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terça-feira, 24 de março de 2015

Corrupcao: governo corrupto finge que combate - Modesto Carvalhosa

O patético e farsesco pacote anti-corrupção do governo
O jurista Modesto Carvalhosa publicou ontem no Estadão um artigo em que desmonta o pacote anticorrupção proposto por Dilma. De fato, ninguém acredita que um governo beneficiado pela corrupção se transforme, de repente, no "combatente do mal que ele mesmo pratica diariamente":

As medidas de combate à corrupção anunciadas pela presidente da República dia 18 aprofundam ainda mais a falta de credibilidade do governo, tanto no plano nacional quanto no exterior. Em decorrência da devastadora corrupção que se alastrou no governo federal, o Brasil, outrora país emergente, hoje sofre um desprestígio no mundo parecido com os tempos da inflação galopante e dos calotes internacionais dos anos 1980.
O pacote anticorrupção, solenemente anunciado pela presidente, insere-se nesse quadro melancólico, pois não é crível que um governo marcado e devastado pela prática generalizada de apropriação de recursos públicos em benefício dos partidos no poder venha, agora, colocar-se na posição de combatente do mal que ele mesmo diariamente pratica.
Nesse quadro patético, as propostas legislativas são mais do mesmo, pois o crime do caixa 2 está previsto no vigente Código Eleitoral, de 1965, no artigo 350. Quanto ao dramático confisco de bens dos corruptos, a matéria está plenamente contemplada na lei vigente de Improbidade Administrativa, de 1992, artigos 9.º, 12 e 16. As demais "providências" legislativas da presidente são objeto de projetos de lei em curso no Congresso, razão pela qual nada de novo foi traduzido pelo alardeado pacote.
Quanto ao decreto que "regulamenta" a Lei Anticorrupção, ressalta desde logo tratar-se de um monstrengo que visa, sob todas as formas possíveis, a promover a anistia ampla, geral e irrestrita das empreiteiras e fornecedoras envolvidas na Operação Lava Jato, procurando mesmo imunizá-las a qualquer outra conduta corruptiva que tenham praticado fora do âmbito da Petrobrás e ainda não reveladas. Assim, o atual governo, na esteira dos três últimos que o precederam, demonstra que no Brasil ainda impera a república das empreiteiras, embora estas já estejam muito combalidas, em decorrência da firme atuação da Polícia Federal, do Ministério Público, da Justiça Federal, do STJ e do STF.
O referido "decreto regulamentador" da Presidência demonstra, às escancaras, a firme determinação do governo de proteger as empresas que com ele contratam, mantendo os mesmos termos viciados no futuro. Ao invés de concentrar a competência de processar as referidas empresas corruptas na Controladoria-Geral da União, o decreto outorga esse poder aos ministros do Estado (pasmem!), que são, desde 2003, os principais atores da prática de corrupção no Brasil. Só do último governo três deles estão sob investigação no STF e dez outros já haviam sido flagrados em atos de corrupção, só no ano de 2011. São essas as "autoridades" que vão processar as empreiteiras. Pode-se imaginar o nível de corrupção que vai surgir dessa "competência ministerial".
Será um novo núcleo de propinas, de tráfico de influência, de advocacia administrativa e de prevaricação. Surge um novo negócio de corrupção jamais imaginado, para grande proveito dos titulares de 39 pastas e dos partidos que os indicaram.
Não bastasse, a eventual condenação das empreiteiras pelo "ministro competente" pode ser objeto de "reconsideração" com efeito suspensivo, o que encarece ainda mais o comércio de favores ilícitos que será gerado por essa instância administrativa. A Lei Anticorrupção não fala de instância de reconsideração.
Também o decreto presidencial de 18/3 cria a figura da "investigação preliminar sigilosa", anterior à instalação do chamado Processo Administrativo de Responsabilização. Eis aí outro foco de corrupção, pois de suas conclusões secretas pode decorrer o arquivamento do pedido de instalação do processo. Esse novo produto de corrupção obviamente não está previsto na Lei Anticorrupção de 2013 que a presidente resolveu agora "regulamentar". Essa lei, aliás, não comporta nenhuma regulamentação, na medida em que é autoaplicável a partir de 29/1/2014, abrangendo todos os crimes continuados de corrupção, caso dos listados na Lava Jato.
Mas não para aí o "regulamento presidencial". Em cinco artigos propositadamente confusos, o diploma do Executivo limita a multa a 5% sobre o faturamento do último exercício das empresas corruptas. A Lei Anticorrupção, todavia, fala em até 20%. Derroga, portanto, o "ato presidencial" a Lei Anticorrupção também nesse aspecto.
Ademais, os cálculos de aplicação dessas multas com teto quatro vezes reduzido são propositadamente de alta complexidade para permitir que as empreiteiras consigam suspender e, em seguida, anular no Judiciário as decisões condenatórias que muito raramente os ilibados ministros de Estado lhes aplicarão.
Outro aspecto absurdo do "regulamento presidencial" é a tentativa de alijamento do Ministério Púbico das iniciativas de responsabilizar judicialmente as empresas corruptas, buscando outorgar essa competência de propositura de ação civil pública de reparação de danos a órgãos jurídicos da própria administração federal. Essa tentativa é risível.
Inúmeras outras manobras de absolvição plena das empreiteiras estão espalhadas ao longo texto do decreto de 19 de março. Por outro lado, o próprio decreto reproduz a impossibilidade de firmar acordos de leniência a não ser com a primeira empreiteira componente do cartel que opera na Petrobrás. Diante desse impasse, socorre-se o decreto do regime de conformidade (compliance), que é um dos fatores que passam a propiciar a anistia das empreiteiras. Se elas instituírem o regime de conformidade poderão, inclusive, ser absolvidas sem o pagamento de nenhuma multa, o que é absolutamente contrário ao texto da Lei Anticorrupção. Seria como alguém que praticou latrocínio deixar de ser condenado a 30 anos de prisão só porque fez profissão de fé numa igreja pentecostal prometendo seguir, a partir de agora, os ensinamentos da Bíblia Sagrada.
Por todo esse absurdo, a cidadania pede socorro ao Ministério Público para que requeira imediatamente ao Judiciário a anulação desse regulamento espúrio que procura derrogar, revogar, neutralizar e tornar letra morta a Lei Anticorrupção.

A caminho do impeachment: maioria da populacao a favor; e agora oposicao?

Para registro histórico, este realmente importante, pois pela primeira vez uma clara maioria da população se declara a favor do impeachment.
Seria preciso tomar partido, não é oposição?
Paulo Roberto de Almeida

Folha de S.Paulo, 23/03/2015


A avaliação do governo da presidente Dilma Rousseff atingiu em março deste ano o segundo pior nível histórico, segundo pesquisa CNT/MDA divulgada nesta segunda-feira (23). No total, 64,8% dos entrevistados consideram o governo da petista ruim ou péssimo, contra 10,8% que o avaliam como ótimo ou bom. Outros 23,6% consideram que o governo Dilma Rousseff é regular e 0,8% não sabem ou não responderam. Em relação a um eventual pedido de impeachment de Dilma, 59,7% responderam ser favoráveis e 34,7%, contrários. Outros 5,6% não sabem ou não responderam. O pior índice registrado pela pesquisa foi em setembro de 1999, no segundo mandato do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Na época, o governo do tucano foi avaliado positivamente por apenas 8% dos entrevistados e 65% fizeram avaliação negativa de sua gestão.

A pesquisa também mostra que a avaliação pessoal da presidente é a pior da série histórica da CNT/MDA. Entre os entrevistados, 77,7% desaprovam a presidente, contra 18,9% que a aprovam. Outros 3,4% não sabem ou não responderam. A pesquisa começou a ser realizada em julho de 1998. A última pesquisa CNT/MDA que fez a avaliação do governo Dilma Rousseff foi realizada em setembro de 2014, antes das eleições que reelegeram a petista. Na época, o governo Dilma foi avaliado de forma positiva por 41% dos entrevistados, contra 24% que fizeram avaliação negativa. A pesquisa realizou 2002 entrevistas entre os dias 16 e 19 de março, logo após os protestos contrários ao governo federal, em 137 municípios de 25 Estados. A margem de erro é de 2,2 pontos percentuais.

SEGUNDO MANDATO
O levantamento aponta que 75,4% dos entrevistados consideram o segundo mandato de Dilma pior que o primeiro, enquanto 2,8% o avaliam como melhor e 16,4% o consideram igual. Outros 4,4% acham não ser possível fazer essa avaliação e 1% não sabem ou não responderam. Segundo a pesquisa, 84% dos entrevistados consideram que Dilma não cumpre em seu segundo mandato o que prometeu durante a campanha eleitoral. Outros 4,7% consideram que ela cumpre suas promessas, 12,9% avaliam que as promessas são cumpridas parcialmente e 1,4% não sabem ou não responderam. O levantamento também questionou os eleitores sobre uma eventual disputa para a presidência da República neste momento entre Dilma e senador Aécio Neves (PSDB-MG). O tucano seria eleito com 55,7% dos votos contra 16,6% recebidos por Dilma. Os brancos e nulos somaram 22,3% e 5,4% não sabem ou não responderam. Entre os entrevistados, 41,6% declararam ter votado em Dilma nas eleições de outubro do ano passado contra 37,8% que votaram em Aécio. Outros 10,8% afirmaram ter votado em branco ou nulo, 8,7% não votaram e 1,1% não lembram ou não responderam. A pesquisa também perguntou aos eleitores se o governo Aécio Neves estaria melhor que o de Dilma Rousseff neste momento, caso o tucano tivesse sido eleito em outubro. No total, 38% dos entrevistados consideram que estaria melhor, contra 32,6% que consideram igual e 17,4% que acham que a gestão do tucano seria pior. Os que não responderam ou não sabem somam 1,2%.

PETROBRAS
Em relação às denúncias de corrupção da Petrobras, 68,9% dos entrevistados consideram que Dilma é culpada pelo esquema de desvio de recursos na estatal, contra 23,7% que não têm essa avaliação. Outros 7,4% não sabem ou não responderam. O ex-presidente Lula também é considerado culpado pelas irregularidades na estatal por 67,9% dos entrevistados, contra 23,7% que discordam. A pesquisa mostra que 75,7% dos entrevistados sabem da lista dos políticos que teriam envolvimento com o escândalo de corrupção na Petrobras. No total, 90,1% dos entrevistados consideram que os citados na lista estão envolvidos nas irregularidades, mas 65,7% acreditam que não serão punidos. Apenas 28,4% dos entrevistados acreditam em punições aos culpados. Segundo o levantamento, 83,2% dos entrevistados apoiam as manifestações contra o governo realizadas no dia 15 de março e 15,7% são contrários. Mas apenas 3,9% responderam ter participado dos protestos, contra 96,1% que não estiveram presentes.

CRISE
A pesquisa mostra que 53,9% dos entrevistados consideram que a reforma política vai ajudar, pelo menos em parte, para resolver a crise política do país. Outros 33,2% não acreditam na reforma como solução e 12,9% não sabem ou não responderam. Metade dos entrevistados apontaram a corrupção como maior desafio do governo federal, seguido por saúde (37,1%) e economia (29,3%). Em relação à crise econômica, 66,9% consideram que as medidas adotadas pelo governo federal não vão solucionar os problemas no campo econômico e 25,2% são otimistas em relação ao resultados das medidas. No total, 92,8% dos entrevistados responderam estar preocupados com a crise na economia do país. O tempo para resolver a crise será de longo prazo (3 a 4 anos) segundo 51% dos entrevistados, enquanto 10,7% acham que será solucionada em um ano. O levantamento aponta que 82,9% dos entrevistados consideram que Dilma não sabe lidar com a crise, contra 13,8% que pensam o contrário. Outros 3,3% não sabem ou não responderam. 

segunda-feira, 23 de março de 2015

Corrupcao petralha: com a palavra o TSE ( que deveria aplicar a lei)

A questão é muito simples: o TSE precisa aplicar a lei, certo?
Por enquanto, o juiz está apenas pedindo os comprovantes de "doações" ao partido totalitário, que eu chamaria de extorsões.
Os dados estão rolando...
Paulo Roberto de Almeida


Empresário entrega recibos da propina paga ao PT

Augusto Mendonça Neto, sócio do grupo Toyo Setal, entregou comprovantes de doações partidárias que ocultavam suborno. Ele repassou 4,2 milhões de reais ao partido


Por: Daniel Haidar - Atualizado em 

Recibo de doação PEM Engenharia Ltda ao Partido dos Trabalhadores em 2010
Recibo de doação PEM Engenharia Ltda, uma das empresas de Augusto Mendonça Neto, ao Partido dos Trabalhadores em 2010(VEJA.com/Reprodução)

Comprovantes de transferências bancárias e recibos de doações eleitorais são algumas das provas do Ministério Público para demonstrar como o tesoureiro nacional do PT, João Vaccari Neto, cobrou propina de fornecedores da Petrobras. O suborno era liberado na forma de contribuições partidárias, como revelou o empresário Augusto Mendonça Neto, sócio do grupo Toyo Setal. Com base no depoimento de Mendonça Neto, que fechou acordo de delação premiada, o Ministério Público sustenta que o empresário e comparsas desviavam dinheiro da Petrobras para contas bancárias do PT, com a cobrança e o conhecimento do tesoureiro do partido.

Mendonça Neto apresentou à Justiça recibos e comprovantes de pagamentos como prova. Apenas o empresário fez 4,2 milhões de reais em doações que, na verdade, eram oriundos do propinoduto da Petrobras. Foram 24 repasses por empresas controladas por ele em dezoito meses, no período de 2008 a 2012. Por exigência do acordo de delação premiada fechado com o Ministério Público, o empresário entregou aos investigadores os recebos dos pagamentos.

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Vaccari e Renato Duque se tornam réus no petrolão

Moro libera transferência de 12 presos na Lava Jato para presídio

"O próprio Augusto Mendonça, em colaboração premiada, declarou que teria feito as doações em questão por solicitação de Renato Duque e que elas comporiam o acerto de propina com a Diretoria de Serviços", afirmou o juiz Sérgio Moro na decisão em que tornou Vaccari e outras 26 pessoas réus em ação penal por desvio de recursos da Diretoria de Serviços da Petrobras. "Portanto, a realização de doações eleitorais, ainda que registradas, com recursos provenientes de crime, configura, em tese, crime de lavagem de dinheiro", acrescentou Moro.

Os documentos foram anexados na segunda-feira passada à denúncia apresentada à 13ª Vara Federal do Paraná, contra Vaccari e outras 26 pessoas envolvidas no esquema de corrupção em contratos da Diretoria de Serviços da Petrobras. Nos recibos, é possível ver a assinatura de Ângela Silva, da Secretaria Nacional de Finanças do PT.

Não foi só a Toyo Setal que pagou propina na forma de doações ao PT. De acordo com o vice-presidente da construtora Camargo Corrêa, Eduardo Leite, a empresa também foi cobrada a pagar mais de 10 milhões de reais ao PT. O PP também recebia parte da propina na forma de doações oficiais, de acordo com o doleiro Alberto Youssef. Mesmo sem ocupar nenhum cargo no partido, Youssef chegava a cobrar executivos da Queiroz Galvão, por exemplo, a efetivar doações para o partido.

O juiz cobrou do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para que apresente, se possível em 15 dias, informações sobre doações feitas pelas empresas de Augusto Mendonça Neto (Setal Óleo e Gás, Setec, Projetec, Tipuana, PEM Engenharia e Energex).

Manifesto do Partido Coxinha - Reinaldo Azevedo

Algumas revoltas se tornaram famosas no Brasil. Há, por exemplo, a Guerra dos Mascates, que opôs, em 1710 e 1711, senhores de engenho de Olinda e comerciantes portugueses de Recife, chamados, pelos adversários, de “mascates”. Houve a “Revolta dos Alfaiates”, ou Conjuração Baiana, de 1798, um movimento de caráter emancipatório e republicano, influenciado pela Revolução Francesa. O país assistiu, em 1835, até a uma revolta que misturava a luta contra a escravidão com questão religiosa: a Revolta dos Malês, em Salvador, liderada por escravos muçulmanos. Cito apenas três movimentos entre muitos ocorridos no Brasil colonial ou já independente. Em 2015, nem mascates, nem alfaiates, nem malês! Assistimos, nestes dias, à inédita “Revolução dos Coxinhas”.

Não há por que fugir do rótulo. Ao contrário: que seja este um traço a unir os manifestantes. “Eu sou co-xi-nha/ com mui-to or-gu-lho/ com mui-to a-mo-or.”

O coxinha trabalha? Viva o coxinha!
O coxinha estuda? Viva o coxinha!
O coxinha gera os impostos que viram caridade pública? Viva o coxinha!
O coxinha não gosta que lhe batam a carteira? Viva o coxinha!
O coxinha quer pagar menos imposto? Viva o coxinha!
O coxinha é contra a violência? Viva o coxinha!
O coxinha é contra a depredação de patrimônio público? Viva o coxinha!
O coxinha é contra o ataque à propriedade privada? Viva o coxinha!

Os coxinhas, ao longo da história, fizeram a riqueza das nações. Geraram os excedentes que permitiram à humanidade ir além do reino da necessidade. Já os utopistas deram à luz todas as ideias que matam muitos milhões — de direita ou de esquerda. E antes ainda que essa terminologia pudesse ser empregada.

Atenção, meus caros! A Revolução dos Coxinhas — uma revolução sem armas — é hoje majoritária porque expressa a vontade da esmagadora maioria dos brasileiros. Mas ela também é contramajoritária porque é alvo da fúria dos aparelhos ideológicos e de pensamento dominados pelas esquerdas.

Onde é que os manifestantes, os “coxinhas”, mais apanham hoje em dia? Na academia, especialmente nas universidades públicas, que concentram a suposta elite intelectual do país. Também é grande o rancor contra os manifestantes em setores importantes da imprensa. Hoje, até jornalistas se dedicam a uma espécie de “caça às bruxas da direita”, que estariam estimulando os protestos.

E, no entanto, pergunto: que grande ofensa à democracia está nas ruas? Grupelhos sem nenhuma importância, que defendem um governo militar, são vaiados pelos coxinhas em cena aberta. O que as esquerdas não suportam é que muitos milhares, milhões talvez, possam ocupar o espaço público e pedir democracia e moralidade vestindo as cores nacionais, sem portar as tradicionais bandeiras vermelhas das esquerdas, que democráticas nunca foram porque a esquerda, a esquerda de verdade, nunca quis democracia — a menos que alguém me exiba um texto teórico em que um esquerdista autêntico defenda o regime democrático.

É a direta que está na rua? Aqui já se disse: são as pessoas direitas, inclusive as de direita — e com todo o direito de sê-lo, a menos que alguém me cite um fundamento da Constituição e das leis que evidenciem que as ruas são um monopólio das esquerdas.

Os que trabalham cansaram de ser governados por aqueles que só pensam em distribuir o fruto do esforço alheio. Uma distribuição que não busca fazer justiça social, mas alimentar um aparelho partidário que tenta se impor na base do grito e da trapaça — inclusive a eleitoral.

Os coxinhas vão hoje às ruas contra a pregação de intelectuais, contra a pregação dos aparelhos universitários, contra a pregação esquerdista de boa parte da imprensa — que o petismo ainda tem o topete de chamar de “golpista” para justificar o financiamento da pistolagem dos blogs sujos, confessado por um documento da Secom.

Esses tais coxinhas, em suma, formam hoje a maioria do povo brasileiro, mas são tratados como seres desprezíveis, crias do reacionarismo, ignorantes rematados que estariam preocupados apenas em proteger seus privilégios — como se a defesa do mérito e do esforço significasse uma agressão aos direitos humanos.

O dia 12 de abril vem por aí. Outro domingo! É que os coxinhas trabalham e estudam nos demais dias da semana. Não recebem pensão de partido. Não estão no comando de nenhuma ONG ligada à legenda. Não ocupam cargo público por indicação política. Não compõem a diretoria de aparelhos sindicais. Não vivem do leite de pata que alimenta os ditos movimentos sociais.

Dilma pode dar um murro na mesa e ordenar que os petistas façam seus milicianos enfiar a viola no saco, deixando a democracia correr livre, leve e solta, sem hostilidades desnecessárias. Ou pode deixar que os companheiros, mais uma vez, tenham a ideia asnal de promover seu “antiato” antes do ato. Nesse caso, quem sabe estimulem a reunião não de dois milhões de coxinhas, mas de quatro milhões…

O petista André Singer vê na rua a “nova direita” e diz tratar-se de uma “reação” ao lulismo. Entendo: ele não consegue pensar fora da camisa de força da dialética, a dama de honra de todo esquerdista errado. Singer ainda não aprendeu que, para que assim fosse, os que agora se manifestam precisariam ter construído uma “contrautopia” para se opor à do petismo. Ocorre que pessoas saudavelmente conservadoras — e os coxinhas são saudavelmente conservadores — não têm utopia nenhuma que não seja um governo eficiente, honesto e que não encha o seu saco.

O diabo é que o governo do PT não é eficiente, não é honesto e enche o saco! No mundo lulocêntrico de Singer, Lula cria até a sua própria contradição. Que coisa triste!

Não sei quantas pessoas haverá nas ruas no dia 12. Não fiz previsões antes e não farei agora. Uma coisa eu sei: os coxinhas vieram para ficar. Contra a vontade da academia. Contra a vontade da imprensa esquerdizada. Contra a vontade dos que achavam que o assalto ao estado brasileiro coincidia com o fim da história e que nada mais de novo iria acontecer.

Vai acontecer. Já está acontecendo! Pra cima com a viga, coxinhas!

Texto publicado originalmente às 4h43

Anatomia do metodo mafioso: o patrimonialismo petralha - Reinaldo Azevedo

O lulo-petismo representou, para o Brasil, algo semelhante à descida para o primeiro círculo do inferno dantesco. Não estou exagerando: salvo os horrores do nazi-fascismo, com o seu cortejo de milícias trucidando opositores em plena luz do dia, nada de pior poderia ter acontecido com o Brasil do que essa dominação de assaltantes qualificados sobre as correias de transmissão do poder político.
A cidadania já despertou para o perigo, mas ainda não tem uma consciência concreta sobre os perigos que a rondam. Ela ainda não se convenceu de que estamos sendo governados por mafiosos.
O Congresso ainda está anestesiado, ou comprado, pelo poder do dinheiro. Só vai se mover se a cidadania sair em peso às ruas.
Daí a importância das próximas manifestações do dia 12 de Abril: o Brasil precisa expulsar os novos bárbaros do poder, do contrário se condenará a uma decadência tão profunda quanto a da Argentina.
Esta é uma comparação indevida, é uma ameaça?
Indevida, NÃO! Ameaça? SIM!
Acorde Brasil, vá para as ruas'
Paulo Roberto de Almeida

Informação que veio a público neste fim de semana desenha de maneira clara, insofismável e sem retoques a fuça e a face do patrimonialismo à moda petista. Para conferir especial colorido ao retrato, a personagem central da tela é ninguém menos do que José Dirceu, aquele que foi apontado pelo Ministério Público Federal como chefe da quadrilha do mensalão — um crime pelo qual acabou não sendo condenado pelo Supremo, como se sabe.

Pois bem: Dirceu está de volta ao centro da narrativa. Na semana passada, o juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba, tornou públicos os dados fornecidos pela Receita Federal sobre a JD Consultoria, a empresa do chefão petista. Sem nenhuma tradição na área, o empreendimento poderia figurar em qualquer lista de maiores e melhores, não é? O Zé conseguiu faturar R$ 29,2 milhões entre 2007 e 2003. Só em 2012, ano em que foi condenado, ganhou R$ 7 milhões; em 2013, ano em que ficou preso, R$ 4,2 milhões. Duvido que presidiário de qualquer outro ramo tenha ganhado tanto dinheiro em atividade lícita ou ilícita. Ele ainda acabará sendo acusado de concorrência desleal…

Segundo informou a http://www1.folha.uol.com.br/fsp/poder/212933-pagamentos-a-dirceu-eram-propina-dizem-empreiteiras.shtml Folha no domingo, o empreiteiro Ricardo Pessoa, da UTC Engenharia, confessou que o pagamento que fazia à “consultoria” de José Dirceu era descontado da comissão de 2% que pagava ao esquema criminoso, decorrente de seus contratos com a Petrobras. Outro representante da Camargo Correa afirmou que pagava pelos “serviços” do ex-ministro com receio de ser prejudicada nos negócios.

E chego, assim, então, ao ponto que me interessa. O que é o patrimonialismo senão a apropriação ilegal, promovida por uma elite perversa, do bem público, de sorte que os interesses privados, de uma minoria espoliadora, acabam se sobrepondo aos interesses coletivos? O que é o patrimonialismo senão a recusa dos valores republicanos e a negação, na prática, da democracia política?

Não! Isso não é novo por aqui. Há uma sólida literatura política sobre o tema em nosso país e sobre as várias feições que esse patrimonialismo pode assumir: nacionalismo fascistoide, populismo de direita, populismo de esquerda etc.

Em 2003, o assalto ao bem público para privilegiar uma casta ganhou uma nova feição. O patrimonialismo então se reciclava e expropriava, vejam a ousadia, também o discurso da reparação social. Isto mesmo: o modelo petista não assaltou apenas os cofres públicos. Roubou também o discurso da justiça social.

Sim, antes da chegada do PT ao poder, havia o coronelismo nordestino, ainda que com novo verniz. E continuou a existir depois do PT. Havia alguns nababos da indústria que se beneficiavam de protecionismos ou linhas especiais de crédito. Continuaram a existir depois do PT. Havia uns tantos medalhões do mercado financeiro que sempre souberam negociar o binômio estabilidade-títulos públicos. Continuaram a existir depois do PT.

O PT dito de esquerda soube negociar e compor com o velho patrimonialismo com impressionante destreza, mas tinha a sua própria agenda. Soube ser generoso com o velho sistema, mas começou a impor o novo patrimonialismo, que consiste em aquinhoar o aparelho partidário e suas franjas com, digamos, uma “taxa de sucesso”. É assim que a corrupção se generalizou e se tornou um método. É assim que empreiteiros — de perfil político certamente conservador — se tornaram os intermediários do assalto ao Estado promovido por um partido que se diz de esquerda.

E como é que Dirceu entra nessa história? Tanto no velho como no novo patrimonialismos, há espaço para esquemas individualizados, não é? Que Dirceu fosse uma potência no ramo da consultoria, isso VEJA já havia evidenciado em agosto de 2011, quando revelou que, mesmo processado pelo STF, ele mantinha em Brasília uma espécie de governo paralelo.

O centro clandestino de poder ocupava um quarto no hotel Naoum. A revista informou, então, que, em apenas três dias, entre 6 e 8 de julho de 2011, o homem  recebeu uma penca de poderosos. Prestem atenção a alguns nomes da lista de notáveis que foram beijar a mão do Zé, com os cargos que exerciam então: Fernando Pimentel, ministro da Indústria e Comércio; José Sérgio Gabrielli, presidente da Petrobras; e os senadores Walter Pinheiro (PT-BA); Lindbergh Farias (PT-RJ); Delcídio Amaral (PT-MS) e Eduardo Braga (PMDB-AM). Naquele ano, sua consultoria lhe rendeu R$ 4,7 milhões. No ano seguinte, no seu melhor, R$ 7 milhões.

O PT não prometeu mudar o Brasil? Mudou, ora essa! Antes, só as ditas elites tradicionais assaltavam o país. Com a chegada do partido ao poder, esse assalto passou a ser dividido com as novas elites.

domingo, 22 de março de 2015

Imperfeicoes de mercado e "perfeicoes" de governos: o que vc prefere? - Paulo Roberto de Almeida

A "revista mais completa do Brasil", Dom Total, publicou meu artigo do mês passado em que eu discuto essa questão dos mercados imperfeitos.
Para mim, eles são totalmente perfeitos: fazem sempre o que as pessoas que o movimentam querem que eles façam...
Paulo Roberto de Almeida

Colunas Paulo Roberto de Almeida

20/03/2015  |  domtotal.com

Imperfeições dos mercados ou “perfeições” dos governos?: quais são suas preferências

Não existem imperfeições de mercado, existem mercados, simplesmente.
O economista e professor da Universidade de Yale Robert Shiller – prêmio Nobel de Economia (2013) e autor do famoso Irrational Exuberance, já em sua terceira edição – publicou, nas páginas doNew York Times (8/02/2015), um artigo sobre “Ansiedade e taxas de juros”, no qual ele argumenta, em determinada passagem, que os mercados não são de fato eficientes, uma vez que tendem a amplificar as reações emocionais das pessoas (ver o original do artigo, “Anxiety and Interest Rates: How Uncertainty Is Weighing on Us”, neste link:http://www.nytimes.com/2015/02/08/upshot/anxiety-and-interest-rates-how-uncertainty-is-weighing-on-us.html?emc=edit_tnt_20150207&nlid=13125452&tntemail0=y&_r=0&abt=0002&abg=1).
A intenção de Shiller não era exatamente a de lançar invectivas contra uma tal de “lógica do mercado”, como fazem certos neófitos, ou de sequer fornecer argumentos aos que se revoltam contra a “ditadura dos mercados”, como também fazem muito frequentemente todos aqueles que não entendem nada de mercados. Ele estava apenas chamando a atenção para a reação exagerada das pessoas em face de determinadas inversões de tendência dos mercados, o que parece absolutamente normal
Nem os agentes tradicionais de mercado nem os simples cidadãos – que entram e saem dos mercados para conduzir uma operação qualquer – dispõem de todas as informações em volume e na qualidade necessários para tomar suas decisões da melhor forma possível, com total domínio sobre os fatos e amplo conhecimento de causa. Sempre persistem zonas de sombra, quando não áreas inteiras cinzentas, e até territórios obscuros, que induzem esses agentes e os particulares a tomarem decisões erradas, a enveredar por caminhos perigosos, abrindo assim a janela para a formação de bolhas especulativas, ou à simples depreciação de seus ativos, apostando nas ações ou nas moedas “erradas”. Tais fatos, ou movimentos, acontecem, e seria incongruente colocar a culpa nos mercados, que apenas se movimentam sob o impulso de nossas próprias decisões, individuais ou coletivas.
Desde quando comecei a aprender um pouco de economia – bem mais nos cadernos especializados dos grandes jornais do que na leitura dos manuais acadêmicos, justamente – sempre desconfiei das alegações sobre as “falhas de mercado”, que figuram em praticamente todos os livros de micro e macro, com alguns exemplos das principais, para, a partir daí, legitimar as medidas corretivas que os governos tomam para tornar os mercados mais “funcionais”. Os próprios dirigentes políticos, quando não seus assessores econômicos, recorrem a essas figuras de estilo – falhas ou imperfeições de mercado –, para implementar medidas que parecem “racionais”, numa primeira abordagem, mas que depois podem causar mais problemas do que soluções.
Sinto discordar desse tipo de visão, e provavelmente de 90% dos acadêmicos envolvidos nesse tipo de debate, mas me contraponho frontalmente a esse tipo de alegação. Não é que eu não acredite nas “imperfeições” do mercado, pois minha discordância vai bem mais além: eu não acredito é que existam “imperfeições” de mercado, uma vez que esse é o estado natural de existência e de funcionamento dos mercados. Ora, sendo isso natural, não há porque falar em “imperfeições”, como se estas fosse anomalias passíveis de correção pela ação de algum grupo de sábios, ou videntes, como se o mercado, ou os mercados mais precisamente, pudessem funcionar de outra forma como o fazem, com todos os seus movimentos erráticos, esses altos e baixos, essas ondas de otimismo e os vagalhões de pessimismo que os caracterizam sempre e em qualquer circunstância. Volto a repetir: não existem imperfeições de mercado, existem mercados, simplesmente. Tal tipo de afirmação me parece tão evidente que dispensaria qualquer explicação, mas vamos tornar explícito o que acabo de argumentar implicitamente.
O que é o mercado, ou o que são os mercados? Não existe um único mercado, obviamente, mas dezenas, centenas, milhares deles, sempre à disposição de qualquer agente ou um simples trabalhador, sem esquecer os famosos rentistas, que vivem, ao que parece, de especulações nos mercados; todos eles são prontamente atendidos em suas intenções de satisfazer seus desejos ou necessidades, de maneira perfeitamente legal, ou até ilegal e clandestina (para drogas, por exemplo). Os mercados são simples espaços de encontro para trocas bilaterais ou “multilaterais”, e eles existem tanto virtualmente quanto fisicamente, desde que duas ou mais pessoas se disponham a trocar seus ativos por outros, detidos pela outra parte interveniente nesse tipo de “escambo”. Pode ser uma maçã contra uma banana no pátio da escola, ou milhões de dólares numa bolsa qualquer, num agente de câmbio de divisas, ou na compra de bônus governamental de alguma economia emergente. Quaisquer bens ou serviços que sejam objeto de alguma preferência subjetiva quanto ao seu valor são facilmente integrados e integráveis a um mercado qualquer, formal ou informal, de qualquer tipo, dimensão ou “perfeição”. Mercados são perfeitamente ubíquos, mesmo quando invisíveis.
O professor Shiller afirma isto em seu artigo: “porque os mercados não são realmente muito eficientes, o efeito desses variados fatores [níveis extremos de juros e preços devido à confluência de múltiplos fatores precipitantes, entre eles a ansiedade] tende a ser amplificado pela realimentação emocional. Por exemplo, quando as pessoas começam a ver taxas e preços mudando, algumas delas decidem agir: elas são atraídas ao mercado quando os preços estão subindo, e frequentemente o deixam quando os preços caem. Nós então [suponho que ele esteja falando dos economistas] ficamos surpresos pela extensão da aparente sobre-reação do mercado aos fatores precipitantes que não pensávamos que estivessem realmente na mente de todo mundo.”
Ora, não é preciso ser prêmio Nobel de economia para descobrir que existem fatores precipitantes, ou que as pessoas reagem de tal e tal modo ao ver os preços subindo ou descendo nos mercados de valores. Sinto muito dizer isso, mas a afirmação do professor Shiller não faz nenhum sentido, ou então ela expressa exatamente o comportamento das pessoas nos mercados. Por que estes seriam pouco eficientes, então, quando eles estão atuando exatamente como as pessoas os fizeram se movimentar? Para a alta nos momentos otimistas, quando os preços estão subindo, e para a baixa quando há percepção, ou movimento real, de queda. Não é preciso nenhuma exuberância racional para explicar isso, embora as pessoas se comportem exatamente assim, com toda a irracionalidade que permeia qualquer ação humana em face de incertezas, zonas de sombra ou simples desconhecimento das dinâmicas da vida (sejam elas as forças da natureza, ou as forças igualmente imponderáveis da economia).
Tenho para mim que os mercados são perfeitamente eficientes e altamente perfeitos, uma vez que eles reagem exatamente em função de como as pessoas atuam neles, ou seja, investindo ou se retirando, trocando ativos ou permanecendo paradas, e tudo isso é feito de maneira perfeitamente descoordenada, anárquica mesma, como devem ser mercados altamente funcionais. Agora, se você pretende que o mercado funcione de uma determinada maneira, e não possa refletir os movimentos das pessoas, então coloque alguns burocratas de governo para vigiá-lo, para corrigi-lo, para discipliná-lo de algumas “imperfeições” detectadas por esses mesmos burocratas. O mais provável é que eles estejam atuando a mando de “gestores” mais poderosos, que por sua vez decidiram empreender alguma ação corretiva porque alguns agentes de mercado decidiram que ele só poderia se movimentar numa direção, e não em outra: geralmente mantendo o câmbio em determinado patamar, determinadas ações imunes aos resultados efetivos da empresa, mercadorias em certo nível de preços do que a sua oferta mais abundante, ou escassa, o determinaria, pelo livre movimento de produtores e de compradores nesses mercados específicos, etc.; escolha qualquer um dos casos.
A legitimação é sempre a mesma: como os mercados não são “eficientes”, os sábios do governo (com seus conselheiros econômicos por trás) resolvem “ajudá-los” impondo certas regras, ou limitando o ingresso de outros participantes. Barreiras ao ingresso de novos competidores é sempre uma maneira “eficiente” de preservar os ganhos dos poucos participantes de algum cartel qualquer, e isso é feito não apenas nos mercados “livres”, mas também em regime de concessões públicas (transportes, por exemplo) ou no comércio exterior (pelas tarifas ou mediante normas técnicas, que se tornam regulações compulsórias, como as nossas famosas tomadas “jabuticabas”). O resultado de tudo isso é que sempre haverá ganhos para alguns – até que o dinheiro do regulador acabe, pelo menos – e perdas para os demais, pelo menos enquanto durar a festa, ou seja, enquanto a dinâmica do mercado não se vingar de seus “corretores” (o que ele sempre acaba fazendo, mais cedo ou mais tarde). O exemplo mais patente dessa realidade é o câmbio: a Venezuela e a Argentina que o digam.
O fato singelo é o seguinte: mercados livres, perfeitamente funcionais – ainda que causando perdas para uns e outros –, sempre serão infinitamente mais eficientes do que qualquer comitê de salvação pública econômica, e isto por uma razão muito simples. Os mercados reagem imediatamente à entrada e saída de pessoas – ou de bens e serviços – em seus espaços de intercâmbios, permitindo assim que alguns realizem ganhos, que outros contabilizem suas perdas, e todos procuram se ajustar rapidamente, o que torna o sistema sempre muito eficiente e quase “perfeito”, ao sinalizar pelos preços quais são as expectativas de ganhos (oxalá) ou induzindo à redução das perdas. Quando o comitê de sábios intervêm, ele não pode fazê-lo de maneira dirigida, ou pessoal, mas estabelecendo regras genéricas, digamos assim, contemplando toda uma categoria de transações, e não a movimentação individual dos agentes. Eles ainda precisam fazê-lo por via legislativa ou mediante resoluções administrativas, que sempre são muito lentas a serem implementadas, e mais lentas ainda a serem modificadas.
Resulta de tudo isso que medidas governamentais de “correção” dos mercados sempre serão imperfeitas, limitadas, parciais, insuficientes e, no limite, estúpidas, para tratar da diversidade de situações que emerge das interações dinâmicas, racionais ou irracionais, entre pessoas e corporações transacionando nos mercados. Quanto mais livres forem estes últimos, todos buscarão o seu benefício individual – como aliás dizia Adam Smith por meio de sua famosa alegoria da “mão invisível”, que não é uma teoria e sim uma simples constatação de bom senso – e ninguém supostamente será punido pela ineficiência ou imperfeição de qualquer mercado, uma vez que todos permanecem perfeitamente livres para entrar e sair de algum deles quando assim o desejarem. De resto, quaisquer que sejam as eventuais “imperfeições” ou a ineficiência dos mercados, elas sempre serão infinitamente mais benignas, e menos prejudiciais, do que as ações dos governos, que tendem a criar camisas de força nos mercados o que só acaba ou sufocando-os ou produzindo o conhecido fenômeno dos “contraventores de regras”.
Pense bem: qual das situações você prefere? Portanto, quando alguém vier lhe falar numa tal de “lógica de mercado”, ou de que é preciso corrigir alguma imperfeição detectada, responda logo: “Tudo bem: o mercado não possui nenhuma lógica, mas ela sempre será superior à de qualquer governo; no mais, não mexa com o meu mercado, está bem assim?”. O mundo seria bem simples sem os arquitetos da vontade alheia e sem todos esses engenheiros sociais tentando tornar a nossa vida mais “simples”...

Paulo Roberto de Almeidaé doutor em Ciências Sociais pela Universidade de Bruxelas (1984). Diplomata de carreira desde 1977, exerceu diversos cargos na Secretaria de Estado das Relações Exteriores e em embaixadas e delegações do Brasil no exterior. Trabalhou entre 2003 e 2007 como Assessor Especial no Núcleo de Assuntos Estratégicos da Presidência da República. Autor de vários trabalhos sobre relações internacionais e política externa do Brasil. 

 
 

Reformando o sistema financeiro internacional - book review (Carol M. Connell) - Paulo Roberto de Almeida

O mais recente artigo publicado em Mundorama:


1164. “Reforming the World Monetary System: book review”, 
[Book Review of Carol M. Connell: Reforming the World Monetary System: Fritz Machlup and the Bellagio Group (London: Pickering & Chatto, 2013. xii + 272 pp.; ISBN 978-1-84893-360-6; Financial History series n. 21, $99.00; hardcover)], em  
Mundorama (n. 91, 22/03/2015; ISSN: 2175-2052
Relação de Originais n. 2705.


Review of “Reforming the World Monetary System” of Carol M. Connell, by Paulo Roberto de Almeida


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This book appears in a Financial History series of the Pickering & Chatto, which has already published as diverse studies in this area as one on Argentina’s parallel currency, another on the federal banking in Brazil, with most of titles being about banking and finance in the North Atlantic world, from the colonial times to the 20th century. Carol Connell is Professor of Finance and Business Management at the School of Business, Brooklyn College, City University of New York, where she is very well rated by her students; and she is now directing a new monograph series on Modern Heterodox Economics, also being published by Pickering & Chatto. Connell prepared this very well researched work benefitting from a fellowship research grant from the Earhart Foundation, a private charitable institution that funds scholarly research; one of its early beneficiaries was Friedrich von Hayek, who wrote The Road to Serfdom (1944).
Some scenarios and arguments presented in this book were first made public in academic publications, such as the Journal of Management History and the Journal of the History of Economic Thought, and Connell’s interest in Fritz Machlup career and work arose when she was researching about one of his students, the growth theorist Edith Penrose. Besides the preeminent presence of Machlup, the book also deals with the contributions for the discussion and reform of the international financial and monetary system by luminaries such as Robert Triffin, William Fellner, and Milton Friedman.
In the introduction the author states very clearly that her objective was the study of the complex reform process that, from the Sixties up to the Seventies, led to the adoption of a flexible exchange rate – instead of the fixed parity established at the Bretton Woods conference (1944) – and the introduction of the special drawing rights as the main “currency” of the International Monetary Fund (p. 1). Based on archival and published sources, the book follows, in thirteen extensively annotated chapters, the itinerary of the Bellagio Group, established under the leadership of Fritz Machlup, and integrated by 32 non-government academic economists, working in intimate contact with policy makers and IMF officials, between 1963 and 1977. Bellagio Group’s primary documents are everywhere referenced, but there are also 299 secondary sources in the bibliography, among them (besides the four big economists), Charles Kindleberger, Edith Penrose, Fred Bergsten, and John Williamson.
Trying perhaps to emphasize the current appeal of her study to contemporary policymakers and researchers, Connell states in her Introduction that there could be in Machlup’s approach something similar to the Group of Twenty Finance Ministers and Central Bank Governors (G20), which is clearly a non performing analogy, essentially because of the independence of views of the former vis-à-vis the narrow interests of today’s governments. Notwithstanding, Bellagio Group worked in close contact and cooperation with the Group of Ten, launched simultaneously within the IMF. The intention of the Treasury Secretary Douglas Dillon was to devise a monetary reform in an already stressed arrangement, in a context when the ten most important countries tried to control and minimize the imbalances of the world economy, the growing liquidity crises, and the volatility in the price of gold (partially circumvented by the introduction of swap facilities and the creation of the General Arrangements to Borrow).
After explaining her research questions and original hypothesis, and informing where Machlup’s and Triffin’s papers are located (Hoover and Yale), Connell opens Chapter 1 by describing the crisis of confidence that arouse in early Sixties, leading to the various exercises of academic debates and institutional brain-storming that mobilized the most important economist of that decade. Late in the Fifties, Robert Triffin was already predicting a forthcoming crisis, and calling for a radical reform of the monetary system in his Gold and the Dollar Crisis (1960). Feeling challenged by the convening by Dillon of an IMF Studies Group, within the Group of Ten, and excluding academic economists, Machlup, Triffin and Fellner decided to “embark on their own study, involving economists of widely divergent views and with no problem or proposal considered ‘out of bounds’. Hence the idea for a series of alternative conference was born” (p. 18), and that was the Bellagio Group, which first met at this Italian resort of the Lake of Como. A brief chronology of the monetary system events from 1944 and 1977 and a synthetic table on the various exchange rate policies and regimes (from gold standard to flexible) close this chapter.
Chapter 2 introduces the life and thought of Fritz Machlup, who had been working and publishing in the area of monetary reform for many years before the convening of his “child”, the Bellagio Group. Born (1902) in a pre-1914 Europe (Austria) with “ten currencies, all with fixed gold parities and fixed exchange rates”, Machlup soon afterwards (1920) was presented to a continent with “twenty-seven paper currencies, none with a gold parity, none with fixed exchange rates and several of them in various stages of inflation or hyperinflation” (p. 23). From 1923 to 1962 Machlup studied and published extensively on monetary problems, particularly the gold standard, but also dealt with patents, industrial organization, production of knowledge and theory of the firm. His 1923 dissertation on the gold-exchange standard at the University of Vienna was supervised by Ludwig von Mises; a decade later he was already residing in the U.S. and teaching at the University of Buffalo; at that time, “he was already the first economist to frame the discussion of balance of payments problems in terms of payments adjustment, liquidity and confidence” (p. 27). John Williamson, a former student, “attributed Machlup’s belief in the importance of the confidence to the role it had played in the collapse of the gold-exchange standard during the Great Depression” (p. 29). The same would occur thirty years later, with the U.S. involvement with and expenditures for the Vietnam’s War, and European countries distrust of America’s capacity to honor its commitments under Bretton Woods. Machlup anticipated the scenario with his lengthy essay “Plans for Reform of International Monetary System”, first published in 1962 and reissued in 1964, significantly updated (p. 32).
Chapter 3 is dedicated to Robert Triffin – a Belgian who worked for the Federal Reserve and the IMF, and professor at Yale from 1951 to 1977 – and to the 1959 Triffin Plan, proposing the replacement of gold and foreign-exchange reserves by gold-guaranteed deposit accounts at the IMF, within a more flexible system. But, at that time, as argued by Charles Kindleberger, even if many economists proposed the idea, “few central bankers recommended flexible exchange rates as a means of eliminating … all the problems of adjustment, liquidity and confidence” (p. 42). Even if Triffin’s solution could be first-best economically, it was politically out of question. The head of the Group of Ten at IMF, Otmar Emminger, “found the Triffin Plan unacceptable because nations were not prepared to hand over so much responsibility and financial power to an international body” (p. 42). At that juncture, confidence, not liquidity, was the problem that made Triffin and Machlup to come together intellectually (p. 47).
Chapter 4 deals with Budapest born (1905) William Fellner, a fugitive from the Nazis, like the two others; professor at Berkeley in 1939, he worked mainly at the intersection of macro and microeconomics, researching and writing about inflation, regulation, growth and balance of payments problems, including in cooperation with the other two in monetary and exchange questions, both in theory and policy. In 1963, he was dealing with budgetary deficits and their consequences, which led to adjustments efforts, and also to the confidence question. Differently from the planned equilibrium advocated by Triffin, Fellner “recommended instead letting free-market processes perform more of the equilibrating function”(p. 57). In many papers, he proposed a limited exchange-rate flexibility system. In fact, both Machlup and Fellner were committed to freely floating exchange-rates, but were aware of the responsibility of national governments, which led them to explore a myriad of possible solutions.
The title of Chapter 5, Why Economists Disagree, takes its name from Machlup’s speech before the American Philosophical Society, in November 1964, five months after the fourth Bellagio Group conference. He explained then his decision to invite 32 economists from eleven countries, most of them from divergent schools of thought, to explore solutions for the problems of the international monetary system of the 1960s. They had to consider hybrid or compromise solutions for the identified problems. This chapter presents each one of the participants, their background and works. The sources of disagreement are very well abridged in a table dealing with the four major policy proposals for reform: semi-automatic gold standard, centralized international reserves, multiple currencies and/or flexible exchange rates (p. 76-78). All proposals were carefully examined at a series of scenario-planning exercises through various Bellagio conferences, allowing the economists to evaluate the “relative impact on payments, liquidity and confidence of the four basic exchange regimes, given any one or combination of them might have been adopted” (p. 80).
Chapters 6 and 7 deal, respectively, with the hypothesis of multiple reserve currencies and Milton Friedman’s arguments for fixed versus flexible exchange rates, in a paper he presented in 1953, making the case for a floating regime. This regime, for him, “has the advantage of monetary independence, insulation from real shocks, and a less disruptive adjustment mechanism in the face of nominal rigidities than it is the case with pegged exchange rates” (p. 99). These two chapter are of a more theoretical and historical nature, despite the fact that all questions discussed in them had a very practical impact on each devised solution for the problems plaguing the international monetary system.
Chapter 8, Collaboration With the Group of Ten, makes the bridge between the two groups, the IMF technocrats and government officials, for one side, the independent academic economists, for the other. Machlup pressed hard on his team, achieving a detailed report, International Monetary Arrangements: The Problem of Choice, two months before (in June 1964) the Group of Ten and the IMF staff could prepare theirs. He also frankly explained, at the first joint meeting, later that year, the differences between the two approaches. This led to the assignment of Group of Ten chairman, Otmar Emminger, to the Bellagio Group, inaugurating a thirteen-year collaboration. The tasks for the groups were the same, but working methods, and freedom of opinion, made them very different, as well as purposes: Bellagio emphasized disagreements among the proposals, and the nature of their differing impact on the problems dealt with. Friedman, in 1965, criticized the report for not offering one unified  solution for the crisis, but Machlup pointed out that a consensus was achieved on the consequences of each solution proposed by his group: governments and the IMF had food for thought.
Chapter 9, Adjustment Policies and Special Drawing Rights: Joint Meetings of Officials and Academics, is a continuation of this kind of collaboration, now assuming other forms of joint exercises, as the deputies of the Group of Ten start to met regularly with the Bellagio Group, and did so from 1964 to 1977, resulting in the creation of special reserve assets, later called the Special Drawings Rights (due to the French Finance minister, Valery Giscard D’Estaing, insistence on considering them a credit, not an owned reserve). The three Bellagio main economists were the organizers of those meetings, which assumed a kind of a NGO feature. “From 1970 to 1977, discussions would focus on the increasing liberalization of the international capital market and the wisdom of special drawing rights for developing countries” (p. 128). This period also corresponds to the U.S. going off the gold and to the floating of the Deutsche mark: main questions became managed floating and international liquidity. A Basle meeting in 1977 was the last meeting of a Joint Academic and Officials meeting, and the first allocation of SDRs was held in 1970. A new time, no less challenging, had arrived for and within the international monetary system.
Chapter 10, From the Bellagio Group to the Bürgenstock Conferences, explores the continuation of the semi-academic discussions under a new format, this time dealing with floating exchange regimes in various guises, but always under the influence, and the intellectual guidance, of Fritz Machlup, who intended to prepare a well conceived book out of the exercise: this came at light in 1970, as a Princeton University Press publication, Approaches to Greater Exchange Rate Flexibility: The Bürgenstock papers. The analysis takes ground on the Austrian background of Machlup’s thought, which also gave light to planning methods based on Delphi scenarios. A first meeting, with a large number of officials, academic people but also representatives from banks and corporations, was held in Long Island, in January 1969, followed by a second meeting in June, in Bürgenstock, Switzerland, where five more meetings were organized.
Chapter 11, follows the lead, dealing with de facto successor of the Joint Meeting of Officials and Academics, which was an extended Bellagio Group, the Group of Thirty, which included members from all the current G20 financial group. The Group of Thirty meet twice a year at the beginning of the 1980s, and was broader than the Bellagio Group, including industrialists and private bankers, and preferred not to commission papers from academics, establishing instead an agenda for discussion comprising issues of capital movements and less developing countries assets, international banking supervision, and energy (the issue of the moment). But Fritz Machlup was still on the party, with a minor group of academics. A so-called Bellagio Group met again in 1996, under the leadership of the general manager of the Bank for International Settlements, and has been meeting once a year at the Italian resort, under the intellectual guidance of professor Barry Eichengreen, from Berkeley, and always financed by the BIS.
Chapter 12 is dedicated to Reassessing the Bellagio Group’s Impact on International Monetary Reform; Carol Connell affirms that there are “significant parallels between the calls for monetary system reform in the 1960s and those for reform following the financial crisis of 2008-9” (p. 185). This comparison seems off the mark, as the current financial G20 has achieved nothing comparable, besides pressures for the negotiation and implementation of a more stringent set of Basel prudential rules for the banking sector. The outcry about the dollar crisis has been responded by nothing else than the confirmation of its centrality for the current financial and monetary “non-system”. Initial rumors – at its monnaie unique début – about the strength of the euro were replaced by recent fears of its demise.
Notwithstanding this, Connell presents a clear historical synthesis about the importance of the Bellagio Group for the understanding of the most crucial problems of the international monetary system as devised at Bretton Woods: all of the group members came from G-10 countries, the same as the suppliers of the General Arrangements to Borrow (now expanded, and with the New GAB). At least, the academics convinced the central bankers that floating exchange regimes could work, and that flexible currencies could cushion external shocks; that is not a minor intellectual achievement. And, the same problems they tackled, adjustment, liquidity, and confidence, continue to be at the center of the nightmares of the central bankers and finance officials alike (together with new preoccupations, on the fiscal side, as demography imposes its burdens over all). It seems that liquidity is no more an issue today, as governments create real tsunamis of new financial assets, pushing national debts to new higher peaks.
In the bright side, this Chapter 12 finishes with an impressive list of publications of the Princeton Finance Section under Fritz Machlup’s leadership, from 1960 up to 1971, no less than 98 titles authored by many of the most well-known names of the economics trade, and certainly some of Nobel-worth distinction in this profession.
Chapter 13, finally, is a beautiful piece of scholarly work: The Impact of the Bellagio Group on International Trade and Finance Scholarship from the 1960s to the Present, which could also be called something like “the sons and daughters of Machlup, Triffin and Fellner” (and now their grandsons and grand-daughters, like Connell herself). She lists some disciples of the mentors: Edith Penrose, Stephen Hymer, Charles Kindleberger, James Tobin, Andrew Crockett, Edwin Truman, and many others.
Conclusions, at last, summarizes the lessons drawn from each chapter, before returning to the initial hypothesis. Great Depression and World War II influenced how economists thought about policy, inflation, interest rates, deficits and government intervention. Machlup, Triffin and Fellner were the intellectual masters behind much of the conceptual thinking about the great challenges emerging from a world order devised with some improvisation, and no practical guidance, at the end of the II World War. With some Austrian ingenuity and innovative and creative thinking of their own, they are at the core of the adjustments and arrangements that were made, in the Sixties and the Seventies, for the current, certainly limited and incomplete, international monetary system (or non-system, at discretion). One of her hypothesis, that of the centrality of the Bellagio Group for the reform of the international monetary system, is largely confirmed and deserves proper acknowledgment: they have had a real impact on practical policies, and in the reconfiguration of the multilateral financial organizations. And their influence on scholarship and empirical research over a so large community of academic and applied economists is beyond recognition of traditional prizes and honors.

Book review:

  • Carol M. Connell: Reforming the World Monetary System: Fritz Machlup and the Bellagio Group (London: Pickering & Chatto, 2013. xii + 272 pp.; ISBN 978-1-84893-360-6; Financial History series n. 21, $99.00; hardcover)
Paulo R. de Almeida, University Center of Brasilia-Uniceub, and Brazilian Ministry of External Relations (pralmeida@me.com)