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sábado, 16 de janeiro de 2021

Neonazismo renascendo na Alemanha, armado e disposto a matar - BBC News Brasil

 A velha Alemanha nazista, xenófoba, racista estaria de volta? E ao velho estilo do putsch da Cervejaria? Dispostos a matar imigrantes e alemães simpáticos à imigração? A reportagem é deveras assustadora...

Paulo Roberto de Almeida

O que é o Dia X, o colapso político e econômico pelo qual esperam neonazistas alemães?

  • Gabriel Bonis
  • De Berlim para a BBC News Brasil
Braço segura máscara em ambiente ao ar livre
Legenda da foto,

Extremistas de direita da Alemanha incorporaram teoria da conspiração que prevê colapso do país

O colapso da sociedade alemã se aproxima e é preciso se preparar para o "Dia X", quando a ordem e o governo da Alemanha sucumbirão. Àqueles prontos para esse momento caberá, então, salvar a nação do desastre. Ao menos, é isso o que prevê uma teoria da conspiração abraçada por extremistas de direita e neonazistas no país.

Diversos grupos, grande parte deles organizados em fóruns na internet ou via o aplicativo de mensagens Telegram, se previnem para esse dia com estoques de alimentos, bebidas alcóolicas, remédios, armas e muitas, muitas munições.

Alguns até aguardam uma guerra entre alemães e "imigrantes e muçulmanos", porque temem uma "substituição" da população alemã por estrangeiros que supostamente não seguem os valores do país.

Ainda que o "Dia X" aparente ser apenas mais uma teoria da conspiração, nos últimos anos os preppers (pessoas que se preparam para cenários apocalípticos) da extrema direita alemã têm preocupado as autoridades do país.

Mas, na Alemanha, o "Dia X" entrou na agenda de parte da extrema direita, após a crise de refugiados de 2015, quando mais de 1 milhão de solicitantes de asilo chegaram ao país fugindo de locais como Síria e Iraque.

"Conforme a crise se desenvolveu, houve um aumento do populismo de direita, do AfD [partido de extrema direita que se tornou a terceira força no parlamento federal], de todos os tipos de grupos de direita e, então, dentro do movimento prepper, as pessoas se inclinaram mais para a direita", afirma à BBC News Brasil Hans-Jakob Schindler, diretor do Projeto Contra-Extremismo (CEP), organização sem fins lucrativos dedicada a combater ideologias extremistas.

Uma das principais redes de preppers é a Nordkreuz (Cruz do Norte, em alemão), com mais de 30 integrantes. Parte destes indivíduos eram membros da Spezialeinsatzkommandos (SEK), unidade de operações especiais da polícia do Estado da Mecklemburgo-Pomerânia Ocidental — um deles, inclusive, ainda estava na ativa quando o grupo passou a ser investigado em 2017.

A Nordkreuz, segundo as investigações, compilou uma lista com 25 mil nomes de opositores que poderiam ser alvos de ataques no cenário do "Dia X", incluindo políticos locais pró-refugiados e até mesmo o ministro das Relações Exteriores, Heiko Maas, e o ex-presidente alemão Joachim Gauck. Além disso, a preparação incluiu a encomenda de 200 sacos usados para descartar cadáveres humanos.

Caderno com marca de X escrita
Legenda da foto,

Perspectiva de um 'Dia X' move 'preppers' na Alemanha

No fim de 2019, Marko Groß, uma das figuras centrais da Nordkreuz e integrante da SEK, foi julgado por violação de leis sobre armas de guerra e de controle de armamentos, além de fraude por ter armazenado e, supostamente, recebido armas do Exército alemão.

Em duas buscas em propriedades ligadas ao suspeito, as autoridades encontraram mais de 50 mil cartuchos de munições, diversas armas e ao menos 18 munições classificadas como armas de guerra. Groß recebeu uma sentença de 21 meses. Os procuradores recorreram da decisão. Outros membros do grupo estão sob investigação.

"Acompanhei o julgamento e fiquei chocado com a facilidade com que o juiz principal e seus colegas conseguiram menosprezar uma conspiração aberta de cidadãos 'honestos', como policiais, caçadores, médicos e membros de clubes de tiro, para pegar em armas quando o 'Dia X' ocorrer", diz Friedrich Burschel, conselheiro sênior sobre neo-nazismo e estruturas/ideologias de discriminação na Fundação Rosa-Luxemburgo, em Berlim.

A Nordkreuz, destaca Burschel, montou refúgios, estocou alimentos, água, gasolina, produtos sanitários, "armas e munições, explosivos e outros dispositivos assassinos", além de manter um fórum online com conteúdos "bastante explícitos" e referências diretas ao regime nazista.

"Eles encaminharam fotos de Hitler em frente à torre Eiffel, em Paris, com a legenda 'Chegada da delegação antiterror alemã', ou fotos mostrando um soldado da SS atirando em vítimas caídas no chão com o título 'pedido de asilo rejeitado'", diz.

As Cortes alemãs, acredita Schindler, enfrentam dificuldades para lidar com esses grupos, porque a "questão crucial" é se eles apenas aguardam um colapso social involuntário ou se estão organizando um levante para criar esse cenário.

Logo, ainda que circulem na internet planejamentos detalhados sobre o que aconteceria no "Dia X", é complexo provar uma intenção destes grupos em cometer atos terroristas ou de realizar um golpe de Estado.

"Pelo menos até agora, os tribunais não conseguiram provar além de qualquer dúvida razoável que a lista [da Nordkreuz] era, na verdade, sobre pessoas que eles querem matar. Eles não fizeram nada de concreto ainda", explica Schindler, que também atuou na Organização das Nações Unidas (ONU) e no governo alemão em projetos de inteligência contra a Al-Qaeda, o Estado Islâmico e o Talebã.

Recrutamento nas forças policiais

diversas armas sobre mesa
Legenda da foto,

Munições e diversas armas já foram encontradas com adeptos de movimento que busca preparação para caos na Alemanha

Um relatório confidencial da Europol, a agência policial da União Europeia, divulgado pela emissora pública alemã Norddeutscher Rundfunk (NDR), revela a preocupação da entidade com a estratégia de grupos de extrema direita em tentar recrutar integrantes de forças policiais e do Exército.

O objetivo seria conseguir armas e munições, além de ter membros com treinamento militar, capacidade física e conhecimento de defesa pessoal. Na Alemanha, destaca Schindler, indivíduos com esse perfil são ainda mais úteis por terem acesso a armas em um país no qual esse processo não é simples para civis.

"Uma combinação de pessoas que pensam que a ordem social vai acabar — e que já estão fazendo uma lista de inimigos a serem executados se isso acontecer — e a coleta de armas e munições por indivíduos altamente treinados é uma tendência bastante preocupante", diz.

Problema grave nas Forças Armadas

A Bundeswehr, que tem cerca de 263 mil funcionários entre civis e militares, sofre há anos com escândalos de ligações de seus membros com a extrema direita.

Em janeiro de 2020, o portal RedaktionsNetzwerk Deutschland (RND) revelou que o serviço de contra inteligência militar (MAD) havia investigado 208 oficiais das Forças Armadas nos últimos quatro anos por suspeitas de ligação com extremismo de direita. O dado veio de uma resposta do Ministério da Defesa a um pedido de parlamentares federais.

O documento afirma que 34 desses oficiais tiveram que responder a uma Corte disciplinar militar. Entre os soldados, 147 foram julgados: 57 receberam medida disciplinar por "ofensas criminais com envolvimento com da extremismo de direita". Ao todo, 1173 soldados e 83 servidores públicos da Bundeswehr foram identificados como suspeitos de ligações com a extrema direita.

"Certamente, houve um problema de anos e anos de não se levar isso a sério o suficiente. Comparado com a quantidade de pessoas nas forças de segurança, esse número é insignificante. Ainda assim, centenas integraram essas redes com acesso a armas", afirma Schindler.

Em um dos casos mais recentes, as autoridades descobriram 2 kg de explosivos plásticos, um detonador, um fusível, um AK-47, um silenciador, facas e milhares de cartuchos de munição (muitos dos quais podem ter sido extraviados do exército) na propriedade rural de Philipp S., um sargento da Kommando Spezialkräfte (KSK), a tropa de elite especial das Forças Armadas.

No local também foram encontradas memorabilia nazista, como um livro de canções da Schutzstaffel (SS), uma organização paramilitar do regime de Adolf Hitler. O episódio pressionou o Ministério da Defesa a explicar como neonazistas passaram despercebidos dentro da corporação por tanto tempo.

O problema com a infiltração de extremistas de direita na KSK é tão grave que a ministra da Defesa, Annegret Kramp-Karrenbauer, desmontou uma das quatro companhias da corporação em julho. O resto da unidade especial, que atua em operações antiterrorismo e de resgate de reféns em áreas hostis, pode ter o mesmo destino se não conseguir implementar reformas profundas até 31 de outubro de 2020.

De máscara, a ministra da defesa alemã, Annegret Kramp-Karrenbauer, caminha em pátio, com homem fardado e helicóptero atrás
Legenda da foto,

Infiltração de extremistas de direita na KSK é tão grave que a ministra da defesa alemã, Annegret Kramp-Karrenbauer, desmontou recentemente uma das quatro companhias da corporação

Segundo o MAD, ao menos 20 soldados da KSK estão sob investigação por suspeitas de ligações com a extrema direita.

"O MAD não faz ideia do que está acontecendo nas Forças Armadas. As coisas aparecem acidentalmente, perguntas ficam sem resposta e as redes de extremistas de direita fortemente armados no Exército podem se desenvolver quase sem serem perturbadas", diz Burschel.

A intervenção do Ministério da Defesa na KSK indica quão profundamente esta crise atinge as tropas. O órgão admite, por exemplo, não saber determinar onde 37 mil cartuchos de munição excedente foram disparados, usados ou armazenados, e que 48 mil cartuchos de munição e 62 kg de explosivos desapareceram.

"É muito grave que em quase todos os grupos presos por suspeita de envolvimento com atividades terroristas de direita, se encontre policiais ou ex-policiais e soldados ativos. Tropas desse tipo e estruturas de ordem e obediência com raízes no militarismo e mitos de heroísmo de soldados são fertilizantes para ideologias fascistas e nacionalistas", afirma Burschel.

Governo admite o problema

Em nota à BBC News Brasil, um porta-voz do Ministério da Defesa alemão reconheceu que os sucessivos casos recentes de suspeitos de extremismo na KSK "causaram danos duradouros" à "confiança essencial" do Parlamento e da sociedade nas Forças Armadas.

O Ministério disse estar adotando "uma linha-dura ao buscar sistematicamente a investigação e a exposição de todas as circunstâncias dos casos individuais, bem como possíveis redes e estruturas facilitadoras". Mas destacou que "a maioria absoluta" da Bundeswehr está comprometida em respeitar a Constituição do país.

"A KSK alcançou resultados notáveis em todas as suas operações desde 1998. No entanto, a análise dos últimos eventos e casos de extremismo de direita deixa claro que a KSK ganhou vida própria […]. Isso resultou em partes da KSK desenvolvendo liderança tóxica, tendências extremistas e manuseio negligente de material e munições que não cumpriam totalmente com os regulamentos aplicáveis da Bundeswehr. A supervisão do comando em todos os níveis acima da companhia subestimou ou não reconheceu desenvolvimentos alarmantes nesses segmentos por muito tempo", disse o porta-voz.

O governo admitiu que o MAD "não cumpriu as suas responsabilidades" em relação ao problema, mas avalia que mudanças feitas no fim do ano passado melhoraram o serviço de contra inteligência militar, possibilitando a descoberta de casos como o de Philipp S.

Dados da investigação, contudo, vazaram do MAD para membros da KSK. Algo que o Ministério define como "uma falta de profissionalismo inaceitável". Segundo a nota, os métodos do MAD para combater o extremismo "ainda precisam de mais melhorias e profissionalização".






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O movimento tradicionalista: Benjamin Teitelbaum - Carta Capital

 Santa ignorância

Revista Carta Capital | Capa
15 de janeiro de 2021



Benjamin Teitelbaum, da Universidade do Colorado, explica a interpretação tortuosa da realidade compartilhada pelo radicalismo de direita.

Especialista em radicalismo de direita, professor da Universidade do Colorado e autor do livro Guerra pela Eternidade: O retorno do tradicionalismo e a ascensão da direita populista, Benjamin Teitelbaum decifra o caráter anticientífico e negacionista dos apoiadores de Donald Trump e suas cópias mundo afora.

"A característica definidora do tradicionalismo é seu desejo abrangente de rejeitar a 'modernidade' e, com isso, a ideia de que a sociedade poderia progredir e melhorar significativamente", afirma na entrevista a Clarissa Carvalhaes.

"Isso normalmente significa rejeitar coisas como ciência moderna, universidades modernas e o Estado democrático. Também pode significar rejeitar esforços para criar sociedades mais integradas e igualitárias em termos de raça e gênero."

CartaCapital: Do ataque ao Capitólio à negação da Covid-19, como podemos identificar o tradicionalismo nesses movimentos destrutivos?

Benjamin Teitelbaum: O tradicionalismo pode inspirar os indivíduos a rejeitar as alegações de especialistas científicos durante, digamos, a pandemia. A abraçar, em vez disso, o conhecimento rejeitado pela sociedade moderna dominante como o esoterismo religioso e as teorias de conspiração. Desrespeitar o funcionamento das instituições governamentais. E opor-se aos movimentos políticos que buscam criar um mundo melhor. Assim, aqueles atraídos pelo tradicionalismo podem celebrar a dispensa em massa de perícia científica e educação formal, o mau funcionamento do governo e o colapso das agendas sociais progressistas.

CC: Como uma crise que mina a economia e colapsa o sistema de saúde global pode ser lucrativa para este grupo?

BT: Pensadores desse tipo celebraram o fato de que a pandemia, segundo eles, desacelerou a globalização. Eles acreditam que as nações que se sairão melhor são aquelas que fortalecerem suas fronteiras, ilhas literais ou figurativas. Continuar com o sonho de um mundo sem fronteiras, no qual indivíduos e bens se movem sem obstáculos, um sonho progressista que os tradicionalistas consideram com desprezo, provoca a morte na era da Covid.

CC: Qual a interpretação que eles têm de movimentos como o feminismo, a comunidade LGBT, os direitos humanos, a diversidade social e a própria democracia?

BT: Todos os movimentos que você mencionou compartilham alguns recursos. Eles podem esforçar-se para desfazer a hierarquia social na sociedade, para assegurar que ser de um determinado gênero, orientação sexual, grupo cultural ou classe não limite suas oportunidades políticas ou econômicas. Um crítico diria que eles se esforçam tanto para igualar quanto para homogeneizar, e não segundo um princípio espiritual, mas segundo uma doutrina secular universal (como a noção de direitos humanos). Então, os tradicionalistas acreditam que esses valores que você citou reinarão durante a era das trevas, uma época em que fronteiras de todos os tipos se desintegram e nos unimos em uma massa homogênea em torno dos valores humanos antiespirituais os mais baixos possíveis.

CC: O que vamos viver não será mais uma disputa entre esquerda e direita, mas um conflito entre tradicionalistas e pluralistas?

BT: O que você tende a ouvir, em vez de observadores políticos, é que a linha que define a política vai se tornar globalismo versus nacionalismo: aqueles que querem aumentar a circulação de bens, dinheiro e seres humanos em todo o mundo, e aqueles que querem diminuí-la. Outros dizem que a nova linha divisória será materialismo versus imaterialismo, políticos cuja principal preocupação é a economia (sejam eles liberais de livre-mercado ou socialistas) versus aqueles que se preocupam mais com valores políticos culturais ou espirituais, quaisquer que sejam. E os tradicionalistas poderíam encontrar um papel para si próprios em qualquer uma das variantes, especialmente em sua combinação, em causas políticas que buscam fortalecer as fronteiras e a identidade nacionais com o objetivo de estimular um renascimento espiritual. Se o passado recente for precedente, essas figuras não serão a face mais pública desses movimentos nem tentariam rotular publicamente uma causa como "tradicionalista". Em vez disso, eles operariam por trás dos líderes como figuras e gurus, como Rasputin, empurrando a causa para frente com fervor incomum e indiferença pela destruição forjada no processo.

CC: O Twitter e o Facebook excluíram permanentemente a conta de Donald Trump. Como decisões como essa podem afetar esse movimento?

BT: As plataformas de mídia digital desempenham um papel estratégico importante nos movimentos de extrema-direita, e claro, e acho difícil subestimar até que ponto a exclusão de Donald Trump do Twitter vai atrapalhar suas operações políticas nesses grupos. Para os tradicionalistas envolvidos com a direita, a mídia social tem um significado mais profundo além de sua aplicação estratégica: ela oferece um meio de contornar o mundo da mídia profissional convencional (uma instrução modernista projetada para criar um público mais informado) que eles presumem que está destinado a ser perverso e enganoso. Consequentemente, a perda de sua capacidade de contornar a mídia convencional pode significar mais para eles do que um mero obstáculo prático. Isso pode significar um desafio metafísico mais profundo à sua causa.

CC: Por muito tempo o tradicionalismo foi considerado um grupo "menor". O Brasil deve temer o avanço desse pensamento?

BT: O tradicionalismo não foi projetado para ser, nem acho que jamais será, um movimento de massa. E muito excêntrico, muito bizarro, muito radical em sua oposição às coisas que a maioria de nós considera senso comum. Sua recente ascensão à proeminência política, da mesma forma, não foi graças a qualquer organização, mas ao sucesso estranhamente simultâneo de indivíduos isolados que desempenharam o papel de conselheiros ou ideólogos em vários movimentos políticos populistas em todo o mundo.

CC: É possível indicar a influência desse tradicionalismo no governo Bolsonaro?

BT: Sim. O próprio Bolsonaro exibe muitas dessas tendências. Mas as figuras dentro e ao redor de seu governo que os abraçam com mais fervor e com a consciência mais ideológica são Olavo de Carvalho e Ernesto Araújo.

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"O tradicionalismo não foi projetado para ser um movimento de massa. É muito excêntrico, bizarro"

Paulo Guedes deixou o ministério da economia para ser o tesoureiro da campanha de Bolsonaro - Ricardo Bergamini

 Paulo Guedes deixou o ministério da economia para ser o tesoureiro da campanha de Bolsonaro (Ricardo Bergamini).

Prezados Senhores

Nos próximos 100 anos (o mesmo período do sigilo da carteira de vacinação do Bolsonaro) os brasileiros não vão querer ouvir falar em liberalismo, após desmoralização provocada pelo líder sindical Bolsonaro.

Campos Neto tenta reverter demissão do presidente do Banco do Brasil

 

Estadão Conteúdo

 

15/01/21

 

Sob silêncio absoluto do Ministério da Economia, a posição do presidente do Banco do Brasil, André Brandão, segue indefinida no comando da instituição, após o presidente Jair Bolsonaro entrar em rota de colisão com o plano de reestruturação que prevê fechamento de agências e corte de funcionários.

 

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, entrou em campo para reverter a decisão de Bolsonaro de demitir Brandão, segundo apurou o Estadão. Campos Neto, que tem alta estima com o presidente, o alertou de que uma demissão seria avaliada como interferência política em uma empresa pública que tem ações na Bolsa.

 

Os funcionários do banco receberam sinalização de que Brandão ficará no comando, mas políticos trabalham para que a demissão se concretize e o plano seja revisto. Para substituí-lo um dos nomes cotados é o do atual vice-presidente corporativo Mauro Ribeiro Neto, que tem apoio da família Bolsonaro.

 

Apesar da interferência de Campos Neto e do ministro da Economia, Paulo Guedes, a situação não está definida completamente por causa dos rumos daqui para frente do plano de reestruturação. Uma das saídas em discussão para o impasse é o adiamento do plano anunciado por Brandão, que continuou trabalhando ontem. O BB teve de enviar fato relevante ao mercado informando que não recebeu comunicação formal do controlador do banco sobre a demissão.

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O presidente ficou indignado com a decisão de Brandão de anunciar o fechamento de agências e fazer PDV neste momento em que o Planalto tenta angariar apoio para seus candidatos nos comandos da Câmara e do Senado. O fechamento de agências, principalmente no interior, é um problema político sério para Bolsonaro, que não quer esse ônus.

O presidente insiste que quer ser informado com antecedência, motivo de insatisfação com o Ministério da Economia, ainda mais de medidas que têm forte impacto sobre a opinião pública. O argumento é que o banco não pode só pensar no negócio. Campos Neto é um dos padrinhos de Brandão para o cargo. A saída de Brandão seria mais um grande derrota para a política de Guedes.

 

Sem coordenação

Mais uma vez a estratégia de comunicação “para dentro e fora do governo” foi considerada desastrosa nesse episódio e sem uma estratégia coordenada. Outro episódio que fragiliza a posição do Ministério da Economia. No dia do anúncio, o ministério foi alertado por políticos do desgaste do fechamento das agências, principalmente pelo momento político.

 

O último imbróglio foi com a demissão por Bolsonaro do secretário especial de Fazenda, Waldery Rodrigues, depois que ele antecipou medidas em estudo de congelamento de aposentadorias e pensões.

 

A demissão foi revertida, mas a posição do secretário nunca mais foi a mesma e até hoje é fragilizada. Guedes evitou a demissão para não aumentar o desgaste do seu ministério e sua equipe. O mesmo ocorre agora com o presidente do BB. O afastamento de interferências políticas foi uma demanda do ministro anunciada ainda na transição de governo.

 

Mesmo com essa articulação para o presidente do BB permanecer no cargo, o problema não está resolvido. O Estadão apurou que Brandão não pretende abrir mão de fazer a reestruturação do banco, sem a qual não tem como apresentar resultados e reposicionar o BB para a nova realidade do mercado, uma orientação, inclusive, do ministro Guedes. Mas pode aceitar mudanças no planejamento.

 

O próprio presidente Bolsonaro volta e meia faz comparações entre BB e Caixa, sempre a favor do banco comandado por Pedro Guimarães, um dos seus mais fiéis aliados. Situação que aumentou a tradicional rivalidade entre os dois bancos públicos. O vice-presidente, Hamilton Mourão, disse que houve falha na comunicação do banco com o governo.

 

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

 

Ricardo Bergamini

www.ricardobergamini.com.br

O plano de recuperação de Biden é MAIOR que o PIB do Brasil: US$ 1,9 trillion - James Hohmann (WP)

From The Washington Post, January 15, 2021