O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

terça-feira, 11 de novembro de 2014

Corrupcao no Brasil: quem era o capo di tutti i capi? Ninguem sabe, ninguem viu?

Por que essa dificuldade de dar nomes aos bois, ou melhor, nome ao touro?
Eu respondo: o chefe de tudo e de todos é aquele mesmo que vocês já sabem, il gran capo, o homem do nunca antes, o falastrão irrecuperável, a maior fraude politica, social e psicológica já ocorrida em 500 anos de história deste paiseco.
Paulo Roberto de Almeida

Dia desses, quem deitava falação num grande veículo da imprensa brasileira? Ele: Henrique Pizzolato. Para quê? Ora, para sustentar que o mensalão não existiu. Condenado a 12 anos e sete meses por peculato, que é roubo de dinheiro público, corrupção passiva e lavagem de dinheiro; foragido da Justiça brasileira; processado por ter entrado na Itália com documentos falsos, a palavra lhe foi franqueada para que desancasse a Justiça brasileira e as oposições, para cantar as glórias de Lula e do petismo e para bater no peito e jurar inocência. Logo, daremos a Marcola, o chefão do PCC, o direito ao “outro lado”. E vamos dar a outra face ao capeta. Tenham paciência!

Por que essa introdução? Porque não é só Pizzolato que jura que o mensalão não existiu. Repetem essa mesma ladainha Lula, a cúpula do PT e alguns colunistas que só não estão de joelhos porque é uma posição desconfortável para lamber os sapatos do petismo. Pois bem: algo importante se deu na 13ª Vara da Justiça Federal do Paraná nesta segunda. Alberto Youssef, o doleiro enroscado na operação Lava Jato, não apenas confirmou a existência do mensalão — ninguém precisava dele para isso; é claro que existiu! — como demonstrou os vasos comunicantes entre aquele escândalo e o petrolão.

Atenção! Youssef já aparecia no escândalo do mensalão. Isso não é o novo. O depoimento desta segunda, diga-se, prestado ao juiz Sérgio Moro e ao procurador da República Roberson Pozzobon, é parte da ação penal em que o doleiro é acusado de ter lavado a origem ilícita de R$ 1,16 milhão recebido pelo então deputado José Janene (PP), já morto, no âmbito do mensalão.

O doleiro deixou claro que administrava com Janene uma espécie de conta conjunta. O dinheiro era distribuído, segundo ele, a “agentes públicos e políticos”, por orientação do deputado. Para tanto, usava um outro doleiro, Carlos Habib. Até aí muito bem. Prestem atenção agora ao ponto que interessa. O juiz Moro perguntou a Youssef qual era a origem do dinheiro. E ele respondeu: “Comissionamento de empreiteiras”. O juiz insistiu: “Decorrente de contratos com a administração pública em geral, propinas?”. E o homem confirmou: “Sim, senhor, excelência”.

Confirma-se, assim, aquilo de que sempre se suspeitou. Tudo o que ficamos sabendo do mensalão foi, para usar um clichê que eu detesto, mas que se faz inevitável, a ponta do iceberg; conhecemos, na verdade, apenas uma das cabeças da hidra. Como se percebe pelo depoimento de Youssef, o desvio do Fundo Visanet, do Banco do Brasil — da ordem R$ 76 milhões — não foi a única grana pública movimentada pelo mensalão.

Os dois esquemas de ladroagem tinham vasos comunicantes. O mais impressionante é que, enquanto uma das cabeças do monstro estava sob escrutínio, as outras operavam a todo vapor. Esse depoimento de Youssef é mais sério e importante do que parece. Sim, o mensalão existiu — e disso nós sabíamos. Existiu e movimentou mais dinheiro público do que estávamos informados. Espantoso é saber que a máfia não se intimidou nem com o processo que estava em curso no STF, tal era a certeza da impunidade.

E que se note, para arrematar: até agora, a gente não sabe quem era o “capo di tutti i capi”, o chefe dos chefes. Porque não se enganem: uma roubalheira dessa dimensão, com tantas frentes, que pode gerar desentendimentos entre os quadrilheiros, tem sempre alguém que bate na mesa para desempatar o jogo. Saberemos algum dia?


Academia.edu: um resumo das visitas ao meu site e perfil, textos mais requisitados

Entrando, por curiosidade, na seção Analytics da minha página no Academia.edu, verifique que as visitas se intensificaram nos últimos 30 dias.
Segundo o resumo inicial, eu tive:

1.435 visitas a documentos depositados na minha página
1.016 visitantes exclusivos nesse período
85 bisbilhoteiros do meu perfil (ou seja, das informações pessoais)

Não é nada, não é nada, parece razoável, mas eu não tenho a menor ideia de como anda a concorrência por aí. Provavelmente deve haver alguns prêmios Nobel, e alguns membros de Academias científicas, também nobelizáveis, que devem ter mais visitas do que eu, mas isso depende do que eles colocaram à disposição do público em suas respectivas páginas.
Eu coloquei muita coisa, ou quase tudo o que já era público, ou seja, não protegido por algum copyright de editora comercial. Nunca pensei fazer dinheiro com meus escritos, e continuo pensando assim. Se algum dia eu cair na miséria -- o que não está excluido dada a incompetência gerencial dos que nos governam atualmente -- talvez eu pense em "mercadejar" meus talentos, vendendo palestras e conferências e cobrando ingresso para entrar no meu site e blog.
Sans blague, acho que está bem assim e assim deve continuar,
Sem mais tardar, alguns números e informações.
Paulo Roberto de Almeida


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