Um interlocutor habitual tem escrito a este blog sobre a influência respectiva das grandes vertentes culturais na formação do povo brasileiro, que ele, seguindo Gilberto Freyre, reduz a três: os indígenas, os africanos escravos e os brancos (portugueses).
Tenho insistido em demonstrar que as explicações culturalistas de Freyre -- certamente importantes no plano histórico, etnológico e antropológico -- têm uma importância limitada ao NORDESTE do Brasil e ao PERIODO COLONIAL, não sendo válidas para o Brasil contemporâneo.
Abaixo o que escrevi a meu comentarista ainda recentemente:
Eu não costumo fazer concessões ao politicamente correto e muito menos ao relativismo cultural.
Se voce quiser uma quantificação impressionista da contribuição das grandes vertentes culturais presentes na formação do Brasil contemporâneo, eu poderia arriscar um palpite.
1) Indios: 0,5%
2) Africanos negros: 5%
3) Levantinos: 10%
4) Asiáticos: 10%
5) Europeus: 74,5%
Repare que escrevi africanos negros, o que seria o equivalente de escravos, mas se trata de um termo inexato. NENHUM AFRICANO escravo veio ao Brasil. Foram trazidos indivíduos negros separados, de dezenas de etnias diferentes, falando diferentes línguas e pertencentes a tradições culturais diversas, como os europeus aliás.
Ocorreu apenas que os europeus vieram voluntariamente, se agruparam e preservaram suas tradições, como aconteceu também com japoneses e com sírios e libaneses. O mesmo não ocorreu com os "africanos" (salvo exceções muito pequenas) por razões muito claras: eles vinham totalmente separados, foram retirados violentamente de suas raizes e portanto puderam transmitir muito pouco de suas tradições.
Se trata de uma tragédia mas essa é a história, que certamente não é isenta de grandes tragédias.
Se você consegue citar apenas a rede de dormir como tradição, reconheça que é muito pouco e muito pobre. Aliás, pobres usam redes, gente remediada compra cama assim que pode. Não me venha com invenções de que se trata de um grande aporte que NÃO É.
Se você dorme numa rede, faça uma pesquisa em seu meio para saber quantos dormem como você: se chegar a 1% será muito.
Os negros influenciaram a música? Talvez, mas apenas quando já aculturados e integrados a tradições musicais europeias, e JAMAIS como música "africana", algo que evidentemente NÃO EXISTE, como não existem povos africanos, apenas povos retirados individualmente e separadamente da Africa. Não sei porque as pessoas tem dificuldades em reconhecer esse tipo de realidade.
Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas. Ver também minha página: www.pralmeida.net (em construção).
sábado, 19 de junho de 2010
Educacao brasileira: a tragedia continua
Dois artigos sobre esse drama brasileiro por dois especialistas da área.
Repetência e aprendizado
Naercio Menezes Filho
Valor Econômico, 18/6/2010
"Pesquisas mostram que a repetência é prejudicial tanto para os alunos como para a sociedade"
Naercio Menezes Filho é coordenador do Centro de Políticas Públicas do Insper e professor associado da FEA-USP. Artigo publicado no "Valor Econômico":
O Conselho Nacional de Educação está votando nesta semana uma proposta para acabar com a reprovação nos três primeiros anos do ensino fundamental nas escolas públicas brasileiras.
O objetivo é evitar que as crianças sejam punidas com a reprovação antes que elas tenham o tempo necessário para completar a primeira parte do seu aprendizado, principalmente agora que a entrada na escola acontece aos seis anos de idade. Essa proposta faz sentido? Será que o fim da repetência iria diminuir mais a qualidade da educação no Brasil?
A discussão sobre reprovação é antiga. Todos nós já ouvimos alguma história sobre a época em que as escolas públicas eram as melhores no Brasil. Na verdade, era mais fácil ter qualidade quando as escolas públicas atendiam apenas a elite da sociedade brasileira.
Em 1940, havia somente 3,5 milhões de alunos no ensino básico, para uma população de 41 milhões de pessoas, em sua maior parte composta de crianças e jovens. Hoje em dia há cerca de 40 milhões de alunos no ensino básico, para uma população de 190 milhões (uma taxa de 21%, para uma população bem mais velha, versus 8,5% em 1940).
Apesar da entrada maciça de novos alunos com nível sócio-econômico mais baixo, as escolas públicas tentaram manter seu nível de exigência. Isso fez a taxa de repetência aumentar fortemente, chegando a atingir 40% na primeira série. Os novos alunos não conseguiam fazer as provas, eram reprovados e tinham que cursar novamente a série. Muitos desistiam e saiam da escola.
Foi assim que, a partir da década de 80, surgiram os ciclos de progressão continuada, em que os alunos não podem ser reprovados por deficiências de aprendizado nas primeiras séries, apenas por faltas. Como resultado desses programas, a taxa de repetência hoje em dia gira torno de 20%, ainda elevada para os padrões mundiais (na Inglaterra, por exemplo, não existe repetência).
Várias pesquisas mostram que a repetência é prejudicial tanto para os alunos como para a sociedade. Altos índices de repetência fazem com que estados e municípios gastem recursos com alunos que cursam a mesma série por vários anos, ao invés de disponibilizar salas para alunos de ensino infantil e médio, que ainda não estão suficientemente atendidos.
Além disso, um estudo recente* comparou as taxas de abandono e de aprendizado nas escolas que adotam o regime de progressão continuada com relação às que mantém o regime seriado, em que os alunos reprovados são obrigados a repetir a série. O abandono é significativamente menor nas primeiras.
Como resultado desses programas, cerca de 800 mil alunos desistem de abandonar a escola todos os anos. A sociedade agradece, pois fora da escola esses jovens poderiam engajar-se em atividades ilícitas que causariam grandes perdas de bem-estar. Não adianta educar somente a elite.
Apesar desses efeitos positivos, o regime de ciclos é questionado em quase todas as eleições estaduais e municipais. Candidatos atribuem ao regime de ciclos a culpa pela péssima qualidade da educação no seu município e prometem abolir o programa. Pais acreditam que seus filhos aprendem pouco por causa da falta de repetência. Professores tampouco gostam do programa, pois perdem autoridade frente aos alunos. Mas será que os programas de ciclo são mesmo responsáveis pela baixa qualidade do ensino no Brasil?
Esse mesmo estudo avaliou o impacto da progressão continuada sobre a qualidade da educação. Os resultados mostram que na 4ª série não há efeitos significativos do programa sobre o aprendizado das crianças, mesmo após levarmos em conta fatores como a escolaridade e a renda dos pais.
Na 8ª série os alunos das escolas que adotam o regime de ciclos têm notas um pouco menores do que os que estudam sob o regime seriado. A diferença, entretanto, é de apenas 2%. O fato é que os alunos das escolas públicas brasileiras aprendem muito pouco, sejam elas seriadas ou de ciclo.
Pesquisas que acompanham alunos repetentes e aprovados ao longo do tempo mostram como uma diferença pequena de proficiência entre eles no ano inicial amplia-se dramaticamente um ano após a reprovação. A reprovação diminui a autoestima e a motivação do aluno, que perde o contato com seus antigos colegas. Além disso, os critérios de reprovação dos professores são bastante discutíveis. Estudos mostram que esses critérios nem sempre são baseados apenas no desempenho dos alunos, medido segundo critérios objetivos.
Assim, os programas de não repetência nas primeiras séries ajustam o fluxo de alunos de acordo com a idade correta, diminuem a evasão escolar e a desigualdade e tem impactos muito reduzidos sobre o aprendizado dos alunos. Qualquer análise de custo-benefício mostraria que a lei proposta seria altamente benéfica para a sociedade.
A culpa pela baixa qualidade da educação pública não é da falta de repetência. Ela é somente o "bode expiatório" de prefeitos e governadores que não conseguem mexer com os interesses corporativos que, esses sim, atrasam a educação brasileira.
* "Avaliando o impacto da progressão continuada sobre as taxas de rendimento e desempenho escolar no Brasil", por Menezes Filho, Vasconcellos, Werlang e Biondi (2009).
==================
Meritocracia nos sistemas de educação
Maria Alice Setúbal
O Estado de S.Paulo, 18/6/2010
"Um sistema educacional justo, além de garantir bons níveis médios de qualidade, deve também assegurar padrões mínimos de aprendizagem para todos os alunos, independentemente de suas particularidades socioculturais"
Maria Alice Setúbal é presidente do Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária. Artigo publicado em "O Estado de SP":
A ampliação do debate da educação para diferentes setores da sociedade tem trazido à tona interpretações e contribuições diversas, com o mérito de envolver a sociedade na discussão de quais seriam os caminhos para que possamos alcançar uma educação de qualidade para todos.
Dentre essas análises, a ênfase nos baixos resultados educacionais medidos nas avaliações nacionais tem ocupado maior espaço na mídia, trazendo para o cerne da discussão a responsabilização da escola e dos professores pelos resultados da aprendizagem dos alunos e, como consequência, a implementação de políticas de incentivo e de premiação por resultados e pelo cumprimento de metas - a chamada meritocracia.
Como essa é uma questão controversa, é importante termos em conta as diferentes dimensões desse posicionamento. No Brasil, estamos longe de alcançar um patamar básico para todas as escolas, mesmo que estas pertençam a uma mesma rede.
Um sistema educacional justo, além de garantir bons níveis médios de qualidade, deve também assegurar padrões mínimos de aprendizagem para todos os alunos, independentemente de suas particularidades socioculturais.
Em nosso sistema educacional - marcado por desigualdades de partida -, o risco de um plano de incentivos aumentar o hiato educacional é grande. O sistema de bonificação a partir de metas pode gerar uma concorrência entre as escolas capaz de reforçar as diferenças entre elas.
As escolas lidam com realidades distintas, principalmente se considerarmos as localizadas nas regiões mais pobres das periferias dos grandes centros urbanos e que atendem a uma clientela de alta vulnerabilidade. Geralmente, essas escolas têm um corpo docente altamente instável e a própria infraestrutura escolar não oferece condições adequadas para o trabalho dos profissionais da educação.
É importante salientar que o sistema de incentivos - qualquer que seja - diferencia negativamente as escolas, porque provavelmente (a conferir) os professores passarão a procurar e se transferir para as escolas mais bem colocadas nas avaliações, com o objetivo de obter maiores chances de bônus ao final do ano.
Se essa situação vier a se comprovar como verdadeira, as escolas com maiores dificuldades ficarão relegadas, cada vez mais, a um corpo docente instável e com menor preparo, tirando de uma parcela significativa da população condições de acesso a uma educação de qualidade - o que poderá comprometer os nossos indicadores de desenvolvimento e de combate à pobreza.
Obviamente, não quero defender, aqui, o professor despreparado e, principalmente, não comprometido com seus alunos. Minha intenção é colocar as diferentes dimensões de uma questão que me parece central no momento atual do debate educacional brasileiro.
Os resultados do Plano Nacional de Educação que enfatizam o não-cumprimento de metas básicas relativas à qualidade do sistema reforçam a importância de se considerar que a gestão da educação tem sentido apenas em função de um projeto pedagógico que organize as atividades de ensino e de aprendizagem dentro da própria escola.
Responsabilização implica colocar não apenas o diretor da escola, mas também o professor no centro das políticas educacionais, por meio da valorização da profissão, da capacitação continuada e do suporte didático para o seu trabalho na sala de aula. Assim, a responsabilização tem que ver com os resultados da escola e também com as políticas educacionais da rede que deem suporte aos resultados. Deve ser uma via de mão dupla.
A responsabilização e o sistema de premiação pelo cumprimento de metas - quaisquer que sejam - têm de ter como limite e eixo central de implementação as questões de equidade e das desigualdades sociais. Nesse sentido, é fundamental pensar políticas de ação afirmativa que ofereçam condições efetivas para que as escolas de mais baixo Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) possam atuar dentro de suas redes em direção à melhoria da qualidade do ensino.
Não existe uma receita única, mas várias propostas norteadas pela equidade já estão em andamento em algumas redes de educação. Entre elas, incentivos para os professores permanecerem na mesma escola, combate ao absenteísmo, respeito ao tempo escolar, programas de reforço escolar, aceleração da aprendizagem, estagiários e professores auxiliares, etc.
É preciso articular essas diferentes experiências com as propostas de premiação e incentivo, de modo que se criem condições de equidade, para não cairmos no grande equívoco de deixar para trás uma parcela significativa da população, acarretando um alto custo no médio e no longo prazos nas nossas pretensões de desenvolvimento.
O caminho não é simples e exige um esforço de todos, tanto dos governos quanto da sociedade civil e dos pais de alunos, no sentido de buscarmos uma visão de educação mais sistêmica, ajustada às necessidades do mundo moderno.
Precisamos construir uma política de educação que leve em conta as questões de gestão e, portanto, de seus mecanismos institucionais, de forma simultânea aos aspectos pedagógicos - em que o professor ocupa um lugar central. E, finalmente, o esforço nacional pela melhoria da qualidade da educação passa também pela articulação de políticas sociais de forma integrada à escola.
Repetência e aprendizado
Naercio Menezes Filho
Valor Econômico, 18/6/2010
"Pesquisas mostram que a repetência é prejudicial tanto para os alunos como para a sociedade"
Naercio Menezes Filho é coordenador do Centro de Políticas Públicas do Insper e professor associado da FEA-USP. Artigo publicado no "Valor Econômico":
O Conselho Nacional de Educação está votando nesta semana uma proposta para acabar com a reprovação nos três primeiros anos do ensino fundamental nas escolas públicas brasileiras.
O objetivo é evitar que as crianças sejam punidas com a reprovação antes que elas tenham o tempo necessário para completar a primeira parte do seu aprendizado, principalmente agora que a entrada na escola acontece aos seis anos de idade. Essa proposta faz sentido? Será que o fim da repetência iria diminuir mais a qualidade da educação no Brasil?
A discussão sobre reprovação é antiga. Todos nós já ouvimos alguma história sobre a época em que as escolas públicas eram as melhores no Brasil. Na verdade, era mais fácil ter qualidade quando as escolas públicas atendiam apenas a elite da sociedade brasileira.
Em 1940, havia somente 3,5 milhões de alunos no ensino básico, para uma população de 41 milhões de pessoas, em sua maior parte composta de crianças e jovens. Hoje em dia há cerca de 40 milhões de alunos no ensino básico, para uma população de 190 milhões (uma taxa de 21%, para uma população bem mais velha, versus 8,5% em 1940).
Apesar da entrada maciça de novos alunos com nível sócio-econômico mais baixo, as escolas públicas tentaram manter seu nível de exigência. Isso fez a taxa de repetência aumentar fortemente, chegando a atingir 40% na primeira série. Os novos alunos não conseguiam fazer as provas, eram reprovados e tinham que cursar novamente a série. Muitos desistiam e saiam da escola.
Foi assim que, a partir da década de 80, surgiram os ciclos de progressão continuada, em que os alunos não podem ser reprovados por deficiências de aprendizado nas primeiras séries, apenas por faltas. Como resultado desses programas, a taxa de repetência hoje em dia gira torno de 20%, ainda elevada para os padrões mundiais (na Inglaterra, por exemplo, não existe repetência).
Várias pesquisas mostram que a repetência é prejudicial tanto para os alunos como para a sociedade. Altos índices de repetência fazem com que estados e municípios gastem recursos com alunos que cursam a mesma série por vários anos, ao invés de disponibilizar salas para alunos de ensino infantil e médio, que ainda não estão suficientemente atendidos.
Além disso, um estudo recente* comparou as taxas de abandono e de aprendizado nas escolas que adotam o regime de progressão continuada com relação às que mantém o regime seriado, em que os alunos reprovados são obrigados a repetir a série. O abandono é significativamente menor nas primeiras.
Como resultado desses programas, cerca de 800 mil alunos desistem de abandonar a escola todos os anos. A sociedade agradece, pois fora da escola esses jovens poderiam engajar-se em atividades ilícitas que causariam grandes perdas de bem-estar. Não adianta educar somente a elite.
Apesar desses efeitos positivos, o regime de ciclos é questionado em quase todas as eleições estaduais e municipais. Candidatos atribuem ao regime de ciclos a culpa pela péssima qualidade da educação no seu município e prometem abolir o programa. Pais acreditam que seus filhos aprendem pouco por causa da falta de repetência. Professores tampouco gostam do programa, pois perdem autoridade frente aos alunos. Mas será que os programas de ciclo são mesmo responsáveis pela baixa qualidade do ensino no Brasil?
Esse mesmo estudo avaliou o impacto da progressão continuada sobre a qualidade da educação. Os resultados mostram que na 4ª série não há efeitos significativos do programa sobre o aprendizado das crianças, mesmo após levarmos em conta fatores como a escolaridade e a renda dos pais.
Na 8ª série os alunos das escolas que adotam o regime de ciclos têm notas um pouco menores do que os que estudam sob o regime seriado. A diferença, entretanto, é de apenas 2%. O fato é que os alunos das escolas públicas brasileiras aprendem muito pouco, sejam elas seriadas ou de ciclo.
Pesquisas que acompanham alunos repetentes e aprovados ao longo do tempo mostram como uma diferença pequena de proficiência entre eles no ano inicial amplia-se dramaticamente um ano após a reprovação. A reprovação diminui a autoestima e a motivação do aluno, que perde o contato com seus antigos colegas. Além disso, os critérios de reprovação dos professores são bastante discutíveis. Estudos mostram que esses critérios nem sempre são baseados apenas no desempenho dos alunos, medido segundo critérios objetivos.
Assim, os programas de não repetência nas primeiras séries ajustam o fluxo de alunos de acordo com a idade correta, diminuem a evasão escolar e a desigualdade e tem impactos muito reduzidos sobre o aprendizado dos alunos. Qualquer análise de custo-benefício mostraria que a lei proposta seria altamente benéfica para a sociedade.
A culpa pela baixa qualidade da educação pública não é da falta de repetência. Ela é somente o "bode expiatório" de prefeitos e governadores que não conseguem mexer com os interesses corporativos que, esses sim, atrasam a educação brasileira.
* "Avaliando o impacto da progressão continuada sobre as taxas de rendimento e desempenho escolar no Brasil", por Menezes Filho, Vasconcellos, Werlang e Biondi (2009).
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Meritocracia nos sistemas de educação
Maria Alice Setúbal
O Estado de S.Paulo, 18/6/2010
"Um sistema educacional justo, além de garantir bons níveis médios de qualidade, deve também assegurar padrões mínimos de aprendizagem para todos os alunos, independentemente de suas particularidades socioculturais"
Maria Alice Setúbal é presidente do Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária. Artigo publicado em "O Estado de SP":
A ampliação do debate da educação para diferentes setores da sociedade tem trazido à tona interpretações e contribuições diversas, com o mérito de envolver a sociedade na discussão de quais seriam os caminhos para que possamos alcançar uma educação de qualidade para todos.
Dentre essas análises, a ênfase nos baixos resultados educacionais medidos nas avaliações nacionais tem ocupado maior espaço na mídia, trazendo para o cerne da discussão a responsabilização da escola e dos professores pelos resultados da aprendizagem dos alunos e, como consequência, a implementação de políticas de incentivo e de premiação por resultados e pelo cumprimento de metas - a chamada meritocracia.
Como essa é uma questão controversa, é importante termos em conta as diferentes dimensões desse posicionamento. No Brasil, estamos longe de alcançar um patamar básico para todas as escolas, mesmo que estas pertençam a uma mesma rede.
Um sistema educacional justo, além de garantir bons níveis médios de qualidade, deve também assegurar padrões mínimos de aprendizagem para todos os alunos, independentemente de suas particularidades socioculturais.
Em nosso sistema educacional - marcado por desigualdades de partida -, o risco de um plano de incentivos aumentar o hiato educacional é grande. O sistema de bonificação a partir de metas pode gerar uma concorrência entre as escolas capaz de reforçar as diferenças entre elas.
As escolas lidam com realidades distintas, principalmente se considerarmos as localizadas nas regiões mais pobres das periferias dos grandes centros urbanos e que atendem a uma clientela de alta vulnerabilidade. Geralmente, essas escolas têm um corpo docente altamente instável e a própria infraestrutura escolar não oferece condições adequadas para o trabalho dos profissionais da educação.
É importante salientar que o sistema de incentivos - qualquer que seja - diferencia negativamente as escolas, porque provavelmente (a conferir) os professores passarão a procurar e se transferir para as escolas mais bem colocadas nas avaliações, com o objetivo de obter maiores chances de bônus ao final do ano.
Se essa situação vier a se comprovar como verdadeira, as escolas com maiores dificuldades ficarão relegadas, cada vez mais, a um corpo docente instável e com menor preparo, tirando de uma parcela significativa da população condições de acesso a uma educação de qualidade - o que poderá comprometer os nossos indicadores de desenvolvimento e de combate à pobreza.
Obviamente, não quero defender, aqui, o professor despreparado e, principalmente, não comprometido com seus alunos. Minha intenção é colocar as diferentes dimensões de uma questão que me parece central no momento atual do debate educacional brasileiro.
Os resultados do Plano Nacional de Educação que enfatizam o não-cumprimento de metas básicas relativas à qualidade do sistema reforçam a importância de se considerar que a gestão da educação tem sentido apenas em função de um projeto pedagógico que organize as atividades de ensino e de aprendizagem dentro da própria escola.
Responsabilização implica colocar não apenas o diretor da escola, mas também o professor no centro das políticas educacionais, por meio da valorização da profissão, da capacitação continuada e do suporte didático para o seu trabalho na sala de aula. Assim, a responsabilização tem que ver com os resultados da escola e também com as políticas educacionais da rede que deem suporte aos resultados. Deve ser uma via de mão dupla.
A responsabilização e o sistema de premiação pelo cumprimento de metas - quaisquer que sejam - têm de ter como limite e eixo central de implementação as questões de equidade e das desigualdades sociais. Nesse sentido, é fundamental pensar políticas de ação afirmativa que ofereçam condições efetivas para que as escolas de mais baixo Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) possam atuar dentro de suas redes em direção à melhoria da qualidade do ensino.
Não existe uma receita única, mas várias propostas norteadas pela equidade já estão em andamento em algumas redes de educação. Entre elas, incentivos para os professores permanecerem na mesma escola, combate ao absenteísmo, respeito ao tempo escolar, programas de reforço escolar, aceleração da aprendizagem, estagiários e professores auxiliares, etc.
É preciso articular essas diferentes experiências com as propostas de premiação e incentivo, de modo que se criem condições de equidade, para não cairmos no grande equívoco de deixar para trás uma parcela significativa da população, acarretando um alto custo no médio e no longo prazos nas nossas pretensões de desenvolvimento.
O caminho não é simples e exige um esforço de todos, tanto dos governos quanto da sociedade civil e dos pais de alunos, no sentido de buscarmos uma visão de educação mais sistêmica, ajustada às necessidades do mundo moderno.
Precisamos construir uma política de educação que leve em conta as questões de gestão e, portanto, de seus mecanismos institucionais, de forma simultânea aos aspectos pedagógicos - em que o professor ocupa um lugar central. E, finalmente, o esforço nacional pela melhoria da qualidade da educação passa também pela articulação de políticas sociais de forma integrada à escola.
sexta-feira, 18 de junho de 2010
O Estatuto da (Des)Igualdade Racial - editorial do Estadao
O Estadão acha que poderia ter sido pior. Eu não acho, pois essa história de bode na sala não resolve nada, pois as piores barbaridades continuam existindo, numa lei racista, divisionista, criadora do Apartheid, quando ela deveria ter sido simplesmente rejeitada.
Ainda vou escrever a respeito...
Paulo Roberto de Almeida
Poderia ter sido pior
EDITORIAL O Estado de S.Paulo
Sexta-feira, Junho 18, 2010
Em setembro do ano passado, quando uma comissão especial da Câmara dos Deputados aprovou o projeto do Estatuto da Igualdade Racial, o relator da matéria, Antônio Roberto, do PV de Minas Gerais, argumentou que a proposta era "um ponto de partida, como o bico de um arado". Com isso ele respondia aos protestos dos defensores do texto original, de autoria do senador Paulo Paim, do PT do Rio Grande do Sul, contra a eliminação de dois pontos que consideravam essenciais, na negociação para que o projeto fosse adiante, depois de mais de 6 anos de tramitação na Casa.
Os artigos afinal suprimidos previam a regularização de terras para remanescentes de quilombos e a criação de cotas de 20% de negros em filmes e programas de TV. Na quarta-feira, quando uma terceira versão do estatuto passou em votação simbólica no Senado, foi a vez de outro deputado, Edson Santos, do PT do Rio de Janeiro, acalmar os descontentes com as novas mudanças ? a começar da que excluiu a criação de cotas para negros nas universidades e cursos técnicos federais, substituída pela provisão genérica da adoção, pelo poder público, de "programas de ação afirmativa".
"Fazer um cavalo de batalha em cima das cotas, quando a ação afirmativa está assegurada, é pouco inteligente", rebateu Santos. Ele tem um ponto. Com base no texto que seguirá para a sanção do presidente Lula, o governo poderá instituir por decreto políticas de ação afirmativa em todo o espectro da administração federal. Além disso, depois que o princípio da ação afirmativa for lei, a ação impetrada no Supremo Tribunal Federal pela declaração de inconstitucionalidade das cotas poderá esbarrar no novo marco normativo. Pelo menos é o que espera o ministro da Igualdade Racial, Elói Araújo.
Para os que sustentam, como este jornal, que o estatuto dividirá em duas a sociedade brasileira, mediante a chamada "racialização" do País, o desfecho poderia ter sido pior. Os racialistas tiveram de abrir mão de diversas demandas na negociação entre o governo e o relator Demóstenes Torres, do DEM de Goiás. O substitutivo final retirou a oferta de incentivos fiscais para que empresas tenham 20% de funcionários negros. Segundo Torres, isso provocaria a demissão de trabalhadores brancos. Também caíram a criação de políticas de saúde especiais para negros e a imposição de cotas raciais às chapas dos partidos políticos.
O relator tornou-se o alvo da hora para os ativistas favoráveis a um estatuto radical. O frei David Raimundo dos Santos, da ONG Educafro, por exemplo, acusa o senador de ter "uma visão equivocada" da sociedade brasileira, o que não deve surpreender vindo de quem acha "ingenuidade" acreditar que os brasileiros são iguais. É dessas simplificações que se nutre o pensamento cotista ? uma "ideia reacionária", no entender do coordenador do Movimento Negro Socialista, José Carlos Miranda. Mais do que isso, embora invoque a correção dos efeitos de um crime histórico - o escravismo -, é uma forma de racismo reverso.
Já de si, o termo "igualdade racial" embute uma armadilha por se apoiar num adjetivo sem o menor sentido à luz da ciência. As descobertas genéticas pulverizaram o racismo dito científico do século 19 destinado a provar a inferioridade natural de certos grupos humanos.
Uma das virtudes do substitutivo de Torres foi expurgar do corpo do projeto a palavra "raça", substituída por "etnia". O senador se opôs ainda à expressão "identidade negra". "O que existe é uma identidade brasileira", asseverou. "O preconceito e a discriminação não impediram a formação de uma sociedade miscigenada com valores compartilhados por negros e brancos."
Transposta para o plano institucional, a mentalidade que transforma brasileiros negros em negros brasileiros configura "a criação de um Estado racializado", denuncia a antropóloga Yvonne Maggie, da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Uma das primeiras vozes do meio acadêmico a se levantar contra o projeto, em 2006, ela considera uma aberração - e um precedente inconstitucional - "o Estado estabelecer uma lei que contém em seu título a palavra racial". Equivale, como diz, ao "ovo da serpente".
Ainda vou escrever a respeito...
Paulo Roberto de Almeida
Poderia ter sido pior
EDITORIAL O Estado de S.Paulo
Sexta-feira, Junho 18, 2010
Em setembro do ano passado, quando uma comissão especial da Câmara dos Deputados aprovou o projeto do Estatuto da Igualdade Racial, o relator da matéria, Antônio Roberto, do PV de Minas Gerais, argumentou que a proposta era "um ponto de partida, como o bico de um arado". Com isso ele respondia aos protestos dos defensores do texto original, de autoria do senador Paulo Paim, do PT do Rio Grande do Sul, contra a eliminação de dois pontos que consideravam essenciais, na negociação para que o projeto fosse adiante, depois de mais de 6 anos de tramitação na Casa.
Os artigos afinal suprimidos previam a regularização de terras para remanescentes de quilombos e a criação de cotas de 20% de negros em filmes e programas de TV. Na quarta-feira, quando uma terceira versão do estatuto passou em votação simbólica no Senado, foi a vez de outro deputado, Edson Santos, do PT do Rio de Janeiro, acalmar os descontentes com as novas mudanças ? a começar da que excluiu a criação de cotas para negros nas universidades e cursos técnicos federais, substituída pela provisão genérica da adoção, pelo poder público, de "programas de ação afirmativa".
"Fazer um cavalo de batalha em cima das cotas, quando a ação afirmativa está assegurada, é pouco inteligente", rebateu Santos. Ele tem um ponto. Com base no texto que seguirá para a sanção do presidente Lula, o governo poderá instituir por decreto políticas de ação afirmativa em todo o espectro da administração federal. Além disso, depois que o princípio da ação afirmativa for lei, a ação impetrada no Supremo Tribunal Federal pela declaração de inconstitucionalidade das cotas poderá esbarrar no novo marco normativo. Pelo menos é o que espera o ministro da Igualdade Racial, Elói Araújo.
Para os que sustentam, como este jornal, que o estatuto dividirá em duas a sociedade brasileira, mediante a chamada "racialização" do País, o desfecho poderia ter sido pior. Os racialistas tiveram de abrir mão de diversas demandas na negociação entre o governo e o relator Demóstenes Torres, do DEM de Goiás. O substitutivo final retirou a oferta de incentivos fiscais para que empresas tenham 20% de funcionários negros. Segundo Torres, isso provocaria a demissão de trabalhadores brancos. Também caíram a criação de políticas de saúde especiais para negros e a imposição de cotas raciais às chapas dos partidos políticos.
O relator tornou-se o alvo da hora para os ativistas favoráveis a um estatuto radical. O frei David Raimundo dos Santos, da ONG Educafro, por exemplo, acusa o senador de ter "uma visão equivocada" da sociedade brasileira, o que não deve surpreender vindo de quem acha "ingenuidade" acreditar que os brasileiros são iguais. É dessas simplificações que se nutre o pensamento cotista ? uma "ideia reacionária", no entender do coordenador do Movimento Negro Socialista, José Carlos Miranda. Mais do que isso, embora invoque a correção dos efeitos de um crime histórico - o escravismo -, é uma forma de racismo reverso.
Já de si, o termo "igualdade racial" embute uma armadilha por se apoiar num adjetivo sem o menor sentido à luz da ciência. As descobertas genéticas pulverizaram o racismo dito científico do século 19 destinado a provar a inferioridade natural de certos grupos humanos.
Uma das virtudes do substitutivo de Torres foi expurgar do corpo do projeto a palavra "raça", substituída por "etnia". O senador se opôs ainda à expressão "identidade negra". "O que existe é uma identidade brasileira", asseverou. "O preconceito e a discriminação não impediram a formação de uma sociedade miscigenada com valores compartilhados por negros e brancos."
Transposta para o plano institucional, a mentalidade que transforma brasileiros negros em negros brasileiros configura "a criação de um Estado racializado", denuncia a antropóloga Yvonne Maggie, da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Uma das primeiras vozes do meio acadêmico a se levantar contra o projeto, em 2006, ela considera uma aberração - e um precedente inconstitucional - "o Estado estabelecer uma lei que contém em seu título a palavra racial". Equivale, como diz, ao "ovo da serpente".
A Bolivia a caminho do retrocesso juridico
Não tenho palavras para comentar...
Ministro del Tribunal afirma que no es posible regular la justicia comunitaria
El Diario (Bolivia), 18 junio 2010
CASOS DE LINCHAMIENTO SIGUEN SIN RESOLVERSE EN LOS TRIBUNALES ORDINARIOS DE JUSTICIA.
El magistrado del Tribunal Constitucional, Ernesto Mur, señaló que la justicia comunitaria no está escrita por lo tanto no se puede regular esta práctica que es reconocida por la Constitución Política del Estado. Mientras tanto, el Defensor del Pueblo pide que se respeten los derechos vitales de las personas.
En oportunidad de la visita de tres magistrados del Tribunal Constitucional a la Comisión de Constitución de la Cámara de Diputados Mur, declaró que “la justicia comunitaria es una justicia que no está escrita, no podría entonces una justicia escrita como es la Ley del Tribunal Constitucional resolver algo que no está escrito”.
VIOLACIONES
“La justicia comunitaria no está escrita y la función del Tribunal Constitucional es resolver los problemas de constitucionalidad o no cuando hay una contradicción entre la norma que se va a aplicar y la Constitución Política del Estado, y cuando hay vulneración de garantías está la acción de libertad, de amparo, de cumplimiento a la que todos los bolivianos estamos regidos, pero a nombre de justicia comunitaria no puede existir violaciones de ninguna naturaleza”, dijo.
Explicó que en el país existe un tipo de justicia y reconocer o normar otra derivaría en una división de competencias. “No podemos positivizar o hacer norma legal a la justicia comunitaria, porque en ese momento dejarían de ser parámetros que rigen a la sociedad, por lo tanto el Tribunal no puede pronunciarse sobre aspectos que no hacen a nuestra función, la función del Tribunal Constitucional es eminentemente técnica”.
Consultado sobre los hechos de violencia y linchamiento ocurridos en los últimos meses a nombre de la justicia comunitaria, el magistrado remarcó que “no es nuestra función, solamente damos a conocer aquello que está vinculado esencialmente a la vulneración de derechos, pero en los parámetros establecidos”.
RIESGOS PARA LA CONVIVENCIA
Para el Defensor del Pueblo, Rolando Villena, dejar que la denominada justicia comunitaria sea establecida en el país trae serios riesgos para la paz y la convivencia entre bolivianos.
“La justicia comunitaria no puede seguir campeando en el país, es algo muy peligroso porque nos puede llevar a una escalada de violencia sin control y esos hechos de violencia son delitos que deben ser penados por la ley, es un atentado contra el derecho a la vida y nadie puede hacer justicia por mano propia”, expresó.
Explicó que esta práctica que se realiza en las comunidades rurales no es sinónimo de muerte y que se ha utilizado de una forma negativa estigmatizando a los pobladores, lo que puede generar reacciones que deriven en mayor violencia.
“La justicia comunitaria tiene que ver con el restablecimiento de las normas en la comunidad, con el equilibrio de restablecer la paz y la convivencia y sus sanciones se aplican de forma moral, es otra forma de proceder con al sabiduría de los pueblos”, dijo.
Villena concluyó que “como no hay información sobre este tema y la gente no conoce ni lee, entra al juego y lo único que hace es acogerse a la justicia comunitaria y ese es un flaco favor a la democracia y al estado de Derecho donde debe imperar la ley”.
La justicia comunitaria es reconocida por la Constitución Política del Estado en el capítulo cuarto referido a la jurisdicción indígena originaria campesina, artículos 190 al 192, donde se establece que “los pueblos ejercerán sus funciones jurisdiccionales y competencias a través de sus autoridades y aplicarán sus principios, valores culturales, normas y procedimientos propios”.
Ministro del Tribunal afirma que no es posible regular la justicia comunitaria
El Diario (Bolivia), 18 junio 2010
CASOS DE LINCHAMIENTO SIGUEN SIN RESOLVERSE EN LOS TRIBUNALES ORDINARIOS DE JUSTICIA.
El magistrado del Tribunal Constitucional, Ernesto Mur, señaló que la justicia comunitaria no está escrita por lo tanto no se puede regular esta práctica que es reconocida por la Constitución Política del Estado. Mientras tanto, el Defensor del Pueblo pide que se respeten los derechos vitales de las personas.
En oportunidad de la visita de tres magistrados del Tribunal Constitucional a la Comisión de Constitución de la Cámara de Diputados Mur, declaró que “la justicia comunitaria es una justicia que no está escrita, no podría entonces una justicia escrita como es la Ley del Tribunal Constitucional resolver algo que no está escrito”.
VIOLACIONES
“La justicia comunitaria no está escrita y la función del Tribunal Constitucional es resolver los problemas de constitucionalidad o no cuando hay una contradicción entre la norma que se va a aplicar y la Constitución Política del Estado, y cuando hay vulneración de garantías está la acción de libertad, de amparo, de cumplimiento a la que todos los bolivianos estamos regidos, pero a nombre de justicia comunitaria no puede existir violaciones de ninguna naturaleza”, dijo.
Explicó que en el país existe un tipo de justicia y reconocer o normar otra derivaría en una división de competencias. “No podemos positivizar o hacer norma legal a la justicia comunitaria, porque en ese momento dejarían de ser parámetros que rigen a la sociedad, por lo tanto el Tribunal no puede pronunciarse sobre aspectos que no hacen a nuestra función, la función del Tribunal Constitucional es eminentemente técnica”.
Consultado sobre los hechos de violencia y linchamiento ocurridos en los últimos meses a nombre de la justicia comunitaria, el magistrado remarcó que “no es nuestra función, solamente damos a conocer aquello que está vinculado esencialmente a la vulneración de derechos, pero en los parámetros establecidos”.
RIESGOS PARA LA CONVIVENCIA
Para el Defensor del Pueblo, Rolando Villena, dejar que la denominada justicia comunitaria sea establecida en el país trae serios riesgos para la paz y la convivencia entre bolivianos.
“La justicia comunitaria no puede seguir campeando en el país, es algo muy peligroso porque nos puede llevar a una escalada de violencia sin control y esos hechos de violencia son delitos que deben ser penados por la ley, es un atentado contra el derecho a la vida y nadie puede hacer justicia por mano propia”, expresó.
Explicó que esta práctica que se realiza en las comunidades rurales no es sinónimo de muerte y que se ha utilizado de una forma negativa estigmatizando a los pobladores, lo que puede generar reacciones que deriven en mayor violencia.
“La justicia comunitaria tiene que ver con el restablecimiento de las normas en la comunidad, con el equilibrio de restablecer la paz y la convivencia y sus sanciones se aplican de forma moral, es otra forma de proceder con al sabiduría de los pueblos”, dijo.
Villena concluyó que “como no hay información sobre este tema y la gente no conoce ni lee, entra al juego y lo único que hace es acogerse a la justicia comunitaria y ese es un flaco favor a la democracia y al estado de Derecho donde debe imperar la ley”.
La justicia comunitaria es reconocida por la Constitución Política del Estado en el capítulo cuarto referido a la jurisdicción indígena originaria campesina, artículos 190 al 192, donde se establece que “los pueblos ejercerán sus funciones jurisdiccionales y competencias a través de sus autoridades y aplicarán sus principios, valores culturales, normas y procedimientos propios”.
Irã diz que sanções da ONU ao programa nuclear são ‘ilegais e inválidas’
O CSNU certamente não é um cenáculo de juristas ou de sábios cultores do direito internacional. Tampouco seus membros são legisladores universais, nem mesmo com um imaginário mandato expresso na Carta da ONU. Suas decisões e resoluções são eminentemente políticas, não jurídicas. Mesmo assim, se trata do único órgão internacional dotado de legitimidade intrínseca para tomar decisões no campo da paz e da segurança internacionais.
Não se trata, portanto, de saber se o que se decidiu ali é legal, ou não, ou válido, do ponto de vista de um país, mas de saber que suas resoluções são normas obrigatórias que os países têm o dever de cumprir, mesmo os que votaram contra, como o Brasil.
O não cumprimento implica em mais sanções, eventualmente até o recurso à força, se tal se revelar necessário, como foi o caso da "expulsão" do Iraque do Kuwait, em 1991, ou do ataque ao Afeganistão, em 2001. São coisas desagradáveis, mas sempre se deve assumir responsabilidade pelos seus atos. O Irã vai tentar escapar ao controle sobre seu programa nuclear: se escapar, teremos mais um proliferador no planeta, o que certamente não tornará o mundo mais seguro ou pacífico. Esse fato a comunidade internacional precisa decidir o que pretende fazer en relação a ele. O Brasil já disse o que quer: mais diálogo, e não sanções. Só precisa ver se isso funciona com o Irã.
Paulo Roberto de Almeida
Irã diz que sanções da ONU ao programa nuclear são ‘ilegais e inválidas’
Estado de S.Paulo, 18/06/2010
O Irã disse nesta sexta-feira, 18, que as sanções do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) contra seu programa nuclear são ilegais e deveriam ser revogadas.
Em um comunicado divulgado pela agência oficial de notícias IRNA, o Conselho de Segurança Nacional do Irã, que coordena a defesa nacional e a política de segurança, disse que “a entrada do Conselho de Segurança da ONU nas atividades nucleares pacíficas da República Islâmica do Irã é ilegal e inválida.”
As sanções, aprovadas pelo Conselho de Segurança da ONU no dia 10 de junho, e seguidas logo depois por medidas mais rígidas por parte da União Europeia e dos EUA, violam um artigo da Carta da ONU assim como as regras da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), disse o comunicado. “O Conselho (de Segurança da ONU) deveria tomar rapidamente medidas para corrigir os erros do passado”, dizia.
As sanções têm como objetivo frear o enriquecimento de urânio pelo Irã, que segundo o país é pacífico, mas o Ocidente suspeita poder levar à produção de armas nucleares.
As sanções da ONU são direcionadas aos bancos iranianos suspeitos de terem ligações com programas nucleares ou de mísseis. Elas também abrangem embargo de armas e um pedido para um regime de inspeção de carga.
Não se trata, portanto, de saber se o que se decidiu ali é legal, ou não, ou válido, do ponto de vista de um país, mas de saber que suas resoluções são normas obrigatórias que os países têm o dever de cumprir, mesmo os que votaram contra, como o Brasil.
O não cumprimento implica em mais sanções, eventualmente até o recurso à força, se tal se revelar necessário, como foi o caso da "expulsão" do Iraque do Kuwait, em 1991, ou do ataque ao Afeganistão, em 2001. São coisas desagradáveis, mas sempre se deve assumir responsabilidade pelos seus atos. O Irã vai tentar escapar ao controle sobre seu programa nuclear: se escapar, teremos mais um proliferador no planeta, o que certamente não tornará o mundo mais seguro ou pacífico. Esse fato a comunidade internacional precisa decidir o que pretende fazer en relação a ele. O Brasil já disse o que quer: mais diálogo, e não sanções. Só precisa ver se isso funciona com o Irã.
Paulo Roberto de Almeida
Irã diz que sanções da ONU ao programa nuclear são ‘ilegais e inválidas’
Estado de S.Paulo, 18/06/2010
O Irã disse nesta sexta-feira, 18, que as sanções do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) contra seu programa nuclear são ilegais e deveriam ser revogadas.
Em um comunicado divulgado pela agência oficial de notícias IRNA, o Conselho de Segurança Nacional do Irã, que coordena a defesa nacional e a política de segurança, disse que “a entrada do Conselho de Segurança da ONU nas atividades nucleares pacíficas da República Islâmica do Irã é ilegal e inválida.”
As sanções, aprovadas pelo Conselho de Segurança da ONU no dia 10 de junho, e seguidas logo depois por medidas mais rígidas por parte da União Europeia e dos EUA, violam um artigo da Carta da ONU assim como as regras da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), disse o comunicado. “O Conselho (de Segurança da ONU) deveria tomar rapidamente medidas para corrigir os erros do passado”, dizia.
As sanções têm como objetivo frear o enriquecimento de urânio pelo Irã, que segundo o país é pacífico, mas o Ocidente suspeita poder levar à produção de armas nucleares.
As sanções da ONU são direcionadas aos bancos iranianos suspeitos de terem ligações com programas nucleares ou de mísseis. Elas também abrangem embargo de armas e um pedido para um regime de inspeção de carga.
O Brasil a caminho da estupidez - exagerada e rapidamente
Sinto ter de voltar a este assunto constrangedor -- para mim como cidadão brasileiro, sair por aí dizendo a sua pátria amada e mãe gentil está regredindo para uma estupidez ancestral -- mas tenho de fazê-lo pela lógica do ofício de blogueiro amador.
Um blog, por definição, é um espaço público de discussão, e não apenas um exercício narcisístico de exibição pública. Quem faz um, corre o risco de ouvir o que não quer, e aí pode ficar quieto e deixar passar ou entreter o diálogo e o debate. Faz parte do jogo.
Como sou um debatedor de ideias, me compraz responder aos meus comentaristas, geralmente no espaço próprio, que são como essas notas de final de livro que ninguém lê.
Quando é o caso, pela importância do assunto, tomo a iniciativa de "promover" o comentário a post en bonne et due forme, para continuar a discussão em campo aberto, como se diz.
É precisamente o caso deste meu post:
O Brasil a caminho da estupidez - agora sim tenho certeza disso
Um dos meus leitores habituais escreveu o que segue, que transcrevo em itálico, dando a ele a chance de ser bem lido, ouvido, refletido.
Como discordo em 150% do que ele escreveu, retomo mais abaixo para comentar, e agravar o caso, não o dele, pois não ataco pessoas, mas das ideias subjacentes aos seus argumentos, que procuro desmantelar metodicamente, sem qualquer animosidade para com seu autor, pois entendo que ele apenas reflete o estado das "ideias" (!!??), passavelmente estúpidas, que tem curso neste país a caminho da estupidez coletiva (sinto muito ter de ofender as almas sensíveis, mas não tenho por hábito ser tolerante com o que considero serem ideias erradas, e prejudiciais ao nosso desenvolvimento cultural e intelectual.
Segue o que disse o meu interlocutor, cujo nome preferi ocultar neste post, pois não vem ao caso. Ele poderia ser o José Saramago, aliás referido no texto, que eu responderia igual ao que faço.
[Comentarista] deixou um novo comentário sobre a sua postagem "O Brasil a caminho da estupidez - agora sim tenho ...":
EXAGERADO
É difícil aquilatar com precisão quantitativa em que consistiu a contribuição dos índios, dos negros e dos portugueses na formação do povo brasileiro. Dizer, contudo, que "o índio ou o africano em pouco ou nada contribuíram" é de um exagero atroz, uma visão - ou cegueira? - eurocêntrica exacerbada, praticamente beirando as bordas do racismo. O jornalista Janer Cristaldo aparenta não ter conhecimento do livro "Casa Grande e Senzala" de Gilberto Freire, um dos marcos basilares da sociologia brasileira, que aborda o tema da contribuição dessas diferentes culturas na formação do Brasil sem resvalar para o pieguismo. Ele também parece não conhecer psicopedagogia infantil. Há um tempo certo para se ensinar que "papai Noel e contos de fadas" não existem. Quero dizer, há certos temas que não precisam ser expostos para as crianças enquanto não tiverem suficiente maturidade. Por que falar de massacres, genocídios, adultérios, intrigas, entre outras desumanidades, para mentes que ainda estão em formação? Que se veja, primeiramente, o lado positivo das coisas. Mais tarde, os defeitos aparecerão.
PS. A literatura portuguesa está de luto hoje. Faleceu Saramago.
Postado por [Comentarista] no blog Diplomatizzando... em Sexta-feira, Junho 18, 2010 11:58:00 AM
=======
Bem, agora é comigo, e procedo como Jack o Estripador, como se diz frequentemente.
1) "É difícil aquilatar com precisão quantitativa em que consistiu a contribuição dos índios, dos negros e dos portugueses na formação do povo brasileiro."
PRA: Não, não é. Basta você olhar em volta. Vive numa taba, sai todo dia para pescar e caçar, tem uma metalurgia primitiva e vive numa sociedade sem escrita? Vivemos, não numa sociedade portuguesa, ainda que eles tenham sido o PRINCIPAL aporte para a nossa formação cultural, mas numa sociedade europeia, com grande contribuição étnica de africanos de diversas origens (que por isso mesmo não constituem uma cultura unificada) e levíssimas tinturas indígenas, tão leves que são imperceptíveis, a não ser na toponímia geográfica e para por aí.
Eu não sei porque certos brasileiros -- mas isso acontece com outros latino-americanos, também, aliás todos perfeitamente europeus -- têm dificuldade em admitir essa realidade tão evidente que nem é preciso reafirmar. VIVEMOS NUMA SOCIEDADE EUROPEIA, e é dela que vem, QUANTITATIVAMENTE, as principais contribuições para o nosso modo de vida, para a nossa cultura, para o que somos como povo e civilização. Não há nada que o contestador possa fazer para negar isso, a menos que ele queira voltar a suas origens indígenas (que ele certamente não tem) ou supostas raízes africanas (que seria impossível ele ter, pois África existe apenas como referência geográfica, e não se encontra presente em NENHUM dos indivíduos que foram para aqui arrastados como escravos).
2) "Dizer, contudo, que "o índio ou o africano em pouco ou nada contribuíram" é de um exagero atroz, uma visão - ou cegueira? - eurocêntrica exacerbada, praticamente beirando as bordas do racismo."
PRA: Não, não é. Racismo é querer negar a presença MAJORITÁRIA da cultura branca em nossa formação e realizações culturais. Me constrange ter de pedir ao meu comentarista que olhe em volta de si e conclua, em plena sanidade, que, de fato, o índio e o africano em pouco ou nada contribuíram para o que somos atualmente. Não há exagero nisso, trata-se de um statement of fact, uma mera constatação, que só não enxerga quem tem enorme preconceito contra a cultura europeia e ocidental de forma geral. Achar que isso é eurocentrismo é o mesmo que achar que o uso do sistema métrico nos torna todos "galocêntricos", já que foi na Revolução Francesa que se aprovou o novo padrão, hoje quase universal (com exceção de alguns "bárbaros" americanos, que ainda não se renderam ao sistema métrico, para seu prejuizo, aliás, mas não se pode pedir aos americanos que sejam racionais o tempo todo). A bobagem anti-eurocêntrica é tão grande que paro este comentário por aqui.
3) "O jornalista Janer Cristaldo aparenta não ter conhecimento do livro "Casa Grande e Senzala" de Gilberto Freire, um dos marcos basilares da sociologia brasileira, que aborda o tema da contribuição dessas diferentes culturas na formação do Brasil sem resvalar para o pieguismo."
PRA: Bem, convido o meu comentarista a dizer isso ao Janer Cristaldo e esperar a resposta desaforada que ele certamente vai receber. Gilberto Freire foi sem dúvida um grande sociólogo e antropólogo, mas transformar a sua obra de interpretação do BRASIL COLONIAL em padrão obrigatório de compreensão do BRASIL ATUAL é de uma cegueira metodológica digna de quem acha que a Bíblia ainda tem a explicação certa para as origens da Terra e da vida na Terra. A sociedade colonial brasileira, mais a nordestina do que as do sul, tinha sim grande influência dos povos indígenas e africanos que estavam sendo incorporados na leve camada de ocupação portuguesa dos séculos 16 a 18. Agora considerar que isso se mantém no Brasil urbanizado, maciçamente penetrado por levas e levas de imigrantes europeus nos últimos 150 anos, é digno daqueles Amish people dos EUA, que pretendem ainda viver como se estivessem no século 18, antes da invenção do mundo moderno, com seus carros e eletricidade. Sinto muito mas isso ofende minha imperfeita condição de cidadão atento para a cronologia do mundo.
4) "Ele também parece não conhecer psicopedagogia infantil. Há um tempo certo para se ensinar que "papai Noel e contos de fadas" não existem. Quero dizer, há certos temas que não precisam ser expostos para as crianças enquanto não tiverem suficiente maturidade. Por que falar de massacres, genocídios, adultérios, intrigas, entre outras desumanidades, para mentes que ainda estão em formação? Que se veja, primeiramente, o lado positivo das coisas. Mais tarde, os defeitos aparecerão."
PRA: "Ele" é ainda o Janer Cristaldo, a quem sugiro que meu interlocutor envie seus comentários para mim incompreensíveis. Ele acha que se pode falar que os índios viviam em harmonia com a natureza, que eles eram ecologicamente corretos avant la lettre, mas que não se pode dizer que eles comiam os inimigos vencidos em batalhas, que eles praticavam o infantícidio e o abandono dos mais velhos na floresta, que os africanos praticavam, sim, a escravidão, muitos séculos antes da chegada dos europeus naquele continente, que os traficantes muçulmanos foram responsáveis por números incomensuravelmente mais elevados de escravização de africanos (e isso até uma data recente, pois a escravidão só foi extinta na Arábia Saudita em 1961, e na Mauritânia em 1975, e isso ainda não se concretizou), enfim que todo mundo era bonzinho na natureza pré-colombiana e africana, e que só os europeus foram malvados e impediram os dois povos de exercerem a sua "verdadeira natureza".
Esse tipo de bobagem é tão grande que eu só posso recomendar ao meu interlocutor que leia mais história e aprenda um pouco sobre a realidade das coisas.
Finalmente: se as crianças podem ouvir que o lobo mau comeu a vovózinha, qual é o problema de dizer que os potiguares comeram o bispo Sardinha?
5) "A literatura portuguesa está de luto hoje. Faleceu Saramago."
PRA: Pode até ser. Reconheço que ele escreveu algumas obras interessantes, mas seu estilo divergente dos padrões formais a que estamos acostumados tornava sua leitura um exercício um pouco mais complicado do que outras obras mais "normais". Enfim, literatura é uma questão de gosto.
Mas se a literatura portuguesa está de luto, a política contemporânea se libertou de um grande idiota, e a economia mais ainda. Sua adesão às mais abjetas ditaduras comunistas no mundo atual -- como o fez em relação a Cuba até uma data ainda recente, só divergindo, parcialmente, quando Fidel mandou fuzilar alguns balseros que tentavam simplesmente fugir do inferno cubano -- e sua postura anticapitalista e antiglobalizadora, só provam uma coisa: que grandes escritores podem ser também péssimos avaliadores das realidades políticas e econômicas do mundo atual. O apoio que Saramago deu a Cuba durante anos e anos seguidos não era apenas indecente e imoral, mas era também criminoso, pois um grande escritor como ele poderia contribuir para minimizar, que fosse um pouquinho, o sofrimento de todo um povo sob uma das mais abjetas ditaduras que se conhecem. Coloco-o, junto com Garcia Marquez, na categoria de assassinos intelectuais, de cúmplices morais de ditaduras comunistas, de inocentes inúteis na grande causa dos direitos humanos, das liberdades democráticas e da dignidade humana. Pessoas como ele, que poderiam ter se pronunciado sobre esses crimes e não o fizeram, são anões morais e não merecem nenhum respeito da parte dos que se batem pela afirmação desses direitos.
Bem, creio que era o que tinha a comentar sobre o que disse meu interlocutor.
E sinto ter de confirmar, mais uma vez, que vejo o Brasil caminhando rapidamente para a estupidez. Infelizmente, corrigir tudo isso vai levar tempo, pois o tipo de argumento exposto acima pertence à categoria das verdades reveladas que se ouvem todos os dias em nossas escolas e universidades.
A caminho da decadência, Brasil...
(mas sem a minha conivência ou complacência).
Paulo Roberto de Almeida
(Shanghai, 19.06.2010)
Um blog, por definição, é um espaço público de discussão, e não apenas um exercício narcisístico de exibição pública. Quem faz um, corre o risco de ouvir o que não quer, e aí pode ficar quieto e deixar passar ou entreter o diálogo e o debate. Faz parte do jogo.
Como sou um debatedor de ideias, me compraz responder aos meus comentaristas, geralmente no espaço próprio, que são como essas notas de final de livro que ninguém lê.
Quando é o caso, pela importância do assunto, tomo a iniciativa de "promover" o comentário a post en bonne et due forme, para continuar a discussão em campo aberto, como se diz.
É precisamente o caso deste meu post:
O Brasil a caminho da estupidez - agora sim tenho certeza disso
Um dos meus leitores habituais escreveu o que segue, que transcrevo em itálico, dando a ele a chance de ser bem lido, ouvido, refletido.
Como discordo em 150% do que ele escreveu, retomo mais abaixo para comentar, e agravar o caso, não o dele, pois não ataco pessoas, mas das ideias subjacentes aos seus argumentos, que procuro desmantelar metodicamente, sem qualquer animosidade para com seu autor, pois entendo que ele apenas reflete o estado das "ideias" (!!??), passavelmente estúpidas, que tem curso neste país a caminho da estupidez coletiva (sinto muito ter de ofender as almas sensíveis, mas não tenho por hábito ser tolerante com o que considero serem ideias erradas, e prejudiciais ao nosso desenvolvimento cultural e intelectual.
Segue o que disse o meu interlocutor, cujo nome preferi ocultar neste post, pois não vem ao caso. Ele poderia ser o José Saramago, aliás referido no texto, que eu responderia igual ao que faço.
[Comentarista] deixou um novo comentário sobre a sua postagem "O Brasil a caminho da estupidez - agora sim tenho ...":
EXAGERADO
É difícil aquilatar com precisão quantitativa em que consistiu a contribuição dos índios, dos negros e dos portugueses na formação do povo brasileiro. Dizer, contudo, que "o índio ou o africano em pouco ou nada contribuíram" é de um exagero atroz, uma visão - ou cegueira? - eurocêntrica exacerbada, praticamente beirando as bordas do racismo. O jornalista Janer Cristaldo aparenta não ter conhecimento do livro "Casa Grande e Senzala" de Gilberto Freire, um dos marcos basilares da sociologia brasileira, que aborda o tema da contribuição dessas diferentes culturas na formação do Brasil sem resvalar para o pieguismo. Ele também parece não conhecer psicopedagogia infantil. Há um tempo certo para se ensinar que "papai Noel e contos de fadas" não existem. Quero dizer, há certos temas que não precisam ser expostos para as crianças enquanto não tiverem suficiente maturidade. Por que falar de massacres, genocídios, adultérios, intrigas, entre outras desumanidades, para mentes que ainda estão em formação? Que se veja, primeiramente, o lado positivo das coisas. Mais tarde, os defeitos aparecerão.
PS. A literatura portuguesa está de luto hoje. Faleceu Saramago.
Postado por [Comentarista] no blog Diplomatizzando... em Sexta-feira, Junho 18, 2010 11:58:00 AM
=======
Bem, agora é comigo, e procedo como Jack o Estripador, como se diz frequentemente.
1) "É difícil aquilatar com precisão quantitativa em que consistiu a contribuição dos índios, dos negros e dos portugueses na formação do povo brasileiro."
PRA: Não, não é. Basta você olhar em volta. Vive numa taba, sai todo dia para pescar e caçar, tem uma metalurgia primitiva e vive numa sociedade sem escrita? Vivemos, não numa sociedade portuguesa, ainda que eles tenham sido o PRINCIPAL aporte para a nossa formação cultural, mas numa sociedade europeia, com grande contribuição étnica de africanos de diversas origens (que por isso mesmo não constituem uma cultura unificada) e levíssimas tinturas indígenas, tão leves que são imperceptíveis, a não ser na toponímia geográfica e para por aí.
Eu não sei porque certos brasileiros -- mas isso acontece com outros latino-americanos, também, aliás todos perfeitamente europeus -- têm dificuldade em admitir essa realidade tão evidente que nem é preciso reafirmar. VIVEMOS NUMA SOCIEDADE EUROPEIA, e é dela que vem, QUANTITATIVAMENTE, as principais contribuições para o nosso modo de vida, para a nossa cultura, para o que somos como povo e civilização. Não há nada que o contestador possa fazer para negar isso, a menos que ele queira voltar a suas origens indígenas (que ele certamente não tem) ou supostas raízes africanas (que seria impossível ele ter, pois África existe apenas como referência geográfica, e não se encontra presente em NENHUM dos indivíduos que foram para aqui arrastados como escravos).
2) "Dizer, contudo, que "o índio ou o africano em pouco ou nada contribuíram" é de um exagero atroz, uma visão - ou cegueira? - eurocêntrica exacerbada, praticamente beirando as bordas do racismo."
PRA: Não, não é. Racismo é querer negar a presença MAJORITÁRIA da cultura branca em nossa formação e realizações culturais. Me constrange ter de pedir ao meu comentarista que olhe em volta de si e conclua, em plena sanidade, que, de fato, o índio e o africano em pouco ou nada contribuíram para o que somos atualmente. Não há exagero nisso, trata-se de um statement of fact, uma mera constatação, que só não enxerga quem tem enorme preconceito contra a cultura europeia e ocidental de forma geral. Achar que isso é eurocentrismo é o mesmo que achar que o uso do sistema métrico nos torna todos "galocêntricos", já que foi na Revolução Francesa que se aprovou o novo padrão, hoje quase universal (com exceção de alguns "bárbaros" americanos, que ainda não se renderam ao sistema métrico, para seu prejuizo, aliás, mas não se pode pedir aos americanos que sejam racionais o tempo todo). A bobagem anti-eurocêntrica é tão grande que paro este comentário por aqui.
3) "O jornalista Janer Cristaldo aparenta não ter conhecimento do livro "Casa Grande e Senzala" de Gilberto Freire, um dos marcos basilares da sociologia brasileira, que aborda o tema da contribuição dessas diferentes culturas na formação do Brasil sem resvalar para o pieguismo."
PRA: Bem, convido o meu comentarista a dizer isso ao Janer Cristaldo e esperar a resposta desaforada que ele certamente vai receber. Gilberto Freire foi sem dúvida um grande sociólogo e antropólogo, mas transformar a sua obra de interpretação do BRASIL COLONIAL em padrão obrigatório de compreensão do BRASIL ATUAL é de uma cegueira metodológica digna de quem acha que a Bíblia ainda tem a explicação certa para as origens da Terra e da vida na Terra. A sociedade colonial brasileira, mais a nordestina do que as do sul, tinha sim grande influência dos povos indígenas e africanos que estavam sendo incorporados na leve camada de ocupação portuguesa dos séculos 16 a 18. Agora considerar que isso se mantém no Brasil urbanizado, maciçamente penetrado por levas e levas de imigrantes europeus nos últimos 150 anos, é digno daqueles Amish people dos EUA, que pretendem ainda viver como se estivessem no século 18, antes da invenção do mundo moderno, com seus carros e eletricidade. Sinto muito mas isso ofende minha imperfeita condição de cidadão atento para a cronologia do mundo.
4) "Ele também parece não conhecer psicopedagogia infantil. Há um tempo certo para se ensinar que "papai Noel e contos de fadas" não existem. Quero dizer, há certos temas que não precisam ser expostos para as crianças enquanto não tiverem suficiente maturidade. Por que falar de massacres, genocídios, adultérios, intrigas, entre outras desumanidades, para mentes que ainda estão em formação? Que se veja, primeiramente, o lado positivo das coisas. Mais tarde, os defeitos aparecerão."
PRA: "Ele" é ainda o Janer Cristaldo, a quem sugiro que meu interlocutor envie seus comentários para mim incompreensíveis. Ele acha que se pode falar que os índios viviam em harmonia com a natureza, que eles eram ecologicamente corretos avant la lettre, mas que não se pode dizer que eles comiam os inimigos vencidos em batalhas, que eles praticavam o infantícidio e o abandono dos mais velhos na floresta, que os africanos praticavam, sim, a escravidão, muitos séculos antes da chegada dos europeus naquele continente, que os traficantes muçulmanos foram responsáveis por números incomensuravelmente mais elevados de escravização de africanos (e isso até uma data recente, pois a escravidão só foi extinta na Arábia Saudita em 1961, e na Mauritânia em 1975, e isso ainda não se concretizou), enfim que todo mundo era bonzinho na natureza pré-colombiana e africana, e que só os europeus foram malvados e impediram os dois povos de exercerem a sua "verdadeira natureza".
Esse tipo de bobagem é tão grande que eu só posso recomendar ao meu interlocutor que leia mais história e aprenda um pouco sobre a realidade das coisas.
Finalmente: se as crianças podem ouvir que o lobo mau comeu a vovózinha, qual é o problema de dizer que os potiguares comeram o bispo Sardinha?
5) "A literatura portuguesa está de luto hoje. Faleceu Saramago."
PRA: Pode até ser. Reconheço que ele escreveu algumas obras interessantes, mas seu estilo divergente dos padrões formais a que estamos acostumados tornava sua leitura um exercício um pouco mais complicado do que outras obras mais "normais". Enfim, literatura é uma questão de gosto.
Mas se a literatura portuguesa está de luto, a política contemporânea se libertou de um grande idiota, e a economia mais ainda. Sua adesão às mais abjetas ditaduras comunistas no mundo atual -- como o fez em relação a Cuba até uma data ainda recente, só divergindo, parcialmente, quando Fidel mandou fuzilar alguns balseros que tentavam simplesmente fugir do inferno cubano -- e sua postura anticapitalista e antiglobalizadora, só provam uma coisa: que grandes escritores podem ser também péssimos avaliadores das realidades políticas e econômicas do mundo atual. O apoio que Saramago deu a Cuba durante anos e anos seguidos não era apenas indecente e imoral, mas era também criminoso, pois um grande escritor como ele poderia contribuir para minimizar, que fosse um pouquinho, o sofrimento de todo um povo sob uma das mais abjetas ditaduras que se conhecem. Coloco-o, junto com Garcia Marquez, na categoria de assassinos intelectuais, de cúmplices morais de ditaduras comunistas, de inocentes inúteis na grande causa dos direitos humanos, das liberdades democráticas e da dignidade humana. Pessoas como ele, que poderiam ter se pronunciado sobre esses crimes e não o fizeram, são anões morais e não merecem nenhum respeito da parte dos que se batem pela afirmação desses direitos.
Bem, creio que era o que tinha a comentar sobre o que disse meu interlocutor.
E sinto ter de confirmar, mais uma vez, que vejo o Brasil caminhando rapidamente para a estupidez. Infelizmente, corrigir tudo isso vai levar tempo, pois o tipo de argumento exposto acima pertence à categoria das verdades reveladas que se ouvem todos os dias em nossas escolas e universidades.
A caminho da decadência, Brasil...
(mas sem a minha conivência ou complacência).
Paulo Roberto de Almeida
(Shanghai, 19.06.2010)
Chavez: montando um pre-exilio na Argentina?
A pergunta pode parecer absurda, mas me veio a mente ao ler sobre todos esses negócios escusos entre os K e Mister Chávez. Quem sabe?
Argentina: New roads for Chávez
Carolina Barros
Buenos Aires Herald (Argentina), June 14, 2010
All roads ultimately lead to the Venezuela of Chávez. But the uproar over the 15 percent commissions, the dollar-laden suitcases and an elastic Argentine-Venezuelan trust holding (which from the original 231 million dollars agreed in 2004 has mushroomed to over two billion with the welter of deals and agreements, leading Government House to now deny its existence) has obliged the latest projects between Caracas and Buenos Aires to seek new short cuts by other financial routes.
Like the Bolivarian plan for the commercial control of the Hidrovía (the waterway connection via the Paraná and Paraguay Rivers between the River Plate estuary, the Argentine Northwest, Uruguay, Paraguay, Bolivia and southern Brazil). How? By creating a huge Argentine-Venezuelan fleet which was originally christened Fluvialba, a combination of the Argentine-Paraguayan Fluviomar and the Venezuelan Albanave, one of the countless divisions or sub-holdings of the Venezuelan state oil company PDVSA. Its funding was initially designed to fall under the vast umbrella of the bilateral trust holding established in 2004 but the uproar over irregularities has prompted the contractual parties to go looking for less shady means since last December.
The original plans for a Bolivarian fleet date from early 2009 but only took on life last December after Hugo Chávez visited the Tandanor shipyards and signed with his local colleague Cristina Fernández de Kirchner a letter of intent for the construction of 50 barges, 10 tugs and six unloading vessels with Tandanor (which depends on the Defence Ministry) acting as the “co-ordinator” of the construction contracts with various shipyards. These vessels serve only one purpose: to monopolize the upstream transport of fossil fuels (Venezuelan, obviously), returning with a freight which could include iron ore and lithium, as well as grain.
Tender. During the last trip of President Kirchner to Caracas on April 20, the two governments signed 25 agreements. Of these, the 14th and the 25th refer to “receipt of the tender to build barges and freighters for river transport between Tandanor and Fluvialba” and the “creation of a mixed capital company between PDVSA Argentina and Fluviomar with the legal denomination of Fluvialba,” respectively.
At the end of April, the Herald was assured by both Tandanor and Caracas sources that the “meeting point” (Chávez jargon for having the strongman’s signature and the corresponding funding already arranged) already existed but the contract (with an estimated value of 100 million dollars) could only be signed at the end of May because a legal framework similar to the 2004 trust holding was being sought.
Nobody talks about that today, as Tandanor director Omar Riveiro confirmed when consulted by the Herald: “We rule out a trust holding and we’re ready to sign but the problem is that we have no shipper or consignee since Fluvialba has yet to be established.”
He might well say so since in shipping circles they say that Fluviomar is virtually broke but was chosen by Chávez because of its CEO Andrés Guzmán’s excellent relationship with both Paraguayan President Fernando Lugo and Chávez himself.
Banco Nación. As for financing the Bolivarian fleet (yet to be designated), this will probably proceed via letters of credit from Banco Nación “always provided that it is legally domiciled in Caracas or Buenos Aires,” according to Tandanor, not without pointing out that first they ruled out tax havens such as the Virgin Islands, Panama and even Uruguay in order to set up the firm.
In the market they assure that the Bolivarian fleet will sail under three flags (Argentina, Paraguay and Venezuela) and that it will flood Mercosur with Venezuelan fuel. They also say that Petropar, the Paraguayan oil company, is trapped by its debts to PDVSA (over 500 million dollars)and that the Argentine-Paraguayan-Venezuelan venture seeks to displace Horamar, the navigation company of the López brothers, which currently dominates fuel oil transport in the Hidrovía.
There is also some hard data: between December and now, the fleet plans have been scaled down to the construction of only 50 barges, to be delivered in three stages over five years. The 30 smaller vessels (2,500 tons, for grain and minerals) will be outsourced among Argentine shipyards (Torresint of Puerto Deseado and Astilleros Corrientes). As for the 20 larger vessels (6,500 tons and double-decker for fuel transport), Tandanor itself could take charge.
“That is, if everything goes according to plan and in 10 days we sign the contract,” says Riveiro.
Argentina: New roads for Chávez
Carolina Barros
Buenos Aires Herald (Argentina), June 14, 2010
All roads ultimately lead to the Venezuela of Chávez. But the uproar over the 15 percent commissions, the dollar-laden suitcases and an elastic Argentine-Venezuelan trust holding (which from the original 231 million dollars agreed in 2004 has mushroomed to over two billion with the welter of deals and agreements, leading Government House to now deny its existence) has obliged the latest projects between Caracas and Buenos Aires to seek new short cuts by other financial routes.
Like the Bolivarian plan for the commercial control of the Hidrovía (the waterway connection via the Paraná and Paraguay Rivers between the River Plate estuary, the Argentine Northwest, Uruguay, Paraguay, Bolivia and southern Brazil). How? By creating a huge Argentine-Venezuelan fleet which was originally christened Fluvialba, a combination of the Argentine-Paraguayan Fluviomar and the Venezuelan Albanave, one of the countless divisions or sub-holdings of the Venezuelan state oil company PDVSA. Its funding was initially designed to fall under the vast umbrella of the bilateral trust holding established in 2004 but the uproar over irregularities has prompted the contractual parties to go looking for less shady means since last December.
The original plans for a Bolivarian fleet date from early 2009 but only took on life last December after Hugo Chávez visited the Tandanor shipyards and signed with his local colleague Cristina Fernández de Kirchner a letter of intent for the construction of 50 barges, 10 tugs and six unloading vessels with Tandanor (which depends on the Defence Ministry) acting as the “co-ordinator” of the construction contracts with various shipyards. These vessels serve only one purpose: to monopolize the upstream transport of fossil fuels (Venezuelan, obviously), returning with a freight which could include iron ore and lithium, as well as grain.
Tender. During the last trip of President Kirchner to Caracas on April 20, the two governments signed 25 agreements. Of these, the 14th and the 25th refer to “receipt of the tender to build barges and freighters for river transport between Tandanor and Fluvialba” and the “creation of a mixed capital company between PDVSA Argentina and Fluviomar with the legal denomination of Fluvialba,” respectively.
At the end of April, the Herald was assured by both Tandanor and Caracas sources that the “meeting point” (Chávez jargon for having the strongman’s signature and the corresponding funding already arranged) already existed but the contract (with an estimated value of 100 million dollars) could only be signed at the end of May because a legal framework similar to the 2004 trust holding was being sought.
Nobody talks about that today, as Tandanor director Omar Riveiro confirmed when consulted by the Herald: “We rule out a trust holding and we’re ready to sign but the problem is that we have no shipper or consignee since Fluvialba has yet to be established.”
He might well say so since in shipping circles they say that Fluviomar is virtually broke but was chosen by Chávez because of its CEO Andrés Guzmán’s excellent relationship with both Paraguayan President Fernando Lugo and Chávez himself.
Banco Nación. As for financing the Bolivarian fleet (yet to be designated), this will probably proceed via letters of credit from Banco Nación “always provided that it is legally domiciled in Caracas or Buenos Aires,” according to Tandanor, not without pointing out that first they ruled out tax havens such as the Virgin Islands, Panama and even Uruguay in order to set up the firm.
In the market they assure that the Bolivarian fleet will sail under three flags (Argentina, Paraguay and Venezuela) and that it will flood Mercosur with Venezuelan fuel. They also say that Petropar, the Paraguayan oil company, is trapped by its debts to PDVSA (over 500 million dollars)and that the Argentine-Paraguayan-Venezuelan venture seeks to displace Horamar, the navigation company of the López brothers, which currently dominates fuel oil transport in the Hidrovía.
There is also some hard data: between December and now, the fleet plans have been scaled down to the construction of only 50 barges, to be delivered in three stages over five years. The 30 smaller vessels (2,500 tons, for grain and minerals) will be outsourced among Argentine shipyards (Torresint of Puerto Deseado and Astilleros Corrientes). As for the 20 larger vessels (6,500 tons and double-decker for fuel transport), Tandanor itself could take charge.
“That is, if everything goes according to plan and in 10 days we sign the contract,” says Riveiro.
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