quinta-feira, 17 de junho de 2010

Pre-Sal: uma campanha ditada pelos interesses politicos do governo

Este engenheiro entrevistado pela Folha de S.Paulo confirma o que já se sabia desde o começo: o governo vem fazendo política com uma coisa muito séria, que é a exploração de petróleo.
Ele vem ditando um ritmo acelerado nos investimentos do pré-sal, fazendo uma confusão dos diabos no regime de exploração (que ele mudou completamente para satisfazer suas necessidades de demagogia política, jogando os estados uns contra os outros), estatizando projetos que poderiam tranquilamente ser realizados ao abrigo do antigo regime de concessão, retirando dinheiro necessário a investimentos sociais muito mais importantes para a coletividade do que essa necessidade febril de dar recursos à companhia (que, num regime normal de exploração, prospecção e produção, poderia conseguir esses recursos no mercado internacional de créditos), distorcendo a agenda financeira do Tesouro e do BNDES, enfim, manipulando politicamente a voracidade sempre manifesta dos políticos por novos recursos para gastar. Uma vergonha.
Paulo Roberto de Almeida
(Shanghai, 18.06.2010)

Campanha do pré-sal terá de ser revista, diz especialista
AGNALDO BRITO
Folha de S.Paulo, 13/06/2010

DE SÃO PAULO - Crítico da correria imposta pelo governo Lula à Petrobras, Newton Monteiro, ex-funcionário da estatal e ex-diretor de exploração da ANP (Agência Nacional do Petróleo), afirma que atual campanha para o investimento no pré-sal será revista pelo próximo presidente.

Para ele, simplesmente é impossível cumprir um programa com investimentos de US$ 200 bilhões a US$ 220 bilhões em cinco anos, com os recursos financeiros e humanos à disposição do país. Ele defende novas concessões, principalmente em terra, onde a exploração é mínima.

Monteiro diz que a pressa do governo brasileiro para o pré-sal é uma questão meramente política. "O grupo técnico da Petrobras tem a noção perfeita de quanto tempo esse processo [da descoberta ao início da produção] leva", diz.

A seguir, os princípios tópicos da entrevista
Ritmo
O volume de recurso para o pré-sal está muito acima do nível que a Petrobras estava acostumada a trabalhar. A companhia está numa escala fora do que costuma fazer.

Tempo
Há uma coisa que nós não estamos levando muito em consideração nessa equação toda do pré-sal, que é o tempo. Os projetos para prospecção e exploração de petróleo não estão nas prateleiras. O projeto em águas profundas não apareceu da noite para o dia. A diferença é que naquela época não havia essa pressa que há hoje em ter essa receita.

Retorno
Vai levar pelo menos 10 anos para alguém começar a ter receita com o pré-sal. Não é com os testes que vai se obter isso. Não é colocando um navio para produzir 100 mil barris por dia que você terá esse recurso do pré-sal. Se fizer assim, vai levar 170 anos para obter o retorno.

Gente
De uns anos para cá, a Petrobras perdeu grande parte do pessoal especializado. Segundo a turma do recursos humanos, quase 50% do pessoal da Petrobras tem cinco anos de experiência. São caras competentes, mas falta a vivência. Em petróleo, há muito de empirismo e de experiência.

Volta ao passado
Nos anos 60, quando a gente entrava na Petrobras, precisávamos fazer um curso intensivo de inglês para poder falar com os chefes. Não vamos ter gente para tocar tanto projeto. Caso contrário vamos voltar ao passado, quando entravamos numa plataforma da Petrobras e só tinha gringo. Nós substituímos esses caras. Vamos voltar a essa situação?

Limites
Quando se produz petróleo em terra, como no Iraque, na Arábia Saudita ou na Rússia, é possível começar a produzir em até seis meses. Se não houver um oleoduto, é possível produzir e transportar o óleo por caminhão. Isso é impossível no mar. Lá só se produz quando tudo, rigorosamente tudo estiver pronto.

A política
Acho que o pré-sal segue o viés político, algo complicado. Grupos técnicos da Petrobras têm perfeita noção do tempo desse processo [da descoberta ao início da produção]. Vários amigos meus que estão na Petrobras estão preocupados com isso.

Pré-sal revisto
A campanha para a exploração do pré-sal terá de ser revista. Até porque, é necessário saber o que vai ocorrer no Brasil. Se o país continuar a crescer e o pré-sal continuar com projeções para dez anos, corremos o risco de perder a autossuficiência.

Candidatos
Qualquer governante que assumir a Presidência da República em 2001 terá de pensar na revisão da campanha do pré-sal. Isso vai ser revisto, para o bem ou para o mal. Pode ser o [José] Serra (PSDB), a Marina [Silva] (PV), qualquer um terá de ter a própria visão. Acho que até o PT. Eles vão ficar quatro, oito anos. Essa situação atual sobre a Petrobras será revista.

Inexplorado
O Brasil tem hoje uma área de 6 milhões de quilômetros quadrados com potencial petrolífero. A exploração on shore (em terra) é hoje de 500 mil quilômetros quadrados. A dúvida no Brasil hoje é a seguinte: vamos sair da era do petróleo sem aproveitar esse grande potencial que nós temos? A Petrobras está no mar. Tudo bem, mas e o resto?

Desde Cabral
Desde Cabral até 2008, o Brasil furou 24 mil poços de petróleo. Nesse mesmo período, os Estados Unidos furaram 4,5 milhões. A Rússia furou no mesmo período 550 mil poços. Como se vê, falta muito coisa a fazer. Nossa área é quase do tamanho da dos Estados Unidos, mas furamos pouquíssimo.

Preço do petróleo
A tendência é de estabilidade. Sem ruído, o preço ficará estável. O mundo está consumindo entre 80 e 90 milhões de barris por dia, não mais do que isso. Mas as previsões de preço e de produção de petróleo estão sempre erradas. A questão é que se negocia diariamente cinco a seis vezes a produção do mundo. É muito difícil avaliar isso.

Acidente no Golfo
Acho que está vazando lá entre 20 e 30 mil barris por dia. A Petrobras tem muito mais experiência do que a BP na exploração em águas profundas. A exploração em águas profundas no Golfo do México está começando agora. A Petrobras, o Ibama estão lá para ver como é a situação.

Apartheid racial: o Brasil caminha para tras...

Infelizmente, um país que se encaminhava para ser a primeira nação multirracial no mundo, faz volta atrás e começa a cultivar políticas que foram enterradas em outros países: a separação racial e a promoção de políticas ativas baseadas em divisões raciais (que obviamente não existem, mas estão inventando uma coisa chamada "afro-brasileiro").
Lamento profundamente que isso esteja ocorrendo no Brasil, e espero que, como outras medidas que "não pegam", essa também seja rapidamente esquecida no bau de ideias anacronicas e inaceitáveis. Mas o risco é grande.
Mesmo sem cotas raciais, a simples aprovação de um Estatuto da (Des)Igualdade Racial, já representa, no plano conceitual, uma grande involução na construção de uma sociedade inclusive e inclusiva no Brasil.
Paulo Roberto de Almeida

Senado aprova Estatuto da Igualdade Racial, mas retira cotas para negros nas escolas
Agência Senado
16/06/2010

Por acordo partidário, com votação simbólica dos líderes, o Plenário do Senado aprovou no início da noite, em sessão extraordinária, o Estatuto da Igualdade Racial. O projeto, que tramitou por sete anos no Congresso, será enviado imediatamente à sanção do presidente da República. O Senado suprimiu um artigo que previa cotas para negros nas universidades federais e escolas técnicas públicas.

O projeto havia sido votado no início da tarde pela Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ), onde também houve acordo. A proposta (PLS 213/03) foi apresentada em 2003 pelo senador Paulo Paim (PT-RS). No Plenário, apenas o senador Demóstenes Torres (DEM-GO), relator da matéria na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania, explicou as mudanças que fez na proposta, por meio de supressão, fruto inclusive de negociação com o senador Paulo Paim (PT-RS), representando os movimentos raciais e a Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir). Com a supressão de trechos, a matéria não precisa retornar ao exame dos deputados.

Demóstenes Torres, que relatou a matéria na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ), foi indicado pelo presidente do Senado, José Sarney, para apresentar parecer em nome das outras comissões por onde a matéria tramitou. No seu parecer, a palavra "raça" foi substituída por "etnia". Demóstenes ponderou que a ciência já mostrou que não há raça negra, branca ou amarela, mas sim raça humana. "A diferença entre dois homens de cor diferente, conforme a ciência, não chega a 0,005 por cento", disse. Demóstenes informou ainda que decidiu suprimir as expressões "cotas raciais", por entender que devem existir cotas sociais. A questão está sendo tratada em outro projeto.

Demóstenes informou ainda ao Plenário a supressão de um artigo inteiro que previa incentivos fiscais para as empresas que mantivessem em seus quadros até 20% de negros. Para ele, o incentivo acabaria se tornando inócuo, pois todas as companhias acabariam reivindicando o benefício. "Assim, poderíamos provocar atrito entre a população negra e a branca pobre", opinou. Ele também recusou um item que previa a inscrição, nos partidos políticos, de 10% de candidatos negros.

Demóstenes Torres disse acreditar que o Estatuto da Igualdade Racial contenta os movimentos sociais e mantém todas as possibilidades de adoção de ações afirmativas em favor da população negra. Para ele, tais ações devem ser tomadas de forma pontual, "e não de maneira genérica, como estava no projeto", e sua adoção "poderia acirrar a questão racial no Brasil".

A senadora Serys Slhessarenko (PT-MT) disse que pretendia, pela votação de destaques em separado, manter o texto que previa tratamento específico, na saúde pública, para negros, especialmente gestantes negras. Mas, em função do acordo, abriu mão dessa ideia. Já a senadora Lúcia Vânia (PSDB-GO) anunciou que, apesar do acordo, iria se abster na votação, pois defende as cotas para negros.

Ao concluir a votação, o presidente do Senado, José Sarney, lembrou que foi um dos primeiros parlamentares a apresentar projeto prevendo a introdução de cotas raciais no país.

CCJ aprova texto de consenso para Estatuto da Igualdade Racial
Eli Teixeira / Agência Senado

A Turquia se coloca fora da UE, voluntariamente - Tom Friedman

Com os seus gestos de diplomacia ativamente anti-Israel, e pró-islâmica, a Turquia dá por encerrada sua aventura europeia -- certamente mal recebida por dois países inconsequentes como França e Alemanha, um equívoco histórico, equivalente a reincidir na batalha de Lepanto -- e faz um volta-atrás que vai lhe custar muito em termos de modernização e inserção no contexto europeu.
Pena, para um país que estava avançando no caminho da modernidade e da integração ao mundo global. Vai entrar no ritmo do Oriente Médio, ou seja, mais do mesmo, em termos de política com vertente religiosa, nacionalismo estreito, Israel-bashing e aliança com os piores inimigos da cultura e da civilização.
Pior para a classe média turca, que já se imaginava europeia e globalizada: vai ter de redescobrir suas origens camponesesas, islâmicas e oligárquicas, no pior estilo império otomano.

Op-Ed Columnist
Letter From Istanbul
By THOMAS L. FRIEDMAN
The New York Times, June 15, 2010

Turkey is a country that had me at hello. I like the people, the culture, the food and, most of all, the idea of modern Turkey — the idea of a country at the hinge of Europe and the Middle East that manages to be at once modern, secular, Muslim, democratic, and has good relations with the Arabs, Israel and the West. After 9/11, I was among those hailing the Turkish model as the antidote to “Bin Ladenism.” Indeed, the last time I visited Turkey in 2005, my discussions with officials were all about Turkey’s efforts to join the European Union. That is why it is quite shocking to come back today and find Turkey’s Islamist government seemingly focused not on joining the European Union but the Arab League — no, scratch that, on joining the Hamas-Hezbollah-Iran resistance front against Israel.

Now how did that happen?

Wait one minute, Friedman. That is a gross exaggeration, say Turkish officials.

You’re right. I exaggerate, but not that much. A series of vacuums that emerged in and around Turkey in the last few years have drawn Turkey’s Islamist government — led by Prime Minister Recep Tayyip Erdogan’s Justice and Development Party — away from its balance point between East and West. This could have enormous implications. Turkey’s balancing role has been one of the most important, quiet, stabilizers in world politics. You only notice it when it is gone. Being in Istanbul convinces me that we could be on our way to losing it if all these vacuums get filled in the wrong ways.

The first vacuum comes courtesy of the European Union. After a decade of telling the Turks that if they wanted E.U. membership they had to reform their laws, economy, minority rights and civilian-military relations — which the Erdogan government systematically did — the E.U. leadership has now said to Turkey: “Oh, you mean nobody told you? We’re a Christian club. No Muslims allowed.” The E.U.’s rejection of Turkey, a hugely bad move, has been a key factor prompting Turkey to move closer to Iran and the Arab world.

But as Turkey started looking more South, it found another vacuum — no leadership in the Arab-Muslim world. Egypt is adrift. Saudi Arabia is asleep. Syria is too small. And Iraq is too fragile. Erdogan discovered that by taking a very hard line against Israel’s partial blockade of Hamas-led Gaza — and quietly supporting the Turkish-led flotilla to break that blockade, during which eight Turks were killed by Israel — Turkey could vastly increase its influence on the Arab street and in the Arab markets.

Indeed, Erdogan today is the most popular leader in the Arab world. Unfortunately, it is not because he is promoting a synthesis of democracy, modernity and Islam, but because he is loudly bashing Israel over its occupation and praising Hamas instead of the more responsible Palestinian Authority in the West Bank, which is actually building the foundations of a Palestinian state.

There is nothing wrong with criticizing Israel’s human rights abuses in the territories. Israel’s failure to apply its creativity to solving the Palestinian problem is another dangerous vacuum. But it is very troubling when Erdogan decries Israelis as killers and, at the same time, warmly receives in Ankara Sudan’s president, Omar Hassan al-Bashir, who has been indicted by the International Criminal Court on charges of war crimes and crimes against humanity for his role in the bloodshed in Darfur, and while politely hosting Iran’s president, Mahmoud Ahmadinejad, whose government killed and jailed thousands of Iranians demanding that their votes be counted. Erdogan defended his reception of Bashir by saying: “It’s not possible for a Muslim to commit genocide.”

As one Turkish foreign policy analyst said to me: “We are not mediating between East and West anymore. We’ve become spokesmen for the most regressive elements in the East.”

Finally, there is a vacuum inside Turkey. The secular opposition parties have been in disarray most of the decade, the army has been cowed by wiretaps and the press has been increasingly intimidated into self-censorship because of government pressures. In September, the Erdogan government levied a tax fine of $2.5 billion on the largest, most influential — and most critical — media conglomerate, Dogan Holdings, to bring it to heel. At the same time, Erdogan lately has spoken with increasing vitriol about Israel in his public speeches — describing Israelis as killers — to build up his domestic support. He regularly labels his critics as “Israel’s contractors” and “Tel Aviv’s lawyers.”

Sad. Erdogan is smart, charismatic and can be very pragmatic. He’s no dictator. I’d love to see him be the most popular leader on the Arab street, but not by being more radical than the Arab radicals and by catering to Hamas, but by being more of a democracy advocate than the undemocratic Arab leaders and mediating in a balanced way between all Palestinians and Israel. That is not where Erdogan is at, though, and it’s troubling. Maybe President Obama should invite him for a weekend at Camp David to clear the air before U.S.-Turkey relations get where they’re going — over a cliff.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Venezuela (4): el derrumbe del coronel

Se le cae el bahareque a Chávez
Blog Las Armas de Coronel
Miércoles 16 de junio de 2010

Dedicado a documentar los abusos de poder del régimen chavista, para el conocimiento de la gente de hoy y de la gente del futuro.

Ni un pulpo sería capaz de tapar todas las grietas que aparecen, a diario, en el bahareque chavista. La estructura de barro, caña amarga y saliva de loro se resquebraja aceleradamente y ya amenaza con venirse abajo estrepitosamente. Esto es tan evidente que los chavistas más calculadores han comenzado a escaparse para no ser aplastados por su colapso, junto con el demente. En su retórica dominical Chávez aún habla de su bahareque como algo similar a la gran muralla china, pero las grietas indican algo muy diferente.

La estampida de los más vivos.
Ramon Carrizales y su esposa lo vieron así cuando decidieron huir precipitadamente del país, no sin asegurarse de que sus modestos ahorros obtenidos en sus cargos de vicepresidente y de ministro(a) estuvieran a salvo en algun banco extranjero. Henri Falcón advirtió que el bahareque se venía abajo y decidió trasladarse a sitio más seguro, la tienda del PPT. Alberto Muller Rojas colgó los guantes, después de una larga trayectoria sirviendo a la democracia y a la dictadura con igual arrogancia intelectual y falta de escrúpulos. José Vicente Rangel ya tiene tiempo con medio cuerpo afuera, preocupado por ser indiciado por corrrupción. La mafia de PDVSA ha tomado vuelo y se hace de millones de dólares importando comida podrida y contratando equipos viejos, gallinas flacas, a precios de gallina gorda, siempre y cuando le quede su parte.

El control de cambios.
El férreo e inepto control de cambios que ha impuesto el régimen afecta la vida económica de la nación pero también la vida normal de los ciudadanos y su capacidad para viajar libremente. Esto ha causado una profunda insatisfacción entre los venezolanos, quienes aman la libertad individual.

Huída de capitales.
Esta es una gran grieta ya que se estima en unos diez mil millones de dólares al año. Mucho del dinero huído es de los chavistas mismos. El dinero en la Venezuela de Chávez se hace rapidamente, si se tienen los contactos con el régimen, pero así como se hace así se va del país. El control de cambios no existe para los chavistas. Fernandez Berruecos, hoy en desgracia temporalmente, pasó de ser un modesto comerciante hace ocho o nueve años, a declarar un patrimonio por mil seiscientos millones de dólares. Esa sangría ha debilitado considerablemente al régimen y no amaina sino que tiende a incrementarse.

Ausencia de Inversión Directa Extranjera.
Esta grieta tiene que ver con la ausencia total de inversión directa extranjera. La inversión neta ha sido negativa en los últimos años, es decir, los inversionistas se han llevado el dinero que tenían invertido. Este colapso de la inversión extranjera ha forzado al régimen a endeudarse con los chinos y los rusos. Esta deuda de unos $30.000 millones se pagará con petróleo futuro. Es decir, Chávez ha hipotecado los recursos del país, lo cual es ilegal. Esto le ha dado dinero a corto plazo para seguir en su cadena de derroche dentro y fuera de Venezuela, en una orgía de despilfarro como nunca la habíamos visto en nuestro país.

Deterioro de PDVSA
Una gran grieta está representada por el deterioro de PDVSA, empresa otrora ejemplar hoy convertida en un pozo séptico, donde la comida podrida, las gabarras hundidas, la adiposidad burocrática y laboral y las refinerías semi-paralizadas revelan la inmensa magnitud de su degradación. Esta empresa es la caja no tan chica de Chávez pero el dinero merma debido a la baja producción y a la entrega de miles de barriles regalados a Cuba o cambiados por cambures y caraotas en el Caribe, por armas rusas o satélites chinos chimbos.

La Prostitución y Desmoralización del ejército.
Una enorme grieta ha surgido en la fuerza armada venezolana, al dividirse entre adulantes e institucionales. Una parte apreciable de la fuerza armada ha sido comprada por Chávez con aumentos de sueldo, privilegios indebidos y haciéndose de la vista gorda ante los negociados de algunos de sus líderes. Ello los ha llevado a desfilar obedientemente, vestidos de payasos escarlatas, gritando patria, comunismo o muerte, en negación de su deber con la nación. Mientras tanto, Chávez ha tratado de reemplazar a estos prostitutos con miles de pobres venezolanos a quienes se les ha vestido como extras en una película de Román Chalbaud y se les ha dado un “chopo” para que defiendan al país de la invasión de los gringos, algo que no termina de llegar. La fuerza armada representa hoy una profunda grieta en el chavismo porque no hay dinero suficiente para mantenerlos contentos en el mediano plazo.

La ineptitud burocrática.
Esta es una tronera, más que una grieta. Se expresa en términos de comida podrida, de medicinas vencidas, de escasez de alimentos, de fallas eléctricas, falta de agua potable, colapso vial, falta de divisas extranjeras para la actividad comercial, la galopante criminalidad y el derrumbe de las misiones y de los sistemas hospitalarios y educativos de la nación. La presidenta de PDVAL, una señora llamada Virginia Mares, acaba de ser despedida por incompetente, como lo fue Angel Rodriguez como ministro de la electricidad (se robaba la luz para su casa en Anzoategui). Mares reemplazó a Pulido, hoy detenido por el caso de los millones de kilogramos de comida podrida importada por PDVAL/PDVSA. El demente se desespera porque entiende, como lo entendemos nosotros, que sus colaboradores son unas plastas, excepto que solo él tiene la culpa de haberlos nombrado. Los insulta en televisión pero eso no surte ningún efecto. Nadie deja de ser estúpido por ser insultado. Diosdado Cabello es uno de los objetivos favoritos del demente, aunque esa hostilidad tiene bastante que ver con celos.

La corrupción.
Esta grieta es inmensa y es abierta por los familiares de Chávez, por sus amigotes, por los ministros de finanzas como Nóbrega y Merentes, por Rafaél Ramírez en PDVSA y PODRIVESA, por los militares del Plan Bolivar 2000, por los miembros del Poder (in) Moral, por los magistrados del Tribunal Supremo de Justicia, por los embajadores del chavismo y por el mismo Hugo Chávez. En efecto, corrrupción no solo es robar, que también lo hacen muy bien, sino abusar del poder para sus fines personales, violar las leyes y la constitución, amenazar a los disidentes políticos con la cárcel, negar su condición de funcionarios públicos para ponerse al servicio de un hombre, utilizar indebidamente los bienes del estado para sus fines particulares.

Las expropiaciones y confiscaciones.
Esta grieta se ha ahondado ultimamente con la orgía de expropiaciones y confiscaciones hechas por el demente. No solo son inncesarias y contraproducentes, creando gran rechazo popular, sino que son violatorias de las leyes venezolanas, ya que en muchos casos no existe pago oportuno ni justo como indemnización.
La toma de la gerencia pública por los trabajadores.
Esta resquebrajadura es tan dañina como grotesca. Chávez le ha entregado a los trabajadores el manejo de las empresas de la CVG, por otra parte ya quebradas, y exhorta a los trabajadores a asumir el control de PDVSA. El demente acelera su caída por ganarse unos cuantos aplausos de la galería. Es tan absurdo esto que los mismos trabajadores de la CVG (Sidor) quieren vender sus acciones y el régimen no se las quiere comprar. En empresas donde ahora todos son caciques, quien trabaja?

El asalto a la propiedad privada.
El asalto a La Carolina de Diego Arria y los asaltos a los depósitos de POLAR han causado un unánime rechazo del pueblo venezolano, con la única excepción de un reducido número de resentidos sociales quienes se regocijan con estos actos de vandalismo chavista. La indignación popular es una grieta importante en el bahareque chavista.
Persecución de los líderes de la sociedad civil venezolana.
Oswaldo Alvarez Paz, Franklin Brito, Guillermo Zuloaga, los comisarios, la inhabilitación caprichosa de Leopoldo López y otros líderes políticos, la prisión de carniceros humildes, la abusiva prisión de la jueza Afiuni, todo ello configura una enorme tronera en el bahareque de Chávez. Su figura despótica es ya reconocida en todo el mundo, al lado de Mugabe, Ahmadinejad, los hermanos Castro y otros forajidos de la política mundial.

La mayor tronera en el bahareque es Hugo Chávez.
A pesar de las grietas medianas y grandes que exhibe el bahareque chavista no hay ninguna mayor que la creada por el mismo demente. Su vulgaridad, progresiva incoherencia, insensibilidad social disfrazada de defensa de los pobres, su odio contra todos quienes tienen éxito, su alineamiento con terroristas y narcotraficantes, su hostilidad contra el mundo civilizado, todo ello refleja una personalidad patológica, sociopática que hará las delicias de los psiquiatras una vez que salga del poder (porque hoy nadie se atreve a hacerlo).
El bahareque de Hugo Chávez se viene abajo. El demente no logrará terminar su mandato debido a la profunda descomposición del régimen. Se llevará a cabo una implosión del régimen. Esto es algo que se huele en el aire, que todos intuimos cercano

Venezuela (3): milicias armadas a servico do caudilho

Milícia reúne de donas de casa a desempregados
Ian James, AP, de Charallave, Venezuela
Valor Econômico - 16/06/2010

Uma dona de casa de 54 anos dispara, com satisfação, uma metralhadora pela primeira vez na vida. Um instrutor de um campo de treinamento de recrutas grita: "Mate esses gringos!".

Milhares de voluntários civis usando uniformes militares verde-oliva estão participando de um treinamento de fim de semana em uma base do Exército da Venezuela, onde aprendem a rastejar sob fios de arame farpado, disparar armas automáticas e aproximar-se sorrateiramente de inimigos em combate. Conhecido como Milícia Bolivariana, esse impetuoso grupo, formado principalmente por gente da classe trabalhadora, estudantes e aposentados, está unido pelo apoio militante ao presidente Hugo Chávez e sua disposição de defender o governo.

Do quê, exatamente?
Chávez vem fazendo alertas repetidos sobre potenciais ameaças: os Estados Unidos, a Colômbia, aliada dos americanos, e a "oligarquia" venezuelana. Ele conclama os recrutas a estarem prontos para doar suas vidas, se necessário, para combater "qualquer ameaça, estrangeira ou doméstica", muito embora a Venezuela nunca tenha entrado em guerra com outro país desde a independência.

Enquanto isso, a milícia é um instrumento para Chávez arregimentar seus defensores, estimular o fervor nacionalista e intimidar os oponentes que possam considerar outro golpe como aquele que ele conseguiu conter em 2002. Um assessor próximo, o ministro das Obras Públicas, Diosdado Cabello, diz que a milícia já conta com 120 mil pessoas e poderá crescer para 200 mil.

Os oponentes de Chávez afirmam que esses números são exagerados, mas ainda assim estão alarmados com o fato de defensores do regime estarem sendo armados em todas as partes do país. Eles também condenam os mais de US$ 4 bilhões que Chávez gastou comprando armas russas, incluindo revólveres, helicópteros e caças Sukhoi, que agora às vezes voam com grande alarde sobre Caracas.

A milícia é "um exército pessoal, uma guarda pretoriana", diz o contra-almirante aposentado Elias Buchszer, um adversário de Chávez. Ele diz que apesar de Chávez falar em repelir uma invasão dos Estados Unidos, o verdadeiro objetivo da milícia é manter o controle, mantendo-o no poder e "fazendo o país temer que, se alguma coisa acontecer, os milicianos entrarão em ação".

Os membros da força voluntária vão de desempregados a eletricistas, bancários e assistentes sociais. A maioria dos que foram entrevistados durante o treinamento de abril disse que se beneficia de programas de ensino gratuitos do Estado ou trabalham como servidores públicos. Eles não são pagos para participar dos eventos, mas recebem cerca de US$ 7 cada um para pagar o transporte.

Como parte do treinamento, eles se alinham diante de alvos de papel colocados a uma distância de 75 metros e miram num alvo vermelho com velhos fuzis FAL belgas. Eles praticam reação a emboscadas na floresta, camuflados com lama cobrindo o rosto e mato seco enfiado no colarinho do uniforme.

Os instrutores, que incluem milicianos experientes e oficiais do Exército, dizem que um dos objetivos é preparar as pessoas para uma guerra de resistência contra uma força de ocupação.

Osmaira Pachecho, a dona de casa que atirou com uma metralhadora, diz com uma risada eufórica que foi "maravilhoso" atirar em um boneco empalhado vestido com um uniforme militar. Ficando mais séria, ela diz que não gosta de se imaginar matando alguém, especialmente um venezuelano.

"Mas, se nos atacarem de outro lugar, acho que estamos preparados", diz Pachecho, que está estudando para ser professora em um programa gratuito do governo e admira fervorosamente Chávez. "Estamos preparados para apoiar as Forças Armadas se eles precisarem de nós."

Chávez fez um pronunciamento a estimados 35 mil milicianos em uma manifestação ao ar livre realizada em 13 de abril, oitavo aniversário de sua volta ao poder depois da fracassada tentativa de golpe de 2002. Usando a boina vermelha de seus anos no Exército, Chávez desembainhou uma espada que pertenceu ao herói da independência do Século XIX Simon Bolívar, inspiração de seu movimento da revolução bolivariana, e a manteve erguida enquanto fazia os milicianos prestarem um juramento.

"Vocês precisam estar prontos para pegar as armas que têm aqui, a qualquer hora, e dar suas vidas, se isso for preciso, pela revolução bolivariana!", gritou Chávez. Ele disse, sem dar detalhes, que tem certeza que alguns adversários esperam assassiná-lo. "Se eles forem fazer isso, há minhas milícias, há o meu povo. Você sabem o que precisam fazer: simplesmente tomem o poder na Venezuela, absolutamente todo! Eliminem a burguesia de todos os espaços políticos e econômicos. Aprofundem a revolução!", disse ele à multidão.

Venezuela (2): uma amizade condenada pela História

Falta futuro para Venezuela e Cuba
Editorial O Globo, 16/06/2010

Os adversários de Hugo Chávez são sempre acusados de corrupção e de crimes financeiros ou contra o povo. Feito isto, vão para trás das grades. A máquina de propaganda do governo, tipo rolo compressor, se encarrega de convencer os chavistas de que os adversários são os vendilhões do templo. Mas qualquer observador imparcial vê que não é assim.

Chávez é ferrenho inimigo da imprensa independente do país, particularmente das grandes redes de TV. Já tirou do ar a RCTV e vive perseguindo a única que ainda adota uma postura crítica a seu governo - a Globovisión. Não espanta, portanto, que um tribunal de Caracas tenha emitido ordem de prisão contra o dono da rede, Guillermo Zuloaga, acusado de especulação. Se não estivesse foragido, já estaria preso. Qualquer semelhança com Cuba não é mera coincidência. Na verdade, é muito mais que isto. Conforme reportagem do GLOBO, Fidel Castro, depois de uma reunião com Chávez, em 2006, saiu-se com esta: "Somos venecubanos." Raúl Castro, sucessor do irmão, numa visita a Caracas, confirmou: "Cada dia mais somos a mesma coisa."

Com a economia cubana à míngua, o regime chavista surgiu como a grande tábua de salvação. A Venezuela fornece a Cuba diariamente 100 mil barris de petróleo, e o comércio bilateral atinge US$7 bilhões anuais, segundo o ex-general venezuelano Antonio Rivero, contrário à aproximação. Cuba paga em serviços que vão muito além dos 15 mil médicos que atendem venezuelanos pobres em programas sociais chavistas como o Barrio Adentro. A própria segurança de Chávez é cubana.

Os dois governos se entrelaçaram de tal forma que "um país entrega sua soberania ao outro", conforme disse ao GLOBO, em Caracas, o ex-chanceler venezuelano Simón Alberto González. A forte relação bilateral tem, obviamente, motivação ideológica. Chávez, o mentor do "socialismo bolivariano", quer assegurar seu lugar no panteão das esquerdas como o sucessor da Revolução Cubana que, ao longo do tempo, se radicalizou e se tornou a grande inimiga do "império" - os Estados Unidos. O autoritário coronel venezuelano já ocupa espaços nesse sentido, desde que, é claro, os americanos não deixem de comprar seu petróleo sulfuroso.

O grande problema é que o modelo é insustentável. A matriz ideológica (Cuba) depende da ligação umbilical com a matriz econômica (Venezuela) para se manter viva. Cuba enfrenta condições cada vez mais difíceis e, se não democratizar o regime, não conseguirá atrair os investimentos de que necessita para melhorar a vida da população, ficando dependente de forma crescente de Chávez.

Este, ao tornar seu regime cada vez menos democrático, cada vez mais parecido com o de Cuba e cada vez mais dependente do petróleo, arrisca-se a afundar de vez um país rico como a Venezuela, cuja economia já cambaleia, com crescimento negativo do PIB e a maior inflação da América do Sul. Não há futuro para a ditadura cubana, que mantém prisioneiros políticos e os deixa morrer em greve de fome. Nem para um regime vociferante como o da Venezuela, que quer empurrar o país na contramão da História. A continuarem assim, morrerão abraçados.

Venezuela (1): o caso da fazenda sequestrada

A fazenda sequestrada
Maria Ignez Barbosa
O Estado de São Paulo, 13 de junho de 2010

A bela fazenda La Carolina, situada em uma antiga plantação de cana-de-açúcar do século 19, no Estado de Yaracuy, em plenas montanhas andinas da Venezuela, acaba de ser desapropriada pelo presidente Hugo Chávez. Comprada em 1989 por US$ 300 mil e reconstruída pelo diplomata Diego Arria, essa propriedade de 370 hectares já foi cantada nas páginas da Architectural Digest e consta do livro que reúne trabalhos do conhecido decorador colombiano Juan Montoya, editado pela Villegas Editores.

Alegando irregularidades no registro de propriedade, apesar de a fazenda ser produtiva (já foi premiada por ser modelo de sustentabilidade e de preservação ambiental, com plantação orgânica de café), nada deteve Hugo Chávez. Irritado com Arria, que, em recente Fórum Mundial pela Liberdade, em Oslo, o comparou aos piores ditadores da história, o presidente declarou em seu programa de TV, em rede nacional, que a fazenda do diplomata, que ele chama de “velho oligarca e ladrão”, se parece com a do seriado americano Falcon Crest. Aproveitou para exibir ao país cenas de crianças brincando na piscina da “terra liberada” e, com ironia, acrescentou que mandou benzer a água antes da farra. Mandou também um recado para o proprietário: “Para ter suas terras de volta, você terá, antes, de me enterrar. A fazenda pertence agora à revolução”, exclamou, entre mais insultos à burguesia e à legalidade.

Diego Arria, que há 17 anos mora em Nova York, já foi prefeito de Caracas, congressista, ministro de estado, candidato à presidência em 1978, representante de seu país nas Nações Unidas e depois secretário-geral assistente da organização, além de presidente do Conselho de Segurança onde instaurou a “fórmula Arrias”, um modo de flexibilizar e tornar mais informal a consulta entre os países-membros, não ficou calado. Qualificou a ação de Chávez como vingança política e lamentou que, por demagogia e propaganda pessoal, o presidente venezuelano esteja estimulando crianças a saquear e roubar a propriedade alheia. Contou que dez funcionários armados, depois de subjugar o responsável pela fazenda, se dirigiram ao quarto principal, onde um deles atirou-se na cama e pôs-se a comentar, em termos chulos, o que Chávez poderia fazer ali. Em outra ocasião, diante de um advogado, um dos capangas sacou da pistola e ameaçou o profissional dizendo que lhe sobravam balas.

Arria afirmou também que o “tenente coronel” não precisava tê-lo desafiado a enterrá-lo. “Dou-lhe de presente minha fazenda para que ele ali se aposente. Mas somente depois de devolver a paz e a Venezuela aos venezuelanos. Não tenho dúvidas de que Chávez, em breve, será um prontuário ambulante para as cortes internacionais de justiça.”

A fazenda La Carolina, que viveu seu apogeu na segunda metade do século 19, período da cana e do café, se deteriorou a partir do momento em que o petróleo foi descoberto no país, em 1920. Quando adquirida pelo diplomata, em 1987, apenas duas estruturas destelhadas e um pátio com chão de lajotas rústicas próprias para a secagem do café existiam no terreno. A ideia de Juan Montoya e do arquiteto venezuelano Nelson Douiahi foi, além de restaurar as duas ruínas, construir quatro unidades em volta de um grande pátio, com capela, estábulo, salas de estar, armazém, ala da família e de hóspedes, de modo a criar um conjunto que parecesse uma vila de interior no mesmo estilo despojado do passado.

Onde era antes um galpão para armazenar cana, foi criada a suíte principal. No começo da reforma, desconfiados da ideia de ter o quarto num local de pé-direito tão alto, os Arrias se deixaram convencer por Montoya, conhecido por seu dom de dar novo sentido a espaços inicialmente destinados a outras funções.

O que se quis, ao preservar os traços do passado, foi basicamente manter a rusticidade da fazenda. Os tetos são forrados ou com ripas de madeira ou com varas de bambu. Vigas de madeira sustentam a construção e servem de terminação no alto das portas internas. Os apliques de luz arredondados, que mais parecem fazer parte da parede, iluminam com discrição e sem destoar da estrutura. As lindas e originais lajotas de barro em forma de um oito que se encaixam no chão de modo pouco usual foram reproduzidas a partir de algumas antigas encontradas no local.

Na decoração, onde a maioria dos tapetes é de sisal, belas urnas de terracota pré-colombiana compõem uma valiosa coleção. Eram expostas sobre um degrau de alvenaria formando um grande L ao longo da parte inferior das paredes do extenso salão onde dois enormes ventiladores pendem do teto alto. Apenas um divã de ferro na transversal separava o ambiente de ler e relaxar daquele de se tocar e ouvir música. E havia belos móveis e objetos, ou antigos, ou então reproduzidos por artesãos locais, para enriquecer e aportar qualidade a esse ambiente isento de maior luxo ou pretensão. Havia assim, a escrivaninha do século 19, que servia de base para as garrafas antigas de cristal, os espelhos mexicanos sobre as pias, as mesas vestidas com antigas toalhas brancas bordadas e a coleção de porcelana azul e branca que enfeitava e trazia alegria à sala do café da manhã. Nos vasos, sempre flores colhidas no campo. Penduradas, gaiolas coloridas decoravam o ambiente. Nas varandas que rodeiam a casa, muitas redes em cores vivas mas tecidas de forma bem diferente das nossas nordestinas.

Homenagem à filha morta. Arria tem três filhas que ali cresceram. Uma quarta, que morreu cedo e se chamava Carolina, deu nome à fazenda e à pequena capela, com imagens que a família espera não terem sido também roubadas. Sabe-se que as roupas, os quadros, o mobiliário, as fotos e as lembranças dos Arrias já se foram, assim como quatro cavalos. Consta que as vacas e os cavalos de montaria estariam sendo doados como se a ninguém pertencessem.

Será de muito lamentar o desaparecimento ou a destruição de uma figura religiosa colombiana de um apóstolo do século 18 e de um fragmento de altar dourado do período colonial, quase beirando o teto, que enriqueciam um décor agora ameaçado de extinção pela ira de Hugo Chávez e que tem o sabor amargo da tão retrógrada revolução cultural chinesa.

(http://www.mariaignezbarbosa.com/)

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