Se se realizarem as previsões dos analistas para o corrente ano de 2010, quanto ao crescimento do PIB (estimado por vários economistas em torno de 5%), a média do governo Lula para os seus dois mandatos (2003 a 2010) terá sido de 3,7% ao ano, menos do que a média mundial e duas vezes menos do que os emergentes mais dinâmicos.
Cai por terra, assim, a conversao de que o neoliberalismo da era FHC condenava o Brasil ao baixo crescimento. Deve-se considerar que, entre a crise do México (1994), a dos países asiáticos (1997), da Rússia (1998), da Argentina (2001-2002) e do próprio Brasil (efeito Lula nas eleições nesse último ano), FHC enfrentou várias crises, ao passo que na era Lula o Brasil surfou no crescimento da economia mundial, em ritmo inédito desde antes da crise do petróleo (1973), com forte demanda mundial por nossas exportações.
[Addendum:] Certo, como me lembra um comentarista, abaixo reproduzido, tivemos a crise financeira americana, que provocou uma mini-recessão mundial, mas a China, nosso principal parceiro comercial, continuou crescendo e comprando produtos brasileiros.
Vamos ver como a campanha eleitoral se desenvolve em torno dos temas econômicos...
Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas. Ver também minha página: www.pralmeida.net (em construção).
sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010
quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010
1714) Politica Externa: Resolucoes do PT no seu IV Congresso
4º Congresso Nacional do Partido dos Trabalhadores
Brasília/DF, 19 de fevereiro de 2010
Presença do Brasil no mundo
76. A Política Externa do Brasil tem profunda incidência em nosso Projeto Nacional de Desenvolvimento. Ela busca a defesa do interesse nacional e se nutre de valores como o multilateralismo, a paz, o respeito aos Direitos Humanos, a democratização das relações internacionais e a solidariedade com os países pobres e em desenvolvimento.
77. Tem dado especial ênfase à integração da América do Sul, ao fortalecimento da unidade latino-americana, às relações com África, à reforma das Nações Unidas e dos organismos multilaterais, e à construção de uma ordem econômica internacional mais justa e democrática.
78. Foram esses princípios, somados ao correto enfrentamento das questões nacionais, que deram ao Brasil um lugar de grande relevância no atual cenário internacional.
79. Para dar continuidade e aprofundar essas conquistas, o Governo Dilma:
a) fará, em associação com os demais países, avançar o processo de integração do Mercosul, resolvendo divergências e pendências e fortalecendo sua institucionalidade;
b) contribuirá política e institucionalmente para a consolidação da UNASUL, de suas políticas de integração física, energética, produtiva e financeira. Fortalecerá o Conselho de Defesa Sul-americano e o Conselho de Combate às Drogas. Ênfase especial será dada à redução das assimetrias na região, por meio da cooperação industrial, agrícola e comercial;
c) empenhar-se-á na conclusão da Rodada de Doha, que favoreça os países pobres e em desenvolvimento e, no âmbito do G-20, na reforma já iniciada do FMI e do Banco Mundial, contribuindo para a aplicação de políticas anticíclicas que permitam a retomada do crescimento e, sobretudo, o combate ao desemprego no mundo;
d) fortalecerá nossa intervenção no IBAS (Índia, Brasil e África do Sul) e nos BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China);
e) dará continuidade ao diálogo com os países desenvolvidos – Estados Unidos, Japão e União Européia. Com a U.E., da qual somos parceiros estratégicos, impulsionaremos iniciativas para promover um acordo com o Mercosul;
f) estará presente na busca de solução de conflitos que ameacem a estabilidade mundial, como é, particularmente, o caso do Oriente Médio, onde manterá diálogo com todos os atores buscando uma alternativa de paz;
g) manterá e fortalecerá sua presença no Haiti – com a concordância do Governo daquele país – para garantir a estabilidade, nos marcos do mandato da ONU, e contribuir decisivamente para reconstrução nacional;
h) continuará em seu esforço para democratizar as Nações Unidas, particularmente seu Conselho de Segurança.
Estas Diretrizes, aprovadas no 4º Congresso do PT, serão debatidas com os partidos da coligação que apóiam a candidatura Dilma Rousseff. Elas serão complementadas por Programas setoriais construídos sob a base dos princípios gerais aqui enunciados.
Brasília/DF, 19 de fevereiro de 2010
Presença do Brasil no mundo
76. A Política Externa do Brasil tem profunda incidência em nosso Projeto Nacional de Desenvolvimento. Ela busca a defesa do interesse nacional e se nutre de valores como o multilateralismo, a paz, o respeito aos Direitos Humanos, a democratização das relações internacionais e a solidariedade com os países pobres e em desenvolvimento.
77. Tem dado especial ênfase à integração da América do Sul, ao fortalecimento da unidade latino-americana, às relações com África, à reforma das Nações Unidas e dos organismos multilaterais, e à construção de uma ordem econômica internacional mais justa e democrática.
78. Foram esses princípios, somados ao correto enfrentamento das questões nacionais, que deram ao Brasil um lugar de grande relevância no atual cenário internacional.
79. Para dar continuidade e aprofundar essas conquistas, o Governo Dilma:
a) fará, em associação com os demais países, avançar o processo de integração do Mercosul, resolvendo divergências e pendências e fortalecendo sua institucionalidade;
b) contribuirá política e institucionalmente para a consolidação da UNASUL, de suas políticas de integração física, energética, produtiva e financeira. Fortalecerá o Conselho de Defesa Sul-americano e o Conselho de Combate às Drogas. Ênfase especial será dada à redução das assimetrias na região, por meio da cooperação industrial, agrícola e comercial;
c) empenhar-se-á na conclusão da Rodada de Doha, que favoreça os países pobres e em desenvolvimento e, no âmbito do G-20, na reforma já iniciada do FMI e do Banco Mundial, contribuindo para a aplicação de políticas anticíclicas que permitam a retomada do crescimento e, sobretudo, o combate ao desemprego no mundo;
d) fortalecerá nossa intervenção no IBAS (Índia, Brasil e África do Sul) e nos BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China);
e) dará continuidade ao diálogo com os países desenvolvidos – Estados Unidos, Japão e União Européia. Com a U.E., da qual somos parceiros estratégicos, impulsionaremos iniciativas para promover um acordo com o Mercosul;
f) estará presente na busca de solução de conflitos que ameacem a estabilidade mundial, como é, particularmente, o caso do Oriente Médio, onde manterá diálogo com todos os atores buscando uma alternativa de paz;
g) manterá e fortalecerá sua presença no Haiti – com a concordância do Governo daquele país – para garantir a estabilidade, nos marcos do mandato da ONU, e contribuir decisivamente para reconstrução nacional;
h) continuará em seu esforço para democratizar as Nações Unidas, particularmente seu Conselho de Segurança.
Estas Diretrizes, aprovadas no 4º Congresso do PT, serão debatidas com os partidos da coligação que apóiam a candidatura Dilma Rousseff. Elas serão complementadas por Programas setoriais construídos sob a base dos princípios gerais aqui enunciados.
1713) Cuba: ja que estamos falando de mortos...
Com perdão pelo mau momento, e pelo aparente desrespeito, tendo em vista a recente morte de um dissidente, de fato assassinado pelo regime, transcrevo uma velha piada que circulou novamente...
Enterro em Cuba
Toda a família em Cuba se surpreendeu quando chegou de Miami um ataúde com o cadáver de uma tia muito querida.
O corpo estava tão apertado no caixão que o rosto estava colado no visor de cristal....
Quando abriram o caixão encontraram uma carta, presa na roupa com um alfinete, que dizia assim:
Queridos Papai e Mamãe,
Estou lhes enviando os restos de tia Josefa para que façam seu enterro em Cuba, como ela queria.
Desculpem por não poder acompanhá-la, mas vocês compreenderão que tive muitos gastos com todas as coisas que, aproveitando as circunstâncias, lhes envio.
Vocês encontrarão, dentro do caixão, sob o corpo, o seguinte:
12 latas de atum Bumble Bee,
12 frascos de condicionador,
12 de xampu Paul Mi tchell,
12 frascos de Vaselina Intensive Care (muito boa para a pele. Não serve para cozinhar!),
12 tubos de pasta de dente Crest,
12 escovas de dentes,
12 latas de Spam das boas (são espanholas),
4 latas de chouriço El Mi ño.
Repartam com a família, sem brigas!
Nos pés de titia estão um par de tênis Reebok novos, tamanho 39, para o Joseíto (é para ele, pois com o cadáver de titio não se mandou nada para ele e ele ficou amuado).
Sob a cabeça há 4 pares de 'popis' novos para os filhos de Antônio, são de cores diferentes (por favor, repito, não briguem!).
A tia está vestida com 15 pulôveres Ralph Lauren, um é para o Robertinho e os demais para seus filhos e netos.
Ela também usa uma dezena de sutians Wonder Bra (meu favorito), dividam entre as mulheres.
Também os 20 esmaltes de unhas Revlon que estão nos cantos do caixão. As três dezenas de calcinhas Victoria 's Secret devem ser repartidas entre minhas sobrinhas e primas.
A titia também está vestida com nove calças Docker's e 3 jeans Lee.
Papai, fique com 3 e as outras são para os meninos.
O relógio suíço que papai me pediu está no pulso esquerdo da titia.
Ela também está usando o que mamãe pediu (pulseiras, anéis, etc).
A gargantilha que titia está usando é para a prima Rebeca, e também os anéis que ela tem nos pés.
E os oito pares de meias Chanel que ela veste são para repartir entre as conhecidas e amigas, ou, se quiserem, as vendam (por favor, não briguem por causa destas coisas, não briguem!).
A dentadura que pusemos na titia é para o vovô, que ainda que não tenha muito o que mastigar, com ela se dará melhor (que ele a use, custou caro).
Os óculos bifocais são para o Alfredito, pois são do mesmo grau que ele usa, e também o chapéu que a tia usa.
Os aparelhos para surdez que ela tem nos ouvidos são para a Carola. Eles não são exatamente os que ela necessita, mas que os use mesmo assim, porque são caríssimos.
Os olhos da titia não são dela, são de vidro. Tirem-nos e nas órbitas vão encontrar a corrente de ouro para o Gustavo e o anel de brilhantes para o casamento da Katiuska.
A peruca platinada, com reflexos dourados, que a titia usa também é para a Katiuska, que vai brilhar, linda, em seu casamento.
Com amor, sua filha
Carmencita.
PS1: Por favor, arrumem uma roupa para vestir a tia para o enterro e mandem rezar uma missa pelo descanso de sua alma , pois realmente ela ajudou até depois de morta.
Como vocês repararam o caixão é de madeira boa (não dá cupim); podem desmontá-lo e fazer os pés da cama de mamãe e outros consertos em casa.
O vidro do caixão serve para fazer um porta-retrato da fotografia da vovó, que está há anos precisando de um novo. Com o forro do caixão, que é de cetim branco (US$ 20,99 o metro) Katiuska pode fazer o seu vestido de noiva.
Na alegria destes presentes, não esqueçam de vestir a titia para o enterro!!!
Com amor,
Carmencita.
PS2: Com a morte de tia Josefa, tia Blanca caiu doente. .Façam os pedidos com moderação. Bicicleta não cabe nem desmontada e carburador de Niva, modelo 1968, aqui ninguém ouviu falar
Enterro em Cuba
Toda a família em Cuba se surpreendeu quando chegou de Miami um ataúde com o cadáver de uma tia muito querida.
O corpo estava tão apertado no caixão que o rosto estava colado no visor de cristal....
Quando abriram o caixão encontraram uma carta, presa na roupa com um alfinete, que dizia assim:
Queridos Papai e Mamãe,
Estou lhes enviando os restos de tia Josefa para que façam seu enterro em Cuba, como ela queria.
Desculpem por não poder acompanhá-la, mas vocês compreenderão que tive muitos gastos com todas as coisas que, aproveitando as circunstâncias, lhes envio.
Vocês encontrarão, dentro do caixão, sob o corpo, o seguinte:
12 latas de atum Bumble Bee,
12 frascos de condicionador,
12 de xampu Paul Mi tchell,
12 frascos de Vaselina Intensive Care (muito boa para a pele. Não serve para cozinhar!),
12 tubos de pasta de dente Crest,
12 escovas de dentes,
12 latas de Spam das boas (são espanholas),
4 latas de chouriço El Mi ño.
Repartam com a família, sem brigas!
Nos pés de titia estão um par de tênis Reebok novos, tamanho 39, para o Joseíto (é para ele, pois com o cadáver de titio não se mandou nada para ele e ele ficou amuado).
Sob a cabeça há 4 pares de 'popis' novos para os filhos de Antônio, são de cores diferentes (por favor, repito, não briguem!).
A tia está vestida com 15 pulôveres Ralph Lauren, um é para o Robertinho e os demais para seus filhos e netos.
Ela também usa uma dezena de sutians Wonder Bra (meu favorito), dividam entre as mulheres.
Também os 20 esmaltes de unhas Revlon que estão nos cantos do caixão. As três dezenas de calcinhas Victoria 's Secret devem ser repartidas entre minhas sobrinhas e primas.
A titia também está vestida com nove calças Docker's e 3 jeans Lee.
Papai, fique com 3 e as outras são para os meninos.
O relógio suíço que papai me pediu está no pulso esquerdo da titia.
Ela também está usando o que mamãe pediu (pulseiras, anéis, etc).
A gargantilha que titia está usando é para a prima Rebeca, e também os anéis que ela tem nos pés.
E os oito pares de meias Chanel que ela veste são para repartir entre as conhecidas e amigas, ou, se quiserem, as vendam (por favor, não briguem por causa destas coisas, não briguem!).
A dentadura que pusemos na titia é para o vovô, que ainda que não tenha muito o que mastigar, com ela se dará melhor (que ele a use, custou caro).
Os óculos bifocais são para o Alfredito, pois são do mesmo grau que ele usa, e também o chapéu que a tia usa.
Os aparelhos para surdez que ela tem nos ouvidos são para a Carola. Eles não são exatamente os que ela necessita, mas que os use mesmo assim, porque são caríssimos.
Os olhos da titia não são dela, são de vidro. Tirem-nos e nas órbitas vão encontrar a corrente de ouro para o Gustavo e o anel de brilhantes para o casamento da Katiuska.
A peruca platinada, com reflexos dourados, que a titia usa também é para a Katiuska, que vai brilhar, linda, em seu casamento.
Com amor, sua filha
Carmencita.
PS1: Por favor, arrumem uma roupa para vestir a tia para o enterro e mandem rezar uma missa pelo descanso de sua alma , pois realmente ela ajudou até depois de morta.
Como vocês repararam o caixão é de madeira boa (não dá cupim); podem desmontá-lo e fazer os pés da cama de mamãe e outros consertos em casa.
O vidro do caixão serve para fazer um porta-retrato da fotografia da vovó, que está há anos precisando de um novo. Com o forro do caixão, que é de cetim branco (US$ 20,99 o metro) Katiuska pode fazer o seu vestido de noiva.
Na alegria destes presentes, não esqueçam de vestir a titia para o enterro!!!
Com amor,
Carmencita.
PS2: Com a morte de tia Josefa, tia Blanca caiu doente. .Façam os pedidos com moderação. Bicicleta não cabe nem desmontada e carburador de Niva, modelo 1968, aqui ninguém ouviu falar
1712) Cuba: perigo real de calote
O que se imagina, acontece...
Calote eleva custo de importação para Cuba
Rodrigo Uchoa
Valor Econômico, 25.02.2010
As empresas brasileiras que exportam para Cuba estão recorrendo a intermediários financeiros para validar cartas de crédito cubanas e receber pelos produtos que entregam. Com isso, elas acabam tendo de arcar com taxas de desconto para garantir o pagamento - o que acaba se refletindo em aumento dos preços dos produtos. Essa situação se segue a meses de dificuldades dos empresários brasileiros que tiveram retidos os pagamentos em Cuba.
Durante a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ontem a Cuba, a dificuldade vivida por exportadores brasileiros, que não recebem do governo cubano, não entrou na agenda de discussões. Lula aprovou créditos comerciais para facilitar as futuras compras de produtos brasileiros, além de financiar projetos de infraestrutura, como o do porto de Mariel.
Sofrendo com a falta de divisas, a ilha caribenha adotou no ano passado medidas drásticas, como a restrição dos saques em dólar das contas de empresas estrangeiras em bancos cubanos. Além disso, o Banco Central cubano praticamente suspendeu as remessas feitas aos exportadores que vendem para Cuba - com isso, muitos deles ficam com um dinheiro virtual preso lá, sem conseguir cumprir compromissos em seus países de origem.
O resultado dessa situação é que ficou muito mais difícil para o governo cubano comprar no exterior. O que as empresas cubanas estão fazendo agora é emitir cartas de crédito não confirmadas em bancos cubanos. Aí os empresários estrangeiros buscam bancos internacionais que operam em Cuba para conseguir garantia de recebimento, mediante taxas de desconto e administração, diz um exportador brasileiro com negócios em Cuba. Ele pediu para não ser identificado por temer constrangimentos com seus clientes.
Uma negociação de garantia de pagamento à qual o Valor teve acesso mostra que os bancos estrangeiros cobram sobre o valor total da carta de crédito cubana até 3% a título de comissão de negociação; 0,5% de comissão de tramitação; 0,85% de comissão de emissão. Além disso, cobram 2% ao mês por comissão de compromisso e 18% ao ano de taxa de desconto.
Segundo um outro exportador brasileiro, Cuba voltou a comprar do Brasil materiais de construção e de escritório, abrasivos e insumos para a indústria moveleira.
O recente fôlego cubano se deve à recuperação dos preços das commodities no mercado internacional desde o terceiro trimestre do ano passado. Em 2009, Cuba fechou o ano registrando um crescimento de 1% em seu PIB, de US$ 55 bilhões, segundo o FMI. O resultado foi bem melhor do que o esperado por analistas e foi puxado pela recuperação do preço do níquel, exportado para China e Canadá.
A maior parte das compras cubanas tem sido feita por empresas ligadas às Forças Armadas ou ao Conselho de Estado - o órgão máximo do Poder Executivo. Isso mostraria uma consolidação do poder do presidente Raúl Castro, que colocou aliados próximos das Forças Armadas em posições-chave da economia do país.
Alguns países, como a Espanha, fizeram intensa pressão para que fossem liberados os pagamentos devidos a suas empresas que exportam para Cuba.
O Itamaraty continua a defender que a melhor maneira de proteger os interesses dos exportadores brasileiros é pressionar pela inclusão de Cuba no Convênio de Créditos Recíprocos (CCR) da Associação Latino-Americana de Integração (Aladi). O CCR é um sistema de compensação de pagamentos, operado pelos bancos centrais dos países participantes, que garante as transações comerciais entre seus membros.
===========
Pergunta final (PRA):
Quem deve pressionar, os exportadores ou o governo brasileiro?
Calote eleva custo de importação para Cuba
Rodrigo Uchoa
Valor Econômico, 25.02.2010
As empresas brasileiras que exportam para Cuba estão recorrendo a intermediários financeiros para validar cartas de crédito cubanas e receber pelos produtos que entregam. Com isso, elas acabam tendo de arcar com taxas de desconto para garantir o pagamento - o que acaba se refletindo em aumento dos preços dos produtos. Essa situação se segue a meses de dificuldades dos empresários brasileiros que tiveram retidos os pagamentos em Cuba.
Durante a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ontem a Cuba, a dificuldade vivida por exportadores brasileiros, que não recebem do governo cubano, não entrou na agenda de discussões. Lula aprovou créditos comerciais para facilitar as futuras compras de produtos brasileiros, além de financiar projetos de infraestrutura, como o do porto de Mariel.
Sofrendo com a falta de divisas, a ilha caribenha adotou no ano passado medidas drásticas, como a restrição dos saques em dólar das contas de empresas estrangeiras em bancos cubanos. Além disso, o Banco Central cubano praticamente suspendeu as remessas feitas aos exportadores que vendem para Cuba - com isso, muitos deles ficam com um dinheiro virtual preso lá, sem conseguir cumprir compromissos em seus países de origem.
O resultado dessa situação é que ficou muito mais difícil para o governo cubano comprar no exterior. O que as empresas cubanas estão fazendo agora é emitir cartas de crédito não confirmadas em bancos cubanos. Aí os empresários estrangeiros buscam bancos internacionais que operam em Cuba para conseguir garantia de recebimento, mediante taxas de desconto e administração, diz um exportador brasileiro com negócios em Cuba. Ele pediu para não ser identificado por temer constrangimentos com seus clientes.
Uma negociação de garantia de pagamento à qual o Valor teve acesso mostra que os bancos estrangeiros cobram sobre o valor total da carta de crédito cubana até 3% a título de comissão de negociação; 0,5% de comissão de tramitação; 0,85% de comissão de emissão. Além disso, cobram 2% ao mês por comissão de compromisso e 18% ao ano de taxa de desconto.
Segundo um outro exportador brasileiro, Cuba voltou a comprar do Brasil materiais de construção e de escritório, abrasivos e insumos para a indústria moveleira.
O recente fôlego cubano se deve à recuperação dos preços das commodities no mercado internacional desde o terceiro trimestre do ano passado. Em 2009, Cuba fechou o ano registrando um crescimento de 1% em seu PIB, de US$ 55 bilhões, segundo o FMI. O resultado foi bem melhor do que o esperado por analistas e foi puxado pela recuperação do preço do níquel, exportado para China e Canadá.
A maior parte das compras cubanas tem sido feita por empresas ligadas às Forças Armadas ou ao Conselho de Estado - o órgão máximo do Poder Executivo. Isso mostraria uma consolidação do poder do presidente Raúl Castro, que colocou aliados próximos das Forças Armadas em posições-chave da economia do país.
Alguns países, como a Espanha, fizeram intensa pressão para que fossem liberados os pagamentos devidos a suas empresas que exportam para Cuba.
O Itamaraty continua a defender que a melhor maneira de proteger os interesses dos exportadores brasileiros é pressionar pela inclusão de Cuba no Convênio de Créditos Recíprocos (CCR) da Associação Latino-Americana de Integração (Aladi). O CCR é um sistema de compensação de pagamentos, operado pelos bancos centrais dos países participantes, que garante as transações comerciais entre seus membros.
===========
Pergunta final (PRA):
Quem deve pressionar, os exportadores ou o governo brasileiro?
1711) Contas publicas: uma perigosa deriva...
Do competente economista Ricardo Bergamini (http://ricardobergamini.orgfree.com/) recebo esta pequena síntese:
1 - Em 2003 o Presidente Lula assumiu o governo com uma carga tributária de 32,35% do PIB, em 2008 a carga tributária aumentou para 35,80% do PIB. Aumento real de 10,66% em relação ao ano de 2002.
2 - Com base nos números conhecidos no mês de Dezembro de 2009, comparando com dezembro de 2002, houve aumento do efetivo da União da ordem 318.634 servidores: Legislativo - 4.739; Judiciário - 13.775; Executivo Militar - 176.264 recrutas; Executivo Civil - 107.290 e Ex-territórios e DF de 16.566.
3 - De janeiro de 2003 até dezembro de 2009 a União gerou um déficit fiscal nominal de R$ 708,4 bilhões (4,18% do PIB).
4 - O custo total de pessoal da União aumentou de R$ 35,8 bilhões em 1994 para R$ 75,0 bilhões em 2002. Incremento nominal de 109,50% em relação ao ano de 1994. Em 2009 o custo total com pessoal da União foi R$ 167,0 bilhões. Incremento nominal de 122,67% em relação ao ano de 2002.
5 – Os gastos com pessoal militar em 2002 foi de R$ 20,9 bilhões, em 2009 aumentou para R$ 37,7 bilhões. Aumento de 80,38% para uma inflação pelo IPCA de 57,00% no período.
6 – Em 2002 a dívida interna da União (em poder do mercado e do Banco Central) era de R$ 841,0 bilhões (56,91% do PIB), em 2009 era de R$ 2.037,6 bilhões (65,20% do PIB). Aumento nominal de 142,28% do PIB e aumento real em relação ao PIB de 14,57%.
Ricardo Bergamini
1 - Em 2003 o Presidente Lula assumiu o governo com uma carga tributária de 32,35% do PIB, em 2008 a carga tributária aumentou para 35,80% do PIB. Aumento real de 10,66% em relação ao ano de 2002.
2 - Com base nos números conhecidos no mês de Dezembro de 2009, comparando com dezembro de 2002, houve aumento do efetivo da União da ordem 318.634 servidores: Legislativo - 4.739; Judiciário - 13.775; Executivo Militar - 176.264 recrutas; Executivo Civil - 107.290 e Ex-territórios e DF de 16.566.
3 - De janeiro de 2003 até dezembro de 2009 a União gerou um déficit fiscal nominal de R$ 708,4 bilhões (4,18% do PIB).
4 - O custo total de pessoal da União aumentou de R$ 35,8 bilhões em 1994 para R$ 75,0 bilhões em 2002. Incremento nominal de 109,50% em relação ao ano de 1994. Em 2009 o custo total com pessoal da União foi R$ 167,0 bilhões. Incremento nominal de 122,67% em relação ao ano de 2002.
5 – Os gastos com pessoal militar em 2002 foi de R$ 20,9 bilhões, em 2009 aumentou para R$ 37,7 bilhões. Aumento de 80,38% para uma inflação pelo IPCA de 57,00% no período.
6 – Em 2002 a dívida interna da União (em poder do mercado e do Banco Central) era de R$ 841,0 bilhões (56,91% do PIB), em 2009 era de R$ 2.037,6 bilhões (65,20% do PIB). Aumento nominal de 142,28% do PIB e aumento real em relação ao PIB de 14,57%.
Ricardo Bergamini
1710) Economia Politica do Intelectual
O Google Alert é infalível para certas coisas. Desejando conhecer o que anda sendo publicado de meu, por aí, recebi o aviso de que um artigo meu acabava de ser reproduzido alhures (gostaram do advérbio de local?).
Vou reproduzir só o início e o final, e os intertítulos, pois se trata efetivamente de artigo longo, como diz o seu "reprodutor", a quem agradeço a distinção.
Paulo Roberto de Almeida (25/02/2010)
sábado, 20 de fevereiro de 2010
Economia Política do Intelectual
Um artigo magistral do Prof. Paulo Roberto, publicado na Revista Espaço Acadêmico.
Leiam, pois vale a pena, apesar do texto ser longo!
*καλή ανάγνωση - (Boa Leitura)
Abraços
Paulo G.**********
Economia Política do Intelectual
*Paulo Roberto de Almeida
Pretendo, nestas breves considerações em torno da economia política dos intelectuais, oferecer uma visão cética, ou pelo menos crítica, sobre alguns dos mitos da nossa época, entre eles o do intelectual público enquanto figura de proa dos movimentos vanguardistas, ou progressistas, e portanto, de uma figura isenta que encarna, supostamente, os melhores valores da racionalidade e do humanismo. Ainda que tudo isso possa ser justificado, em bases racionais, ou legitimado socialmente, nenhuma restrição de ordem conceitual ou filosófica deveria nos impedir de examinar essa figura ímpar da modernidade – mas, na verdade, eles não são tão modernos assim, nem tão excepcionais quanto se quer fazer acreditar –, tendo como base analítica essencial a relação de custo-benefício que eles costumam apresentar para a sociedade e como único critério a dissecação sem compaixão desse obscuro objeto de admiração (por vezes indevida).
1. Certidão de nascimento ou temporalidade difusa?
Não é verdade que o intelectual público seja um produto da nossa época,...
2. Natureza do produto e valor agregado: ativos tangíveis e intangíveis.
O intelectual pode ser definido como sendo, essencialmente, um produtor de saber ou, pelo menos, de idéias (nem sempre originais).
(...)
3. Volatilidade e imperfeição dos mercados intelectuais.
Nosso intelectual atua em mercados imperfeitos,...
(...)
4. Um tipo específico de intelectual: a “vaca sagrada”.
Volto, agora, ao problema das “vacas sagradas” e às suas idéias eventualmente nocivas à sociedade em que vivem ou a que servem.
(...)
5. Intelectuais de marca ou genéricos?
Existem muitos modelos de intelectuais, alguns ostentando marcas de prestígio, outros sendo simples genéricos, como ocorre, aliás, com a maior parte dos universitários.
(...)
6. A substituição de importações intelectuais no caso brasileiro.
O intelectual, no Brasil, sempre foi um produto importado, não vindo no porão dos navios, como o bacalhau, o azeite e vinho, mas na coberta das caravelas,...
(...)
7. Regulação e concorrência do mercado de intelectuais.
Todos os intelectuais dizem amar a liberdade, as pugnas intelectuais, o combate de idéias, a liberdade de expressão e a livre circulação das opiniões. Na verdade, como várias outras categorias sociais, sempre temerosas da livre concorrência, eles adoram uma boa reserva de mercado, um nicho garantido por um título de exclusividade, uma licença régia qualquer que lhe garanta a exploração monopólica de um serviço qualquer.
(...)
8. As finanças dos intelectuais: transparência e recursos não-contabilizados.
Assunto nebuloso este, aliás como tudo o que diz respeito a renda e pagamento de impostos em nosso país. O intelectual detesta ser um mero assalariado, o que ele acaba freqüentemente sendo,...
(...)
9. Uma lei de responsabilidade social para os intelectuais?
Seria bem vinda, sobretudo para aplicar naqueles que pretendem revender idéias alheias, métodos não testados, sugestões que não funcionam, problemas que estão longe de problematizar adequadamente, anomalias conceituais, paralaxes cognitivas, enfim, num conceito popularizado por Alain Sokal et Jean Bricmont, “imposturas intelectuais”.
(...)
Uma lei dessas viria a calhar, mas não é provável que ela venha a existir any time soon: intelectuais são como cartomantes, eles oferecem um futuro qualquer, mas não garantem exatamente quando ele vai se realizar, e não admitem cobranças a respeito. Se calhar, eles até vendem suas idéias em seis vezes “sem juros”. Querem apostar?
posted by Paulo Gabrielidis at Sábado, Fevereiro 20, 2010 | Permalink |
Vou reproduzir só o início e o final, e os intertítulos, pois se trata efetivamente de artigo longo, como diz o seu "reprodutor", a quem agradeço a distinção.
Paulo Roberto de Almeida (25/02/2010)
sábado, 20 de fevereiro de 2010
Economia Política do Intelectual
Um artigo magistral do Prof. Paulo Roberto, publicado na Revista Espaço Acadêmico.
Leiam, pois vale a pena, apesar do texto ser longo!
*καλή ανάγνωση - (Boa Leitura)
Abraços
Paulo G.**********
Economia Política do Intelectual
*Paulo Roberto de Almeida
Pretendo, nestas breves considerações em torno da economia política dos intelectuais, oferecer uma visão cética, ou pelo menos crítica, sobre alguns dos mitos da nossa época, entre eles o do intelectual público enquanto figura de proa dos movimentos vanguardistas, ou progressistas, e portanto, de uma figura isenta que encarna, supostamente, os melhores valores da racionalidade e do humanismo. Ainda que tudo isso possa ser justificado, em bases racionais, ou legitimado socialmente, nenhuma restrição de ordem conceitual ou filosófica deveria nos impedir de examinar essa figura ímpar da modernidade – mas, na verdade, eles não são tão modernos assim, nem tão excepcionais quanto se quer fazer acreditar –, tendo como base analítica essencial a relação de custo-benefício que eles costumam apresentar para a sociedade e como único critério a dissecação sem compaixão desse obscuro objeto de admiração (por vezes indevida).
1. Certidão de nascimento ou temporalidade difusa?
Não é verdade que o intelectual público seja um produto da nossa época,...
2. Natureza do produto e valor agregado: ativos tangíveis e intangíveis.
O intelectual pode ser definido como sendo, essencialmente, um produtor de saber ou, pelo menos, de idéias (nem sempre originais).
(...)
3. Volatilidade e imperfeição dos mercados intelectuais.
Nosso intelectual atua em mercados imperfeitos,...
(...)
4. Um tipo específico de intelectual: a “vaca sagrada”.
Volto, agora, ao problema das “vacas sagradas” e às suas idéias eventualmente nocivas à sociedade em que vivem ou a que servem.
(...)
5. Intelectuais de marca ou genéricos?
Existem muitos modelos de intelectuais, alguns ostentando marcas de prestígio, outros sendo simples genéricos, como ocorre, aliás, com a maior parte dos universitários.
(...)
6. A substituição de importações intelectuais no caso brasileiro.
O intelectual, no Brasil, sempre foi um produto importado, não vindo no porão dos navios, como o bacalhau, o azeite e vinho, mas na coberta das caravelas,...
(...)
7. Regulação e concorrência do mercado de intelectuais.
Todos os intelectuais dizem amar a liberdade, as pugnas intelectuais, o combate de idéias, a liberdade de expressão e a livre circulação das opiniões. Na verdade, como várias outras categorias sociais, sempre temerosas da livre concorrência, eles adoram uma boa reserva de mercado, um nicho garantido por um título de exclusividade, uma licença régia qualquer que lhe garanta a exploração monopólica de um serviço qualquer.
(...)
8. As finanças dos intelectuais: transparência e recursos não-contabilizados.
Assunto nebuloso este, aliás como tudo o que diz respeito a renda e pagamento de impostos em nosso país. O intelectual detesta ser um mero assalariado, o que ele acaba freqüentemente sendo,...
(...)
9. Uma lei de responsabilidade social para os intelectuais?
Seria bem vinda, sobretudo para aplicar naqueles que pretendem revender idéias alheias, métodos não testados, sugestões que não funcionam, problemas que estão longe de problematizar adequadamente, anomalias conceituais, paralaxes cognitivas, enfim, num conceito popularizado por Alain Sokal et Jean Bricmont, “imposturas intelectuais”.
(...)
Uma lei dessas viria a calhar, mas não é provável que ela venha a existir any time soon: intelectuais são como cartomantes, eles oferecem um futuro qualquer, mas não garantem exatamente quando ele vai se realizar, e não admitem cobranças a respeito. Se calhar, eles até vendem suas idéias em seis vezes “sem juros”. Querem apostar?
posted by Paulo Gabrielidis at Sábado, Fevereiro 20, 2010 | Permalink |
quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010
1709) Cuba: os irmaos Castro merecem toda a confianca (do governo Lula)

O líder cubano Fidel Castro e o presidente Lula, em encontro em Havana
Reação
Ao lado de Lula, Raúl Castro lamenta a morte de preso e nega tortura; presidente brasileiro não se pronuncia
O Globo, 24/02/2010
HAVANA - A lado de Luiz Inácio Lula da Silva, o presidente cubano, Raúl Castro, lamentou nesta quarta-feira a greve de fome de 85 dias, que resultou na morte do preso político Orlando Zapata Tamayo . Ele afirmou que o homem não foi torturado ou executado porque nenhuma dessas práticas existe em Cuba, informou o site do governo. A morte do operário cubano, de 42 anos, ocorreu na terça-feira, no mesmo dia em que o presidente brasileiro chegava à ilha para sua última visita oficial a Raul e seu irmão, o ex-presidente Fidel Castro, antes de finalizar seu mandato ( Lula inaugura obras em porto cubano ).
Na manhã desta quarta-feira, a blogueira cubana Yoani Sanchez divulgou uma conversa com a mãe do preso , na qual ela afirma que o filho foi vítima de um "assassinato premeditado". ( Assista ao desabafo da mãe de Zapata )
- A tortura não existe, não houve tortura e não houve execução. Isso acontece na base de Guantánamo - disse Castro, enquanto recebia visita de Lula.
O líder cubano se referia à base militar dos EUA, em Cuba, onde suspeitos de terrorismo admitiram ter sofrido torturas durante interrogatórios.
Lula encontra Fidel em última visita a Cuba como presidente
- Lamentamos muitíssimo (a morte). Isso é resultado dessa relação com os Estados Unidos - afirmou o presidente. Castro disse ainda que está disposto a discutir com o governo americano "todos os problemas que eles tiverem".
" A tortura não existe, não houve tortura e não houve execução (...) Isso é resultado dessa relação com os Estados Unidos "
Castro criticou ainda a imprensa que "só publica o que os donos querem".
A mãe de Zapata, Reina Tamayo, reagiu com revolta à declaração do presidente da ilha, segundo o Twitter da blogueira cubana Yoani Sánchez, que acompanha o velório do ativista.
- Por que não garantiram ao meu filho as mesmas condições carcerárias que Batista deu a Fidel Castro? - perguntou. - Agora Raúl Castro lamenta a morte do meu filho. Depois de não ter atendido às suas reivindicações.
Em entrevista à Rádio Martí, Reina falou sobre a sensação de perder o filho.
- Estou destroçada, estou desesperada, sinto uma dor profunda por ter perdido meu filho, Zapata. Um homem lutador pacífico pelos direitos humanos. Foi um assassinato premeditado o do meu filho. Ele morreu de infecção generalizada porque demoraram para levá-lo para o hospital em havana. Isto estava premeditado. Os deixaram dezoito dias sem beber água. O governo totalitário de Fidel Castro é responsável pela morte de meu filho. São assasssinos. Acabaram com meu filho.
Parte dos 75 cubanos presos junto com o ativista na chamada Primavera Negra de 2003 havia pedido por carta que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva intercedesse em favor do ativista , mas o brasileiro chegou a Cuba pouco depois de sua morte e não vai se encontrar com a oposição. Lula ainda não comentou a morte do cubano e o assessor especial da Presidência, Marco Aurélio Garcia, disse a jornalistas que nem o governo nem a embaixada brasileira receberam a carta.
" Muitos estão sendo ameaçados. Se deixarem a cidade, vão presos "
Desde que Zapata foi preso, em 2003, a Anistia Internacional classificava Zapata como "prisioneiro de consciência" mas Cuba considerava ele e outros prisioneiros dissidentes como "mercenários" a serviço dos Estados Unidos. Após a morte do ativista, a organização de direitos humanos classificou a morte por greve de fome como um "indício terrível" de repressão na ilha e pediu ao presidente a libertação de todos os prisioneiros políticos.
O grupo de direitos humanos, com sede em Londres, disse que "uma investigação completa precisa ser conduzida para estabelecer se o mau tratamento pode ter tido um papel" na morte de Zapata.
Oposição denuncia prisões para evitar protestos contra morte de Zapata
A morte do prisioneiro político Orlando Zapata Tamayo após 85 dias de greve de fome acarretou uma onda de revolta entre os dissidentes cubanos. Tanto os opositores moderados quanto os radicais condenaram veementemente o que chamaram de "crime premeditado" e "abuso de poder" e acusaram o governo de Raúl Castro de tentar impedir manifestações de protesto, efetuando prisões de dezenas de ativistas que rumavam para a cidade de Banes, a leste de Havana, na província de Holguín, onde Zapata será enterrado, na manhã de quinta-feira. Segundo fontes, o governo também manteve numerosos adversários em prisão domiciliar (saiba mais: Oposição denuncia prisões para evitar protestos ).
A Comissão de Direitos Humanos e Reconciliação Nacional de Cuba, dirigida por Elizardo Sanchez, afirma que, ao longo do dia, ao menos 60 prisões ocorreram nas províncias centrais e orientais do país, de Villa Clara para Manzanillo, para impedir que os opositores do governo chegassem a Banes.
- Muitos estão sendo ameaçados. Se deixarem a cidade, vão presos - assegurou.
" Quem permitiu que isto acontecesse [a morte de Orlando Zapata] não mediu o impacto político "
A dissidente Marta Beatriz Roque, membro do Grupo dos 75 e que está em "liberdade condicional" por motivos de saúde, partiu de Havana para Banes em um microônibus na companhia de uma dúzia de Damas de Branco e de dissidentes como Vladimiro Roca. Roque disse por telefone que, apesar de não terem sido impedidos de viajar, viu outros ativistas na capital serem presos.
- A morte de Orlando é certamente um desafio para a oposição; e o governo é um problema muito sério: quem permitiu que isto acontecesse não mediu o impacto político - disse o dissidente.
Mais de meia centena de ativistas e Damas de Branco se reuniram nesta quarta-feira na casa de um dos líderes do movimento, Laura Pollan, no bairro do centro de Havana. A vigília, para expressar condolências pela morte de Zapata, é seguida de perto por um destacamento policial considerável.
Reações
A morte de Zapata deflagrou uma onda de indignação e de protesto dentro do movimento dissidente. Os opositores denunciaram o "crime" do governo de Raúl Castro, salientando que esta morte marca os dois anos de sua posse como presidente.
- Isso é tudo o que você poderia esperar - disse Oswaldo Paya, que criticou o presidente do Brasil por expressar seu apoio político ao regime cubano agora.
Eloy Gutiérrez Menoyo social-democrata, que passou 22 anos nas prisões cubanas, lembrou que ele realizou várias greves de fome e as autoridades nunca abandonou.
" Com o argumento de que não negociam sob pressão, o governo deixa as pessoas morrerem "
- Com o argumento de que não negociam sob pressão, o governo deixa as pessoas morrerem. É isso que tem acontecido - acusou ele.
Diplomatas europeus disseram que a morte do prisioneiro teve um impacto significativo. Raúl Castro se referiu ao que aconteceu durante uma visita ao porto de Mariel em companhia do presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, que está em sua quarta viagem à ilha desde que chegou ao poder. O presidente cubano, lamentou a morte de Zapata, mas negou que seu país torture presos políticos.
- Não há tortura, não tortura, não houve execução. Isso acontece na Baía de Guantánamo - disse Castro, de acordo com o site oficial do governo cubano.
A embaixada espanhola enviou condolências à mãe do dissidente, Reina Louise Tamayo, que chamou a sua morte "assassinato" e exigiu a libertação de outros prisioneiros políticos para "que não aconteça de novo" o que aconteceu com seu filho.
Zapata, 42 anos, um pedreiro de profissão, foi detido em 2003 e condenado a três anos de prisão por desacato. Na prisão, por sua atitude de desafio e confronto com as autoridades, foi submetido a vários julgamentos e acabou acumulando mais de 30 anos de prisão. Fontes da família disseram que a greve de fome começou no início de dezembro para protestar contra espancamentos sofridos na prisão de Holguín e para exigir um tratamento justo e ser reconhecido como um prisioneiro político. Holguín foi transferido para outra prisão, em Camagüey, e então, quando a situação se agravou, foi levado para o principal hospital da prisão em Havana. Zapata morreu terça-feira, ao meio-dia, no hospital Hermanos Almeijeiras.
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