O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

domingo, 6 de outubro de 2024

Books for free: open libraries, online books

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Acabou a prontidão: volto à página original do Facebook: paulobooks; encerrando o PauloAlmeidaDiplomata

Fechamento por "desnecessidade": 

Como diria o papa Francisco, uma proclamação at urbe et orbi, ou, modernamente, a todos, a todas, e, sendo redundante, a todes. 

A todos os meus seguidores nesta página improvisada – PauloAlmeidaDiplomata – e que não deveria existir. Ela foi criada depois de seis meses tentando ressucitar, sem sucesso, minha página original, esta aqui: https://www.facebook.com/paulobooks

 Ela tinha ficado inacessível, por motivos incertos e não sabidos – provavelmente minha própria incompetência - mas acabou aparecendo, depois que eu iinaugurei esta aqui: https://www.facebook.com/PauloAlmeidaDiplomata 

Como aparentemente tudo segue normal com a original, e para evitar acusações de duplicação ou duplipensar, vou liquidar, eliminar, apagar esta segunda, de vida breve, mas ao que parece atraente, pois ccapturou um público razoável. 

Com mil desculpas a todos, vou terminar com esta em breve. 

Paulo Roberto de Almeida 6/10/2024

Pessoas cometem erros, países cometem erros: uma análise histórica - Paulo Roberto de Almeida

Pessoas cometem erros, países cometem erros: uma análise histórica Paulo Roberto de Almeida, diplomata, professor. Sobre como se aprende melhor com erros do que com acertos, a partir de exemplos nacionais. Nenhuma trajetória, individual ou coletiva, é isenta de desvios, de percalços, de erros ou de desastres. Erros individuais são, aparentemente, mais fáceis de corrigir, dado que eles podem ser objeto de recriminações, de alertas, de recomendações de terceiros, geralmente os mais próximos, ou seja, familiares ou amigos, o que pode (nem sempre o faz) induzir o sujeito equivocado – por ignorância, ingenuidade, ambição ou alienação temporária – a tentar retificar suas ações e retomar um caminho, senão virtuoso, pelo menos mais adequado às circunstâncias e limitações da vida prática. (...) Brasil e Argentina talvez estejam ainda sob o domínio excessivo dos “instintos primitivos” de seus animais políticos. Provavelmente já é mais do que tempo de se livrar das oligarquias regressivas e abrir espaços para a energia dos empreendedores individuais. O senso comum considera que a China é uma ditadura comunista, o que é apenas meia verdade. Se consultarmos os indicadores setoriais de liberdade econômica, constataríamos que a China é mais livre, economicamente, do que Brasil, Argentina e a maioria dos países. Paulo Roberto de Almeida Brasília, 4751, 6 outubro 2024, 8 p. Disponível na plataforma Academia.edu; link: https://www.academia.edu/124475398/4751_Pessoas_cometem_erros_paises_cometem_erros_uma_analise_historica_2024_

sábado, 5 de outubro de 2024

As 10 Melhores Lições de "A Arte da Guerra" - Marco Rocha

 As 10 Melhores Lições de "A Arte da Guerra" 

Marco Rocha

"A Arte da Guerra" de Sun Tzu, é um dos livros mais influentes de estratégia já escritos. Apesar de ter sido criado para o campo de batalha, suas lições se aplicam em todas as áreas da vida: negócios, liderança, e até no desenvolvimento pessoal.

Vamos mergulhar nas 10 principais lições desta obra-prima atemporal. 

1️⃣ A Preparação é Tudo: "Toda guerra é ganha antes de ser travada".

A primeira lição fundamental de Sun Tzu é a importância da preparação estratégica. Grandes vitórias começam muito antes de qualquer ação. Seja em uma negociação ou competição, o segredo está em antecipar e planejar.

💬 Citação: "Aquele que planeja e se prepara vencerá antes mesmo de lutar."

💡 Aplicação prática: Sempre esteja preparado. Estude seu campo, seus concorrentes e todas as variáveis antes de agir.

2️⃣ Conheça a Si Mesmo e Seu Inimigo 👥

Uma das lições mais famosas do livro: autoconhecimento e conhecimento do oponente são os pilares de qualquer vitória. Saber suas próprias forças e fraquezas, e conhecer o que move o "inimigo", seja ele uma pessoa ou um desafio, garante sua vantagem.

💬 Citação: "Se você conhece o inimigo e a si mesmo, não precisa temer o resultado de cem batalhas."

💡 Aplicação moderna: No mundo dos negócios, conheça seus pontos fortes e fracos, e estude seus concorrentes profundamente para ganhar vantagem.

3️⃣ A Importância da Flexibilidade: "A estratégia sem táticas é o caminho mais lento para a vitória" 

Sun Tzu destaca que a adaptação é essencial em qualquer conflito ou desafio. Estratégias rígidas levam à derrota, enquanto táticas adaptáveis garantem o sucesso.

💬 Citação: "Na guerra, os planos são inúteis, mas o planejamento é essencial."

💡 Aplicação prática: Seja flexível. Não tenha medo de mudar sua abordagem conforme as circunstâncias mudam.

4️⃣ Engane Para Ganhar: "Toda guerra é baseada no engano" 

Na estratégia de Sun Tzu, o uso do engano não é imoral, mas sim um recurso importante para vencer. Ele sugere que, ao confundir o oponente, você pode forçá-lo a cometer erros críticos.

💬 Citação: "Quando estiver perto, faça o inimigo acreditar que está longe; quando estiver longe, faça-o acreditar que está perto."

💡 Dica prática: Em negociações ou competições, mantenha seus planos privados e surpreenda seus adversários.

5️⃣ Velocidade é a Chave: "A rapidez é a essência da guerra" 

Sun Tzu ensina que agir rapidamente e com precisão é um diferencial em qualquer batalha. A hesitação muitas vezes leva à derrota, enquanto a ação rápida pega o inimigo desprevenido.

💬 Citação: "A vitória rápida e decisiva é o melhor tipo de guerra."

💡 Aplicação: No mundo dos negócios ou decisões pessoais, agir de forma decisiva pode ser o diferencial entre o sucesso e o fracasso.

6️⃣ Escolha Suas Batalhas: "Evite o que é forte e ataque o que é fraco" 🛡️

Nem toda batalha vale a pena ser travada. Sun Tzu ensina a importância de escolher bem seus combates. Às vezes, a estratégia mais sábia é evitar um confronto que você não pode vencer e se concentrar nas oportunidades em que tem vantagem.

💬 Citação: "O general sábio evita a batalha que não pode vencer."

💡 Exemplo prático: No mundo moderno, isso pode significar evitar projetos ou negócios com alto risco e baixo retorno, e focar nas áreas onde você tem uma clara vantagem.

7️⃣ Use a Estratégia Indireta: "Atacar diretamente raramente é a melhor opção" 🏹

Sun Tzu ensina que o ataque direto é muitas vezes previsível e esperado. Ao invés disso, estratégias indiretas, que enganam e desorientam o inimigo, podem levar a uma vitória mais eficiente e menos desgastante.

💬 Citação: "Ataque onde ele não espera, e vá onde ele menos imagina."

💡 Dica prática: Em um projeto ou negociação, use métodos inovadores para alcançar seu objetivo de maneiras que seus concorrentes ou desafios não preveem.

8️⃣ Comandar com Liderança e Autoridade 🧑‍⚖️

Sun Tzu acredita que um exército forte só pode ser liderado por um líder forte. A disciplina, a moral e a eficácia de um exército são reflexos diretos da autoridade de seu líder.

💬 Citação: "Liderança é uma questão de inteligência, confiança, humanidade, coragem e disciplina."

💡 Lição moderna: Seja um líder que inspira e dá direção clara, mas que também entende as necessidades de seu time.

9️⃣ A Moral é um Pilar da Vitória: "Uma tropa unida é invencível" 🤝

Sun Tzu ensina que um exército, ou equipe, com alta moral e espírito de união é muito mais forte que um grupo desunido. A confiança e o respeito mútuo são essenciais para vencer batalhas.

💬 Citação: "Trate seus soldados como seus filhos, e eles o seguirão até os vales mais profundos."

💡 Aplicação prática: No trabalho ou na vida, mantenha sua equipe motivada e cuidada. A moral elevada leva a maiores realizações.

🔟 Evite Conflitos Desnecessários: "A maior vitória é aquela que não requer luta" 🕊️

A última grande lição de Sun Tzu é que a melhor vitória é aquela que vem sem batalha. Às vezes, a vitória pode ser alcançada através da negociação, diplomacia ou simples intimidação.

💬 Citação: "A arte suprema da guerra é submeter o inimigo sem lutar."

💡 Aplicação prática: Evite confrontos desnecessários em sua vida. Se você puder atingir seu objetivo sem conflito, você terá economizado recursos e tempo.

Conclusão: "A Arte da Guerra" não é apenas um manual de estratégia militar, mas um guia atemporal de sabedoria e táticas para a vida. Suas lições são aplicáveis a todos os campos, desde negociações de negócios, liderança, até relacionamentos pessoais.


Santa raiva: A tragédia educacional precisa ser vista como a da escravidão - Cristovam Buarque (revista VEJA)

 . Nem sentimos incômodo pelo fato de nosso desprezo à educação amarrar o país, impedir o aumento da renda média e manter a sua trágica concentração devido ao sistema escolar dividido entre “escolas senzala” e “escolas casa grande”, determinando o futuro de uma criança desde o dia de seu nascimento; salvo raras exceções, tanto quanto antes era por causa da cor da pele durante a escravidão...

 

 

sábado, 5 de outubro de 2024

Cristovam Buarque - Santa raiva

Veja

A tragédia educacional precisa ser vista como a da escravidão

 

O movimento abolicionista só cresceu quando, em vez da simpatia à liberdade dos escravos, passou a usar a raiva contra a perversidade da escravidão e a denunciar a estupidez desse sistema para o progresso do país. Há décadas, nossos educacionistas defendem o direito de todos a uma escola com qualidade, mas a educação continua entre as piores e mais desiguais do mundo; sabe-se que a deseducação é uma barreira para nosso progresso, mas o eleitor não vota por educação, sobretudo se o candidato lembrar que essa prioridade exige relegar outros gastos.

Apenas com discurso simpático, educação não estará entre as prioridades dos políticos. Ainda mais agora, quando os resultados eleitorais são motivados mais pela raiva aos políticos do que por simpatia a uma causa.

Mais do que ser favorável à educação, os educacionistas precisam criar uma santa raiva contra a falta de educação, tanto quanto os abolicionistas contra a escravidão. Vergonha por termos entre 12 milhões e 14 milhões de adultos analfabetos plenos, incapazes de ler o lema escrito na bandeira; e quase 100 milhões despreparados para o mundo contemporâneo, sem um mapa que facilite sua busca pela felicidade pessoal nem as ferramentas necessárias a sua participação na promoção do progresso do país. Indignação por estarmos entre os piores do mundo em educação: 52º lugar em leitura, 65º em matemática, 62º em ciência, e termos o mais desigual sistema escolar do mundo conforme a renda e o endereço do aluno. Raiva por sabermos que essa situação deixará o Brasil atrasado, insustentável, injusto, ineficiente, continuando a escravidão mesmo 136 anos depois da abolição, que ficou incompleta por desprezo com a educação dos libertos.

“É vergonhoso termos entre 12 milhões e 14 milhões de adultos analfabetos plenos”

Medo coletivo diante do fato de que 40 milhões de nossos 50 milhões de brasileiros em idade escolar neste ano de 2024 serão deixados para trás e não desenvolverão o potencial necessário para construir um país rico, justo, civilizado; no máximo 10 milhões deles chegarão à vida adulta plenamente alfabetizados para a contemporaneidade. A raiva seria imensa se poços de petróleo fossem tapados, já temos raiva porque queimamos florestas, mas não há uma santa raiva contra a queima dos cérebros deixados para trás por falta de escolas com qualidade.

Nem sentimos incômodo pelo fato de nosso desprezo à educação amarrar o país, impedir o aumento da renda média e manter a sua trágica concentração devido ao sistema escolar dividido entre “escolas senzala” e “escolas casa grande”, determinando o futuro de uma criança desde o dia de seu nascimento; salvo raras exceções, tanto quanto antes era por causa da cor da pele durante a escravidão.

Felizmente, aprendemos a ter raiva da corrupção que domina a política, mas ainda não sentimos desconforto com a pior delas: o roubo de inteligência, negação de escola com qualidade para as crianças sem renda suficiente para pagar algumas das raras boas escolas privadas ou, com sorte, para entrar em uma das raras públicas com qualidade, em geral federal. Sentimos raiva porque o SUS não funciona bem, mas nenhuma raiva porque o Brasil, com 136 anos de República, ainda não tem um Sistema Único Público de Educação de Base com qualidade para todos.

A política só vai priorizar a educação quando os educacionistas, inspirados nos abolicionistas, promoverem um sentimento de santa raiva e vergonha diante da tragédia educacional, sua injustiça com os brasileiros e estupidez com o país.

 

Publicado em VEJA de 4 de outubro de 2024, edição nº 2913

Christian Arnsperger, Philippe Van Parijs, Éthique économique et sociale -Compte-rendu par Julien Damon

 Un petit précis de philosophie politique

Oct. 5, 2024


 

Le philosophe Philippe Van Parijs, auteur entre autres d’un tableau remarqué de la philosophie politique analytique (Qu’est-ce qu’une société juste ? 1991) et grand théoricien du revenu universel, s’était associé, il y quelques années, avec le professeur d’économie Christian Arnsperger, pour proposer, dans un « Repère » très clair intitulé Éthique économique et sociale[1], une introduction aux grandes lignes de partage et de convergences de la réflexion contemporaine en philosophie politique. La seconde édition de ce synthétique opus des deux auteurs belges date de vingt ans mais l’ouvrage n’a, au fond, presque pas pris de ride.

 

Tour d’horizon

Soulignons d’emblée qu’il ne s’agit pas du rassemblement de constructions métaphysiques désincarnées, mais d’une présentation des différentes argumentations, rigoureuses et aux résonances concrètes, qui peuvent fonder autant les systèmes collectifs de protection sociale que les pratiques individuelles. En faisant le tour des références incontournables structurant les pans de la réflexion économique et sociale actuelle, Arnsperger et Van Parijs font œuvre utile avec une concision et une précision aussi utiles au néophyte qu’au spécialiste.

Depuis John Rawls et sa Théorie de la Justice (1971), une littérature conséquente s’est développée autour des fondements des institutions sociales et de l’organisation des sociétés. Indexées sur la question centrale de la justice sociale, différentes postures, très solides, sont disponibles sur le marché des convictions et des comportements. Sans fondements absolus, mais avec une indéniable cohérence interne, ces théorisations composent le spectre des positionnements éthiques et pratiques dans des démocraties avancées et pluralistes composées d’individus responsables et maîtres d’eux-mêmes.

Nos deux auteurs présentent de manière particulièrement didactique les quatre principales approches modernes de l’éthique économique et sociale. Avec chacune une vision de la société juste et du progrès humain, ces quatre approches, l’utilitarisme, le libertarisme, le marxisme et l’égalitarisme, campent les « points cardinaux » des réflexions et des discussions politiques, mais aussi, pouvons-nous ajouter, des discussions de café (qui ne sont pas moins importantes). Avec des bases historiques puissantes et des traductions institutionnelles élaborées ces approches structurent largement l’espace des raisonnements éthiques et politiques. Signalons d’entrée de jeu qu’aucune n’a jamais pu se développer sous une forme pure, ce qui est probablement heureux tant elles peuvent être, quand elles sont envisagées sous une forme extrême, pleines de paradoxes, voire de dangers. Faisant jouer les variables « juste », « bonne », « égalitaire », « libre », « heureuse », ces bases théoriques, qui ne sont pas des alternatives définitivement opposables, permettent d’évaluer les formes et les fondements de l’Etat-providence (voire de son dépassement).

 

Utilitarisme, libertarisme, marxisme, égalitarisme

L’utilitarisme, tout d’abord, est une doctrine fondée par Jeremy Bentham. Baptisée et popularisée par John Stuart Mill, cette doctrine aussi simple que forte considère qu’une société juste est une société heureuse. Refusant tout droit naturel et toute autorité suprême pour l’humanité, elle invite à se soucier essentiellement du « plus grand bonheur du plus grand nombre ». La notion centrale est celle d’utilité, comprise comme l’indicateur de satisfaction des préférences des individus. Cette utilité, agrégée au niveau de la société, doit être maximisée pour minimiser les souffrances. A dissocier de l’égoïsme et du matérialisme, l’utilitarisme est une prise en compte impartiale des préférences de chacun. Il va sans dire que les règles de décision (par exemple à la majorité) peuvent léser certains et aller jusqu’à légitimer la ségrégation. La maximisation du bien-être agrégé, comme objectif, peut alors être tempérée par la nécessité de respecter des droits fondamentaux.

Le point de départ de la deuxième référence fondamentale de l’éthique économique et sociale, l’approche libertarienne (au sens de libéral radical), est d’ailleurs cette question de la dignité fondamentale de chaque être humain. Puisant son inspiration dans le libéralisme classique d’un John Locke, le libertarisme connaît ses lettres de noblesse avec les économistes autrichiens Ludwig von Mises et Friedrich Hayek, et ses formulations les plus entières avec des auteurs américains comme Murray Rothbard ou Robert Nozick. Selon les libertariens, une société juste n’est pas une société heureuse, mais une société libre, c’est-à-dire composée d’individus souverains dont la liberté ne peut être bridée par des impératifs collectifs. Chacun, dans une société libertarienne, a d’abord entière propriété de soi. L’individu libre s’engage dans des transactions volontaires, refusant toute coercition et toute obligation, qui permettent une juste circulation des droits de propriété. Dans une version extrême le libertarisme peut être qualifié d’anarcho-capitalisme. Récusant la justice sociale (un « mirage » pour Hayek), les libertariens valorisent l’égalité formelle (l’égalité des droits) et repoussent toute idée d’égalité substantielle (égalité des chances ou des situations).

Le marxisme, en tant que troisième doctrine cardinale, fait droit à l’égalité comme exigence centrale. Comme théorie, le marxisme est fait de nombreuses composantes, allant d’une tradition de fidèles de Karl Marx à un marxisme analytique (Jon Elster, Gerald Cohen) soucieux moins de lutte des classes et de dictature du prolétariat que de la formulation logique d’une théorie égalitaire de la justice. Dans le projet marxiste, l’idée est d’abolir l’aliénation inhérente au capitalisme et de mettre fin à l’exploitation de l’homme par l’homme, ou plus précisément, d’en finir avec l’exploitation du surtravail de certains. Plutôt qu’une opposition stricte entre deux couches de la société, les marxistes contemporains (certains disent – sérieusement – les marxiens), rendent compte d’inégalités de bien-être matériel, ancrée dans des inégalités de dotation, éclairant de la sorte les nouvelles formes de disparités de ressources et de positions sociales. La difficulté reste de distinguer les injustices issues d’inégalité de talents innés ou de savoir-faire, pour savoir que faire de l’héritage et de l’épargne.

Le quatrième point cardinal, auquel va la préférence des auteurs, est la conception libérale-égalitaire de la justice. Incarnée par John Rawls, cette référence de l’éthique économique et sociale occupe désormais une « position pivot » à côté des trois vénérables traditions marxiste, libertarienne et utilitaristes avec leurs déclinaisons contemporaines. Dans cette conception une société juste est d’abord une société conforme aux principes suivants : égale liberté des uns et des autres, légitimité des inégalités si elles peuvent profiter aux plus désavantagés, égalité des chances. C’est ensuite une société juste si elle répartit les « biens premiers » (droit de vote, liberté de pensée, avantages socio-économiques, bases du respect de soi, etc.) de manière équitable entre ses membres. Une difficulté est alors de fonder un indice synthétique de ces biens premiers permettant de bien différencier les positions, notamment pour dire qui est le plus mal loti.

Autour de Rawls, de multiples évaluations, réfutations et variations se sont accumulées. Rejetant généralement, comme lui, les approches et les notions dites welfaristes, c’est-à-dire fondées sur les utilités et sur les préférences, des économistes, des sociologues et des philosophes se sont attachés à défendre d’autres entrées pour apprécier la question de l’égalité. C’est le cas, par exemple, de Amartya Sen qui cherche à fonder la justice comme égalité, non pas des biens, mais des capacités fondamentales de tout un chacun à pouvoir bénéficier de ces biens.

 

Exercices de philosophie politique

Après la présentation de cette palette à quatre coins des doctrines éthiques, qu’ils argumentent avec clarté, érudition et humour, Arnsperger et Van Parijs font tourner les différents modèles autour de deux problématiques particulières : les soins de santé peuvent-ils être laissés au libre jeu du marché ? faut-il ouvrir les frontières ? En ces domaines l’utilitarisme fait des calculs coûts bénéfices et mesure des externalités, le libertarisme soutient la souveraineté naturelle des patients et des soignants et affirme le droit fondamental à la mobilité universelle, le marxisme vise à réduire l’exploitation par les besoins et l’exploitation nationale, l’égalitarisme libéral propose une assurance santé de base et ne conclue pas de manière univoque sur la question de la circulation des étrangers.

Au terme de notre exercice (compliqué tant la matière est dense) de compte-rendu, on doit redire que les thèmes et les objets traités ici sont des plus concrets. La visée de Arnsperger et Van Parijs n’a d’ailleurs rien à voir avec l’exégèse de chambre. Leur projet est pédagogique. Il s’agit de s’initier à l’exercice de la philosophie politique incarnée, appuyé sur les grands modèles interprétatifs et normatifs. Autant qu’à la lecture des auteurs qu’ils examinent et à l’examen des divers principes qu’ils abordent, ils invitent leurs lecteurs et leurs étudiants à la pratique in concreto. Il s’agit d’aborder collectivement des sujets de société, sans s’imposer prémisses ou conclusions, en cherchant à aboutir à une cohérence dans l’argumentation au terme de la confrontation raisonnée des points de vue. Ceux-ci peuvent être soutenus à partir des quatre points cardinaux de l’éthique économique et sociale. Cet exercice est salutaire pour des sujets aussi variés, dans le domaine de la protection sociale, que le fondement de prestations familiales, l’efficience d’aides au logement, ou la légitimité de minima sociaux. Par un jeu de confrontation des justifications et des objections on peut aboutir à un équilibre sensé et non dogmatique des positions.

Le travail de réflexion auquel nous convie individuellement l’éthique économique et sociale est particulièrement exigeant. Au-delà de certitudes qui nous seraient données par le « terrain », l’économétrie ou l’idéologie, la pesée de l’importance relative des grands courants de pensée permet de fonder en raison des opinions personnelles, des prestations collectives et des politiques publiques.

 

[1] Christian Arnsperger, Philippe Van Parijs, Éthique économique et sociale, La Découverte, coll. « Repères », 2000, deuxième édition 2003.

Uma modesta sugestão aos eleitores da cidade de São Paulo: Tabata Amaral - Paulo Roberto de Almeida

Fazendo uma coisa que nunca fiz antes: recomendar voto em alguém...

Uma modesta sugestão aos eleitores de São Paulo: Tabata Amaral 

Paulo Roberto de Almeida, diplomata, professor.

Sou paulistano, mas pouco votei em São Paulo ou por São Paulo.

Lembro-me, ainda muito criança, ter acompanhado meu pai no voto para presidente em 1960, o que se imaginava ser a grande esperança de luta contra a corrupção e a inflação (já crescente), e que foi uma grande frustração alguns meses depois. Lembro-me, igualmente, de que na crise da renúncia (sobre a qual eu não entendia literalmente nada), minha mãe foi nos buscar na escola, quando normalmente eu e meu irmão voltávamos a pé para casa, por temer não sei qual tipo de confusão (talvez como no suicídio do Getúlio, quando meus pais já eram adultos, embora em SP não tenha havido o impacto que teve no Rio de Janeiro).

Depois, por causa do golpe militar e da ditadura que se seguiu, não votamos mais, por longos anos, sequer para prefeitos das capitais.

Acabei saindo do Brasil em 1970, sem jamais ter exercido o direito cidadão do voto, para qualquer cargo em qualquer nível, e assim permaneci sete longos anos no exterior, refazendo a graduação incompleta (deixei Ciências Sociais na USP no segundo ano), com um mestrado terminado e um doutoramento iniciado. Não tenho certeza de ter justificado inadimplência eleitoral no consulado do Brasil em Antuérpia, onde residi por algum tempo.

Quando voltei ao Brasil, em meados de 1977, sequer tive tempo ou oportunidade, de votar pela primeira vez, pois que logo incorporei-me ao serviço diplomático e acabei saindo do Brasil pouco tempo depois, dois anos e meio após ter voltado. Apenas relato, como parte de meus registros político-eleitorais, que voltei a lutar pela redemocratização, tendo auxiliado na campanha do candidato da oposição a presidente da República em 1978, e por mesmo isso fui fichado pelo SNI como “ diplomata subversivo”, conforme verifiquei anos depois no diretório do órgão no Arquivo Nacional de Brasília. Devo ter votado uma única vez em Brasília, mas com meu título de SP, apenas em nível federal. Passaram-se várias eleições, na quais votei ou não, dependendo do lugar do mundo em que houvesse votação consular, sendo que eu mesmo organizei as eleições presidenciais de 2014 para o pessoal brasileiro inscrito no Consulado em Hartford, nos EUA, onde estava lotado naquele ano.

Neste ano de 2024, Brasília não tem eleições, mas acompanhei a movimentação em algumas capitais a partir do noticiário da mídia, com especial atenção para as tribulações dos candidatos em São Paulo. Confesso que fiquei estarrecido com o desempenho dos três primeiros colocados na disputa municipal e é esta a razão que me induz a escrever um pedido, uma sugestão, um apelo a todos os meus amigos, conhecidos e desconhecidos, que por acaso acessem minhas redes sociais como eleitores paulistanos ou residentes e inscritos em alguma circunscrição eleitoral da cidade.

Considero que a única candidata digna de voto na maior cidade do país, no terceiro maior orçamento da federação – após o próprio orçamento da União e o do estado de SP –, é a paulista Tabata Amaral, parlamentar federal e lutadora pela educação no Brasil.

Repito: considero ser esta candidata a única digna do voto dos eleitores e cidadãos de São Paulo capital, por dezenas de razões que não julgo necessário expor aqui.

Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 5/10/2024

 

sexta-feira, 4 de outubro de 2024

Imperial Legacy: 1949 to Xi's Rise - Yasheng Huang , Jordan Schneider, Lily Ottinger, Ilari Markela (China Talk)

 Segunda parte de um debate histórico que teve inicio pela discussão do periodo anterior à emergência da RPC: https://diplomatizzando.blogspot.com/2024/09/china-meritocracia-inovacao-e.html?m=1