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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

terça-feira, 3 de agosto de 2021

Barreiras a estudantes brasileiros em diversos países - Jamil Chade (UOL)

 Falta de vacina ameaça estudos de 950 brasileiros na França

Jamil Chade
Colunista do UOL
03/08/2021 04h12

950 pesquisadores e estudantes brasileiros que deveriam iniciar seus estudos de pós-graduação ou universitários na França a partir de setembro vivem um momento de incerteza. O governo de Paris apenas aceita a entrada de pessoas que tenham sido vacinadas com uma das doses reconhecidas pelo governo local. Mas com a campanha de vacinação ainda lenta em diferentes regiões do Brasil e com a presença de imunizantes não reconhecidos na França, muitos temem que não conseguirão começar o ano letivo, em setembro.

Na esperança de contornar a crise, o deputado Alexandre Padilha (PT-SP), ex-ministro da Saúde, apresentou nesta semana um requerimento ao Ministério da Saúde e ao Itamaraty para que esse grupo de brasileiros seja atendido com prioridade na vacinação, uma vez que os grupos mais vulneráveis já tenham sido atendidos.

"O não controle da pandemia, a lentidão na vacinação e a imagem de pária internacional, afeta a vida de todos brasileiros no exterior", disse à coluna. "Bolsonaro priorizou atletas para a Copa America, Olimpíadas e não pode virar as costas para estudantes que irão ajudar a desenvolver nossa ciência e Universidades", declarou.

Os cursos para os quais os estudantes conseguiram vagas abrangem áreas de engenharias, arquitetura e urbanismo, comunicação, ciências políticas e filosofia, e se dão em instituições tais como École Centrale Lille e École Centrale de Marseille.

"Caso não haja a apresentação dos alunos na data do início do semestre, entre 27 de agosto a 2 de setembro haverá a perda da bolsa", alerta o deputado, em um requerimento direcionado ao Itamaraty e ao Ministério da Saúde.

Nas cartas, o parlamentar pede que esses pesquisadores e estudantes sejam priorizados na vacinação, "de preferência com a vacina de dose única para aqueles ainda não tomaram, uma vez que estar vacinado é a condição para que possam entrar na França e assim darem início aos seus estudos".

Numa carta ao deputado, o movimento "Étudier est Impérieux" explica a situação. O grupo é formado por 950 estudantes e pesquisadores admitidos em universidades francesas e que estão impedidos de adentrar ao território francês devido à estratégia de reabertura das fronteiras francesas que classificou o Brasil como um país da "zona vermelha" devido ao descontrole da pandemia no Brasil.

Pelas regras estabelecidas pela França, é permitida a entrada de quaisquer pessoas vacinadas provenientes da "zona vermelha". "A grande questão é que a maioria dos estudantes e pesquisadores possui entre 20 e 30 anos e sequer tomou a primeira dose", alertam os membros do grupo.

Segundo eles, "devido ao exíguo tempo até o início do ano letivo em setembro, apenas seria possível a dose única da Janssen ou as duas da Pfizer (com intervalo de 21 dias), considerando que o ciclo de vacinação apenas se considera completo para efeito de embarque após 28 dias da dose única da Janssen ou 7 dias após a segunda dose da Pfizer".

https://noticias.uol.com.br/colunas/jamil-chade/2021/08/03/falta-de-vacina-ameaca-estudos-de-950-brasileiros-na-franca.htm


Saiba quais são os 9 países que estão com fronteiras abertas para brasileiros

A lista de fronteiras abertas está ainda mais dinâmica durante a pandemia e os protocolos mudam diariamente

REDAÇÃO ND, FLORIANÓPOLIS
02/08/2021 ÀS 15H52 - Atualizado Há 16 horas

Com o avanço da vacinação contra a Covid-19, alguns países estão reabrindo as fronteiras novamente para as pessoas que vivem no Brasil e  já estão imunizadas. No momento, há cerca de nove destinos possíveis para viajar.

A lista de fronteiras abertas está ainda mais dinâmica durante a pandemia e os protocolos mudam diariamente.

Para acompanhar a situação de cada país, o Itamaraty recomenda consultar a página eletrônica da Associação Internacional do Transporte Aéreo (International Air Transport Association, Iata), um mapa mundial atualizado com informações de cada nação.

Antes de viajar, outra orientação é baixar o aplicativo Conecte SUS, e obter a certificação digital de vacinação, disponível em três idiomas: português, inglês e espanhol.

Confira quais são os nove países que aceitam brasileiros:
Canadá – Todos os brasileiros imunizados com a vacina Janssen ou com as duas doses de Astrazeneca, Pfizer e Moderna poderão viajar para o país norte-americano. A medida vale a partir do dia 7 de setembro.
Caribe – No Caribe existem várias situações, em Belize e nas Bahamas por exemplo, passageiros vacinados com a Janssen ou com as duas doses de Astrazeneca, Moderna, Pfizer, Sinopharm e Sinovac há pelo menos 14 dias estão isentos de apresentar o PCR.
Egito – Os viajantes deverão apresentar certificados de vacinação com QR-Code que comprovem terem tomado as doses necessárias pelo menos duas semanas antes da chegada ao país. São aceitos os seis imunizantes aprovados pela OMS (Pfizer, Moderna, Astrazeneca, Janssen, Sinofarm e Coronavac).
Eslováquia – O país anunciou a abertura de suas fronteiras para turistas de todo o mundo que já estão vacinados. É necessário apresentar somente o comprovante da vacinação na entrada.
Finlândia – Na segunda-feira (26) a nação foi reaberta para turistas do Brasil que estejam devidamente imunizados com a Pfizer, Astrazeneca, Janssen e Coronavac há pelo menos 14 dias. Não é preciso a realização de quarentena.
França – Agora é possível ir para a França se o turista tiver recebido as duas doses de vacina da Pfizer, Moderna e Astrazeneca ou a dose única de Janssen. A Coronavac e Sinovac ainda estão sendo analisadas pela Agência Europeia de Medicamentos (European Medicines Agency – EMA).
Marrocos – Os brasileiros que já foram completamente vacinados têm entrada liberada no país desde o início do mês de julho. Para não terem que cumprir a quarentena, os turistas devem apresentar comprovante de imunização e exame PCR realizado nas últimas 48h. Todas as vacinas que estão sendo utilizadas no Brasil são aceitas.
Qatar – A sede da Copa do Mundo de 2020 reabriu a entrada de brasileiros imunizados contra a Covid-19. O país, por enquanto, aceita as vacinas Pfizer, Astrazeneca, Janssen e Moderna.
Suíça – Desde o mês de junho está sendo permitido que brasileiros visitem o país. Para entrar na terra dos chocolates é necessário apresentar um comprovante de vacinação da Pfizer, Moderna, Janssen, Astrazeneca ou Coronacvac.

https://ndmais.com.br/turismo/saiba-quais-sao-os-9-paises-que-estao-com-fronteiras-abertas-para-brasileiros/


The West isn’t dying – its ideas live on in China - John Gray (New Statesman)

 


The West isn’t dying – its ideas live on in China 

What the Western world confronts is not the threatening advance of alien civilisations, but its own dark shadows moving through China and Russia. 

The retreat of the West began with the fall of communism in 1989. Our triumphal elites lost their sense of reality, and in a succession of attempts to remake the world in their image went on to vacate some of the planet’s most strategically decisive regions. The end result of their attempt to export their system of government is that Western states are weaker and more endangered than they were at any point in the Cold War.

Yet viewing this debacle as a defeat for Western ideas and values is a fundamental error. Western ideologies continue to rule the world. In China Xi Jinping has embraced a variant of integral nationalism not unlike those that emerged in interwar Europe, while Vladimir Putin has skilfully deployed Leninist methods to resurrect an enfeebled Russia as a global power. Ideas and projects originating in the illiberal West continue to shape global politics. At the same time, in an intriguing synchronicity, Western liberalism has itself become illiberal.

The geopolitical descent of the West was visible in the aftermath of the invasion of Iraq in 2003 and is palpable in the withdrawal of American-led forces from Afghanistan. Iran is now the predominant power in Iraq. With the Afghan state and regular army melting away following the US withdrawal, the future will be decided by the Taliban and neighbouring states that are sucked into the ensuing power vacuum. After years of Western intervention and the deaths of hundreds of thousands of people, in Syria Bashar al-Assad is still in power and Russia is the deciding force. Following the Western-engineered overthrow of Muammar al-Gaddafi in 2011, Libya is an ungoverned space and a gateway of people-smuggling into Europe.

In recent months the pace of Western retreat has accelerated. Joe Biden’s meeting with Putin in Geneva in June gave the Russian president what he most wanted. Accepting that the Nord Stream 2 gas pipeline will be completed, Biden has empowered Russia to cut off energy supplies in transit countries. Ukraine has been left twisting in the wind, and Poland and the Baltic states are exposed to increasing Russian power.

The rationale for what is, in effect, a major geopolitical defeat is presumably to allow Germany to secure its energy supplies in return for supporting US efforts to contain China. But the chances of Germany risking its commercial relations with China have always been small. Last year, Germany exported almost €100bn of goods to China – roughly half the value of all EU exports there. China has not only become the biggest German export market, on some measures, but also the fastest-growing.

[see also: Why there is no solution to our age of crisis without China]

German foreign policy is dictated mainly by domestic factors, and industrial lobbies will ensure that trade links with China are not compromised. For the influential Greens, Germany’s exit from coal and nuclear energy transcends any geopolitical cost. In conjunction with the French president, Emmanuel Macron, Angela Merkel has made it clear that Berlin wants détente with Russia. In any great-power struggle, Germany – and thereby the EU – will likely aim to stay on the sidelines, neutral or non-aligned, while in practice inhabiting a Russian zone of influence. No longer as constrained by European diplomacy after Brexit, Britain is resisting this tendency. But without support from the major European powers it is not clear how much the UK can do beyond protecting its own national interests.

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The decomposition of the West is not only a geopolitical fact; it is also cultural and intellectual. Leading Western countries contain powerful bodies of opinion that regard their own civilisation as a uniquely pernicious force. In this hyper-liberal view, which is heavily represented in higher education, Western values of freedom and toleration mean little more than racial domination. If it still exists as a civilisational bloc, the West must be dismantled.

This hyper-liberalism is not presented as one among a number of standpoints that can be examined and questioned in open debate. It is a catechism policed by peer pressure and professional sanctions. Those who enforce it like to dismiss practices such as “cancellation” as nightmares of the fevered right-wing mind with no basis in fact. At the same time, they believe disagreement is an exercise in repression.

In the hyper-liberal credo, only what are regarded as simple, self-evident, morally impeccable truths can be tolerated. Assessing the costs and possible benefits of Western empires for the peoples they governed is not far from being a prohibited enterprise, as is examining the involvement of non-Western states in slavery. Some on the right have compared such ideological restrictions to those enforced under communism. The difference is that in Western societies these curbs on free inquiry are self-imposed.

The upshot is that the liberal West is more a subject of historical investigation than a contemporary reality. Those who believe humankind is converging on liberal values overlook the fact that Western societies are fast discarding them. The “arc of history” points to a model that no longer exists.

This does not mean hyper-liberalism has won. Democracy, insofar as it still functions, imposes limits on ideological orthodoxy. The marketplace, for all its excesses, produces alternatives. Venues encouraging intellectual pluralism continue to survive; some, like this magazine, thrive.

Hyper-liberalism is the ideology of an aspirant ruling class that aims to hoard wealth and position while flaunting its immaculate progressive credentials. Intractable culture wars and an epistemic crisis in which key factual and scientific questions have been politicised are a part of a bid for power by these counter-elites. But except in New Zealand and English-speaking Canada, there is no sign of them achieving hegemony.

Even so, schools are pressured to teach a single version of history, private corporations sack employees for deviant opinions and cultural institutions act as guardians of orthodoxy. The prototype for these practices is the US, which regards its singular history and divisions as defining every modern society. In much of the world the woke movement is regarded with indifference, or – as in the case of France, where Macron has denounced it as “racialising” society – hostility. But wherever this American agenda prevails, society is no longer liberal in any historically recognisable sense.

The evanescence of Western liberalism does not mean we inhabit a post-Western world. Arguments for Western decline are usually rehashed versions of the Harvard political theorist Samuel Huntington’s speculations about clashing civilisations, joined with prognostications of inescapable Chinese supremacy. Such claims have force insofar as they reflect the sharp contraction of Western power. But they miss the most remarkable feature of the contemporary scene: the continuing dominance of modern Western ideas. Not those of liberalism as traditionally understood, but mixtures of fascism, communism and integral nationalism.

Both China and Russia – avowed rivals of the West – are ruled by ideas that derive from Western sources. (The same is true of Narendra Modi’s nationalism in India and some Islamist movements.) What the West confronts is not the threatening advance of alien civilisations but its own dark shadows.

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The formative influence of Western ideas on China’s leadership is illustrated by the references to the ancient Greek historian Thucydides that used to be common among official spokespeople. China, they would assure Western visitors, had no intention of falling into “Thucydides’ trap” – the tendency of rising states to seek to dislodge established powers from their dominant position, leading to war. Since Beijing’s switch to “wolf-warrior diplomacy”, a more assertive and aggressive form of statecraft, some have questioned the significance of the Thucydides trap in Chinese thinking. But Xi Jinping referenced it explicitly in a talk I heard him give in Beijing several years ago. He appears to have become more confident since then.

The study of Western classics is actively promoted in Chinese universities. The texts are often taught in their original Latin or Greek (a practice no longer required at Princeton, where some consider it racist). China’s meritocratic intelligentsia is also notable for having a grasp of Western political thought that exceeds that of many in Western universities. The works of Alexis de Tocqueville, Edmund Burke and Thomas Hobbes, as well as 20th-century thinkers such as Michel Foucault, have been closely studied. The German jurist Carl Schmitt (1888-1985) has been accepted as having the most to teach regarding China’s political development.

Schmitt gained recognition in the German academy by examining the influence of theological ideas on Western jurisprudence. During the 1920s he fashioned a set of ideas in which the Enabling Act of March 1933, which formally established the Nazi regime, could be formulated and justified. Law was created by sovereign political decisions, and whoever decided when a “state of exception” or regime crisis existed was the sovereign. In 1932 he published The Concept of the Political, arguing that politics was not a dialogue among members of a shared community with divergent interests and values, but a struggle between enemies – in other words, a mode of warfare.

Joining the Nazi Party weeks after it came to power, Schmitt distinguished himself by endorsing the burning of books by Jewish authors . But he seems not to have been sufficiently anti-Semitic for his Nazi patrons, and in 1936 was accused of opportunism and had to resign from the party. At the end of the war he was arrested by Allied forces and spent a year in internment. He never recanted from his theories, elaborating on them in the decades that followed.

Uniform vision: Carl Schmitt believed the sovereign should promote the homogeneity of a people. Credit: getty images

Schmitt’s theory of law is not wholly original, or necessarily anti-liberal. A similar view can be found in the work of Hobbes. The difference is in their view of politics and the state. Whereas Hobbes believed the purpose of the state is the protection of individuals from violence and insecurity – a fundamentally liberal position – Schmitt charged the sovereign with promoting the homogeneity of the people.

It is this aspect of Schmitt’s thought that appears to be most attractive to the Chinese leadership. If the state and the people are one and the same, minorities can be suppressed, or obliterated, in the name of public safety. The forced assimilation of Tibetans, Kazakhs, Uighurs and other minorities into a uniform Han Chinese culture is not oppression, but a necessary means of protecting the state from forces that would destroy it.

The German jurist’s ideas are well suited to legitimating Xi’s increasing repression. In 2020 the Beijing law professor Chen Duanhong drew on Schmitt’s thought in a speech in Hong Kong to support the recent “national security” law, maintaining that the exercise of China’s sovereign authority to extinguish liberal freedoms in the former British colony is no more than the state securing its future.

Schmitt supplies a template for Xi’s integral nationalism. The construction of homogeneous nation-states did not begin with National Socialism. It had a European point of origin in revolutionary France. In the early 1790s, the Jacobins used an idea of the nation to crush a popular rising in the Vendée region of western France, in a campaign of repression that may have cost in excess of 100,000 lives. The construction of the French nation-state continued in the 19th century through the institutions of military conscription and national schooling, eradicating the diversity of languages and cultures that existed under the ancien régime.

Ethnic cleansing became central to nation-building in the wake of the First World War. The collapse of the Austro-Hungarian, Ottoman and Romanov empires enabled the emergence of nation-states asserting a right to self-determination – a development reinforced by the US president Woodrow Wilson in the Versailles settlement of 1919. His goal was to reconstruct Europe as a community of civic nation-states. But there were internal minorities in many of these states, and in the years that followed large population transfers occurred. Huge numbers fled or were expelled – as many as 1.5 million Greeks from Turkey and around 400,000 Turks from Greece, for example.

The process continued during the Second World War, with the Nazis killing millions in the territories they occupied in eastern Europe and the Soviet Union, and attempting the complete extermination of the Jewish people. Stalin deported peoples whose loyalty to the Soviet state he mistrusted (such as the Chechens and Crimean Tatars) from their homelands to Central Asia, many of them perishing during the journey or soon after their arrival.

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The nation-state is a Western invention. Nationalism emerged in China towards the end of the Qing dynasty (1644-1912) as a response to the humiliating subjugation of the country by Western powers. Seeking to confer “Chinese characteristics” on his project, Xi Jinping has cited Han Feizi, a third-century BC aristocrat in the Han kingdom and a proponent of the Legalist school of philosophy, in which law is used to fashion a strong centralised state.

As in interwar Germany, Schmitt’s thought facilitates a shift to totalitarianism. The distinction between authoritarian and totalitarian states is nowadays dismissed as a relic of the Cold War. Yet it captures a crucial difference between illiberal regimes. Authoritarian states are dictatorial in their methods but limited in their goals, whereas totalitarian states attempt to transform society and intrude into every area of human life. Bismarck’s Prussia and late tsarist Russia fall into the former group, and National Socialist Germany and the Soviet state throughout most of its history into the latter. Xi’s China has moved into the totalitarian category. Through the 95 million-strong Chinese Communist Party, which celebrated its centenary on 1 July this year, the state aims to be omnipresent throughout society.

China represents itself as a “civilisation-state” based on Confucian ideas of social harmony. Yet Xi pays tribute to Mao Zedong, who between 1949 and the mid-1970s laid waste to Chinese civilisation in the pursuit of an ugly occidental utopia. The move to a more limited authoritarian regime that seemed to be under way in the time of Deng Xiaoping, who led the People’s Republic between 1978 and 1989, has been reversed, and totalitarianism renewed. China is the site of an experiment in coercive nation-building whose closest historical parallels are in interwar Europe.

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Putin’s Russia and Xi’s China are often understood as similar types of regime. There is some basis for this as both are vehicles for Western projects. Lenin always maintained that the Bolshevik takeover continued the Jacobin tradition in the European Enlightenment. A type of pedagogical terror was a feature of the Soviet state from the time of its foundation in 1917. Even after the Sino-Soviet split in the 1960s, Mao continued to emulate the Westernising Soviet model.

But the differences between Russia and China today are profound. Putin’s Russia is an authoritarian regime in which the state, though violent, is weak. Its spine is the former Soviet intelligence services; but sections of them are semi-privatised, some working in opaque collusion with organised crime. Amorphous private armies operate in Russia’s near-abroad and other zones of global conflict. Putin’s authority appears to be unchallenged in the Kremlin, but he exercises it with the tacit consent of oligarchs who in turn depend on his patronage.

There are signs of decay in the regime. An earlier phase of Putinism in which the population was controlled through “post-modern” media techniques and the management of apathy has given way to one that relies more on the threat of force. Nonetheless, the control of the population by the state is less comprehensive than at any time under the Soviet system until it began its slide into anarchy with Gorbachev’s liberalising reforms from the mid-1980s.

In 2017 the Kremlin declined to celebrate the centenary of the Russian Revolution, with Putin reportedly asking, “What is there to celebrate?” The view of some regime-friendly Russians that Putin, an archetypal product of the Soviet system, is an essentially anti-communist leader is not wholly groundless. Yet the core institutions and methods through which he governs are Soviet inheritances. The “little green men”, for example – Russian irregular forces that effected the invasion of Ukraine – were following the Bolshevik practice of maskirovka (deception). His cyber-warfare applies a similar strategy.

The fantasy of world revolution has long since been abandoned, along with the goal of transforming society, but the state through which Putin rules remains Leninist in its structure.

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The belief that challenges to the West emanate from outside the West is a source of some comfort to liberals. The role of an earlier generation of liberal and socialist thinkers in downplaying the colossal human toll of communism in Russia and China can be forgotten. The West’s complicity in present-day crimes can be evaded.

The attempt to erase the Uighurs as a people is the most obvious example of ongoing oppression in China. Confining them in concentration camps, demolishing their mosques and cemeteries, deporting them to work in factories (some of them reportedly in the supply chains of Western brands) and subjecting women to rape, involuntary abortion and sterilisation are crimes against humanity. But any campaign against them soon confronts China’s economic power, which has the potential to derail the global market the West has constructed and on which it now depends.

Despite the Uighurs’ plight being raised at international meetings, there is little real support for them. In most Muslim-majority countries, many of them indebted to China, Uighur cries for help have been greeted with silence. A world in which hyper-liberalism coexists amicably with the restoration of slavery may well be the next stage of social evolution. The Uighurs are on the wrong side of history.

The suppression of minorities in China is instructive because it undermines a consoling liberal narrative: the modern world is based on scientific and technological innovation, which requires an open society. Dictatorship is not just wrong but inefficient and unproductive. Only liberal societies have a long-term future.

China has dispelled this legend. During the post-Mao period a dictatorial regime presided over the biggest and fastest process of wealth-creation in history. As a result of the shift from authoritarian to totalitarian government under Xi, innovation may slow. There are already signs this may be happening. But countervailing forces in the West could yet give China the advantage.

In California, proposals are under consideration that would discourage the teaching of calculus in high schools. In Canada, Ontario’s proposed “equitable” maths curriculum “recognises that mathematics can be subjective”. Deconstructing education in this way, during a time of intense geopolitical rivalry in science and technology, does not look like a winning strategy.

Whether Western elites are capable of strategic reasoning at this point is unclear. Many of their key policies are performative in nature. Schemes to achieve net zero carbon emissions are extremely costly, and will not prevent accelerated global warming. The vast sums would be more reasonably spent adapting to the abrupt climate change that is already under way. But that would demand realistic thinking, which Western opinion-leaders reject as defeatist if not immoral.

A world-view that gripped sections of the Western intelligentsia throughout the modern period and dominated the post-Cold War world is disintegrating. Stories showing humankind evolving towards liberal values are parodies of monotheism in which a mythical logic in history replaces a redemptive providence. Knock away this myth, and the liberal way of life can be seen to have been an historical accident. In time the regimes created by Xi and Putin will crumble. But if the long drift of history is any guide, they will be succeeded by anarchy and new despotisms.

While Western liberalism may be largely defunct, illiberal Western ideas are shaping the future. The West is not dying but alive in the tyrannies that now threaten it. Unable to grasp this paradoxical reality, our elites are left looking on blankly as the world they have taken for granted slips into the shadows.

[see also: The return of the West: can the G7 nations rebuild a global alliance?]

John Gray is a New Statesman contributing writer. His most recent book is Feline Philosophy: Cats and the Meaning of Life (Allen Lane)

segunda-feira, 2 de agosto de 2021

O patrono assassinado - Alexandre Vidal Porto (FSP)

 Os alunos do Instituto Rio Branco já estão sob intensa pressão, mas não precisam fazer mais nada; basta dizer que escolheram um nome e que é só esse. Ponto.

O patrono assassinado
Com homenagem, jovens diplomatas indicam caminho ético que querem seguir
FSP, 1º.ago.2021 às 23h15
Alexandre Vidal Porto
Escritor e diplomata, é mestre em direito pela Universidade Harvard e autor de “Sergio Y. vai à América”, “Matias na Cidade” e “Cloro”
Todos os anos, milhares de candidatos disputam uma vaga para a carreira de diplomata do Ministério das Relações Exteriores. Os aprovados no concurso, após um período de formação profissional de cerca de dois anos no Instituto Rio Branco, passam a integrar o Serviço Exterior Brasileiro e a trabalhar no Itamaraty, em Brasília, ou na rede de consulados e embaixadas do Brasil espalhados pelo mundo.
Cada nova turma, ao formar-se, escolhe um patrono, cujo exemplo e trajetória devem inspirar a atuação dos jovens diplomatas como servidores de Estado. Segundo a coluna Painel de 28 de julho, a última turma de formandos do Instituto Rio Branco teria escolhido como patrono o embaixador José Pinheiro Jobim, torturado e assassinado pela ditadura militar num caso de queima de arquivo.
A confirmar-se, tal escolha não poderia ter sido mais justa e acertada.
O embaixador Jobim (1909-1979) teve carreira corretíssima no Itamaraty. Era economista de formação e, por força de contingências do trabalho, acompanhou, desde o início, por anos, as negociações para a construção da usina hidrelétrica de Itaipu. Era considerado um especialista no tema. Chefiou, também, embaixadas em Paraguai, Equador, Colômbia e Argélia. Seu último posto foi como embaixador junto ao Vaticano. Não tinha história de ativismo político.
No ano de 1979, já aposentado, compareceu à cerimônia de posse do presidente João Figueiredo. Na ocasião, comentou com colegas de Brasília que escrevia um livro de memórias. Nele, apresentaria denúncias de superfaturamento milionário nas obras de construção do complexo de Itaipu. Sete dias depois desse episódio, já no Rio de Janeiro, José Ribeiro Jobim desapareceu. Seu corpo foi encontrado na Barra da Tijuca, pendurado numa árvore pelo pescoço, num arremedo de suicídio —causa mortis sugerida no inquérito policial.
Alertadas por uma testemunha que recebera, numa farmácia, um bilhete de Jobim, no qual ele alertava sobre seu sequestro, a viúva e a filha do embaixador batalharam judicialmente até esclarecerem as reais circunstâncias de sua morte. Em 2018, o Estado brasileiro finalmente assumiu sua responsabilidade e reconheceu tratar-se de “um crime de Estado, consumado por motivação exclusivamente política.”
O atestado de óbito de Jobim passou a refletir “morte não natural, violenta, causada pelo Estado brasileiro, no contexto da perseguição sistemática e generalizada à população identificada como opositora política ao regime ditatorial de 1964 a 1985”.
Ao pretenderem honrar a memória de José Pinheiro Jobim, os jovens diplomatas valorizam seu exemplo de retidão e cumprimento às leis como agente público. Sublinham, igualmente, a obrigação dos servidores de não compactuar com ações que violem a Constituição Federal.
Essa possível escolha dos formandos também aponta para a necessidade de os diplomatas terem sempre presentes os prejuízos que a falta de democracia pode infligir à instituição e a seus integrantes —e essa memória é importante para uma organização de Estado, como o Itamaraty.
Com essa homenagem, os jovens diplomatas indicam, finalmente, o caminho ético que querem seguir como servidores públicos, rejeitando regimes de exceção, deplorando seus atos e honrando suas vítimas.
Deve-se ver com alegria e otimismo essa direção em que aponta a mais nova geração de diplomatas, servidores públicos que terão a seu encargo projetar a imagem e defender os interesses do Brasil no mundo.

Não esperem muito da América Latina nos próximos anos: nada se fará - matérias de imprensa

 A descoordenação é total, a confusão é muito grande, ninguém se entende, e a fragmentação vai continuar, dentro de um contexto extremamente mediocre.

Paulo Roberto de Almeida

Clarín, Buenos Aires – 1.8.2021

México propone a Alberto unirse a EE.UU. contra China

La propuesta mexicana es, paradójicamente, parecida al ALCA que se rechazó en tiempos de Néstor y Chávez

Ricardo Kirschbaum

 

López Obrador, presidente de México y Oráculo de Delfos para Alberto Fernández, acaba de hacerle una oferta a Estados Unidos que se traduce así: respeto de la autonomía política de los países a cambio de ayuda para evitar que China avance en América latina. La idea surge de una realidad pura y dura: México tiene una apabullante dependencia económica de EE.UU. y, a la vez, tiene una política exterior con rasgos independientes de su gran potencia vecina pero que, al final, no es contradictoria con sus necesidades nacionales. Esto es la intensa y ceñida trama de intereses económicos con Washington.

Nuestra cercanía nos obliga a buscar acuerdos y sería un grave error ponernos con Sansón a las patadas, pero al mismo tiempo tenemos poderosas razones para hacer valer nuestra soberanía (…)", explicó didáctico López Obrador en la última reunión de la Comunidad de Estados Latinoamericanos y el Caribe (CELAC), un organismo del que Hugo Chávez fue el partero en aquella recordada reunión de Mar del Plata, en la que el venezolano mandó al carajo al ALCA de George Bush. EE.UU. y Canadá están excluidos. El Brasil de Bolsonaro participa sin entusiasmo.

Fernández sintonizó rápido con su mentor y propuso que la CELAC reemplace a la Organización de Estados Americanos (OEA), a la que acusa de ser portadora de todas las plagas, y a su titular, Luis Almagro, de instrumentar la política del garrote contra los “gobiernos populares”.

López Obrador rara vez habla de cuestiones internacionales. Su ghost writer es Marcelo Ebrard, su canciller y bastonero de la alianza con Argent

López Obrador rara vez habla de cuestiones internacionales. Su ghost writer es Marcelo Ebrard, su canciller y bastonero de la alianza con Argentina, en la que México siempre es mano. Ebrard impulsa acciones que se reproducen aquí en espejo. Esta iniciativa es la posta que recibe el presidente argentino.

La propuesta mexicana, paradójicamente, es en el fondo -no en la inflamada retórica antiimperialista- parecida al ALCA que se rechazó en tiempos de Néstor y Chávez, en los que cualquier acción común en América del Sur debía ser antinorteamericana. Ahora se propone volver sobre esos pasos, sacar ventaja de la disputa de Washington con China y, a cambio, que todos se traguen el carozo de la situación de Cuba, Nicaragua y Venezuela, con el argumento de que la violación de derechos y la supresión de libertades democráticas son cuestiones inopinables para la comunidad internacional.

Fernández quiere coronar su gestión presidiendo la CELAC y de paso conseguir al menos el gol del honor después de perder en el BID y en la CAF.

Según como se vea, conseguir que Argentina sea electa -algo que es más un trámite burocrático que una votación en regla- y ofrecer un acuerdo a Estados Unidos contra China, sería también presentado como un triunfo diplomático tan necesario para Felipe Solá, en tiempos en que el gabinete de Fernández se parece demasiado a un tembladeral por el resultado de las elecciones de noviembre.

 

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El Cronista, Buenos Aires – 2.8.2021

"La OEA, así como está, no sirve": Alberto cargó contra el organismo regional y le cayó con todo a su titular

El Presidente consideró que la Organización de Estados Americanos funcionó como "una suerte de escuadrón de gendarmería para avanzar sobre los gobiernos populares" de la región. También alzó la voz en contra de los bloqueos económicos que pesan en pandemia sobre Cuba y Venezuela.

 

El presidente Alberto Fernández llamó este viernes a profundizar la institucionalidad del progresismo en América latina y a alzar la voz en contra de los bloqueos económicos en tiempos de coronavirus. Así lo expresó a partir del convencimiento de que el continente está "signado por la desunión" promovida por el ex presidente estadounidense Donald Trump y el accionar de la OEA como "una suerte de escuadrón de gendarmería" sobre los gobiernos populares.

Fernández disertó ayer en forma virtual en el encuentro por el Segundo Aniversario del Grupo de Puebla, bajo el título "Democracia, integración y justicia social en Latinoamérica", en una jornada que tuvo como oradores a referentes de 16 naciones, como el expresidente del Gobierno de España, José Luis Rodríguez Zapatero; al ex mandatario de Ecuador, Rafael Correa; y al dirigente político chileno Marco Antonio Enríquez-Ominami, entre otros.

En su disertación, el Presidente hizo un repaso sobre la situación del progresismo en Latinoamérica en los años en los que fue perdiendo lugares en los gobiernos de la región, donde -en paralelo- fue ganando terreno el "conservadurismo", a instancias de la influencia de Trump en el continente.

"Trump imponía su política sobre América Latina y eso explica muchas cosas que pasaron; eso explica la OEA que tenemos, explica el BID que tenemos, la división que tenemos, el nacimiento del Grupo de Lima, del Foro Prosur; todos mecanismos que servían a la política de Trump y no servían a la unidad de América latina ni al desarrollo ni al progreso de los latinoamericanos", reflexionó Fernández.

Ante este retroceso, el mandatario argentino convocó a los integrantes del Grupo de Puebla a profundizar e institucionalizar la unidad regional, a través de instrumentos como la Celac, porque -advirtió- "la OEA, tal como está, no sirve".

"El primero que tiene que hacer su mea culpa es su secretario general (Luis) Almagro por la cantidad de cosas que ha hecho y también la institucionalidad de los Estados Unidos por haber propuesto y sostenido a un hombre como Almagro", opinó.

Consideró que "los años de Trump" hicieron que la organización "no fuera un lugar de encuentro para América Latina", sino más bien "una suerte de escuadrón de gendarmería para avanzar sobre los gobiernos populares" de la región.

"Lo que la OEA ha hecho en Bolivia necesariamente debe ser investigado y necesariamente debe ser juzgado porque ahora no caben dudas de lo que pasó", remarcó Fernández, quien se refirió así a cómo "se impidió" la consagración como Presidente de Evo Morales, primero, y el golpe de Estado cometido después, en 2019.

El Grupo de Puebla, entonces, en la mirada del jefe de Estado, "aporta a un debate muy sustancioso" en el objetivo de "encontrar caminos alternativos" para que América Latina logre "salir adelante" y sacarse el "triste estigma" de ser el continente "más desigual" del mundo.

"Las políticas de los últimos años profundizaron esa desigualdad y además vino la pandemia y quedó más en evidencia esa desigualdad", planteó Fernández, quien reivindicó la "importancia del Estado" y el valor de darle sustento al carácter público de la salud y de la educación.

"Es imprescindible que la educación sea pública y gratuita para el progreso de nuestras sociedades; en Argentina tuvimos un presidente que distinguía a quienes tenían la suerte de estudiar en la educación privada, de los que tenían la desgracia de caer en la educación pública", reflexionó y aludió, aunque sin nombrarlo, a Mauricio Macri.

Marcó, en esa línea, que "la pandemia enseñó la trascendencia del Estado" porque "es el mayor garante de la solidaridad", esbozó, y aseveró: "Si el Estado no arbitra y pone igualdad donde la igualdad no existe, ningún mercado promueve la igualdad".

El Presidente describió el contexto regional para renovar su certeza de que los países deben "unirse" para lograr mejores renegociaciones de sus "deudas", un problema que -pronosticó- impactará a nivel global.

"En el mundo de la pospandemia, el FMI decidió disponer u$s 50.000 millones para atender las necesidades de los países más pobres del mundo; a la Argentina de Macri le prestó 57.000 millones; eso me exime de todo comentario de explicar por qué el gobierno de Trump respaldó que el Fondo dé ese crédito", advirtió Fernández e ironizó: "En nuestro país decimos que Trump pagó la campaña electoral más cara del mundo".

En otro orden, el Presidente planteó que América latina tiene la "obligación moral" y el "deber ético" de alzarse frente a los bloqueos económicos que pesan sobre Cuba y Venezuela en tiempos de pandemia de coronavirus y evaluó que los Estados, por una cuestión "humanitaria", no pueden "quedarse callados" ante esas situaciones.

"Los bloqueos deberían avergonzar a quienes los promueven y en América latina hay dos bloqueos que se sostienen en medio de la pandemia que privan a los pueblos, ya no sólo de alimentos, ya no sólo de insumos para que la industria produzca, sino de insumos médicos, de respiradores y de lo elemental para hacer frente a la pandemia; humanitariamente nosotros no podemos quedarnos callados", expresó.

Pidió al resto de los miembros del Grupo de Puebla poner en alto las "ideas, las convicciones" para llevar estos debates "a todas las sociedades" de la región.

"Ser progresista no es tampoco sólo distribuir riqueza de un modo más igualitario, eso sí, pero también es garantizar la igualdad de género, terminar cualquier tipo de discriminación, es promover la unidad del continente en un tiempo en el que el mundo se regionaliza; todas esas son deudas que tenemos en nuestras sociedades", concluyó Fernández.

 

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La Tercera, Santiago – 2.8.2021

América Latina, ¿queremos quedar al margen?

Ricardo Lagos

 

Desde que México asumió la presidencia pro tempore de la Comunidad de Estados Americanos y del Caribe (CELAC), en 2020, el Canciller Marcelo Ebrard se ha esforzado por mantener viva a la entidad, no obstante la crisis que la cruza desde los últimos años, derivada de la carencia de una política exterior regional común para hablar con el resto del mundo. Para ello, Ebrard ha optado por impulsar aquellos temas que no generen mayores confrontaciones ideológicas y, en cierta forma, ello ocurrió en la XXI Reunión de Cancilleres de este organismo, celebrada recientemente de manera presencial. Se habló de la pandemia, de impulsar un fondo para afrontar contingencias y desastres y un grupo de países –encabezados por Argentina y México– suscribieron un documento de trabajo para crear una Agencia Latinoamericana y Caribeña del Espacio. Ya veremos que opinan de ello los Jefes de Estado de CELAC que, se supone, se reunirán en México a mediados de septiembre.

No cabe por cierto estar en contra de esos esfuerzos. Pero la realidad mundial y los cambios de la era digital nos reclaman una articulación mucho más potente, aspirar a ser más. Y no estamos en eso. Brasil ya no participa de CELAC y es, junto a Argentina y México, parte del G20.Sin la coordinación de estos tres países para llevar la voz de la región a ese foro de alcance global y con las economías más grandes y ricas del mundo, seremos irrelevantes. La pregunta es: si están pasando tantas cosas en un mundo en transformación profunda, ¿por qué hemos optado por quedarnos al margen?

Sólo dos semanas antes de esa cita latinoamericana en México, se reunieron en Venecia los ministros de Hacienda y directores de los bancos centrales del G20. Y allí se acordó, ni más ni menos, crear un impuesto global mínimo para las empresas transnacionales que facturen más de 20 mil millones de euros y que obtengan una utilidad sobre el 10% antes de pagar impuestos, independientemente de donde tengan su sede. Se excluyó de este impuesto a las industrias extractivas y los servicios financieros regulados.

La base teórica de esta tasa, expuesta en el documento Cómo abordar los desafíos fiscales derivados de la digitalización de la economía, redactado por la OCDE y economistas del G-20, es resultado de la globalización de la economía mundial. La propuesta busca que el impuesto se pague, no en el lugar donde la empresa tiene registrada o acredita su dirección comercial, sino que en el territorio donde genera la renta. Esto implica un cambio enorme en el sistema tributario mundial y obliga a los países del G-20 a concordar un cobro porcentual equivalente para todos. Algunos dicen que debería ser el 15% sobre la utilidad del 10%, y otros, como Argentina y Francia, sugieren aumentarlo al 25%. La decisión final sobre este impuesto transnacional se adoptará en la próxima reunión del G20, en octubre.

Gravar y pagar el impuesto donde se genera la renta es un cambio histórico. En primera instancia, evitará que las multinacionales –principalmente las gigantes digitales– se alojen en paraísos fiscales y evadan impuestos. También generará una redistribución impositiva más justa y estable, de acuerdo a las utilidades obtenidas en cada país. De esta forma, las principales economías del mundo reconocen su interdependencia en este plano y se hacen cargo de las consecuencias de la digitalización económica. Se abandona el concepto de “soberanía tributaria de los países” porque las empresas transnacionales operan más allá del concepto del Estado–Nación. A partir de ahora, los países deberán ordenar y coordinar sus acciones para hacer frente a estas entidades, que juntas generan la mitad de las ganancias mundiales.

Pero este cambio de época tan concreto llega cuando América Latina ha dejado de coordinarse para actuar en estos escenarios globales.No existe el diálogo necesario entre los tres países que nos representan en el G20 y es difícil que ocurra de aquí a octubre, para la cumbre de esta entidad. En el pasado, los líderes regionales acostumbraban a tener una conversación franca y distendida antes de la reunión del G20 para definir un camino común; hoy eso es muy difícil. Probablemente, los tres países regionales integrantes del G20 expondrán sus visiones de manera separada y desarticulada. ¿Pero no sería más lógico, por ejemplo, tener antes un debate en el ámbito latinoamericano sobre si estamos o no de acuerdo con el aumento al porcentaje del impuesto como lo propone Argentina?

América Latina debe asumir la diversidad de sus gobiernos y lograr una coordinación mínima para hacer frente a estas tareas supranacionales. Actualmente, la digitalización y la globalización económica, junto a las nuevas prácticas que la pandemia trajo a la educación, el trabajo y los métodos productivos, hacen inevitable el surgimiento de nuevas reglas que superen las fronteras. Ahí se inscribe esta propuesta de impuesto global. Si en el siglo XIX las nacientes naciones americanas coordinaron criterios para modificar el sistema tributario heredado del dominio español, hoy se hace urgente superar nuestras diferencias y formar parte de la discusión del naciente sistema impositivo planetario.

Si nos quedamos al margen, el costo político será profundo. Nuestro destino será asumir las medidas que adopten los países más grandes y lejanos, marginándonos del proceso y perdiendo soberanía en materias económicas. Se anuncia para septiembre un amplio encuentro de mandatarios en México, el primero después de mucho tiempo. Ojalá allí se reactive esta coordinación esencial, para actuar en los verdaderos escenarios donde se está jugando el devenir del siglo XXI.

 

Ricardo Froilán Lagos Escobar (Santiago, 2 de marzo de 1938). Doctor en Economía, abogado y político del Partido Socialista de Chile y del Partido por la Democracia. Presidente de la República entre el 11 de marzo de 2000 y el 11 de marzo de 2006. Ministro de Educación entre el 11 de marzo de 1990 y el 28 de septiembre de 1992, en la presidencia de Patricio Aylwin Azócar. Ministro de Obras Públicas, entre el 11 de marzo de 1994 y el 1 de agosto de 1998, durante la presidencia de Eduardo Frei Ruiz Tagle.



A ARMADILHA LATINO-AMERICANA!

Editorial - O Estado de S. Paulo, 30/07/2021 

Entre a desigualdade social e o baixo crescimento é difícil saber qual é o ovo e qual a galinha, mas ambos se reforçam mutuamente: países mais pobres são mais desiguais e vice-versa. A América Latina é a segunda região mais desigual do mundo e a mais desigual em sua faixa de renda. Não surpreende que o último relatório do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) para a região se intitule Presos numa Armadilha.

Na década de 2000, o crescimento econômico, a redução da lacuna entre os salários dos empregos mais e menos qualificados e os programas de transferência de renda reduziram a desigualdade. Mas a tendência se estancou na década de 2010, que naturalmente se encerrou com uma onda de protestos em 2019, sufocados pela pandemia em 2020.

A pandemia pesou mais sobre quem já estava para trás. As perspectivas são mais tenebrosas ante o impacto desigual sobre os estudantes. A América Latina tem a menor taxa de mobilidade educativa intergeracional e a pandemia deve reforçar esse padrão ligado ao seu crescimento volátil e medíocre.

A percepção de injustiça é generalizada, não só na distribuição de renda, mas no acesso a serviços públicos e garantias legais. Para 3 em 4 latino-americanos, seus governos servem aos interesses de uns poucos poderosos. A maioria acha que a carga tributária deveria aumentar com a renda, mas o apoio é muito maior entre os 20% mais pobres e muito menor entre os 20% mais ricos – que concentram 56% da renda.

A concentração de poder político e econômico resulta em instituições débeis e políticas distorcidas, míopes e ineficazes. Os mercados latino-americanos tendem a ser dominados por um pequeno número de empresas gigantes, o que conduz a preços mais altos, incentivos para tecnologias ineficientes e baixo investimento em inovação.

O poder dos monopólios é em boa parte responsável pela baixa tributação corporativa e pela resistência a impostos progressivos. Já os sindicatos, quando não se aliam às grandes empresas para obter privilégios, com frequência trabalham para reduzir as desigualdades entre empregadores e empregados exclusivamente do seu segmento, exacerbando as disparidades nos demais.

Um fator que é perpetuado pela armadilha latino-americana é a violência. A região abriga 9% da população mundial, mas responde por 34% dos homicídios. A violência deteriora direitos e liberdades; prejudica resultados educativos e a saúde física e mental; reduz a participação no trabalho e na política; ameaça instituições democráticas; e obstrui a provisão de bens públicos aos vulneráveis.

Outro fator são os incentivos políticos a soluções demagógicas, de curto prazo, fragmentadas e ineficazes. A cisão da seguridade latino-americana entre trabalhadores formais (cobertos por programas contributivos, estabilidade de emprego e regulações de salário mínimo) e trabalhadores informais (servidos por programas não contributivos) é responsável pela baixa eficácia do sistema de proteção e impactos contraditórios sobre a desigualdade. O Pnud enfatiza a importância de uma agenda de proteções sociais universais, mais inclusivas e redistributivas, fiscalmente sustentáveis e favoráveis ao crescimento.

“Os lares pobres precisam de transferência de renda e seguridade social, não de um ou de outro.” Mas “ao invés de atuar ex ante para prevenir a pobreza, as políticas reagem apenas ex post para mitigá-las”. Em geral, as taxas de pobreza na região diminuem por programas de transferência de renda e não porque a renda dos pobres aumentou. Uma boa arquitetura social deveria não só assegurar o bem-estar das famílias vulneráveis, mas incentivar trabalhadores e empresas a melhorar sua produtividade.

À armadilha da desigualdade e do baixo crescimento subjazem engrenagens complexas, como a concentração de poder, a violência, e programas de proteção social e marcos regulatórios do mercado de trabalho ineficientes e distorcidos. Enquanto o enfrentamento a esse quadro não for igualmente complexo, os latino-americanos seguirão aprisionados em seu subdesenvolvimento.



domingo, 1 de agosto de 2021

ABRI: Associação Brasileira de Relações Internacionais - mensagem depois do 8o. encontro

 Prezadas e prezados,

Chegamos ao fim de nosso 8º. Encontro. Nós, da gestão da ABRI 2019-2021, gostaríamos de agradecer a cada um de vocês que participou, apoiou, divulgou e trabalhou arduamente, em diversas frentes, para a realização e sucesso do Encontro, para a sobrevivência da nossa Associação, a manutenção de nossas eventos e atividades, especialmente a Carta Internacional, e o fortalecimento da área de RI no Brasil, em momento tão difícil. Agradecemos a Airá e a Síntese Eventos pelo apoio imprescindível na condução dos processos da Associação. 


As atividades continuam e pedimos que todos(as) sigam a ABRI no Facebook, Twitter, Instagram e no canal do Youtube para atualizações. 

Aproveitamos para divulgar novamente e parabenizar Bruno Huberman, seu orientador, Professor Reginaldo Nasser, e o Programa Santiago Dantas (UNESP, UNICAMP e PUC SP) pelo prêmio de melhor tese (A colonização neoliberal de Jerusalém após Oslo: desenvolvimento, pacificação e resistência em Palestina/Israel) e Luah Tomas, seu orientador, Professor Felipe Loureiro, e o PPG do IRI USP, pelo prêmio de melhor dissertação (Prejudice, Marriage and Motherhood: national and international perceptions on the 1938 prohibition of women in Brazilian Foreign Service) no 9º. Concurso de Teses e Dissertações. 
Parabenizamos às autoras e autores agraciados(as) no 4º.Concurso de Iniciação Científica e Extensão, em particular Raquel de Holleben (UFRGS) e Débora Lemos Nascentes (UFU), classificadas em primeiro e segundo lugares, respectivamente.
 
A Editora Contexto gentilmente concedeu um cupom de desconto aos inscritos(as) e associados(as) - Abri25 - para aquisição de livros no campo de Relações Internacionais, disponíveis pelo site. Válido até 05 de agosto de 2021.
 
Os certificados de participação poderão ser obtidos através da página de inscritos(as) no encontro a partir de 16 de agosto de 2021.
 
Informamos, ainda, as coordenações de área para biênio 2021/2023, eleitas nas reuniões das Áreas temáticas:
  1. Feminismo, Gênero e Sexualidades - Clarice Ferreira Menezes e Arthur Murta
  2. Análise de Política Externa - Miriam Saraiva e Felipe Loureiro
  3. Economia Política Internacional - Ana Garcia e Aline Martins
  4. Segurança Internacional, Estudos Estratégicos e Defesa - Kai Michael Kenkel 
  5. Teoria das Relações Internacionais - Francine Rossone e Jessica de Oliveira
  6. Ensino, Pesquisa e Extensão - Cristina Pacheco e Daniel Castelan
  7. Instituições e Regimes Internacionais - Joséli Fiorin Gomes e Raquel de Bessa Gontijo
  8. História das Relações Internacionais e da Política externa: Alexandre Morelli e Carlo Patti
fórum de coordenadores(as) de pós-graduação será coordenado pelo Prof. Lucas Mesquita e o fórum de coordenadores(as) de graduação, pelas Profas. Manuela Trindade e Deborah Monte. 
 
Desejamos sucesso à nova gestão eleita para o biênio 2021/2023, formada pelos(as) Professores(as):
Presidente: Marta Regina Fernández y Garcia (IRI-PUC/Rio); 
Secretário Executivo: Leonardo César Souza Ramos (PUC-MG); 
Secretária Executiva Adjunta: Ana Carolina Delgado (UNILA); 
Tesoureiro: Samuel Alves Soares (UNESP); 
Diretoria: André Luiz Reis da Silva (UFRGS), Felipe Pereira Loureiro (IRI-USP), João Henrique Ribeiro Roriz (UFG), Marrielle Maia Alves Ferreira (UFU). 
Conselho Fiscal: Henrique Zeferino de Menezes (UFPB), Joséli Florin Gomes (UFSM), Marília Carolina Barbosa de Souza Pimenta (FECAP). Suplente: João Carlos Jarochinski Silva(UFRR).
 
relatório da Comissão Eleitoral aprovado pela Assembleia Geral segue em anexo.
 
Um grande abraço,
 
Deisy Ventura (USP), Carolina Moulin (UFMG), Haroldo Ramazini (UFU), Tulio Ferreira (UFPB), Ana Flavia Barros-Platiau (UNB), André Reis (UFRGS), João Jarochinski (UFRR), Leonardo Ramos (PUCMG), Samuel Soares (UNESP) e Marta Fernandez (PUCRJ).