamento, servindo de cabide de emprego para amigos do governo.

O BNDES, o bolsa empresário, cresceu muito no atual governo.
O desembolso anual, que era de cerca de R$65 bilhões em 2007, ano passado foi de R$190 bilhões
Enquanto bolsa família tem 20 bilhões em verbas anualmente, o BNDES já emprestou, nos últimos anos, mais de R$500 bilhões.

No Brasil atual é assim, migalhas para os pobres, fortunas para os ricos e o governo ainda se coloca como defensor dos pobres e da distribuição de renda. Só se for da distribuição da nossa renda para seus aliados.
Antes, um banco modesto, hoje é um dos maiores bancos do país e o governo federal, via bancos públicos, já é o maior fornecedor de crédito da economia, gerando uma sociedade de dependentes do governo.

Veja a lista dos maiores recebedores de dinheiro do BNDES, são as maiores empresas do Brasil, JBS Friboi, Odebrecht, Andrade Gutierrez, Camargo Correa, dentre outras. Elas viraram parasitas do governo e da sociedade. Tudo o que fazem necessita de autorização, aval do governo e dinheiro dos pagadores de impostos. Por outro lado, o governo possui ações dessas empresas, exercendo controle parcial sobre elas, aumentando os laços, as "amizades" e a corrupção.

O atual governo é ruim, corrupto e incompetente.

O Brasil melhorou nos últimos 12 anos? Sim.
A questão é que TODO O MUNDO melhorou e o Brasil foi um dos países que MENOS MELHOROU nos últimos anos. Foi um dos países emergentes de crescimento mais baixo.
Lembrando que é com crescimento que se obtêm riqueza para as pessoas terem maior acesso à saúde, educação, segurança e a todos os outros bens e serviços que aumentam a qualidade de vida.

O Brasil do atual governo foi o PIOR do BRIC.

Taxa média de crescimento do BRIC de 2000 a 2008:
Brasil: 4,1%
Russia: 7,7%
Índia: 8,7%
China: 11,7%

O Brasil cresceu menos da METADE da média dos outros três.

Nós últimos três anos de governo Dilma, 2011-13, mantivemos o último lugar:
Brasil: 2,4%
Russia: 3,9%
Índia: 6,4%
China: 8,5%

O crescimento brasileiro esperado para esse ano é algo próximo de ZERO.

O Brasil também foi muito mal nos últimos anos, se comparado aos nossos vizinhos sul-americanos, outro grupo de países bem semelhantes.
Na América Latina tem tantos países na frente do Brasil que se fosse colocada aqui, a lista seria gigantesca. Portanto, colocarei apenas alguns:

Peru: 6,4%
Equador: 5,5%
Chile: 5,4%
Colômbia: 5%
Brasil: 2,4%

Novamente, o crescimento brasileiro não chega nem à metade do crescimento dos outros países. O crescimento brasileiro foi menor até que o de Argentina e Venezuela, dois países que estão sofrendo graves crises internas.

Os 4 países que mais cresceram de 2011 a 2013 foram Peru, Equador, Chile e Colômbia, justamente os 4 que formam a Alianza del Pacífico, grupo dos 4 países mais liberais do continente, o contrário do Mercosul, "bolivariano", países com que o atual governo brasileiro prefere se aliar.

Sobre inflação, o Plano Real acabou com a inflação crônica que existia no país e, depois dele, todos os governos foram tendo médias de inflação menores que os anteriores. Além do Brasil ter uma das maiores taxas de inflação dos países ocidentais, o atual governo é o primeiro que vai entregar um mandato com uma média de inflação superior ao anterior.
A inflação, que corrói os salários, especialmente dos mais pobres, está crescendo, isso é mérito - ou demérito - do atual governo.

No tocante à política externa, o governo brasileiro não só se alia aos piores do continente, como repassa nosso dinheiro para as maiores ditaduras do mundo, tanto na África, quanto por aqui mesmo nas Américas.

Enquanto o porto de Santos, maior porto do país, está um caos em filas, o atual governo vem financiando obras ao redor do mundo, como o porto de Mariel, em Cuba.
Porto que recebeu mais de R$1 bilhão do Brasil.
Estamos tão bem que podemos sair pelo mundo distribuindo bilhões?

Resumindo: O atual governo é corrupto e ineficiente. O Brasil melhorou nos últimos 12 anos, mas todo o mundo também melhorou, o mérito - ou demérito - do atual governo é que o Brasil foi um dos que menos melhorou.
Então, não importa o que o atual governo diga, se melhorou um pouco aqui, um pouco ali, se cresceu ali ou aqui, sabemos que não passa de uma ilusão, pois todo o mundo melhorou e o Brasil do atual governo está na LANTERNA do mundo.

2) Por que votar no Aécio?

Diferentemente do que o atual governo espalha por aí, que 2003 é o "divisor de águas", o "marco zero", o verdadeiro divisor de águas é o Plano Real, em 1994.
Sem dúvida há outros fatos relevantes, foram várias reformas, mas se for para pegar um grande marco, sem dúvida ele seria o Plano Real.
Foi o que tirou de vez o Brasil da década perdida dos anos 80.
Tanto que todo o processo de desenvolvimento dos últimos anos começa por ali. Há outros marcos, como a Lei de Responsabilidade Fiscal, de 2000. A cada nova reforma, mais confiança o mundo tinha para investir no Brasil.

Aécio vem falando justamente em retomar as reformas que colocaram o Brasil nos trilhos.

Reforma Administrativa:
Redução de Ministérios, redução do desperdício com cargos comissionados e sobreposições administrativas.
Ministério dos Transportes, Ministério das Cidades, Ministério da Integração, todos os ministérios de infraestrutura se tornarão apenas um único ministério: O Ministério da Infraestrutura.
Ministério da Pesca, pra que?
Ministério da Agricultura e outro Ministério do Desenvolvimento Agrário, pra que?
Ministério do Planejamento e outro Ministério para Assuntos Estratégicos, pra que?
É muita estrutura sobreposta, é muito cargo comissionado, é muito desperdício, é muita corrupção.

Meritocracia no serviço público:
Mérito para escolher os Diretores das Agências Reguladoras e das empresas públicas, como a Petrobras, dando preferência para os funcionários das carreiras, que além de terem conhecimento mais aprofundado, tem mais experiência na organização.
A remuneração também se tornaria mais meritocrática.
Hoje há um foco na igualdade no serviço público. Não importa se você trabalha ou não trabalha, se é esforçado ou não, a remuneração é a mesma. Isso é um incentivo à acomodação e à morosidade.

Economia:
Inflação: Diminuição da meta de de inflação para 3%, ao invés de 4,5% que, na realidade, é 6,5% do atual governo, corroendo os salários do trabalhador brasileiro.
Responsabilidade Fiscal: O governo atual gasta muito mais do que arrecada, aumentando descontroladamente a dívida pública. O rombo do atual governo deve ficar acima dos R$500 bilhões. Tudo isso se tornando mais dívida e mais juros a serem pagos ano após ano e posteriormente, claro, mais impostos. Aécio propõe a volta da responsabilidade fiscal, inaugurada na história brasileira justamente com a Lei de Responsabilidade Fiscal, em 2000, no governo FHC.

Horizontalização: O atual governo vive de subsidiar a todos. Dá uma bolsa para uns, um BNDES para outros, um Banco do Brasil, ou uma CAIXA para outros, uma isenção fiscal aqui, outra ali, isso cria uma série de privilégios na sociedade, privilégios estes que são ineficientes, geram altíssimos custos e são extremamente injustos, pois trata uns pior que outros.
Aécio propõe a horizontalização, ou seja, uma reforma que trate toda a economia com maior igualdade, melhorando para todos, não apenas para quem recebeu determinado privilégio.

Um exemplo?

Reforma Tributária:
Simplificação da legislação, hoje completamente insana.
O Brasil tem dezenas de impostos, difíceis e burocráticos de se pagar.
Anualmente, as empresas brasileiras perdem mais de 2600 horas apenas para pagar impostos. No Brasil os impostos não apenas são altos, como complexos, o que gera uma enorme perda para a sociedade.

No relatório do "Doing Business" que mede como é fazer negócios num país, o Brasil amarga a 116 posição, após 12 anos do atual governo.

Após 12 anos do atual governo, o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Brasil, principal índice mundial sobre desenvolvimento, continua pessimamente ranqueado.

Estamos em 79º.

Muito atrás de vizinhos como Chile, Panamá, Uruguai, estamos atrás até de Argentina e Venezuela.
Ainda pior é que, após 12 anos do atual governo, ainda estamos atrás de Azerbaijão, Cazaquistão, Omã, Líbia, Jordânia e Irã.

O Brasil do atual governo é um Brasil que não se compara a Alemanha, Inglaterra, Suíça, Estados Unidos, países que todos tem a consciência de que acertaram muitas coisas ao longo da história, mas o Brasil do atual governo é um Brasil pior que Azerbaijão, Cazaquistão, Jordânia e Irã.
É isso que dizem os principais rankings internacionais.

Quer mudar isso? Eu quero. Por isso votarei em Aécio Neves.

#MudaBrasil

Fontes:

Petrobras endividada
http://economia.estadao.com.br/noticias/geral,petrobras-e-a-empresa-com-mais-dividas-no-mundo-imp-,1087347

BNDES
http://rgellery.blogspot.com.br/2013/08/desembolsos-do-bndes-e-investimento.html

BRIC
http://www.cepal.org/publicaciones/xml/7/39967/o_brasil_e_os_demais_brics.pdf

América do Sul e Latina
http://www1.folha.uol.com.br/mercado/1209277-crescimento-do-pib-nos-tres-primeiros-anos-de-dilma-sera-o-menor-da-regiao.shtml

http://oglobo.globo.com/economia/na-america-latina-brasil-sera-um-dos-paises-com-menor-crescimento-economico-este-ano-12152798

Filas em Santos
http://economia.estadao.com.br/noticias/geral,inicio-da-safra-ja-provoca-filas-no-porto-de-santos-imp-,1131871

Porto de Mariel
http://internacional.estadao.com.br/noticias/geral,dilma-inaugura-em-cuba-porto-financiado-pelo-bndes,1123400

Inflação
http://rgellery.blogspot.com.br/2014/09/governo-dilma-e-o-primeiro-aumentar.html

Rombo governo Dilma
http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/economia/2013/11/09/internas_economia,397967/rombo-no-governo-da-presidente-dilma-sera-de-r-534-bilhoes.shtml

Horas para se pagar impostos
http://www.impostometro.com.br/noticias/empresas-brasileiras-gastam-2600-horas-por-ano-pagando-impostos

Doing Business
http://portugues.doingbusiness.org/data/exploreeconomies/brazil/

IDH
http://noticias.uol.com.br/infograficos/2014/07/22/brasil-fica-em-79-no-ranking-mundial-de-idh-veja-resultado-de-todos-os-paises.htm





RBPI: sempre na vanguarda da producao brasileira em RI

Mais uma excelente contribuicao para o conhecimento do estado da arte em RI no Brasil, nesta revista dirigida pelo dedicado editor Antonio Carlos Lessa.
   
Edição da Revista Brasileira de Política Internacional traz contribuições sobre Atlântico Sul e Direito do Mar, por Antônio Carlos Lessa
by Coordenação

A edição 1/2014 (Vol. 57 - No. 1) da Revista Brasileira de Política Internacional - RBPI, disponível na Coleção Scielo Brasil, traz um painel complexo e exemplar da diversidade dos grandes temas da política internacional contemporânea, em diferentes perspectivas.

Adriana Erthal Abdenur e Danilo Marcondes de Souza Neto analisam, no artigo “O Brasil e a cooperação em defesa: a construção de uma identidade regional no Atlântico Sul”, as feições gerais da cooperação que o Brasil vem desenvolvendo no Atlântico Sul. Em sua argumentação, os autores procuram demonstrar que o Brasil , vem desempenhando o papel de region-builder na construção de uma identidade sul-atlântica com posição de destaque para si, em que pese o fato de que esses esforços passaram recentemente a ser contestados por outros atores de dentro e fora da região.

No artigo “As medidas de confiança no Conselho de Defesa Sul-americano (CDS): análise dos gastos em Defesa (2009-2012)” Héctor Luis Saint-Pierre e Alberto Montoya Correa Palacios Junior argumentam verificam que na América do Sul, a folha de pagamento de pessoal e encargos previdenciários  na área de Defesa consumiram 60% do total dos gastos entre 2006 e 2010, enquanto as pesquisas em tecnologia apenas 0,5%. Esse diagnóstico aponta para a necessidade de modernização das Forças Armadas e dos Ministérios da Defesa da região, sobretudo uma racional e equalizada distribuição dos gastos.

As características da inserção internacional do Brasil contemporâneo e participação do país no desenvolvimento da crise constitucional de Honduras e da crise nuclear iraniana são o tema do artigo “From Tegucigalpa to Teheran: Brazil's diplomacy as an emerging Western country”, de autoria de Marcelo de Almeida Medeiros, Andrea Quirino Steiner e de Rafael Mesquita de Souza Lima.

Marta Regina Fernandez Y Garcia Moreno analisa no artigo “Discursos em disputa: uma leitura alternativa acerca dos dilemas da ação internacional na Somália durante a década de 1990” os dilemas enfrentados pelos atores internacionais nas operações de paz levadas a cabo na Somália na década de 1990, buscando evidenciar as narrativas divergentes articuladas pelos Estados Unidos e pelas Nações Unidas vis-à-vis o "Outro" somali.

Em “A harder edge: reframing Brazil's power relation with Africa”, Pedro Seabra argumenta que a política africana do Brasil ao longo da última década tem sido explicada em grande parte como uma tentativa de melhorar o diálogo político, aumentar as interações econômicas e fornecer assistência de cooperação técnica. Entretanto, argumenta que esse arcabouço não representa suficientemente o uso de recursos materiais para atingir metas estratégicas mais difíceis para o continente.

Shiguenoli Miyamoto e Paulo Daniel Watanabe, em “Towards an uncertain future? The strengthening of Japan's autonomy in Asia-Pacific” discutem dois cenários possíveis para a ação do Japão com relação às ilhas Pinnacle/Senkaku/Diaoyu, considerando as peculiaridades da sua estratégia de fortalecimento político e militar na Ásia, mas especialmente tendo em conta o desenvolvimento militar da China.

Em “Considerations about the recommendations of the Commission on the Limits of the Continental Shelf on the Amazon fan”, Rodrigo Fernandes More discute os principais aspectos legais e técnicos da controvérsia sobre o Cone do Amazonas, constante da proposta para o limite exterior da plataforma continental brasileira feita pelo país em 2004  à Comissão de Limites da Plataforma Continental (CLPC).

Danielly Silva Ramos Becard e Bruno Vieira de Macedo em “Chinese multinational corporations in Brazil: strategies and implications in energy and telecom sectors” analisam as estratégias das empresas chinesas que atuam nos setores brasileiros de energia e de telecomunicações nos últimos dez anos. Buscam também verificar se tais estratégias estariam levando a um aumento das assimetrias entre o Brasil e a China.

Em “Exploring the interplay between Framing and Securitization theory: the case of the Arab Spring protests in Bahrain”, Vânia Carvalho Pinto aborda a integração teórica entre a teoria da securitização e a abordagem de enquadramento, resultando num conjunto de critérios chamado de enquadramento de segurança. A autora aprofunda a sua discussão estudando o caso da intervenção militar  feita em 2011 pelo Conselho de Cooperação do Golfo em 2011 em Bahrain.

A identificação dos diferentes tipos de política revisionista, e das suas gradações, desenvolvidos pelos governos progressistas da América do Sul em relação aos Estados Unidos ao longo dos últimos anos é o tema do artigo “Revisionismos de relações com os Estados Unidos e suas variáveis nos governos progressistas da América do Sul”, de Leonardo Valente Monteiro. O autor toma como ponto de partida conceitos fundamentais para o melhor entendimento sobre o comportamento dos países da região em relação à grande potência: "revisionismo periférico", de Cesar Guimarães, e "confrontação autônoma" e "confrontação antagônica", ambos de Helio Jaguaribe. A partir dos desdobramentos desses conceitos se desenvolveu um modelo teórico com diferentes tipos de revisionismos periféricos, o que permitiu uma espécie de sintonia fina de classificações das políticas externas do período.

Cristiane de Andrade Lucena Carneiro analisa no artigo “Economic sanctions and human rights: an analysis of competing enforcement strategies in Latin America”  as consequências das sanções para a proteção dos direitos humanos na América Latina. A literatura sobre sanções econômicas e sobre cumprimento orienta três hipóteses, que investigam a relação entre sanções econômicas e o nível de proteção aos direitos humanos em dois grupos de países: aqueles que foram objeto de sanções e aqueles que não sofreram sanções. Com base em dados da Political Terror Scale (Escala de Terror Político) e da Freedom House, a autora encontrou evidência empírica de que sanções melhoram o nível de proteção em países que não foram objeto dessa forma de pressão econômica. Esse resultado pode ser explicado pelo efeito inibidor atribuído às sanções econômicas pela literatura sobre cumprimento. A presença de uma sanção em um dado ano aumenta a probabilidade de se observar melhores práticas de direitos humanos em quase 50%.

Mais tradicional publicação científica brasileira de relações internacionais, a Revista Brasileira de Política Internacional - RBPI circula ininterruptamente desde 1958. A RBPI é editada desde sempre pelo Instituto Brasileiro de Relações Internacionais - IBRI e publica artigos em português e inglês sobre Política Internacional, História das Relações Internacionais, Economia Internacional, Direito Internacional e questões conexas. A Revista, publicada em acesso aberto no Scielo desde 2007, também circula em formato impresso.

Para ler os artigos, acesse:
ABDENUR, Adriana Erthal  e  SOUZA NETO, Danilo Marcondes de. O Brasil e a cooperação em defesa: a construção de uma identidade regional no Atlântico Sul.Rev. bras. polít. int. [online]. 2014, vol.57, n.1 [citado  2014-08-19], pp. 05-21 . Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-73292014000100005&lng=pt&nrm=iso&gt;. ISSN 0034-7329.  http://dx.doi.org/10.1590/0034-7329201400101.
SAINT-PIERRE, Héctor Luis  e  PALACIOS JUNIOR, Alberto Montoya Correa. As medidas de confiança no Conselho de Defesa Sul-americano (CDS): análise dos gastos em Defesa (2009-2012). Rev. bras. polít. int. [online]. 2014, vol.57, n.1 [citado  2014-08-19], pp. 22-39 . Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-73292014000100022&lng=pt&nrm=iso&gt;. ISSN 0034-7329.  http://dx.doi.org/10.1590/0034-7329201400102.
STEINER, Andrea Quirino; MEDEIROS, Marcelo de Almeida  e  LIMA, Rafael Mesquita de Souza. From Tegucigalpa to Teheran: Brazil's diplomacy as an emerging Western country. Rev. bras. polít. int. [online]. 2014, vol.57, n.1 [citado  2014-08-19], pp. 40-58 . Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-73292014000100040&lng=pt&nrm=iso&gt;. ISSN 0034-7329.  http://dx.doi.org/10.1590/0034-7329201400103.
MORENO, Marta Regina Fernandez Y Garcia. Discursos em disputa: uma leitura alternativa acerca dos dilemas da ação internacional na Somália durante a década de 1990. Rev. bras. polít. int. [online]. 2014, vol.57, n.1 [citado  2014-08-19], pp. 59-76 . Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-73292014000100059&lng=pt&nrm=iso&gt;. ISSN 0034-7329.  http://dx.doi.org/10.1590/0034-7329201400104.
SEABRA, Pedro. A harder edge: reframing Brazil's power relation with Africa . Rev. bras. polít. int. [online]. 2014, vol.57, n.1 [citado  2014-08-19], pp. 77-97 . Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-73292014000100077&lng=pt&nrm=iso&gt;. ISSN 0034-7329.  http://dx.doi.org/10.1590/0034-7329201400105.
MIYAMOTO, Shiguenoli  e  WATANABE, Paulo Daniel. Towards an uncertain future? The strengthening of Japan's autonomy in Asia-Pacific. Rev. bras. polít. int. [online]. 2014, vol.57, n.1 [citado  2014-08-19], pp. 98-116 . Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-73292014000100098&lng=pt&nrm=iso&gt;. ISSN 0034-7329.  http://dx.doi.org/10.1590/0034-7329201400106.
MORE, Rodrigo Fernandes. Considerations about the recommendations of the Commission on the Limits of the Continental Shelf on the Amazon fan. Rev. bras. polít. int. [online]. 2014, vol.57, n.1 [citado  2014-08-19], pp. 117-142 . Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-73292014000100117&lng=pt&nrm=iso&gt;. ISSN 0034-7329.  http://dx.doi.org/10.1590/0034-7329201400107.
BECARD, Danielly Silva Ramos  e  MACEDO, Bruno Vieira de. Chinese multinational corporations in Brazil: strategies and implications in energy and telecom sectors. Rev. bras. polít. int. [online]. 2014, vol.57, n.1 [citado  2014-08-19], pp. 143-161 . Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-73292014000100143&lng=pt&nrm=iso&gt;. ISSN 0034-7329.  http://dx.doi.org/10.1590/0034-7329201400108.
PINTO, Vânia Carvalho. Exploring the interplay between Framing and Securitization theory: the case of the Arab Spring protests in Bahrain. Rev. bras. polít. int. [online]. 2014, vol.57, n.1 [citado  2014-08-19], pp. 162-176 . Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-73292014000100162&lng=pt&nrm=iso&gt;. ISSN 0034-7329.  http://dx.doi.org/10.1590/0034-7329201400109.
MONTEIRO, Leonardo Valente. Revisionismos de relações com os Estados Unidos e suas variáveis nos governos progressistas da América do Sul. Rev. bras. polít. int.[online]. 2014, vol.57, n.1 [citado  2014-08-19], pp. 177-196 . Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-73292014000100177&lng=pt&nrm=iso&gt;. ISSN 0034-7329.  http://dx.doi.org/10.1590/0034-7329201400110.
CARNEIRO, Cristiane de Andrade Lucena. Economic sanctions and human rights: an analysis of competing enforcement strategies in Latin America. Rev. bras. polít. int.[online]. 2014, vol.57, n.1 [citado  2014-08-19], pp. 197-215 . Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-73292014000100197&lng=pt&nrm=iso&gt;. ISSN 0034-7329.  http://dx.doi.org/10.1590/0034-7329201400111.
Antônio Carlos Lessa, professor do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília - iREL-UnB, é editor da Revista Brasileira de Política Internacional - RBPI (aclessa@gmail.com)

Energia: nuclear vitima do politicamente correto na Alemanha

EUROPA

 

 The costly muddle of German energy policy

Editorial Financial Times, October 6, 2014


Merkel’s decision to phase out nuclear power has been a huge mistake


Angela Merkel has long been admired as Europe’s most sure-footed politician, one who has helped Germany take its place as the EU’s economic powerhouse. But not all the German chancellor’s domestic policy decisions have been without fault. As her country’s economy shows signs of faltering, a spotlight should be thrown on what is arguably the most ill-judged decision of her eight years in office: the phasing out of nuclear power from Germany’s energy mix.

For decades, the German people have been among the world’s most environmentally conscious. The strongest sign of this has been the commitment of successive governments to Energiewende – or “energy change” – designed to make the economy predominantly dependent on renewable sources such as wind and solar power. Renewables today account for 23 per cent of electricity production, a figure set to rise to 65 per cent by 2035.

This emphasis places burdens on households and businesses. The cost of the subsidies offered by the German government to green energy producers is passed on to consumers. Domestic energy bills are 48 per cent higher in Germany than the European average. Germany’s Mittelstand companies are even worse off. Their costs are twice the level facing their US rivals, many of whom benefit from cheap shale gas. As the economy slows, this is a price that Germany can ill afford.

Scrapping the country’s nuclear power stations will make an already difficult situation even worse. Ms Merkel took the decision following the 2011 nuclear accident at Fukushima. Bowing to voters’ concerns, she abandoned her usual caution and acted hastily. But there have been two big costs for German energy policy.

First, the closure of those reactors means Germany is burning more coal to meet its energy needs. Because the electricity generated from solar and wind sources is intermittent, Germany would always have been forced to rely on fossil fuels to provide back-up. But removing nuclear power, which accounts for nearly a quarter of electricity generation, means coal consumption has soared. Germany will end up opening nine coal power plants between 2010 and 2015. Last year, its coal-based electricity production rose to its highest level since 1990.

Second, Germany’s anti-nuclear policy makes it ever more reliant on imports of Russian natural gas. Rising tensions with Russia over Ukraine makes this an uncomfortable position. If Germany and its allies are to stand up to President Vladimir Putin’s aggression they need to make themselves less dependent on Russian gas. By hollowing out nuclear energy production, Ms Merkel makes this harder to achieve.

Germany is unlikely to change this policy soon. Although the Green party does not form part of the ruling coalition, popular sentiment on environmental issues remains intense across the country. The recollection of the nuclear accident at Chernobyl in 1986 haunted many older German voters. But Germans need to engage in a more honest debate on the issue.

The paradoxes of Germany’s energy policy are impossible to ignore. This is a country committed to reducing CO2 emissions but which is building more coal power stations. It does not see much of the sun but has pinned much of its future on solar power. It is closing down its well-run nuclear power plants yet relies on nuclear energy imports from neighbouring France.

Ms Merkel may still be Europe’s most powerful politician. But on energy policy, she has saddled her country with a costly muddle and needs to rethink Germany’s approach.