O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

sexta-feira, 8 de setembro de 2023

Quais foram os grandes intelectuais da diplomacia; quais foram os estadistas que quiseram reformar o Brasil - Paulo Roberto de Almeida

 Convidado para uma entrevista com o antropólogo e escritor Antonio Risério, ele me sugeriu conversarmos sobre a política externa em geral, sobre a atual diplomacia em especial, mas, sobretudo, sobre o papel dos intelectuais na representação exterior do Brasil. Concordei de imediato, mas pensei primeiro, ou seja, antes de fazermos esta conversa, oferecer numa postagem algumas indicações de livros que tenham a ver com o assunto.



 Começo por esta publicação de 2001, do próprio Itamaraty, que fala dos seus grandes intelectuais, uma obra que tentei reeditar pouco antes (2018) da irrupção dos novos bárbaros na política e na diplomacia do Brasil, quatro anos de destruição. Fiz uma postagem e coloquei a obra à disposição dos interessados neste link: https://www.academia.edu/46849306/O_Itamaraty_na_Cultura_Brasileira_2001_

Apresentei os dados editoriais principais, inclusive a relação dos diplomatas contemplados numa postagem neste mesmo blog, como está neste link: 

https://diplomatizzando.blogspot.com/2021/04/o-itamaraty-na-cultura-brasileira.html


A 3a. edição tentativa dessa obra também está informada na postagem acima indicada. Mas, não tendo sido possível publicá-la em tempo, decidi fazer uma outra obra, inteiramente original, que ainda não está publicada, mas cujo índice figura abaixo: 

Intelectuais na diplomacia brasileira: a cultura a serviço da nação

Índice

 

Prefácio

 

Introdução: intelectuais brasileiros a serviço da diplomacia   

            Paulo Roberto de Almeida

     Nas origens da feliz interação entre o Itamaraty e a cultura brasileira

     Por que uma nova iniciativa juntando Itamaraty e cultura, muitos anos depois?

     Um novo projeto cobrindo outros intelectuais associados à diplomacia brasileira

 

Intelectuais na cultura e na diplomacia, no mundo e no Brasil 

            Paulo Roberto de Almeida

     O que é o intelectual? Qual o seu papel social?          Os intelectuais e o poder: relações sempre ambíguas

     Intelectuais no Brasil: papel político e institucional

     Intelectuais brasileiros na diplomacia: o que precede o que?

     A produção intelectual dos diplomatas: o mercado dos livros

     Da República das Letras aos ensaios econômicos e sociais

     Uma longa continuidade, na cultura e na diplomacia

 

Rui Barbosa e os fundamentos da diplomacia brasileira 

            Carlos Henrique Cardim

     Uma trajetória impecável de internacionalista

     Rui Barbosa defendendo o Brasil na Conferência da Haia de 1907

     O Incidente Martens

     A criação de um Tribunal Arbitral Permanente

     O último discurso na Haia: despedida em grande estilo

     A posição do Brasil: “moderada e circunspecta, mas firme e altiva”

     “O novo descobrimento da América”

     Outras questões de política externa e internacional tratadas por Rui Barbosa

     A força de uma nova mentalidade

     Os dois patronos

 

Bertha Lutz: feminista, educadora, cientista

        Sarah Venites     

    Não tão breve nota introdutória

     Uma formação cosmopolita

     A ciência, a educação e o Museu Nacional

     Política feminista, no Brasil e no mundo

     O legado de Bertha e considerações finais

 

Afonso Arinos de Melo Franco e a política externa independente

            Paulo Roberto de Almeida

     Um membro do patriciado mineiro, de uma família de estadistas e intelectuais

     Vida intelectual de Afonso Arinos, de uma família de escritores

     Um diplomata natural, chanceler num período atribulado

     A solução parlamentarista, sempre no horizonte...

     A crise brasileira e seu caráter permanente

     De volta ao planalto, como senador e constituinte

 

San Tiago Dantas e a oxigenação da política externa

            Marcílio Marques Moreira

     Marcos de uma vida intensa

     San Tiago Dantas e os apelos do autoritarismo

     A trajetória na luta democrática

     Uma fina sensibilidade cultural

     O ingresso na vida política

     San Tiago e a reforma do Itamaraty

     San Tiago, diplomata

     Uma visão original da política externa e da política internacional

     San Tiago, o pacifista

     Em busca de uma esquerda “positiva”: San Tiago e Merquior

 

Roberto Campos: um humanista da economia na diplomacia

            Paulo Roberto de Almeida 

     Uma vida relativamente bem documentada, senão totalmente devassada

     O diplomata enquanto economista e, ocasionalmente, homem de Estado

     Além da economia: um observador sofisticado do subdesenvolvimento brasileiro e latino-americano

     Além da economia: o humanismo na sua versão irônica e política

     A premonição das catástrofes evitáveis, um fruto de sua racionalidade

     Um longo embate contra sua própria instituição

     A Weltanschauung evolutiva de Roberto Campos: do Estado ao indivíduo

 

Meira Penna: um liberal crítico do Estado patrimonial brasileiro 

            Ricardo Vélez-Rodríguez

     Breve síntese biográfica

     A crítica de Meira Penna ao Estado patrimonial

     O Brasil e o liberalismo

     Patrimonialismo, o mal latino

     Patrimonialismo e familismo clientelista

     Patrimonialismo e formalismo cartorial

     Patrimonialismo e estatismo burocrático

     Patrimonialismo e mercantilismo

     Patrimonialismo e corrupção

     Alternativas ao Patrimonialismo

     Um Tocqueville brasileiro

 

Lauro Escorel: um crítico engajado

            Rogério de Souza Farias

Esperançosa inteligência

Retórica militante

Escolástico inútil

Cultura da política

 

Wladimir Murtinho: Brasília e a diplomacia da cultura brasileira

            Rubens Ricupero

       Colocar o Estado a serviço da cultura

       As origens e os episódios latino-americanos

       A história de Wladimir é um romance de aventuras

       As marcas de Murtinho na cultura do Brasil

       Brasília como nova capital da cultura brasileira

       O legado de Wladimir Murtinho em Brasília e para o Brasil

 

Vasco Mariz: meu tipo inesquecível 

            Mary Del Priore

       Uma infância carioca

       Como se fabrica um escritor e musicólogo?

       Itinerários na diplomacia: Porto e Belgrado

       De volta à América Latina e novos desafios diplomáticos

       A obsessão pela música

       Um longevo diplomata-escritor

       Vasco: demasiadamente humano

 

José Guilherme Merquior, o diplomata e as relações internacionais                          281

            Gelson Fonseca Jr. 

       O intelectual e o diplomata

       Encontros com Merquior

       Os textos sobre questões diplomáticas

       O intelectual antes do diplomata

 

A coruja e o sambódromo: sobre o pensamento de Sergio Paulo Rouanet

            João Almino

       Diplomacia

       Literatura

       Filosofia

       Iluminismo e universalismo

       Universalismo e etnocentrismo

       Relativismo e particularismos

       Civilização ou barbárie

       A permanência da obra

 

Apêndices:

Sumário da obra O Itamaraty na cultura brasileira (2001)

Sobre os intelectuais

Sobre os autores 

                        ============



  Por outro lado, e para comemorar os 200 anos da independência brasileira, eu pesquisei sobre os projetos elaborados por intelectuais para reformar e melhorar o Brasil. Este é o livro que produzi, publicado em 2022: 


Construtores da Nação: projetos para o Brasil, de Cairu a Merquior


Prefácio

       Arnaldo Godoy

Apresentação

   Nos ombros dos verdadeiros estadistas

      Paulo Roberto de Almeida

 

Introdução 

     Da construção do Estado à construção da Democracia 

 

Primeira parte: a construção do Estado

     O Estado antes da Ordem e da própria Nação

1.  As vantagens comparativas de José da Silva Lisboa (Cairu)

2.  Por uma monarquia constitucional liberal: Hipólito da Costa 

3.  Civilizar os índios, eliminar o tráfico: José Bonifácio de Andrada e Silva

4.  Um Memorial para reformar a nação: Francisco Adolfo de Varnhagen

 

Segunda parte: a construção da Ordem

     Uma Ordem patrimonialista e oligárquica 

5.  Os liberais conservadores: Bernardo, Paulino e Paranhos

6.  Um aristocrata radical: Joaquim Nabuco

7.  Bases conceituais da diplomacia: o paradigma Rio Branco

8.  O defensor do Estado de Direito: Rui Barbosa 

 

Terceira parte: a construção do Progresso

     O Progresso pelo Estado, com o Estado, para o Estado 

9.  Um empreendedor liberal numa terra de estatistas: Mauá 

10. Um inglês imaginário e o nacionalista do petróleo: Monteiro Lobato

11. O revolucionário modernizador: Oswaldo Aranha

12. Duas almas pouco gêmeas: Roberto Simonsen e Eugenio Gudin

 

Quarta parte: a construção da Democracia

     A Democracia carente de união nacional

13. Em busca de uma esquerda democrática: San Tiago Dantas

14. O militante do parlamentarismo: Afonso Arinos de Melo Franco

15. As oportunidades perdidas do Brasil: Roberto Campos

16. O liberalismo social de José Guilherme Merquior 

 

A construção da Nação: um itinerário de 200 anos de história 

 

Posfácio

O que a intelligentsia brasileira construiu em dois séculos de ideias e ações?


Referências Bibliográficas para os Construtores da Nação

Nota sobre o autor 

 

Coloquei Prefácio, apresentação e outros materiais neste link deste meu blog: 

https://diplomatizzando.blogspot.com/2023/05/construtores-da-nacao-projetos-para-o.html


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Depois o roteiro preparado pelo antropólogo Antonio Risério e minhas notas em torno das suas questões.


Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 8 de setembro de 2023

quinta-feira, 7 de setembro de 2023

Ukraine: The State of the War p Timothy Snyder

 Os interessados numa história da Ucrânia, dos tempos ancestrais à atualidade, podem visualizar o curso que ele deu na Yale, disponível no seu canal no YouTube.


Observatório da Política Externa e Inserção Internacional do Brasil - Gilberto Maringoni (UFABC)

Acadêmicos estudam, discutem e apoiam a política externa do lulopetismo diplomático, com a qual tenho diferenças conceituais e operacionais. Nem por isso deixo de ler, refletir, reagir a essas posturas.

Paulo Roberto de Almeida

Observatório da Política Externa e Inserção Internacional do Brasil
Ano IV, nº 64, 07 de setembro de 2023.


🌎📢 Bem-vindo à newsletter do Observatório de Política Externa e Inserção Internacional do Brasil (OPEB) 📢🌎

É com grande entusiasmo que trazemos mais uma edição da newsletter do OPEB. Neste mês, mergulhamos em análises aprofundadas sobre acontecimentos globais que impactam diretamente a nossa região e o cenário internacional. Acompanhe conosco as principais questões que têm moldado o panorama geopolítico e as relações exteriores do Brasil.

No destaque desta edição, abordamos o Golpe de Estado que abalou o Níger em junho de 2023. Exploramos suas causas profundas, desde a influência neocolonial francesa até os desafios como o terrorismo e as mudanças climáticas, que moldam a realidade da África Ocidental. Além disso, analisamos a crescente competição global na região, onde diversos atores buscam consolidar sua influência.

Na seção seguinte, lançamos luz sobre a ambivalente trajetória do Brasil em direção à sustentabilidade econômica. Discutimos como o governo mobiliza atores nacionais e internacionais em prol dessa transformação, ao mesmo tempo em que mantém incentivos à economia baseada em carbono. Uma análise crítica das políticas atuais e de seus desafios.

Em um cenário próximo, direcionamos nossa atenção para a Argentina, que enfrenta uma crise econômica de difícil solução no curto prazo. Exploramos como esse contexto se tornou terreno fértil para as ideias de Javier Milei, candidato à presidência de extrema-direita, e como sua eleição poderia afetar a integração regional e as relações bilaterais com o Brasil.

Na sequência, destacamos a importância da 15ª Cúpula do Brics, que ganhou notoriedade mundial ao anunciar a primeira expansão em mais de uma década. Examina-se o impacto dessa expansão nas relações internacionais contemporâneas, especialmente o papel da China como grande vencedora nesse encontro histórico.

Finalmente, observamos as relações comerciais entre o Brasil e o Paraguai, um parceiro de longa data que busca ampliar suas exportações para nosso país. Além disso, discutimos os esforços do Paraguai para desenvolver sua agricultura e avançar no setor energético, bem como sua preocupação em lidar com a alarmante violência de gênero em seu território.

Acompanhe conosco estas análises e muito mais, à medida que exploramos as complexas dinâmicas da política externa e da inserção internacional do Brasil e de nossos parceiros globais.

Acompanhe nossa newsletter para não perder nenhum detalhe.

Até a próxima! 🌐🌍📊

Clique nos títulos para acessar os textos.

Golpe no Níger e o declínio francês na África Ocidental
Por Gustavo Alves Daniel, Carlos Eduardo Ramos Sanches e Wilson Gregorio da Silva

Analisamos o Golpe de Estado ocorrido no Níger em junho de 2023, destacando as causas, a influência neocolonial francesa, os desafios como o terrorismo e as mudanças climáticas, e a competição global na região. O Golpe reflete problemas profundos na África Ocidental e a busca por influência de diversos atores globais na região.

Governo propõe transformação econômica sustentável
Por André Cotting, Lais Pina, Lucas Rocha, Priscila Honório Sales, Rodolfo Vaz e Olympio Barbanti 

Uma no prego, outra na ferradura! Governo propõe transformação econômica rumo à sustentabilidade, mobiliza atores nacionais e internacionais, mas mantém incentivos à economia baseada em carbono.
Eleições argentinas e a ameaça neoliberal à integração latinoamericana
Por Dante Tomyo Fasolin Koboyama e Gabrielly Provenzzano

Assolada por uma crise econômica sem saída no curto prazo e com um crescente sentimento antigoverno, a Argentina se tornou terreno fértil para as ideias de Javier Milei, candidato à presidência de extrema-direita. Se eleito, a política externa do novo governo pode colocar em risco a integração regional, na medida em que comprometeria a participação do país em mecanismos de integração, como o Mercosul, e as relações bilaterais com os demais países da região, como o Brasil. 

Não é que a China vai ganhar e o Brasil vai perder; vai todo mundo ganhar
Por Flávia Mitake Neiva, Isabella Pedroso Lucino, Lucas Barbosa Oliveira, Olívia Bulla, Pedro Gabriel Ferreira dos Santos e Vitor Hugo dos Santos

A 15ª Cúpula do Brics recebeu notoriedade mundial por anunciar a primeira expansão em mais de uma década, representando um marco nas relações internacionais contemporâneas. Porém, mesmo com a adesão de seis novos países a partir de 2024, não houve dúvidas, ao menos na imprensa convencional, de que a China foi a grande vencedora ao final do encontro em Joanesburgo entre 22 e 24 de agosto.
Paraguai, a longa sobrevivência colorada
Por Acauã Alexandre José dos Santos, Ivan Cersosimo Valverde, Luiza Rodrigues de Oliveira e Mônica Almeida Peña

Governado pelo mesmo partido quase que ininterruptamente desde 1947, o Paraguai tem no Brasil um importante parceiro comercial. O país busca ampliar as exportações de produtos para o Brasil, ao mesmo tempo em que se esforça para desenvolver sua agricultura e avançar no setor energético. Além disso, o Paraguai tem demonstrado interesse em reverter a situação alarmante de violência de gênero presente em seu território, mas os avanços ainda não são palpáveis.

- Podcast: Política externa é coisa de mulher?😉

É sim! 💪🏾

Para colocar no mapa as mulheres que pensam e fazem as relações internacionais brasileiras e promover debates sobre a política externa e o papel do Brasil no mundo, o OPEB tem o prazer de anunciar o podcast “Mulheres no Mapa”. O podcast é protagonizado, roteirizado e apresentado por diplomatas integrantes da Associação das Mulheres Diplomatas Brasileiras e por pesquisadoras ligadas ao OPEB (UFABC) e ao NUPELA (UNILA).

A diplomata Rita Bered convida a todos para se tornarem ouvintes desse projeto incrível, que estará disponível nas principais plataformas de streaming/áudio!

Primeiro episódio em 14 de setembro, não perca!


Compartilhem e sigam o perfil @mulheres.no.mapa

E acompanhem os participantes: 
Tatiana: @tatianaberringer
OPEB: @opeb.ufabc

NUPELA-PPGRI: @ppgri_unila
Karen Honorio: @karen.honorio
Mariana Lobato: @mari.loba

AMDB:@mulheresdiplomatasbrasil
Rita Bered: @bereddecurtis
Irene Vida Gala: @irenevidagala
VIII Semana de Relações Internacionais! 🌎 ✈️

Estamos muito felizes em anunciar a Semana de RI desse ano! 🌐✨

🌟 Prepare-se para uma experiência incrível! Anote na sua agenda: de 19 a 22 de setembro, a VIII Semana de Relações Internacionais na UFABC transformará seus horizontes. 🗓️✨

Durante a primeira semana do próximo quadrimestre, mergulharemos no mundo das Relações Internacionais com uma série de debates, palestras e mesas que vão expandir sua compreensão global. 🌐📚


Fique de olho para mais informações! 
Acompanhe pelo instagram do OPEB e do CARI

 
O OPEB convida a todos/as/es para assistirem a live de lançamento do podcast “Mulheres no Mapa” (@mulheres.no.mapa), que acontecerá no dia 11/09 às 18:30h (horário de Brasília) e contará com a participação da diplomata e historiadora Rita Bered de Curtis, da presidenta da AMDB, Embaixadora Irene Vida Gala, e da professora e integrante do Observatório de Política Externa e da Inserção Internacional do Brasil, Tatiana Berringer. O podcast dará visibilidade às análises das mulheres diplomatas e aos estudos acadêmicos desenvolvidos por mulheres pesquisadoras da área de Relações Internacionais e será protagonizado, roteirizado e apresentado por mulheres. 

Participe da live e venha se tornar ouvinte desse projeto incrível e apoiar mais mulheres na Política Externa brasileira! 💪🏾😉💜

Acompanhe pelo Instagram do OPEB

Se você ainda não viu, OPEB recomenda:
- TV Tutaméia: O professor Gilberto Maringoni, coordenador do OPEB, participa do programa "Redemoinho" no canal da Tutaméia TV, no YouTube, analisando a conjuntura internacional. Novos programas todas às quartas ao meio-dia. Confira: clique aqui

Edição visual e de imagens: Bruno Fabricio Alcebino da Silva (monitor do OPEB)


Identidade e Identitarismo - Edmar Bacha, Eduardo Gianetti e Antonio Risério(Academia Brasileira de Letras)


Identidade e Identitarismo

Academia Brasileira de Letras, 14/06/2023

Sob a coordenação de Edmar Bacha, com a participação de Eduardo Gianetti e Antonio Risério.

https://www.youtube.com/watch?v=RpIXowLAgxs

Identidade e Identitarismo" foi o tema do debate dessa semana do ciclo “Ponto e Contraponto – discursos em tensão”, que ocupará o Teatro R. Magalhães Jr. durante o mês de junho. O Acadêmico Eduardo Giannetti e o antropólogo Antonio Riserio, que participou de forma online, discutiram, entre outros temas ligados ao assunto, a fronteira entre identidade e identitarismo. 


O inevitável e o imprevisível: o Brasil e a questão da neutralidade num grande conflito global - Paulo Roberto de Almeida

 O inevitável e o imprevisível: o Brasil e a questão da neutralidade num grande conflito global

Paulo Roberto de Almeida

Nota sobre as posturas adotadas pelo Brasil nos dois grandes conflitos globais do século XX e agora em face da guerra de agressão da Rússia contra a Ucrânia. 


Certas coisas são previsíveis: o Brasil se declarar neutro ao início de um grande conflito, como em 1914 e em 1939. 

Mas terá sido inevitável o país ficar do lado dos agredidos contra as potências agressoras, como finalmente ocorreu em 1917 e em 1942-43? 

Para isso concorreram dois fatores, um objetivo, o outro subjetivo: o fato de termos sido igualmente agredidos pelas potências responsáveis pela guerra de agressão e o fato de contarmos com lideranças políticas com visão de estadistas nas duas circunstâncias, e aqui eu me refiro mais a Rui Barbosa e a Oswaldo Aranha do que ao presidente em 1917 ou ao ditador do Estado Novo.

Pode, agora, não ser mais assim e a questão crucial do ponto de vista diplomático é a de saber o que mudou em 2022-2023, em relação aos contextos de 1917 e de 1942-43?

O Brasil não foi diretamente agredido, como extensão de uma guerra de agressão deslanchada por impérios militaristas e expansionistas, como ocorreu depois de 1914 e 1939, mas sim tínhamos fortes vinculos comerciais, econômicos e até humanos, como havia naquelas duas primeiras circunstâncias e que continuaram existindo no atual contexto: Alemanha imperial ou Alemanha nazista mantinham grandes relações econômicas com o Brasil em suas respectivas épocas, assim como atualmente Rússia e China exibem tais capacidades, sobretudo no campo comercial (mas também, e de modo talvez imprevisível, no campo, da visão do mundo por parte das lideranças).

O que mudou foi provavelmente o fator subjetivo, a qualidade do capital humano em cada circunstância. Essa circunstância pode ajudar a explicar uma outra dimensão da postura diplomática, o fator moral, geralmente descurado em favor de razões propriamente econômicas ou materiais.

Bolsonaro e Lula, por razões notoriamente diferentes, acabaram adotando uma postura similar, se não semelhante (independentemente das orientações recomendas pela diplomacia profissional): uma falsa neutralidade, objetivamente favorável ao agressor, provavelmente evitável, se outros tivessem sido os condicionantes humanos em cada caso.

Interesses eleitoreiros, num caso, adesão a uma visão do mundo e a compromissos com um projeto político não exatamente condizente com nossos padrões políticos, culturais e diplomáticos mais tradicionais, levaram a uma postura que difere daquelas a que acabamos aderindo em 1917 e 1942.

No atual contexto, o fator humano talvez explique porque o Brasil se afastou de uma postura de se afastar, na prática, das potências agressoras e de continuar exibindo uma postura objetivamente favorável a estas, em contradição com os interesses de longo prazo do Brasil.

Estes são, na minha concepção, e com base nas tradições diplomáticas do Brasil, os de se alinhar preferencialmente ao campo das democracias defensoras das liberdades e dos direitos humanos.

Nem sempre, todavia, é assim: fortes inclinações personalistas à direita e à esquerda podem destoar daquilo que seria previsível e inevitável. 

A guerra de agressão de uma Rússia imperial declinante talvez fosse previsível, mas a Segunda Guerra Fria não era inevitável, fossem outros os condutores dos grandes impérios existentes (com a exceção do meio império europeu).

Não era imprevisível que o Brasil adotasse uma postura de neutralidade em face de grandes conflitos interimperiais.

Mas era evitável que suas lideranças circunstanciais adotassem, na prática, uma postura de neutralidade objetivamente favorável à parte agressora.

Não faz parte de nossas tradições e não condiz com nossos interesses nacionais de médio e longo prazos. Mas isto a História poderá confirmar oportunamente.


Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 7 de setembro de 2023