O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

terça-feira, 13 de agosto de 2024

Antonio Delfim Netto (In Memoriam) - Blog José Roberto Afonso

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Atualizações da Semana
Atualização , 13/08/2024

Antonio Delfim Netto (In Memoriam)

"Antonio Delfim Netto, Professor Emérito da Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Atuária (FEA) da USP, ex-ministro da Fazenda, da Agricultura e do Planejamento, faleceu, nesta segunda (12), aos 96 anos de idade. Nos três últimos cargos acima citados, teve profunda e decisiva influência nos destinos da economia brasileira durante os governos dos presidentes Emílio Garrastazu Médici e João Figueiredo, nos anos …

Keynes, crise e política fiscal (Delfim, FHC, Afonso)

Keynes, crise e política fiscal (Delfim, FHC, Afonso)
Vídeo da mesa redonda: "Keynes, crise e política fiscal: um debate necessário sobre um tema mal compreendido", evento promovido pela Fundação Fernando Henrique Cardoso realizado em 26/09/2012. O encontro foi comandado pelo Presidente Fernando Henrique Cardoso, com exposição por José Roberto Afonso de seu livro sobre John Maynard Keynes e com uma aula do Professor e Ministro Delfim Netto. Durante uma hora e meia foram discutidos desde a …

Novos Modelos Econômicos (Delfim Netto)

Os novos modelos econômicos por Antonio Delfim Netto publicado no Valor Econômico (4/2014). "A ampliação da missão dos bancos centrais foi, até agora, a mudança mais importante para enfrentarmos as futuras crises conjunturais ínsitas ao sistema de economia de mercado, cujo codinome é 'capitalismo', e as crises estruturais produzidas pelo poder inventivo dos mercados financeiros..." delfim_netto_1Baixar

A economia política do desenvolvimento (Delfim Netto)

A economia política do desenvolvimento por Antonio Delfim Netto publicado por Ipea (2002). “Os matemáticos levam sobre nós, mortais comuns, pelo menos uma vantagem. Antes de encontrar a solução de um problema, podem demonstrar o que chamam de teorema da existência: provam que a solução existe. Descobri-la no caso concreto depende da habilidade e da capacidade do pesquisador...” a_economia_politica_do_desenvolvimentoBaixar

O problema do Café no Brasil (Delfim Netto)

O problema do Café no Brasil por Antonio Delfim Netto publicado por Estudos Avançados (2020). “É com enorme alegria e gratidão que venho a esta ilustre reunião de economistas, para celebrar um trabalho sexagenário sobre o problema do café no Brasil. 1 É difícil entender hoje, quando o valor das exportações de café representa cerca de 2% do total, e …

As oportunidades, os problemas e a estratégia para melhorar no Brasil o treinamento universitário em economia (Delfim Netto)

As oportunidades, os problemas e a estratégia para melhorar no Brasil o treinamento universitário em economia por Antonio Delfim Netto publicado por Revista Brasileira de Economia (1966). “Supõe-se neste trabalho que a tarefa básica do economista consiste em introduzir grau crescente de nacionalidade nas decisões políticas que envolvem a utilização de fatores escassos de uso alternativo, quer no setor público, …

A biblioteca de Delfim Netto (FEAUSP)

Uma viagem pela história do pensamento econômico: A biblioteca de Delfim Netto publicado por FEAUSP (2024). A exposição marca o início das comemorações dos 10 anos da abertura do acervo Delfim Netto ao público na FEAUSP, a serem celebrados em 2024.Acontece virtualmente aqui e fisicamente na Biblioteca da FEA de segunda a sexta-feira, das 7h30 às 21h30. https://abre.ai/kp56

A oportunidade perdida em meio à revolução inesperada (Lisboa) 

A oportunidade perdida em meio à revolução inesperada: a contribuição de Antonio Delfim Netto para a economia brasileira por Marcos Lisboa publicado por Estudos Econômicos (2020). "Economia é arte estranha, que navega entre a academia, o debate sobre os rumos do país e a intervenção na política pública. Nenhum economista brasileiro trafegou por essas três áreas com tamanha influência como Antonio …

Antonio Delfim Netto (Macedo)

Antonio Delfim Netto por Roberto Macedo publicado por Estudos Avançados (2001). “Uma metáfora de uso comum, Antonio Delfim Netto já teve muitos chapéus, cada um associado a uma ocupação. Ainda hoje, usa vários deles. Começou modestamente, com um boné, pois trabalhou como office-boy de uma empresa. Seu caminho educacional – do primário ao ensino médio – iniciou-se no Liceu Siqueira …

Após 75 anos, qual é a relevância das Convenções de Genebra? - Helen Whittle (Deutsche Welle)

 

Após 75 anos, qual é a relevância das Convenções de Genebra?

Helen Whittle
Deutsche Welle, 12/08/2024

há 12 horas

Com o grande número de vítimas civis e acusações de crimes de guerra nos conflitos atuais, pedra angular do direito humanitário internacional vive momento-chave, com países signatários pressionados a estabelecer limites.

As Convenções de Genebra de 1949 e seus Protocolos Adicionais foram descritos pelo Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) como "uma das conquistas mais importantes da humanidade no século passado". Assinadas por praticamente todos os países do mundo, elas estabelecem limites sobre como uma guerra é travada e protegem civis, médicos e trabalhadores humanitários em conflitos, bem como feridos, doentes, náufragos e prisioneiros de guerra.

Apesar disso, em 2023, as Nações Unidasregistraram mais de 33.443 mortes de civis em conflitos armados, um aumento de 72% em relação a 2022.

No contexto do ataque de 7 de outubro da organização terrorista Hamas e de outros grupos armados contra Israel, da resposta militar israelense em Gaza, da guerra no Sudão e da guerra de agressão da Rússia contra a Ucrânia, o secretário-geral da ONU, António Guterres, alertou que "muitas vezes falta o cumprimento da lei humanitária internacional e da lei de direitos humanos", descrevendo a situação da proteção de civis como "estrondosamente sombria".

"Vimos ataques sem precedentes contra profissionais da área médica, hospitais e civis, todos violando as Convenções de Genebra, com pouquíssimos sinais de constrangimento por parte de quem faz isso", afirma Andrew Clapham, professor de Direito Internacional no Geneva Graduate Institute, na Suíça, e ex-membro da Comissão de Direitos Humanos da ONU no Sudão do Sul.

Para Clapham, o 75º aniversário das Convenções de Genebra é um "momento decisivo" para o direito humanitário internacional, quando os Estados devem decidir se responsabilizam ou não aqueles que violam as Convenções por crimes de guerra. Isso inclui a obrigação dos Estados-membros de deter ou transferir indivíduos sujeitos a mandados de prisão emitidos pelo Tribunal Penal Internacional (TPI).

A Corte começou a funcionar em 2002 para responsabilizar criminosos de guerra, mas muitos países, como EUA, a Rússia e Israel, não reconhecem a jurisdição do tribunal.

"O TPI emitiu mandados de prisão para russos, e há pedidos de mandados de prisão no contexto do conflito entre Israel e os palestinos em Gaza. A seriedade com que isso é levado pelos países ocidentais será um sinal de quão importante as Convenções de Genebra continuam sendo", disse Clapham à DW.

Rashmin Sagoo é diretora do programa de Direito Internacional do think tank britânico Chatham House e, anteriormente, foi consultora da Cruz Vermelha Britânica. Para ela, o 75º aniversário é um lembrete oportuno para que os Estados garantam a ordem em sua própria casa, que estejam se concentrando na implementação das convenções em suas próprias forças armadas e incentivando seus aliados a fazer o mesmo.

"As notícias que vemos em nossas telas são terríveis. Mas o que não podemos perder de vista é que essas são convenções universalmente aceitas, baseadas em valores e princípios universais, que podem dar peso legal e moral quando ocorrem violações. Se não as tivéssemos agora, suspeito que haveria pedidos para criá-las, o que seria difícil nos tempos geopolíticos atuais", diz Sagoo.

"Minha perspectiva é que temos que ser muito cuidadosos nessa discussão, porque, na verdade, as Convenções de Genebra têm sido notavelmente resistentes e flexíveis o suficiente para se adaptarem aos tempos modernos e a essas incríveis novas tecnologias que temos visto, inclusive no ciberespaço, mas a implementação e a aplicação das regras continuam sendo preocupações sérias."

O que são as Convenções de Genebra? 

Foi o empresário suíço Henri Dunant que iniciou as negociações internacionais que deram origem à Convenção para a Melhoria da Condição dos Feridos nos Exércitos em Campo, em 1864, que se tornaria a Primeira Convenção de Genebra em 1949.

Nascido em Genebra, Dunant testemunhou as consequências sangrentas da Batalha de Solferino, no norte da Itália, na qual dezenas de milhares de pessoas foram mortas e feridas. Comovido com a situação dos soldados feridos, Dunant solicitou a formação de sociedades nacionais de socorro para ajudar os serviços médicos militares e acabou fundando o Comitê Internacional para Ajuda aos Militares Feridos, hoje conhecido como Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV).

O Comitê persuadiu os governos a adotar a Convenção para a melhoria da sorte dos feridos e enfermos dos exércitos em campanha, que obrigava os exércitos a cuidar dos soldados feridos, independentemente de sua lealdade, e introduziu o emblema de uma cruz vermelha sobre um fundo branco para representar os serviços médicos.

Foram os horrores da Segunda Guerra Mundial que levaram à conclusão dos quatro tratados das Convenções de Genebra em 1949, ainda que somente após longas negociações e muitas manobras políticas entre os delegados dos 64 Estados envolvidos no processo.

O que dizem as Convenções de Genebra?

As Convenções de Genebra e seus Protocolos Adicionais estão no centro do direito internacional humanitário e buscam um equilíbrio entre a necessidade militar e o princípio da humanidade.

"São tratados internacionais que basicamente aceitam que haverá guerras, mas que são regras importantes para regular a conduta de conflitos armados e limitar a brutalidade da guerra", explica Sagoo.

A Primeira Convenção protege soldados feridos e doentes, além de equipes de apoio civil, e garante tratamento humano, cuidados médicos e proteção contra a violência, inclusive tortura e assassinato. Ela também especifica a neutralidade da equipe e das instalações médicas, e a Cruz Vermelha e o Crescente Vermelho como sinais visíveis de proteção.

A Segunda Convenção protege os feridos, doentes e náufragos das forças armadas no mar. A Terceira Convenção estabelece regras específicas para o tratamento de prisioneiros de guerra, e a Quarta protege civis em tempo de guerra, especialmente aqueles em mãos inimigas ou em territórios ocupados.

Certas violações das Convenções podem ser investigadas e processadas por qualquer Estado ou, em determinadas circunstâncias, por um tribunal internacional.

Qual é a relevância das Convenções de Genebra hoje em dia?

Entre os muitos desafios para o direito internacional humanitário – a proliferação de atores não estatais, tecnologias novas e emergentes, como sistemas de armas autônomas e Inteligência Artificial (IA), além de novos domínios de guerra no espaço – o mais óbvio talvez seja a observância de suas leis.

Porém, o trágico sofrimento em massa e o número de vítimas resultantes dos conflitos atuais não significam que as regras não sejam valiosas ou que as pessoas ou mesmo as nações não se importem com elas, diz Rashmin Sagoo.

"O cumprimento sempre foi um desafio, isso é uma realidade e, além disso, a implementação das regras pelos Estados é, na minha opinião, outra coisa muito importante na qual os países devem se concentrar, e isso é algo que só pode ser feito em tempos de paz", disse à DW.

"É muito difícil realizar os aspectos de implementação em meio ao calor da guerra. Portanto, as bases devem ser estabelecidas com bastante antecedência."

Para Andrew Clapham, a única maneira de garantir que as Convenções de Genebra sejam respeitadas é responsabilizar por crimes de guerra aqueles que as violam e os governos que ajudam outros Estados a violá-las.

"Estamos começando a ver algumas decisões em alguns Estados dizendo: 'Bem, não podemos mais exportar armas para este ou aquele país – obviamente, no contexto de Israel no momento – porque isso facilitará ou contribuirá para uma violação das Convenções de Genebra, que é uma violação de acordo com a lei nacional e a lei internacional", afirma.

"Eu diria que as áreas a serem observadas agora são os processos por crimes de guerra e as exportações de armas – essas são as duas maneiras pelas quais podemos garantir o respeito às Convenções de Genebra."


segunda-feira, 12 de agosto de 2024

Semana do Patrimônio no Itamaraty: Arte e Diálogo - Elisa Breternitz

Iniciativa magnífica da Coordenadoria do Patrimônio Histórico do Itamaraty, sob a direção da diplomata Elisa Breternitz:

“ A Semana do Patrimônio 2024, no MRE (Brasília, 17-25/8), oferecerá uma série de atividades gratuitas. Entre elas, o ciclo de debates "Arte e Diálogo no #Itamaraty". Na quarta-feira, 21 de agosto, das 8h45 às 11h, conversaremos com o Professor Doutor Nelson Inocencio (Instituto de Artes da  Universidade de Brasília) sobre "Emanoel Araújo e Rubem Valentim: esculturas do Salão Branco do Palácio Itamaraty". Agende sua participação e divulgue: https://lnkd.in/dH6TaZ7n

A palestra será no Palácio Itamaraty, no local onde estão instaladas duas grandes obras dos artistas, mostradas na foto. O espaço não faz parte do roteiro regular de visitas ao Palácio Itamaraty - será uma oportunidade especial de conhecer um novo espaço e discutir as obras e os autores com um especialista!”


Hearing Cuban Voices in a Time of Crisis - Brooke Larson, Ted A. Henken, Flor Barceló (Bildner Center, CUNY)

 

Hearing Cuban Voices 
in a Time of Crisis
Tuesday, September 17, 6 PM
Skylight Room
The Graduate Center, CUNY
The late historian Elizabeth Dore spent the last 20 years directing “Cuban Voices,” a Ford Foundation-sponsored oral history project collecting memories of the Cuban Revolution. In 2023, Duke University Press published her posthumous book, How Things Fall Apart: What Happened to the Cuban Revolution, which tells modern Cuba’s story through the lives of seven islanders from the post-Soviet generation.

The 15-year project, which involved a large team of Cuban interviewers and over 100 interviewees, faced many challenges, including difficulty finding a publisher for Dore’s controversial findings. “The ghost of Oscar Lewis kept me awake at night,” she notes wryly in the book’s opening pages. Following Dore’s death in 2022, her children donated the project archive to Columbia University, where it is now digitally available to the public.

A lifelong socialist and principled scholar, Dore was dedicated to hearing diverse, critical, and often contradictory Cuban voices describing the Revolution’s challenges, rewards, and dilemmas. Her book captures the voices of those who built, supported, opposed, and even fled the Revolution.

This initial panel, the first of three inspired by Dore’s work, will focus on Dore’s personal and political history and intellectual legacy (Brooke Larson), an analysis of How Things Fall Apart (Ted A. Henken), and an introduction to Columbia’s “Cuban Voices” oral history collection by the archivist who prepared it for public access (Flor Barceló).

Brooke Larson is a Professor of History (Emerita) at Stony Brook University, SUNY. She co-founded the Latin American Caribbean Center and has taught a wide range of graduate seminars and undergraduate courses, including Colonial Latin America, Race and Nation, European/Indian Encounters, and Comparative Frontiers. Her research spans five centuries of colonial and modern history, focusing on the Andes. Her latest book, The Lettered Indian. Race, Nation, and the Indigenous Education in 20th-century Bolivia (Duke University Press, 2024), is an ethnographic history exploring the epic battle over indigenous education, its implications for Bolivian nation-building projects, and the contested meanings of race and citizenship throughout the 20th century.
Ted A. Henken (Ph.D., Tulane University) is a Professor in the Department of Sociology and Anthropology at Baruch College, CUNY. He has conducted sociological research in Cuba and interviewed numerous Cubans over the past 25 years. Based on this extensive research, he has published several books, articles, and profiles, including Cuba’s Digital Revolution: Citizen Innovation and State Policy(2021, co-edited with Sara García Santamaría) and Entrepreneurial Cuba: The Changing Policy Landscape(2015, co-authored with Archibald Ritter). He is currently working on an oral history of Cuban independent journalism, tentatively titled Saturn’s Children: The 60-Year Struggle to Reestablish a Free Press in Cuba (under contract with the University of Florida Press).
Flor Barceló is a Ph.D. student in Latin American and Iberian Cultures at Columbia University. They hold a Licenciatura in Letras (BA) from the University of Buenos Aires, where they concentrated on Literary Theory. Since 2015, Flor has worked as a high school teacher and a community college professor. Their research interests include the construction of queer archives, DIY publications (magazines and fanzines) produced by LGBT+ activists from Latin America and Spain, subjectivity and grievable lives under neoliberalism, and literature written during the AIDS epidemics. Flor interned at Columbia’s Rare Book & Manuscript Library during the Summer of 2023, where she processed the interviews that led to Elizabeth Dore’s book How Things Fall Apart.
TO REGISTER, send e-mail bildner@gc.cuny.edu

Pierre Salama, um economista humanista - homenagem de Mauricio David

 Recebido por e-mail: 11/08/2024;

Certa vez escutei o grande arquiteto e humanista Oscar Niemeyer – o
construtor das mais belas obras arquitetônicas de Brasília e da Pampulha, em
Belo Horizonte – dizer : A vida é um sopro... Uma grande verdade, que só
podia ser pensada e dita por um comunista como Oscar Niemeyer !...

Pois hoje este comentário do Niemeyer me veio à cabeça ao receber o
comunicado da Jeanne-Marie, sua amantíssima esposa e da Pascale, a sua
adorada filha, e também de uma legião de seus ex-colegas e ex-alunos da
tristíssima notícia do falecimento na noite de ontem do nosso adorado amigo,
mestre e querido companheiro de lutas Pierre Salama. Triste notícia, que nos
deixa a todos os que o conheceram órfãos daquela figura humana extraordinária que foi Pierre Salama...

Eu próprio conheci o Salama – como o chamávamos todos os seus amigos – em
1991 quando cheguei a Paris para fazer o meu doutorado em economia na
Universidade de Paris XIII – hoje denominada Universidade de Paris XIII –
Sorbonne. Salama me acolheu como acolhia a todos os “exilados” do mundo que
buscavam completar os seus estudos de pós-graduação sob a orientação do
intelectual marxista e pós-trotskista que fizera o seu nome na Paris pós-68.
A todos este intelectual ímpar que sempre lutou pela justiça social e
econômica acolhia com o abraço afetuoso ajudando a desbravar os caminhos
íngremes da burocracia francesa para facilitar o encaminhamento
administrativo dos registros universitários mas, acima de tudo, dando o
exemplo da sua independência de pensamento e da procura constante de novos caminhos para a descoberta científica. 

De longa data os caminhos do Pierre se cruzaram com a América Latina.
Primeiramente, com o México e a Argentina, de onde vieram muitos dos seus
alunos. Pouco depois, com o Brasil também. Lembro que o Pierre, ainda
estudante em Paris, foi assistente do nosso Celso Furtado na Universidade de
Paris I-Pantheón-Sorbonne, onde o Celso ensinava. Depois, tornou-se
professor da Universidade de Amiens, até transferir-se para a Universidade
de Paris XIII (também conhecida como Paris Nord, em Villetaneuse, até ser
rebatizada de Université de Paris XIII-Sorbonne). Também por longos anos foi
um dos professores mais reconhecidos do IEDES (o Instituto ligado à Paris I)
que se especializava nos estudos do desenvolvimento econômico e social dos
países em desenvolvimento – chamados então de “Terceiro Mundo”. Durante
décadas e décadas Salama dedicou-se a ensinar e a orientar academicamente a
legiões de alunos vindos da América Latina, da Ásia e da África, e a
franceses também. Sempre com a dedicação de sempre. E sempre com o costume
francês de ter os cafés parisienses como a extensão das suas cátedras. O do
Pierre era o Café Select, em Montparnasse, em frente ao conhecido La
Coupole, frequentado por Sartre e por Simone de Beauvoir e tantos outros
intelectuais dos anos 50, 60 e 70. E que, pelas mãos de Salama, também
passou a integrar o meu roteiro gastro-intelectual de Paris. De orientado
passei a amigo do Pierre e da família, da belíssima Jeanne-Marie – sua
companheira de vida- e da Pascale – a sua filha adorada. E para que falar
das adoráveis Judith e Élie, suas netinhas... Mon Dieu !, estou cada vez
mais sentimental. É que quando a gente se aproxima dos 80 – eu já faço 78 em
um mês mais – os amigos começam a ir-se para outras paragens e ficamos cada
vez mais cientes que já entramos na contagem regressiva... Quantos amigos
perdemos nos anos mais recentes, do mestre de todos nós Celso Furtado no
anos 80, logo após o meu amigo mais próximo e íntimo João Paulo de Almeida
Magalhães, a Ana Maria Kirchner no ano passado – que conheci por intermédio
do Salama -, a Tanyra Vargas, ao meu amigo do Pedro II Carlos Eduardo
Gouveia, o Antonio Barros de Castro, o Ignacy Sachs, o Hélio Jaguaribe e
tantos outros... Sem contar os que estão pela Bola 7 como eu próprio e
amigos que já entraram na rota da indesejada dos povos, como dizia o poeta
Manuel Bandeira, para que mencioná-los por nome, para deixá-los ainda mais
assustados. A vida é assim mesmo, um sopro...

Cada amigo que se vai nos deixa aquela sensação de que nos faltou a última
visita, o último fim-de-semana juntos, o último Réveillon, a última leitura
compartilhada... 

Pois é, Pierre... Você se nos foi, pelos caminhos insondáveis e misteriosos
dos seres humanos... Eu costumava lhe mandar alguns versos sempre, pois
sabia que você gostava muito de poesia. Pois, à guisa de despedida,
mando-lhe agora os maravilhosos versos do grande John Donne :

“ Nenhum homem é uma ilha isolada; cada homem é uma partícula do
continente, uma parte da terra; se um torrão é arrastado para o mar, a
Europa fica diminuída, como se fosse um promontório, como se fosse a casa
dos teus amigos ou a tua própria; a morte de qualquer homem diminui-me,
porque sou parte do gênero humano. E por isso não perguntes por quem os
sinos dobram; eles dobram por ti”.

Vá então por estes novos caminhos, querido Pierre ! Sabendo que a morte de
qualquer homem nos diminui, porque somos parte do gênero humano. E não
perguntemos por quem os sinos dobram, eles dobram por nós. Aqui, em Gaza, em
Tel-Aviv, nas favelas cariocas, nos sertões do Brasil profundo...

Em breve, nos veremos novamente, Pierre !

À bientôt,

Mauricio (et Beatriz t’embrasse aussi...)

Centro Carter refuta totalmente a ditadura chavista - Jennie Lincoln, Perkins Rocha

Las 5 frases que pronunció Jennie Lincoln, jefa de la Misión del Centro Carter, sobre las elecciones del 28 de julio, que encolerizaron al régimen de Nicolás Maduro:

1. No hay evidencia de hackeo: “La transmisión de la data de votación es por línea telefónica y teléfono satelital y no por computadora. No han perdido data”. El régimen quiere montar la especie de que la oposición penetró “cibernéticamente” el sistema del CNE. Falso!!!

2. Amoroso no cumplió promesa de entregar resultado: todavía el CNE no entrega a cada representante de las tarjetas y a los candidatos el CD que por ley tiene todos kos resultados de la votación. Amoroso volvió a mentir.

3. La gran irregularidad fue la falta de transparencia del CNE: “A pesar de lo desigual, el pueblo venezolano fue a votar; la gran irregularidad de la jornada electoral fue la falta de transparencia del CNE y la flagrante inobservancia de sus reglas de juego”.

4. Centro Carter confirma a González Urrutia como ganador: “las actas que colgó la oposición en una página web, bloqueada por el gobierno, confirman el triunfo de González Urrutia. El CCarter las ha analizado junto a varias Universidades y otras organizaciones y las valida.

5. Lincoln dice que es incrédula: Soy escéptica sobre lo que un equipo de verificación internacional podría hacer que no hayan hecho ya los miles de testigos, que han producido las verdaderas actas de la noche. El gobierno ha tenido un amplísimo tiempo para mostrar la data real.

Via Perkins Rocha, 11/08/2024

domingo, 11 de agosto de 2024

Events in Kursk - Garry Gaspariv (Free Russia Forum)

 Statement by the Council of the Free Russia Forum on Events in the Kursk region.

Garry Kasparov
11/08/2024

Observing the events that have unfolded in recent days in the Kursk region, we feel it necessary to emphasize the following:

As we have repeatedly stated, the war unleashed by Putin against Ukraine is criminal. Now this war is returning to Russia, which is quite natural. As the saying goes, “he who sows the wind will reap the storm." All the victims and destruction caused by this war, including on the territory of the Russian Federation, are a direct consequence of Putin's criminal policy. 

For Ukraine, this war is a defensive and just war. Ukrainians are fighting for their freedom and independence, for the right to exist as a state and a nation. They have the right to defend themselves as they see fit, while of course observing the laws and customs of war. The transfer of hostilities to the territory of the aggressor is their legal right.

We welcome the breakthrough by the Ukrainian armed forces in the Kursk region, which demonstrates to us that the course of the war is by no means a foregone conclusion. The local successes of Putin's invaders in Ukraine turned out to be only an isolated episode. Now the initiative has passed to the Ukrainians, which gives us hope that a Ukrainian victory in this war is not only possible, but quite probable. 

Especially impressive is the fact that the current success of the Armed Forces of Ukraine (AFU) has been achieved with very limited supplies of weapons from Western countries and with an acute shortage of manpower. The breakthrough of the AFU into the Kursk region once again convinces us that fighting for a righteous cause is the strongest of motivations, and can have a greater impact on the course of military operations than weapons and supply of soldiers. 

Recent events in the Kursk region offer the best response to skeptics who talk about the need for negotiations and the impossibility of reaching the 1991 borders. The course of the war is unpredictable, and its end result may turn out to be quite different from what was imagined.

Unfortunately, no combat operation is without casualties. We express our condolences to the families and loved ones of the civilians who were killed as a result of the fighting in Kursk region. At the same time, we draw their attention to the fact that the real culprit behind the deaths of these people (as well as all victims of the war) is the Russian dictator who unleashed this war and continues to wage it to this day—Vladimir Putin.

We also recall that we have consistently supported Ukraine in this war since its beginning. We see the AFU as our natural allies in the fight against Putin's tyranny. This is our fundamental difference from other sections of the exiled Russian diaspora, which have so far taken an insufficiently clear position on this war. We call on them to come to their senses and begin to provide effective support to those who are now confronting Putin's aggression on the battlefield: the Ukrainian armed forces and Russian volunteers.

Our slogan—"Victory to Ukraine, freedom to Russia!"– takes on new meaning when we see the AFU marching through Russian territory, effectively liberating it from Putinism. Whatever the final outcome of this operation, one thing has become clear: Putin's regime is not as strong as it seems. It can be crushed by the force of arms both in Ukraine and in Russia itself. 

The Council of the Free Russia Forum 
August 09, 2024
@forumfreerussia