O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

domingo, 21 de abril de 2019

Minha mensagem no dia do diplomata - Paulo Roberto de Almeida


Estatísticas do Diplomatizzando no Dia do Diplomata

Paulo Roberto de Almeida
 [Objetivo: reflexões num dia do diplomata; finalidade: verifica papel do instrumento]


O dia 20 de abril, dia do nascimento de José Maria da Silva Paranhos Jr., futuro Barão do Rio Branco, serve como data comemorativa do serviço exterior, quando se aproveita a ocasião para a cerimônia de formatura dos novos diplomatas, egressos do Curso de Preparação à Carreira Diplomática, mas também para agraciar, com a Ordem do Rio Branco, diplomatas e não diplomatas (alguns jamais mereceriam a comenda a não ser por eventual função exercida no governo). Nem sempre foi assim: o Instituto Rio Branco foi criado em 1945, no centenário de nascimento de Juca Paranhos, e o dia do diplomata, com formatura de cada nova turma de alunos, jovens diplomatas, deve ter sido consagrado em ocasião ulterior, e mesmo suspenso por algum tempo durante o regime militar.
A despeito de ter sido professor do Instituto Rio Branco, de ter feito inúmeras palestras – geralmente no quadro do Curso de Aperfeiçoamento de Diplomatas, para segundos secretários – e de ter produzido alguma bibliografia complementar aos estudos empreendidos no âmbito do IRBr ou de pesquisas pertinentes, nunca fui distinguido com convites para paraninfo ou qualquer outro tipo de homenagem no Dia do Diplomata. Conservo a mesma comenda inicial da Ordem, no grau de Cavaleiro, com que fui agraciado ainda como segundo secretário, nunca recebi nenhuma outra, e até cogitei de devolver a minha, quando um desses mequetrefes da área política foi por ela agraciado, sem qualquer mérito (e até com desonra para a Ordem). Devo o fato de não ter sido cogitado para honrarias e outras homenagens provavelmente à minha atitude contrarianista, senão dissidente, das grandes definições conceituais de nossa diplomacia: o desenvolvimentismo, o nacionalismo, o protecionismo, o estatismo, o cepalianismo, o unctadianismo, o terceiro-mundismo, o antiamericanismo (ainda que moderado), o anti-imperialismo (este mais afirmado) e outros ismos que sempre considerei nefastos para a condução de uma diplomacia liberta de certos fantasmas de nossas ideologias maiores, inclusive e principalmente o traço distintivo do Itamaraty, além e acima de possíveis inclinações políticas momentâneas: o feudalismo.
Sim, o Itamaraty, antes de ser de esquerda, de direita ou de centro, ou alinhar-se a quaisquer outras tendências disponíveis no supermercado das velhas manias ou das novas modas ideológicas, é, básica e fundamentalmente, feudal, com o seu soberano empoleirado na cadeira de Rio Branco e os barões da Casa circulando em volta, segundo os sacrossantos princípios da hierarquia e da disciplina, que eu, aliás, nunca respeitei devidamente, consoante meu natural contrarianista. Não apenas por isto, porque também eu sempre fui um crítico das principais posturas adotadas pelo Itamaraty ao longo de sua história contemporânea, e nunca deixei de expressar ideias próprias a respeito dos grandes temas da agenda, bem mais no tocante à política econômica externa e às relações econômicas internacionais do Brasil, nos planos multilateral ou regional. Tendo aderido cedo a outros postulados de economia política e de “alinhamentos” internacionais – sobretudo distanciando-me precocemente dos arroubos latino-americanistas ou terceiro-mundistas, e mesmo do tabu da recusa absoluta do Tratado de Não Proliferação Nuclear, ou do Clube dos Ricos, a OCDE –, eu passei a achar canhestros certos posicionamentos do Brasil nessas vertentes, e tampouco deixei de expressar tais opiniões em meus artigos e livros, o que incluía um outro sagrado princípio da nossa diplomacia, o desenvolvimentismo.
Em meus estudos de economia, por ocasião do mestrado em desenvolvimento econômico, mas também depois, no próprio exercício da diplomacia aplicada, cercando-me de livros e teses alinhadas com certo liberalismo econômico, mas sobretudo com o simples racionalismo pragmático, terminei por descrer de certas “teses” defendidas pelo Itamaraty, e não me eximi de expressar tais “dissidências”. O papel exercido pelo pensamento e posturas de Roberto Campos, cujos artigos comecei a ler precocemente, ademais de outros pensadores liberais – Raymond Aron, por exemplo – foi com toda certeza decisivo nessa recusa dos principais “dogmas” do Itamaraty e na produção de minhas posturas própria com respeito à agenda diplomática do Brasil e sua aplicação pelo Itamaraty. Roberto Campos, por ter aderido também precocemente a essas teses, num momento em que o Itamaraty também se inclinava entusiasticamente pelas ideias e posturas do prebischianismo, cepalianismo, unctadianismo, terceiro-mundismo, em resumo, desenvolvimentismo dentro do arcabouço onusiano da divisão Norte-Sul, tinha algumas frases cruéis contra essas teses que ele julgava profundamente equivocadas.
Uma dessas frases, retiradas de seu contexto expressamente político, mas aplicada ao tradicional partido da direita “liberal”, a UDN (União Democrática Nacional), segundo a qual ela seria um “partido burro de homens inteligentes”, foi convertida por Campos e aplicada ao Itamaraty, para quem a Casa seria uma “entidade burra povoada de homens brilhantes”. Reconheça-se que a frase não é nada elogiosa, ao contrário, mas para mim ela contém várias doses de verdade, não tanto pela eventual incapacidade dos diplomatas de se alinharem a teses mais “inteligentes”, mas pelo cerco que sobre ele exercem diferentes lobbies das chamadas “classes produtoras”, que sempre insistiram no protecionismo, no dirigismo, no mercantilismo, no nacionalismo rastaquera, no isolamento da concorrência internacional, de forma a defender reservas de mercado, bem como subsídios diretos e indiretos que lhes assegurem fluxos rentistas em detrimento do consumidor nacional. De forma que eu me coloquei a contra corrente das teses e opiniões dominantes na diplomacia, uma atitude perfeitamente capaz de me garantir certo nicho isolado no mainstream das ideologias diplomáticas com maior trânsito entre os diplomatas, sejam ele “barões”, sejam “servos de gleba” (que seriam os secretários, base técnica essencial da primeira camada do processo decisório).
A partir de certo momento, esse meu isolamento diplomático começou a ser rompido pelos instrumentos de comunicação social, primeiro um site pessoal (hoje menos utilizado, o www.pralmeida.org), depois diversos blogs pessoais, até culminar no Diplomatizzando, e finalmente em outras ferramentas (como Facebook e Twitter, mas utilizadas de forma algo aleatória). Tais instrumentos potencializaram tremendamente o acesso a meus textos por jovens estudantes e ampliaram minha audiência em meios que seque imagino existirem (uma vez que não costumo identificar origem dos acessos, apenas o seu volume e direcionamento a meus trabalhos disponíveis nessas ferramentas) e que constituem outras instâncias multiplicadoras sem qualquer controle de minha parte. Imagino que seja por isso que sou bem mais conhecido nesses meios do que posso aquilatar por quaisquer instrumentos de análise vinculadas a essas ferramentas.
Justamente, acessando hoje as estatísticas do meu blog Diplomatizzando, em diversos formatos, acabei constatando alguns números brutos e algumas preferências repetitivas dos leitores. A despeito do blog ter sido iniciado em meados de 2006, o resumo das estatísticas de acesso apresenta uma tabela gráfica válida apenas a partir de maio de 2010. Não importa, o fato é que sou seguido, formalmente, por 855 pessoas (e algumas entidades, provavelmente, inclusive a CIA, o FSB, o Mossad, etc., além daqueles que o fazem por obrigação e provavelmente com raiva do que escrevo), público que garante um volume mensal de acessos na faixa de 70 mil vezes, ou mais de 2.300 vezes por dia. Com isso eu cheguei a um número total de visualizações de quase 7 milhões (mais exatamente 6.906.344 em 20 de abril). O número total de postagens alcança quase 20 mil, sendo mais exatamente 19.876 publicadas e mais 58 em rascunho. Confesso que preciso revisar esses rascunhos para ver o que ainda subsiste de aproveitável em postagens preparadas e não postadas, por razões diversas.
O mais importante, porém, para aquilatar, não da quantidade, mas da qualidade de minhas postagens está na verificação dos temas mais procurados e, portanto, das postagens mais acessadas pelos frequentadores e visitantes ao meu blog, que não se resumem, obviamente, aos 855 cadastrados e identificados no painel pertinente (que eu raramente, ou quase nunca, acesso).  O quadro abaixo permite visualizar os itens mais acessados de meu blog, sendo que o primeiro, campeão absoluto, constitui uma crítica acerba às nossas instituições universitárias, mais pela improdutividade do que por quaisquer considerações ideológicas: quase 50 mil acessos, seguido de longe por uma curiosidade compreensível em nossos tempos, como citar obras digitais.

 

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Cabe registrar que uma postagem relativamente recente, a nota relativa à minha exoneração do cargo de diretor do IPRI, ascendeu rapidamente às primeiras colocações, em paridade com uma outra postagem bastante acessada, um conjunto de informações relativas à carreira diplomática, um tema muito buscado em minhas ferramentas de comunicação social, a despeito do fato que eu nunca estive no “mercado” de cursos preparatórios e jamais tenha escrito manuais ou guias de estudo para os exames de ingresso na carreira. Ao longo de minha já extensa (e intensa) carreira paralela de professor universitário tenho convivido de forma bastante frequente com estudantes de áreas afins à diplomacia, mas não me dediquei especialmente aos preparativos de acesso à carreira, tendo sempre me concentrado em estudos pós-graduados, em pesquisas de maior densidade conceitual e também à discussão dos problemas brasileiros (em diversas áreas). Uma nota ainda mais recente – na verdade terceirizada, uma vez que se trata de matéria relativa a um personagem do momento, o sofista da Virgínia – ascendeu igualmente às primeiras posições, quem sabe por curiosidade legítima ou malsã?
E qual o sentido de tudo isso, e como isso se conecta com o Dia do Diplomata? Não ouso responder de maneira peremptória a essa questão, a não ser para dizer que faço da minha dupla carreira, a profissional diplomática e a acadêmica, como professor, uma plataforma e uma alavanca para o que mais gosto de fazer: leituras, intensas, notas e reflexões sobre todos os temas de minha insaciável curiosidade intelectual, como forma de transmissão aos mais jovens. Tendo uma formação básica absolutamente ordinária na origem – vindo de uma família de avós analfabetos, imigrantes, e pais com escolaridade primária incompleta –, pude ascender ao que comumente se chama de elite do funcionalismo federal, ou às elites tout court, unicamente devido ao estudo, em escolas públicas e em bibliotecas idem, considero ser meu dever fundamental contribuir para que outros jovens em posições eventualmente similares às minhas possam também ascender a posições de maior relevo social graças ao estudo e à dedicação ao trabalho intelectual de qualidade. O fato de estar na carreira diplomática, e mais, numa posição totalmente independente da tradicional adesão aos “dogmas” da Casa, em relação aos quais sou um contrarianista convencido e profissional, me habilita a dizer o que quero, sem pagar nenhum “imposto” de fidelidade funcional, ou de repetição hipócrita e não assimilada ao linguajar padrão de meus colegas, que eu classifico, em total despudor, como sendo “bullshit diplomático”.
Estas são as motivações, e este é o trabalho que conduzo, no isolamento solitário do que já chamei de “quilombo de resistência intelectual”, que constitui o meu blog Diplomatizzando, e que me serviu de maneira excepcional quando, nas desventuras de uma carreira marcada, como já disse, pelos sacrossantos princípios da hierarquia e da disciplina, eu fui um dissidente aberto nos momentos não convencionais da política externa, sob o lulopetismo e, atualmente, sob o bolsonarismo. Meu blog, para eventual desgosto de meus “algozes”, sempre me serviu para continuar fazendo exatamente o que eu gosto de fazer: ler, anotar, refletir e repercutir minhas ideias em total independência em relação ao “Vaticano” do Itamaraty, com todos os seus “cardeais” e dogmas. Sou livre tanto quanto pode ser um “servo do Estado”, e orgulho de ser um contrarianista, que é o que me distingue fundamentalmente.
Por todas essas razões, recebo com satisfação mensagens de meus leitores, como esta que acabo de receber no Dia do Diplomata, uma entre muitas outras do mesmo teor ou vazada em termos similares. Transcrevo:
Obrigado, senhor Embaixador, por ter me aceitado em seu Face. Adorava ler seu blog Diplomatizzando na adolescência.
PRA: Puxa! Na adolescência? Então estou ficando velho.
Haha! Pois é. O senhor me salvou do esquerdismo no Ensino Médio.
PRA: Pelo menos uma boa obra. Mas eu mesmo fui esquerdista, pelo menos até os 30 anos...
Só queria agradecer ao senhor por tudo o que fez na minha vida. Sei que não me conhece, mas o senhor foi muito importante na minha formação intelectual. Que Deus o abençoe. Sempre. E à sua família.
PRA: Eu tenho em meu blog Diplomatizzando uma frase de um humorista americano, Will Rogers, que diz o seguinte: a gente aprende nos livros ou com pessoas mais espertas. Foi o que fiz: tive bons professores na infância e juventude e aprendi sobretudo nos livros, hoje internet. É isso: vá em frente. E hoje, confie mais em bons livros do que nos professores.
Ah, certamente. Se eu dependesse dos meus professores esquerdistas no [xxx] eu estaria ferrado, he, he...

Termino por aqui esta minha já longa digressão sobre o meu blog e sobre o dia dos diplomatas, que devem certamente ser homenageados, à sua justa medida, por suas contribuições à defesa do interesse nacional, junto com outras corporações do Estado, em primeiro lugar nossos irmãos das FFAA, ou militares individualmente, como forças identificadas com objetivos mais altos do que simples ambições particulares (embora estas por vezes prevaleçam sobre o interesse geral da nação), como acredito que fomos capazes de nos desempenhar nestes quase 200 anos de nação independente. O Brasil que temos hoje não é certamente o país de nossos sonhos, a nação desenvolvida e desprovida das gritantes mazelas sociais e políticas que contemplamos todos os dias, ao abrir os jornais, ao visualizar os instrumentos de mídia. De minha parte tenho procurado desempenhar o meu papel de cidadão consciente e ativo, engajado na melhoria social progressiva da nação e na elevação educacional e intelectual de nossos concidadãos. Se mais não fiz, foi por falta de meios e de oportunidades, tendo sido aliás afastado durante longos anos do serviço ativo na diplomacia justamente por divergir das orientações que pautavam nossa atividade diplomática, o que ocorre neste mesmo momento novamente.
Não vou esmorecer na tentativa, e volto a refugiar-me em meu quilombo de resistência intelectual, aguardando dias melhores. Enquanto não surgem novas oportunidades de me exercer em minhas competências funcionais, vou me exercendo em minhas atribuições tradicionais: ler, anotar, refletir, ponderar, escrever, divulgar, eventualmente publicar aquilo que considero relevante no debate público sobre os problemas mais relevantes do Brasil, que não são, obviamente, os da diplomacia, e sequer os das relações exteriores, e sim as questões sociais, em primeiro lugar, e nas cinco primeiras prioridades, a educação pública de qualidade.
Termino por aqui: desejo bom dia do diplomata a todos os meus colegas de profissão, a meus confrades de carreira, desejando bons estudos a todos os aspirantes à carreira, que, a despeito de burocrática e por vezes enfadonha, é gratificante, e, pelo menos para mim, certamente gratificante, por todos os seus aspectos intelectuais e de abertura às coisas do mundo que eu e minha mulher, a historiadora Carmen Lícia Palazzo, valorizamos tremendamente. Sempre fomos muito felizes, nós e nossos filhos, em todos os postos nos quais nos foi dado servir, nos mais agradáveis, e nos mais duros (que também existiram), e sempre retiramos de cada um ensinamentos para a vida e recompensas intelectuais, turísticas, gastronômicas, tudo o que fosse aproveitável.
Feliz dia dos diplomatas a todos e a cada um.
Vale!

Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 20 de abril de 2019

sábado, 20 de abril de 2019

Ricupero no Dia do Diplomata: “A Destruição da política externa brasileira

A destruição da política externa brasileira, por Rubens Ricupero

Date: 20 de abril de 2019
Time: 11:00  to  13:00
No Dia do Diplomata, 20 de abril, teremos a honra de receber o Embaixador Rubens Ricupero para proferir a palestra “A destruição da política externa brasileira.”
———————————————-
Ricupero nasceu numa família de imigrantes italianos, tendo crescido no bairro operário do Brás. Estudou num colégio marista e depois na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, onde se formou em 1959.
Diplomata de carreira de 1961 a 2004, exerceu, dentre outras, as funções de assessor internacional do presidente eleito Tancredo Neves (1984-1985), assessor especial do presidente José Sarney (1985-1987), representante permanente do Brasil junto aos órgãos da ONU sediados em Genebra (1987-1991) e Embaixador nos Estados Unidos (1991-1993). Rubens Ricupero exerceu o cargo de Ministro do Meio Ambiente e Amazônia Legal entre setembro de 1993 a abril de 1994, durante o Governo Itamar Franco, e foi Ministro da Fazenda durante o período de implantação do Plano Real.
Ricupero foi Embaixador do Brasil na Itália e ocupou o importante cargo de secretário geral da UNCTAD entre 1995 e 2004.
É autor de dezenas de textos e livros. “A diplomacia na construção do Brasil, 1750-2016” é um de seus últimos trabalhos.
Sugerimos como aperitivo a leitura da conferência “Política Externa: desafios e contradições”, oferecida no encontro CEBRI – Casa das Garças em 25/02/2019, disponível na internet.

Página do evento no Facebook: clique aqui.

Dia do diplomata: 20 de Abril - Maria Celina de Azevedo Rodrigues

Uma verdadeira diplomata: a presidente da Associação dos Diplomatas Brasileiros – da qual já fui vice-presidente, e com a qual continuo a colaborar, elaborando resenhas dos livros dos diplomatas, na seção "Prata da Casa" em cada número de sua revista – conseguiu realizar a proeza de falar bem dos diplomatas e da diplomacia brasileira sem tocar uma única vez, sem sequer fazer uma menção passageira, à atual política externa, à diplomacia corrente, aos personagens que as comandam, aos que se envolvem direta e indiretamente, enfim, aos que supostamente as representam. Parabéns!
A frase que mais se aproxima da realidade presente está bem no começo: 
O momento atual exige diálogo para definir estratégias e um olhar de 360 graus para analisar os benefícios e os riscos dos rumos da política externa brasileira e de sua posição perante à comunidade internacional.
Assim vamos. Estamos esperando novos discursos fabulosos, dia 29 de abril, quando finalmente será realizada a cerimônia de formatura da nova turma de egressos do Instituto Rio Branco, nossa academia diplomática – turma que foi impedida de escolher livremente seu patrono e paraninfo – e quando também serão atribuídas as diversas comendas da Ordem de Rio Branco, a personagens certamente representativos do momento atual.
Finalizando, deixo também minha saudação e cumprimentos a todos os meus colegas que se exercem concretamente na diplomacia e na política externa, das quais estou, como é sabido, temporariamente afastado.
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 20 de abril de 2019


Dia do Diplomata, 20 de abril: uma data para relembrar desafios e reafirmar compromissos

Maria Celina de Azevedo Rodrigues* 
O Estado de S. Paulo, 20 de abril de 2019 | 08h00
Maria Celina de Azevedo Rodrigues. FOTO: DIVULGAÇÃO
A atuação dos diplomatas brasileiros sempre foi marcada e reconhecida pela excelência em representar o País no exterior. O momento atual exige diálogo para definir estratégias e um olhar de 360 graus para analisar os benefícios e os riscos dos rumos da política externa brasileira e de sua posição perante à comunidade internacional.
O interesse da opinião pública pelas relações exteriores do Brasil é crescente. Como porta-voz da associação que representa mais de 1600 diplomatas brasileiros, entendo a época atual como uma oportunidade para divulgarmos ainda mais as diversas frentes de atuação desta tradicional carreira de Estado.
Os desafios enfrentados pelos membros do serviço exterior são muitos e estão presentes desde o início da carreira, quando passam por um concurso público rigoroso e, posteriormente, por um curso de formação. A ascensão dos diplomatas dentro da casa se dá a partir da aprovação de critérios rígidos e de demandas exigentes por parte das hierarquias superiores. A rotina errante e a necessidade de constante aperfeiçoamento para garantir uma interface eficaz com representantes de outras nações fazem parte do dia a dia dos diplomatas.
Uma forte tradição da nossa diplomacia é a habilidade nas tratativas de questões multilaterais. O desafio em priorizar os interesses comerciais brasileiros junto às comunidades internacionais, sem ferir princípios éticos de outras nações, é sempre levada em consideração pelos diplomatas do País.
A diversidade dos temas sob responsabilidade dos membros do Ministério das Relações Exteriores ainda é pouco conhecida pelos brasileiros. Há diplomatas que, diariamente, desempenham funções nas áreas administrativa, cultural, ambiental, energética, econômica, comercial, consular, ciência e tecnologia, proteção aos direitos humanos, cooperação, paz e segurança internacionais, entre outras, além das representações diplomáticas e consulares do Brasil no exterior.
Vale destacar que, em muitos países, o número de brasileiros residentes tem aumentado a cada ano. As demandas de nossos compatriotas no exterior são crescentes e vão desde situações de emergência, como repatriação, encarceramento, acidente, morte, perda, furto e emissão de documentos a casos de inadmissão em outras nações. Estes são alguns exemplos do quotidiano da assistência prestada pelo serviço consular.
É fundamental que os membros do serviço exterior brasileiro (que, pela própria natureza de seu trabalho, estão disponíveis 24 horas por dia) tenham condições para seguir desempenhando, com efetividade, as funções atribuídas a esta carreira de Estado. Nesse sentido, como entidade representativa, a Associação dos Diplomatas Brasileiros (ADB) finalizou um projeto de nova Lei do Serviço Exterior, cujo principal objetivo é, uma vez acordado com os tomadores de decisão do MRE, criar um marco jurídico moderno, transparente, claro e inclusivo, que atenda às necessidades dos integrantes do Serviço Exterior Brasileiro, particularmente, no que se refere à previsibilidade das regras de remoção e do fluxo de carreira.
A tradição da diplomacia brasileira rem servir ao País e o desejo de vê-la forte e respeitada foi um compromisso firmado pelo Barão do Rio Branco ao assumir a pasta das Relações Exteriores. A comemoração do dia do diplomata no Brasil em 20 de abril ( Decreto n.º 66.217 de 1970) aniversário do Barão, é uma reafirmação por cada integrante da carreira diplomática daquele mesmo compromisso, o de servir à Nação com orgulho e entusiasmo.

*Maria Celina de Azevedo Rodrigues, embaixadora, é presidente da Associação e Sindicato dos Diplomatas Brasileiros (ADB Sindical), tendo chefiado a embaixada do Brasil em Bogotá, na Colômbia; a Missão do Brasil junto às Comunidades Europeias, em Bruxelas, na Bélgica; e o Consulado-Geral em Paris, França.

Fonte: O Estado de S. Paulo, 20/04/2019

Diplomacia americana: seu longo declínio, no livro de William Burns - Jeremi Suri

O autor da resenha, Jeremi Suri, refere-se às memórias de Dean Acheson, Present at the Creation, para sinalizar que, depois de sua longa e segura ascensão, a diplomacia americana empreendeu um longo declínio, provavelmente concomitante à militarização da presença americana no mundo.
Paulo Roberto de Almeida

The Long Rise and Sudden Fall of American Diplomacy

One of Washington's most accomplished diplomats has traced how U.S. foreign policy went astray over decades—and how it can get back on track.


Syrian President Bashar al-Assad  shakes hands with U.S. under secretary for political affairs William Burns ahead of their meeting in Damascus on Feb 17, 2010. (Louai Beshara/AFP/Getty Images)
Syrian President Bashar al-Assad shakes hands with U.S. under secretary for political affairs William Burns ahead of their meeting in Damascus on Feb 17, 2010. (Louai Beshara/AFP/Getty Images) 

On the afternoon of Sept. 11, 2001, one of America’s most experienced diplomats, William Burns, sat in the deserted U.S. State Department compound, five blocks from the evacuated White House, contemplating the future of American foreign policy. The department’s computer systems were down, so he reverted to writing longhand. Burns, the assistant secretary of state for Near Eastern affairs, composed four pages that he later handed to Secretary of State Colin Powell, outlining ideas for the “imaginative and hard-nosed diplomacy” necessary to drain the Middle East of the terrorism that had now reached the United States. Burns’s advice was prescient; its rejection by the White House, Congress, and much of the American public reveals the debilitating “militarization of diplomacy”—the subject of Burns’s compelling memoir, The Back Channel.
“What was unfolding,” Burns writes, “was less a clash of civilizations than a clash within a civilization, a deeply battered Islamic world in the midst of a desperate ideological struggle. There were limits to what we could do directly to shape that debate. What we could do, however, was to help create a sense of geopolitical order that would deprive extremists of the oxygen they needed to fan the flames of chaos, and give moderate forces the sustained support they needed to demonstrate that they could deliver for their people.”

These were the insights of a former ambassador to Jordan who had served in high-ranking positions on the National Security Council (NSC) and in the State Department. In his memoir, Burns explains why his emphasis on diplomacy was so important as the United States embarked on a new global war against terrorism. Washington could never master the deeply complex histories, motivations, and factions within and around the region. The United States would have to rely on local relationships, which would require compromise, negotiation, and some humility. U.S. military power could not replace the necessary deference to regional sensibilities. Egyptian President Hosni Mubarak captured this well when he warned Burns, “You must not underestimate how much trouble those Iraqis can be. They spend their whole lives plotting against each other.”
If Secretary of State Dean Acheson’s classic memoir, Present at the Creation, narrates the growth of U.S. diplomacy during the early Cold War, Burns’s memoir captures the apex of U.S. diplomacy and its rapid decline 50 years later. Acheson’s generation of political leaders valued and supported the nation’s diplomats; Burns’s political masters, particularly after 9/11, did not. Burns offers a cogent argument for why that must change, soon.
U.S. leaders had excelled in the diplomacy surrounding the end of the Cold War. President George H.W. Bush and Secretary of State James Baker built enduring relationships with diverse leaders across the Soviet bloc and the Middle East. They negotiated compromises that gave other leaders what they needed in return for endorsement of key U.S. aims: nuclear arms control, reunification of Germany, and the reversal of Iraq’s occupation of Kuwait. Bush and Baker were less successful in negotiating a peace agreement between Israel and its neighbors, but they made progress there, too. Baker was the great U.S. diplomat of the late 20th century, as seen by Burns, who served on the State Department’s Policy Planning Staff and frequently traveled with the secretary: “His skills, weight within the administration, relationships with all the key players in the region, and proven ability to deliver could not be easily replicated. He seemed like the right peacemaker at the right time.”
Bush and Baker’s international achievements left a void as their successors undervalued the diplomacy they had carefully crafted to reach those results. A unipolar post-Cold War hegemon, the United States possessed unmatched military and economic power, and its ideological righteousness seemed unassailable. Who needed difficult, slow diplomatic compromises when U.S. leaders could get what they wanted largely through pressure and force?
The militarization of U.S. diplomacy began, according to Burns’s account, when President Bill Clinton pushed for rapid NATO expansion into the former Soviet bloc, despite prior U.S. commitments to the contrary (as confirmed by Burns in his memoir) and strong Russian objections. Although Clinton offered strong personal support to Russian President Boris Yeltsin, he failed to address the growing sense of insecurity and grievance within Russia. It appeared that the United States was muscling into Russian geopolitical space, brandishing guns and dollars. Washington offered little to assure concerned Russians, other than continued aid to a drunk, pro-American figure in the Kremlin.
The former Soviet bloc states had good reason to seek NATO membership, but the United States needed to do more to accommodate Russian fears. Diplomacy of this kind received little attention among Clinton’s impatient advisors. Burns, then the U.S. minister-counselor for political affairs in Russia, recounts: “Sitting at the embassy in Moscow in the mid-1990s, it seemed to me that NATO expansion was premature at best, and needlessly provocative at worst. … It was wishful thinking, however, to believe that we could open the door to NATO membership without incurring some lasting cost with a Russia coping with its own historic insecurities.”
The destructive cocktail of U.S. wishful thinking, military power, and ideological self-righteousness reached maximum potency with the Iraq War. Burns calls it America’s “original sin” of the post-Cold War order, “born of hubris, as well as failures of imagination and process.” Burns commends President George W. Bush’s personal sincerity, but he describes him as “reckless” in his commitment to overthrow Saddam Hussein militarily and ignore all advice to the contrary. Burns recounts what he and others at State, and within the Western alliance, told the White House: “There was ‘no evidence of an Iraqi role’ in 9/11, ‘no [regional or international] support for military action,’ and ‘no triggering event.’ There was a ‘relatively weak internal opposition [in Iraq],’ and little clarity on what might happen on the day after.”
These observations—repeated and confirmed by virtually all experienced diplomats at the time—were not an argument for doing nothing. Burns fills many pages with elaborations on the options, short of U.S. invasion, that would have addressed terrorism and other threats in the Middle East. These options included tightened international sanctions, increased support for alternative groups and power centers in the region, and, most important, closer cooperation among U.S. allies—most of whom were eager to show their support for the United States after 9/11.
Washington ran roughshod over all of these diplomatic options. The United States isolated itself, antagonized allies and adversaries, and diverted its resources to a lengthy military occupation that further destabilized the region. The winner of the war was Iran, which saw a regional rival defeated and found new influence in Iraq. The United States was a clear loser, as the “war in Iraq sucked the oxygen out of the administration’s foreign policy agenda.” Mired in Iraq, facing opposition around the globe, Washington found its diplomatic leverage diminished in almost every region. Burns recounts how Russian President Vladimir Putin took advantage of this situation by throwing his weight around in Central Asia, the Middle East, and Southeastern Europe. The United States had cornered itself.
Most damaging, the United States never recovered the diplomatic capital lost in Iraq. Burns recounts many skilled U.S. efforts to contain Russia and denuclearize Libya and Iran, but from military intervention to drone warfare Washington consistently “overrelied on American hard power to achieve policy aims and ambitions.” Even critics of the Iraq War presumed the United States had underused or misused military power; they did not address the diplomatic deficit. U.S. leaders failed to educate the public about the importance of forging compromise abroad, and they frequently encouraged more skepticism toward diplomacy. This was most evident during the Barack Obama administration’s negotiations with Iran, when members of Congress worked to undermine sensitive negotiations while they were still in process, calling recklessly for military intervention instead.
Before Donald Trump’s presidency, many Americans had adopted a dangerous “dismissiveness toward diplomacy.” This was a marked change from the last decades of the 20th century and the presidency of George H.W. Bush in particular. Allies, including much of Western Europe, now distanced themselves from Washington, both frustrated and concerned about U.S. callousness. Adversaries, especially Russia and China, swooped in to acquire new partners and isolate the United States. Ironically, post-Cold War U.S. militarization cracked open the liberal international order that U.S. diplomats had carefully and successfully nurtured for more than 50 years.
There are no easy solutions. The skilled U.S. diplomacy of the late Cold War was a historical aberration, reflecting the accumulated experience of the prior half-century and the leadership of a few distinctive personalities. The U.S. electoral system does not favor diplomats or the slow compromises they nurture in foreign policy. And the United States invests far more in military power than other less kinetic elements.
Nonetheless, Burns’s memoir reminds us of the continued importance of diplomacy, and it points to a number of things Americans can do to improve its practice for the national interest. First, it is high time Americans grapple with the failure of the war in Iraq. They need to hold their leaders historically accountable for their disastrous dismissal of diplomacy, rather than hunting for successful military roads not taken. Recognizing that military power cannot succeed without diplomacy, as evidenced in Iraq, is crucial for building the domestic support U.S. diplomats desperately need. They are the keys to winning future conflicts.
Second, the militarization of U.S. diplomacy is centered in the White House. Burns recounts how the NSC grew in size and influence during his 30 years in government. It frequently crowds out the diplomatic voices coming from the State Department, as happened during deliberations surrounding the expansion of NATO and the war in Iraq. The NSC has become a crisis-driven center for foreign policy, which has repeatedly privileged rapid military solutions for deep diplomatic problems. Reducing its influence, and empowering professional diplomats with area-specific experience, will create more space for creative, informed policymaking. Burns makes this point well: “Responsibility needs to be pushed downward in Washington, and ambassadors in the field need to be empowered to make more decisions locally.”
Third, and perhaps most important, Americans need to educate themselves about diplomacy. This is an old problem in a society that is skeptical about cosmopolitan elites and generally ignorant of its own history. In a very competitive world, managing global relationships will be more important than ever for business and policy. Investing in educating citizens about diplomacy—through language instruction, history, political science, and other related subjects—must become a priority. Educational leaders should take up this cause. The U.S. government should also invest in the issue, beginning with the education of its own diplomats. A recent study that I completed with my colleague, Ambassador Robert Hutchings, shows that the U.S. foreign service is behind many of its peers in the quality and quantity of diplomatic education that it offers to its own diplomats. The United States should at least begin to address the diplomatic deficit among its talented representatives.
Burns’s career captures an underutilized asset in U.S. foreign policy. America has the capacity to produce world-class diplomats, and it needs more of them than ever before. The “imaginative and hard-nosed diplomacy” that Burns describes amid the smoldering ruins of 9/11 should guide thinking about U.S. foreign policy as the country emerges from recent setbacks. Without renewed diplomacy, U.S. force will never be enough.

Jeremi Suri holds the Mack Brown Distinguished Chair for Leadership in Global Affairs at the University of Texas at Austin. He is a professor in the University's Department of History and the Lyndon B. Johnson School of Public Affairs.

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CARACAS, Venezuela (AP) — As Venezuela’s reliance on Russia grows amid the country’s unfolding crisis, Vladimir Putin’s point man in Caracas is pushing back on the U.S. revival of a doctrine used for generations to justify military interventions in the region.
In a rare interview, Russian Ambassador Vladimir Zaemskiy rejected an assertion this week by U.S. National Security Adviser John Bolton that the 1823 Monroe Doctrine is “alive and well.”
The policy, originally aimed at opposing any European meddling in the hemisphere, was used to justify U.S. military interventions in countries including Cuba, Nicaragua, the Dominican Republic and Grenada, but had been left for dead by recent U.S. administrations trying to turn the page on a dark past.
“It’s hard to believe that the U.S. administration have invented a time machine that not only allows them to turn back the clock but also the direction of the universe,” the 66-year-old diplomat told The Associated Press this week.
In an example of how the Cold War-like rhetoric on all sides of Venezuela’s crisis has quickly escalated, the ambassador compared hostile comments by Bolton, Secretary of State Mike Pompeo and Republican Sen. Marco Rubio to those of the al Qaeda leaders behind the Sept. 11, 2001, terrorist attacks.
“Their obsession in imposing their will, in this case on Venezuela’s internal affairs, reminds me of the declarations of the leaders of al Qaeda, who in carrying out the attack on the Twin Towers also tried to position themselves as the only bearers of the truth,” said Zaemskiy, who was senior counselor at Russia’s mission to the United Nations on 9/11. “The history of humanity has shown that none of us are.”
Those specific, written remarks were prepared ahead of the interview.
While the Trump administration led a chorus of some 50 nations that in January recognized opposition leader Juan Guaidó as Venezuela’s rightful leader, Putin has steadfastly stood by Nicolás Maduro, sending planeloads of military personnel and blocking condemnation of his government at the U.N. Security Council.
In a speech this week commemorating the anniversary of the disastrous CIA-organized invasion of Cuba in 1961 by exiles opposed to Fidel Castro’s revolution, Bolton warned Russia against deploying military assets to “prop up” Maduro, considering such actions a violation of the Monroe Doctrine.
What the U.S. considers Russia’s destabilizing support for Maduro hit a high point in December when two Russian bombers capable of carrying nuclear weapons touched down in Caracas. Then, last month, dozens of uniformed personnel arrived to service Sukhoi fighter jets and an S-300 missile system.
Zaemskiy said such military cooperation is perfectly legal and has been taking place for years — ever since the U.S. in 2006 banned all arms sales to the South American country. But he said the alliance has taken on added importance as the Trump administration repeatedly insists that a “military option” to remove Maduro remains on the table.
He was unwilling to say how far Russia would go to thwart an eventual U.S. attack, saying that as a diplomat he’s an optimist.
“I firmly believe that in the end reason will prevail and no tragedy will take place,” he said.
The soft-spoken, bookish Zaemskiy has specialized in Latin America since his days working for the Soviet Union and was posted to Washington for the first of two U.S. tours when the Cold War ended.
Because of his strong Spanish and English, he was a note-taker at the U.N. in September 2000 when Maduro’s mentor and predecessor Hugo Chavez met Putin for the first time. He said he recalls Chavez complaining to the newly elected Putin about the need to raise oil prices, then near three-decade low. The two petroleum powers gradually cemented a political, military and economic alliance over the next few years as oil prices surged to an all-time high, bringing riches to both.
Western diplomats describe Zaemskiy as an astute and affable interlocutor who even U.S. diplomats and leaders of the opposition are known to consult. He’s also the dean of foreign diplomats in Caracas’ dwindling diplomatic community, having presented his credentials in September 2009 — a few weeks before another staunch government ally, Cuban Ambassador Rogelio Polanco.
The aquamarine-colored Russian Embassy, where Zaemskiy also lives, was a mid-century mansion purchased in the 1970s from a wealthy military colonel trained in the U.S. It lies in the shadow the hilltop U.S. Embassy, whose flagpole has been bare since the last American diplomats pulled out of the country last month amid a feud with Maduro over its recognition of Guaidó.
He acknowledged that with hyperinflation raging and many goods in short supply, Venezuela is in a “very difficult” situation. Echoing Maduro, he blamed U.S. sanctions, as well as the stifling of private investment.
His first tour in Venezuela as a protocol officer came from 1976 to 1979, when modern skyscrapers paid for by a flood of petrodollars transformed Caracas’ skyline even as many outside the capital lived in what he described as a semi-feudal state. Zaemskiy said the legacy of Chavez’s economic and political revolution — that it restored dignity to the poor — remains intact.
“It’s perfectly clear to me that the economic situation of the country has deteriorated a great deal,” he said. “The way forward is to open more opportunities for the private sector, which still has a big role to play in the country and should be allowed to demonstrate that” — seemingly a veiled criticism of Maduro’s constant squeeze on private businesses.
To break the current stalemate, he urged something the government’s foes have so far rejected: burying the past and starting negotiations, perhaps with the mediation of the Vatican or U.N.
The U.S. and opposition insist that past attempts at dialogue have only served to give Maduro badly needed political oxygen while producing no progress.
“The lack of confidence is a problem on both sides, which is why they should think together on some innovative ways to create reassurances in this process,” he said. “To simply reject the possibility of dialogue and repeat that the only way forward is the ‘end of usurpation’ as the opposition says, won’t lead anywhere.”
Despite such outward care for Maduro, some have questioned the depth of Russia’s support.
Russia is major investor in Venezuela’s oil industry, but those interests have been jeopardized since the Trump administration in January imposed sanctions on state-run oil giant PDVSA and even went after a Moscow-based bank for facilitating its transactions. At the same time PDVSA last month moved its European headquarters to Moscow from Lisbon, Gazprombank said it was pulling out of a joint venture with the company, Russian state media reported.
“The core value of Russia’s association with Chavismo is a challenge to U.S. prerogatives in its supposed backyard,” said Ivan Briscoe, the head in Latin American for the Crisis Group, a Brussels-based think tank. “That said, Russian diplomacy is nothing if not realistic. They know Venezuela is plunging into an economic abyss with tragic humanitarian consequences. When the moment comes and tensions reach a height, they are likely to help negotiate a settlement, but will aim to exact the highest price they can.”
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