Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, em viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas.
O que é este blog?
Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.
segunda-feira, 18 de abril de 2016
Guerra Civil na Espanha (1936-39): Adam Hochschild (book excerpt, Delanceyplace)
In 1936, Spain was still a new and fragile democracy when Francisco Franco led a military uprising of "Nationalists" against the government's "Republican" army, inaugurating the brutal, three-year Spanish Civil War. The government was the left-leaning Second Spanish Republic, and the Nationalists were supported by a number of conservative groups, including monarchists such as the religious conservative (Catholic) Carlists, and the Spanish Confederation of Autonomous Right-wing Groups. An estimated 500,000 people died in the war, including thousands upon thousands of civilians from murder, torture, and starvation. It is believed that the government of General Francisco Franco executed 100,000 Republican prisoners after the war, and another 35,000 Republicans died in concentration camps in the years that followed the war. The war was the chilling inspiration for such works as Picasso's painting Guernica and Hemingway's novel For Whom the Bell Tolls:
"[In 1938, Spain] is in flames. For nearly two years, the fractious but democratically elected government of the Spanish Republic has been defending itself against a military uprising led by Francisco Franco and backed by Nazi Germany and Fascist Italy. Franco, who has given himself the title of Generalissimo, has a framed photograph of Adolf Hitler on his desk and has spoken of Germany as 'a model which we will always keep before us.'
Guernica, Pablo Picasso
"The skies above the Ebro this dawn are dark with warplanes, state-of-the-art fighters and bombers, flown by German pilots, that the Fuhrer has sent the Generalissimo. On the ground, tanks and soldiers from Italy, some of the nearly 80,000 troops the dictator Benito Mussolini will loan Franco, have helped launch the greatest offensive of the war. A powerful drive from the western two thirds of the country, which Franco controls, its goal is to reach the Mediterranean, splitting the remaining territory of the Spanish Republic in two.
"Franco's prolonged battle for power is the fiercest conflict in Europe since the First World War, marked by a vindictive savagery not seen even then. His forces have bombed cities into rubble, tortured political opponents, murdered people for belonging to labor unions, machine-gunned hospital wards full of wounded, branded Republican women on their breasts with the emblem of his movement, and carried out death sentences with the garrote, a medieval iron collar used to strangle its victim.
"Battered by the new offensive, the Republic's soldiers are retreating chaotically, streaming eastward before Franco's troops, tanks, and bombers. In some places, his rapidly advancing units have leapfrogged ahead. The Republican forces include thousands of volunteers from other countries, many of them Americans. Some have already been killed. Franco has just announced that any foreign volunteers taken prisoner will be shot."
Spain in Our Hearts: Americans in the Spanish Civil War, 1936-1939
Author: Adam Hochschild
Publisher: Houghton Mifflin Harcourt
Copyright 2016 by Adam Hochschild
Pages xiii-xiv
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Impeachment: entrevista do ex-presidente FHC - Brian Winter (America´s Quarterly)
Entrevista exclusiva ao jornalista Brian Winter da revista America´s Quarterly, ex-presidente comenta o início do fim do PT no governo
18 abr, 2016
FHC sobre o impeachment: ‘Não foi um dia feliz’
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse que o processo de impeachment foi constitucional
O site da revista America´s Quarterly disponibilizou o áudio de uma entrevista exclusiva feita com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso nesta segunda-feira, 18, um dia após a Câmara dos Deputados aprovar a abertura do processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff.
A relação de amizade entre FHC e o entrevistador e editor-chefe da revista, Brian Winter, é antiga. Em parceria com FHC, Winter lançou o livro de memórias do ex-presidente, “O improvável presidente do Brasil”, em 2006.
“As pessoas podem estar esperando uma entrevista fácil”, disse Winter no início da entrevista, citando essa relação, “mas tenho sérias dúvidas sobre o que aconteceu ontem.
Por que apoiar esse impeachment depois do espetáculo que vimos no Congresso?
FHC: Relutei em apoiar o impeachment, mas a situação no Brasil é tão dramática, o governo está tão paralisado, que é praticamente impossível trabalhar com o governo Dilma. Além disso, se você ler a Constituição brasileira tem vários artigos que deixam claro que tipo de ação da presidente requer um processo de impeachment. O ponto é que Dilma não só manipulou o orçamento mas usou o dinheiro público sem qualquer consideração pelo país ou pelo Congresso, e o Tesouro está em péssimo estado por conta disso. É por isso que foi necessário o impeachment. Além disso a falta de transparência e a corrupção no PT são responsáveis pela organização da corrupção no governo. A população está furiosa. Isso motivou o impeachment também.
O que estou ouvindo o senhor descrever é um governo ruim, mas não estou certo de que houve crime.
FHC: A Constituição é clara. O impeachment não precisa de crime no sentido penal da palavra, basta a presidente não obedecer normas claras ligadas ao orçamento. É uma discussão técnica, mas não deixa de ser um desrespeito à Constituição.
O senhor está dizendo que não é um processo criminal mas um processo administrativo e político, certo? Se isso é uma decisão política, a de colocar o vice Michel Temer, do PMDB, no lugar da Dilma, o senhor acha que isso é melhor para o país?
FHC: Não sei, mas o ponto é que há base jurídica para o impeachment e uma situação política pressionando pela mudança. Temos que seguir a Constituição. Se o novo presidente também for considerado culpado por seus crimes e erros, teremos um movimento contra ele também, mas isso não é o caso ainda. Não temos alternativa, sob a Constituição.
O senhor lutou contra a ditadura durante 20 anos, lutou pelas Diretas Já, lutou para criar uma democracia com regras e instituições respeitadas e parecia que durante um tempo o Brasil tinha criado isso e que respeitaria mandatos presidenciais. Como o senhor se sente hoje, vendo tudo que aconteceu no Congresso? Você viu um adversário cair, mas pessoalmente não sei se foi um grande dia para a democracia no país.FHC: Certamente não. Não somente pelo impeachment, mas também pelo governo ruim. Quando Collor foi derrubado, também tive minhas dúvidas sobre o bem que o processo faria para a democracia como um todo. Claro que nunca é bom afastar uma presidente, mas não temos alternativa, temos de seguir a Constituição. Espero que seja possível criar um governo mais coeso agora. Se fosse eu, pediria ao povo e aos partidos para se unirem para superarmos essa crise social e econômica. Dilma teve a oportunidade de pedir a ajuda da população, mas decidiu colocar a rivalidade partidária acima de tudo. Espero que o novo presidente consiga evitar esse tipo de política e que peça que a população se mobilize em torno de um novo programa de governo.
O senhor conhece a Dilma razoavelmente bem. O que espera dela agora? Este processo não acabou. O que acha que ela fará?
FHC: Não sei o que ela fará. Acho que o que veremos nas próximas semanas é uma resistência forte da presidente e de seu partido para escapar do impeachment. E o Senado terá de levar em consideração os argumentos da presidente, terá de julgar se tem apetite para impeachment. A Câmara apenas abriu o processo. Acho que Dilma tentará convencer o Senado de que ela está correta. O debate será longo ainda.
Adoraria pensar que o que vimos foi o triunfo de um movimento anticorrupção. Mas o caso que foi usado para afastá-la não tem a ver com corrupção, mas com erros administrativos. E o impeachment foi aprovado por um Congresso que tem muitos questionamentos sobre sua própria corrupção. Isso prejudica a legitimidade do próximo governo?
FHC: “Acho que o que está por trás do processo são fortes críticas contra a corrupção. Por conta de formalidades, a forma como o impeachment foi processado na Câmara se baseou na quebra de certas regras administrativas, mas a corrupção também motivou o processo, além da crise econômica e do sistema judicial que está funcionando. O sistema partidário brasileiro está em péssimo estado e precisa de reformas profundas. Gostaria de ver, depois do impeachment, a possibilidade de colocar mais pressão para modificar o sistema partidário e as regras eleitorais. Espero que o impeachment não seja o fim do processo, mas a continuação de mudanças importantes na cultura política do Brasil.
O senhor conhece Temer até melhor que Dilma porque trabalharam juntos durante o seu governo. Ele não inspira muita confiança da população. Há motivo para ter esperança?
FHC: Ele é advogado constitucionalista e um político experiente. Espero que este momento o inspire a superar suas experiências na vida partidária do Brasil e a ver o Brasil de um ponto de vista histórico para se responsabilizar pelo país. Espero que consiga, não sei se consegue, mas há uma esperança. Quando o Itamar virou presidente, as pessoas o criticavam por sua falta de experiência, mas ele conseguiu organizar uma boa equipe.
Quão difícil será para ele governar com o PT na oposição?
FHC: O PT hoje é um partido como qualquer outro. Sua capacidade de mobilização é menos eficaz que no passado. Acho que eles podem causar alguns problemas, mas a sociedade brasileira se voltou contra o PT nos últimos dois anos. Acho que será possível manobrar mesmo como o PT na oposição.
O processo de hoje não abre uma brecha para afastar qualquer futuro presidente que enfrente uma crise econômica?
FHC: Não. Não foi por conta da pressão econômica que isso aconteceu, foi por conta da corrupção e da incapacidade da presidente de lidar com o Congresso. Há motivos políticos e sociais, além dos motivos econômicos. Não acho que isso será possível com qualquer presidente. Não acho que será uma prática normal afastar um presidente que não tem popularidade. É possível reconquistar a confiança. O novo presidente precisará se dirigir à população e reconquistar a respeitabilidade. Ele precisa mostrar sua capacidade de liderar.
Ao longo dos últimos anos o Brasil cresceu e avançou, mas hoje é difícil ser otimista porque a economia está péssima e não existe um líder político no horizonte capaz de mover as coisas pra frente. O que acha. O senhor consegue ser otimista?
FHC: Para ser realista, estamos vivendo um momento difícil. A chave é a retomada da respeitabilidade, da confiança. Hoje não foi um dia feliz. Mas foi necessário remover a presidente. Temos esperança porque há uma oportunidade para o novo presidente inspirar a população. Em termos das condições materiais do país, nossa situação de infraestrutura, por exemplo, além de outros setores, é tão ruim que há potencial de melhoras em todos os níveis. É uma situação difícil, mas não impossível.