sábado, 3 de setembro de 2011

China: os custos do capitalismo de Estado - The Economist

Este editorial da Economist é especialmente dirigido para aqueles -- vou evitar qualificativos, por uma vez -- que acreditam que o melhor sistema não é o capitalismo liberal (ou neoliberal, ou laissez-faire, whatever), nem o socialismo centralizado, e sim uma economia de mercado controlada, monitorada, dirigida pelo Estado, para corrigir as "falhas de mercado", a "ganância" dos especuladores, a exploração capitalista, enfim, as deficiências do capitalismo, que seriam todas pelo lado negativo, e que professores ignorantes atribuem às perversidades e contradições naturais do "modo de produção burguês", como diria Marx.

Quando eu estava na China, um ano atrás, os produtos mais vendidos em Hong Kong eram, pela ordem:
1) livros proibidos na China
2) leite em pó

Pode parecer surpreendente que leite em pó, um produto tão, digamos, anódino, pudesse figurar no topo da lista, logo depois de livros, que só deveriam interessar a minoria "minorantíssima"de intelectuais chineses que podiam viajar e se informar por trás da muralha de aço da censura chinesa. Mas isso deve fazer menos de 0,000001 da população chinesa.
Mais numerosas eram, certamente, as mães desesperadas que iam buscar em Hong Kong o leite em pó seguro para seus bebês, dado que leite em pó contaminado com substâncias químicas tinham matado alguns milhares de bebês no continente. Deve ser mesmo desesperador ter seu único filho levado embora por produtos contaminados que capitalistas gananciosos (esses, sim, merecem o nome) produziram com autorização ou sem autorização de um Estado corrupto.

Pois é, aqueles economistas (petistas ou não) que enchem a boca para falar do "capitalismo de Estado" chinês deveriam levar em conta essas realidades prosaicas, que não estão neste editorial da Economist, mas que são por mim relembradas, a título de ensinamento sobre como pode ser perverso o tal de capitalismo de Estado.
Melhor ficar com o capitalismo neoliberal dos explorados capitalistas e dos gananciosos especuladores. Esses, pelo menos, a vigilância dos consumidores e a concorrência desenfreada natural do capitalismo consegue eliminar de vez em quando. Quanto a capitalistas do Estado, se trata de uma erva daninha muito difícil de extirpar...
Paulo Roberto de Almeida


Government and business in China

Privatisation with Chinese characteristics

The hidden costs of state capitalism

AFTER a deadly high-speed train crash in Zhejiang province in July, the authorities sent bulldozers to bury the wreckage. The crash was an embarrassment; a reminder that China’s state-directed rush to modernise has involved cut corners, shoddy safety standards and a staggering amount of corruption. That contradicted the official storyline, in which China has become the world’s second-largest economy thanks to the Communist Party’s wise guidance. Rather than grapple with awkward counter-evidence, the party tried to bury it.
No wonder it is so hard to judge China’s state-led economic model. The government’s actions lie hidden beneath hundreds of tonnes of secrecy, and beyond easy measurement. But as our briefing this week makes clear, China’s semi-privatised companies are both more varied and less admirable than is popularly understood.
Under Mao, it was simple. The government controlled everything and ran it into the ground. Those days are gone. Since 1993 Beijing has encouraged gaizhi for state-owned enterprises, which means “changing the system”. Between 1995 and 2001 the number of state-owned and state-controlled enterprises fell by nearly two-thirds, from 1.2m to 468,000, and the proportion of urban workers employed in the state sector fell by nearly half, from 59% to 32%. Yetgaizhi is not simply a euphemism for “privatisation”; it has also created a variety of public-private hybrids.
At one end of the spectrum are the giant state-controlled enterprises in industries which the government considers “strategic”, such as banking, telecoms or transport. Such firms may have sold minority stakes to private investors, but they operate more or less like government ministries. Examples include China Construction Bank, a huge backer of infrastructure projects, and China Mobile, a big mobile-phone carrier.
Next come the joint ventures between private (often foreign) companies and Chinese state-backed entities. Typically, the foreign firm brings technology and its Chinese partner provides access to the Chinese market. Joint ventures are common in fields such as carmaking, logistics and agriculture.
A third group of firms appears to be fully private, in that the government owns no direct stake in them. Their bosses are not political appointees, and they are rewarded for commercial success rather than meeting political goals. But they are still subject to frequent meddling. If they are favoured, state-controlled banks will provide them with cheap loans and bureaucrats will nobble their foreign competitors. Such meddling is common in areas such as energy and the internet.
A fourth flavour of Chinese firm is fuelled by investment by local government, often through municipally owned venture-capital or private-equity funds. These funds typically back businesses that dabble in clean tech or hire locals.
These firms with their various sorts of state influence have several strengths. They invest patiently, unruffled by the short-term demands of the stockmarket. They help the government pursue its long-term goals, such as finding alternatives to fossil fuels. They build the roads, bridges, dams, ports and railways that China needs to sustain its rapid economic growth.
Crowding out the true bamboo capitalists
But statism has big costs, too. The first is corruption. When local bigwigs can award contracts to firms which they themselves control, graft spreads like bird flu. Sometimes well-connected shell firms take a fat cut and then pass the real work on to subcontractors, with scant regard for standards. The second problem is that big state-backed enterprises crowd out small entrepreneurial ones. They gobble up capital that China’s genuinely private firms could use far more efficiently, amassing bad debts that will eventually cause China big trouble. They rig the game in other ways, too, enjoying privileged access to land and permits. Small private firms are often unsure whether what they do is even legal. The rise of local-government venture funds creates yet more opportunities for abuse. Some of these funds will invest wisely, but many will pursue non-commercial goals, from job creation to crony enrichment.
None of this has stopped China from growing at a dizzying pace. But the quality of growth matters too, as the middle-class protesters in Zhejiang indicate (see article). China’s leaders should beware the hidden costs of state capitalism.

Onze de Setembro: dez anos depois - uma analise PRA um ano apos (2002)

Ao aproximar-se a data dos dez anos dos atentados de Onze de Setembro nos EUA, fui solicitado a produzir alguns artigos a respeito. Já fiz dois (ou três) e me preparo para fazer mais um.
Mas, por acaso, recebo da editoria do Meridiano 47, um excelente boletim eletrônico associado ao site eletrônico Mundorama.net, uma recompilação de antigos artigos publicados por mim nesse boletim desde tempos imemoriais (ok, desde 2000 aproximadamente), apenas para fins de registro e ordenamento da base de dados eletrônica.
Acabo de receber esta "notícia":

 Paulo Roberto Almeida, 
Agradecemos a submissão do seu manuscrito intitulado "A América Latina e os Estados Unidos desde o 11 de setembro de 2001", submetido à apreciação do Conselho Editorial do Boletim Meridiano 47.

 Ainda não reli esse artigo, que foi escrito em meados de 2002. Posto aqui e deixo à apreciação dos interessados. Eu mesmo vou reler agora, antes de fazer meu terceiro (ou quarto) artigo a respeito.
 Por acaso, ainda uma vez, ao tentar repescar esse artigo nos meus arquivos organizados mas excessivamente carregados de inéditos, encontrei este registro, que vou verificar agora:

 881. “Os Estados Unidos e a ordem mundial pós-11 de setembro: Implicações para o Brasil e sua diplomacia”, Washington, 24 março 2002, 26 p. Ensaio analítico compreendendo os seguintes pontos: 1. O significado do 11 de setembro para os EUA e as relações internacionais; 2. O 11 de setembro e a reação dos EUA: velhos demônios, novas prioridades; 3. Efeitos sobre a ordem internacional e a globalização: rupturas e continuidades; 4. O caso do hegemonismo benevolente: dos “mais iguais” ao Big Brother?; 5. O Brasil e a nova ordem mundial pós-11 de setembro: a política da economia. Revisto em 23.04.02.

 Este o artigo referido mais acima:
 934. “A América Latina e os Estados Unidos desde o 11 de setembro de 2001”, Washington, 10 ago. 2002, 5 p. Artigo sobre a evolução política, econômica e social da região desde os atentados terroristas. Publicado na revista eletrônica Espaço Acadêmico (a. II, n. 15, 08.2002, http://www.espacoacademico.com.br/015/15pra01.htm); sob o título “América Latina: A sul nada de novo” in O Mundo em Português, revista mensal de assuntos internacionais (Lisboa: IEEI, a. III, n. 36, set. 2002, p. 28-30), no boletim no Meridiano 47 (Brasília: ISSSN 1518-1219, n. 27, out. 2002, p. 3-5; link: http://www.mundorama.info/Mundorama/Meridiano_47_-_1-100_files/Meridiano_27.pdf).

 Aqui abaixo:

  A América Latina e os Estados Unidos desde o 11 de setembro de 2001 (2002)

 No dia 11 de setembro de 2001, toda a América Latina (à exceção de Cuba) se encontrava reunida com os Estados Unidos (mais o Canadá) em Lima, num evento que parecia representar uma etapa mais avançada do relacionamento político no hemisfério: se tratava da 18a. Assembléia Geral da Organização dos Estados Americanos, durante a qual foi aprovada a “Carta Democrática Interamericana”, introduzindo oficialmente nos mecanismos da OEA a chamada “cláusula democrática”, cujo texto reza que “A ruptura da ordem democrática ou uma alteração da ordem constitucional que afete gravemente a ordem democrática em um Estado-membro constitui, enquanto persista, um obstáculo insuperável para a participação de seu governo nas sessões da Assembléia Geral”.
Na mesma manhã, os ataques terroristas em Nova York e em Washington provocaram a saída precipitada do Secretário de Estado Colin Powell dessa reunião e, de fato, a partir de então, uma outra série de prioridades políticas passou a presidir essa nova etapa o relacionamento hemisférico.
O mundo ficou menos diversificado, os países foram classificados em amigos ou inimigos e a luta contra o terrorismo foi elevada ao primeiro escalão das preocupações dos Estados Unidos.
O México, cujo presidente acabava de fazer uma visita de estado aos EUA e que esperava colher frutos em termos de facilidades imigratórias e de incremento das relações econômicas bilaterais, viu-se rudemente tratado como possível fonte de perigos políticos, ao manter com o gigante do Norte uma fronteira porosa através da qual todos os tipos de tráficos – de pessoas, de drogas e de dinheiro – tenta se insinuar nos EUA. Vicente Fox, aliás, tinha acabado de anunciar no Congresso americano e na própria OEA que o TIAR (Tratado Interamericano de Assistência Recíproca, de 1947) era um instrumento da Guerra Fria, merecendo, como tal, ser jogado na lata de lixo da história.

Nesse momento, quando não se tinha ainda concebido uma estratégia hemisférica de resposta a esses bárbaros atentados terroristas contra os EUA, coube ao governo brasileiro, oportunamente relembrado pelos mexicanos desse anacrônico tratado de defesa conjunta contra as ameaças do comunismo, tomar a iniciativa de coordenar um movimento de solidariedade continental, mobilizando justamente esse vetusto tratado da Guerra Fria, como forma de demonstrar o compromisso comum dos países americanos com o repúdio aos atos terroristas e em favor da adoção de medidas conjuntas para prevenir e evitar esse tipo de ação inaceitável no contexto do mundo civilizado.

A Carta Democrática, que se destinava a ampliar o alcance da Decisão 1080 adotada em Santiago do Chile em 1990, ficou temporariamente esquecida, tanto que o próprio Secretário-Geral da OEA não foi muito rápido em invocá-la quando, poucos meses depois, irrompia em Caracas o movimento civil-militar que pretendia derrubar o governo democraticamente eleito do presidente Hugo Chavez, golpe, por sinal, muito bem recebido em Washington. A partir de então, o panorama mudou significativamente na América Latina, com uma deterioração geral das condições econômicas, políticas e sociais.
A indiferença manifestada pelos EUA em relação aos problemas econômicos e sociais de uma região que notoriamente não se situava no eixo principal das preocupações monotemáticas do novo Império assim como a mini-recessão americana se aliaram para deixar o continente entregue à sua própria sorte. Argentina entrou em crise terminal e o efeito contágio não deixou de abalar o imenso Brasil e o pequeno Uruguai, obrigando a ambos a recorrerem a empréstimos emergenciais do Fundo Monetário Internacional. A taxa de crescimento das economias latino-americanas, que tinha se situado na faixa de 2,5 a 3% durante toda a segunda metade dos anos 90, voltou a cair para cerca de 1% desde 2001.
No Mercosul, que responde por mais da metade do produto e do comércio regionais, a tendência para a baixa foi ainda mais importante, com a redução à metade dos volumes de intercâmbio entre os países membros. Os preços dos produtos primários, que constituem ainda a principal fonte de renda na região, encontram-se nos patamares mais baixos das últimas duas décadas, e o nível das exportações deve ainda cair mais um pouco em 2002. No plano político, o recrudescimento da agitação social e política atingiu quase todos os países da América do Sul, em especial os andinos, com as exceções notáveis do Brasil e do Chile, ao passo que a Colômbia, a Venezuela e o Paraguai conheciam novos patamares de suas crises políticas respectivas, com perda de vidas humanas e uma infeliz demonstração de incapacidade de suas lideranças políticas em equacionar duravelmente a profunda divisão em que essas sociedades se encontram mergulhadas. O sistema político venezuelano, já desmantelado pelas suas próprias mazelas e pelo ariete populista do chavismo, encontrava-se totalmente fraturado e incapaz de responder às necessidades de ajuste econômico e de relance do diálogo político.

Depois do Peru, o país caribenho também teve de passar pelos bons ofícios da unidade de democracria da OEA para tentar restabelecer uma aparência de consenso. Na Colômbia, que acaba de eleger um presidente ainda mais à direita que os conservadores tradicionais, não parece haver perspectiva para uma solução política ou militar a um conflito que se arrasta há quase duas gerações. Não obstante, os países que estavam em Lima no dia 11 de setembro de 2001, são também os mesmos que, desde dezembro de 1994, encontram-se engajados no processo negociador de uma área de livre comércio hemisférica, a Alca, iniciativa dos EUA e que corresponde aos desejos do “big business” americano desde pelo menos a primeira conferência internacional americana, realizada em Washington em 1889/1890, e que já pretendia constituir no hemisfério uma “customs union” e uma “clearing union” (que devereia ser baseada na prata, então a base metálica da moeda americana).

Muito pouco se fez desde aquela época, a despeito de tentativas recoorentes por parte do Império, mas, nos tempos que correm, a fragilidade visível da maior parte das economias latino-americanas constitui uma oportunidade única para o aprofundamento dos laços com o gigante do Norte e, talvez, até para um processo semi-voluntário de dolarização. Com exceção do Panamá, poucos países, até o final do século XX, tinham feito do dólar sua moeda nacional. Desde então, o Equador, em catástrofe, e El Salvador, com um pouco mais de organização, optaram por abandonar suas moedas nacionais e adotar em seu lugar o bilhete americano como meio circulante.

Na Argentina, o ex-presidente Menem vivia ameaçando o Brasil e o Mercosul com a dolarização completa da economia nacional, na qual o dólar já desempenhava de fato o papel de moeda básica desde o Plano de Conversibilidade introduzido pelo ministro Domingo Cavallo em 1991. A partir de janeiro de 2002, o país passou a viver oficialmente em regime de flutuação, sistema que também tinha sido adotado pelo Brasil (junto com o sistema de “inflation targetting”) em janeiro de 1999, no seguimento de mais uma crise cambial, logo após seu primeiro acordo “stand-by” com o FMI, em novembro de 1998. O pacote montado então equivalia a 41 bilhões de dólares, dos quais só a metade foi efetivamente sacada. O Brasil realizou mais dois acordos desse tipo, um em setembro de 2001, por um montante equivalente a 15 bilhões, e o mais recente, em agosto de 2002, envolvendo a soma inédita de 30 bilhões de dólares, um dos mais importantes pacotes de apoio financeiro na história do FMI.
A tradicional fragilidade financeira e o igualmente tradicional temor da abertura econômica continuavam a caracterizar a América Latina no início do século XXI, como já tinha sido o caso no final do século XIX quando os EUA propuseram pela primeira vez um esquema de liberalização hemisférica. Em todo caso, a Alca parecia ter ainda um longo caminho pela frente para converter-se em realidade em 2005, de acordo com o cronograma original. Os pessimistas são quase tão numerosos quanto os otimistas, em virtude da complexidade natural do processo negociatório e da dependência de vários temas inscritos na agenda (ditos sistêmicos, ou normativos) de resultados favoráveis a serem alcançados no âmbito da Rodada em curso da OMC. A despeito da aprovação do mandato negociador pelo Congresso americano – agora chamado de Trade Promotion Authority – as pressões protecionistas setoriais sobre o Executivo parecem ser mais fortes do que os interesses das grandes empresas em favor de uma real abertura comercial, em especial nas áreas sensíveis de produtos agrícolas e labor-intensive industries, o que talvez inviabilize um acordo que o Brasil pretende seja equilibrado e dotado de reais condições de acesso ao maior mercado do mundo.

Em outros termos, nada no panorama social, político ou econômico da América Latina parece distanciá-la de um passado tão distante quanto atual: crise econômica, fragilidade financeira e dependência externa, concentração das exportações em produtos tradicionais, aprofundamento da pobreza, da instabilidade política e da insatisfação social. De inédito mesmo, só a relutância dos militares em assumir um papel protagônico nessas crises recorrentes e a decisão de Fidel Castro de declarar constitucionalmente imutável o regime socialista na ilha do Caribe, quando os últimos regimes socialistas da Ásia resolvem adotar, por fim, medidas típicas do capitalismo tão execrado durante décadas.

 PAULO ROBERTO DE ALMEIDA
Washington, 10 de Agosto de 2002

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Brazil at Bildner Center, CUNY

The Politics of Transformation in Brazil

 Brazil’s Economic Leadership: Prospects and Challenge
Thomas Trebat, Columbia University

New Approaches to Development: Infrastructure
 Mauricio Font, Bildner Center for Western Hemisphere Studies

 The Brazilian Left: Hope, Democracy, and Inequalities
 John D. French, Duke University

 Public Security in Brazil 
Desmond Arias, John Jay College and The Graduate Center, CUNY

 Moderator: Amy Chazkel Queens College, CUNY 

WHEN: Wed., September 14, 2011 4:00PM
 WHERE: The Graduate Center, Room 9206/9207
 365 Fifth Avenue (@34th Street)

 This event also helps launch the new volume,
The Brazilian State: Debate and Agenda 
(Lanham and New York: Lexington Books, 2011)

edited by Professors Mauricio Font and Laura Randall, with the special assistance of Janaina Saad.

A small reception will be held before the panel discussion.

For more information about this volume, visit the Lexington Books
website www.lexingtonbooks.com

Space is limited.
Please reserve by sending an email to bildner@gc.cuny.edu

©2011 Bildner Center | The Graduate Center - CUNY | New York, NY

O Judiciario se julga acima da Nacao (e torra alegremente a renda dos cidadaos)

Inacreditável arrogância orçamentária a dos tiranetes togados do STF.
Como eles se julgam um poder autônomo -- o que eles são, formalmente, pela Constituição -- eles se consideram habilitados a assaltar os recursos do povo, em plena luz do dia, sem qualquer vergonha, armados da sua arrogante independência.
Eles acham que basta decidir aumentar seus salários, prebendas, penduricalhos, mordomias e outras desfaçatezes, e simplesmente mandar a conta para o Executivo pagar.
Neste caso, o Executivo se rendeu, vergonhosamente.
Como também se trata de um poder independente, ele não tem por que acatar demandas em excesso da capacidade, e deveria tentar colocar em ordem a bagunça salarial que existe no serviço público brasileiro.
O Congresso, único e verdadeiro poder legiferante em qualquer democracia que se preze, é quem deveria decidir em última instância sobre a estrutura salarial dos diversos poderes, tentando manter harmonia e adequação às possibilidades do país e de sua economia (e alguma correspondência com as rendas médias dos cidadãos trabalhadores e pagadores de impostos).
Como no Brasil -- que não é um país normal, como venho repetindo -- o Congresso nem é um poder e muito menos legiferante, e como os (des)excelentíssimos senhores parlamentares também contribuem, desbragadamente, para assaltar os cofres da Nação (que não são bem da nação, mas delles), não existe nenhuma possibilidade de que alguma ordem venha a ser estabelecida para corrigir a vergonha que são os salários no setor público: altos, desiguais, iníquos, em total descompasso com o que seria desejável, totalmente em contradição com o que se ganha no setor privado (que paga toda essa festa indecorosa) e com os impostos que pagamos todos (na verdade, em total concordância, já que os impostos são altos justamente para pagar esses marajás do serviço público).
Paulo Roberto de Almeida
P.S.: Apenas comparando:
"As of January 2008, federal district judges were paid $169,300 a year, circuit judges $179,500, Associate Justices of the Supreme Court $208,100 and the Chief Justice of the United States $217,400. All were permitted to earn a maximum of an additional $21,000 a year for teaching.[1]"
Bem, no Brasil, que tem uma renda per capita 5 ou 6 vezes inferior a sos EUA, nossos marajás do Judiciário, ganham bem mais do que 200 mil dólares ao ano...

Revolta do STF por aumento faz Dilma rever Orçamento
Felipe Seligman e Natuza Nery
Folha de S.Paulo, 2/09/2011

 Uma revolta dos ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) levou ontem o governo a rever a proposta orçamentária para 2012 e estudar a inclusão de uma previsão de aumento salarial para o Poder Judiciário. Anteontem, ao enviar ao Congresso as previsões de receitas e gastos para o ano que vem, o governo não incluiu a proposta do Judiciário que previa aumento de 14,7% aos ministros do Supremo. O percentual elevaria o teto do funcionalismo de R$ 26,7 mil para R$ 30,6 mil.
A proposta do Orçamento da União também deixou de fora reajustes de até 56% para servidores do Judiciário. O impacto destes aumentos aos cofres públicos é estimado em R$ 8 bilhões.

Diante do risco de crise institucional, ministros de Dilma foram enviados ontem à noite para uma reunião de emergência com o presidente do STF, Cezar Peluso. Segundo a Folha apurou com integrantes do Supremo, o Planalto ficou de enviar ao Congresso adendo ao Orçamento com a nova despesa, mas sem compromisso de que a base trabalhará para aprová-lo.
A equipe econômica de Dilma considera a demanda do Judiciário impraticável por três razões: onera os cofres públicos, provoca efeito cascata em outras categorias e aumenta a pressão de servidores não contemplados. Um aumento desta magnitude contraria o discurso do governo de austeridade nos gastos públicos.
No início da semana, o Ministério da Fazenda ampliou em R$ 10 bilhões a economia que o governo fará para o pagamento de dívidas como forma de se prevenir contra a crise econômica mundial.

 A medida serviu de pretexto para que o Banco Central reduzisse em meio ponto percentual a taxa básica de juros, hoje em 12% ao ano. Apesar da disposição fiscalista, Dilma já havia concordado em apoiar reajuste de 5% aos magistrados, índice abaixo do reivindicado pelo Judiciário de 14,7%.
 As previsões de reajustes salariais do Ministério Público Federal também foram excluídas do Orçamento, o que irritou o procurador-geral da República, Roberto Gurgel.
Em reunião reservada com ministros do STF, Gurgel chegou a afirmar que entraria no tribunal com um mandado de segurança contra a Presidência.
Foi aconselhado a não fazê-lo até que esgotadas as negociações.

========

Addendum em 3/09/2011:

Meu comentário a um dos comentários abaixo:


Pedro T Granda,
Permita-me discordar, não parcialmente, mas totalmente, radicalmente de você, e isso a respeito dos salários dos tiranetes togados, exclusivamente.

Não creio que se possa medir salários do serviço público com ganhos no setor privado. Isso é totalmente errado e equivocado, metodologicamente, empiricamente, politicamente.
Ganhos do setor privado são ganhos de mercado, e portanto não têm nada a ver com tarifas, ou produtividade relativa: cada um cobra o que quer, e o cliente paga se quiser ou se puder. Seria ainda melhor se não houvesse essa reserva de mercado imoral da OAB e outros sistemas de "ganhos carimbados" e obrigatórios, que também são imorais, e que só subsistem no nosso medievalismo jurídico, na nossa cartelização indecorosa, nessas reservas de mercado ilegítimas que existem neste país cartorial e anormal que é o Brasil.
Mas isso, como eu disse, é setor privado e cada um que procure o seu sustento e sua paga.

No setor público, tiranetes togados vivem dos nossos impostos, e o Estado deveria ser organizado de maneira racional, não ser assaltado, de armas nas batas, por marajás indecorosos e improdutivos como esses juízes privilegiados.
Não existe, repito NÃO EXISTE, produtividade suficiente na Justiça que justifique salários altíssimo, muito mais altos, ABSOLUTA E RELATIVAMENTE, aos vencimentos dos juízes da Suprema Corte dos EUA.
Não se trata de 27 ou 30 mil: se você juntar todas as mordomias, deve sair por pelo menos 40 mil, hoje, isso sem contar o que vem por aí, todas as férias e viagens remuneradas, diárias e passagens, etc, chá da quatro e roupinha lavada. IMORAL.
Se você considerar que eles ganham muito mais do que os juízes americanos, e que em termos proporcionais nossa renda per capita é cinco ou seis vezes menor do que renda per capita dos americanos, e se você considerar que seus salários representam SETENTA vezes o salário mínimo, você não pode achar que isso tudo é normal...
Paulo Roberto de Almeida


Free lunch do Blogspot: nova interface do blog

O Blogger, que gerencia gratuitamente meus blogs anunciou, nesta sexta-feira 2 de setembro, nova interface para esta ferrament, que aceitei sem saber muito bem o que mudaria, e o que ficaria da interface antiga.
Em todo caso, já no post de configurações, a ferramenta me ofereceu uma síntese de beus blogs mais improtantes, cuja informação transcrevo abaixo:

  Blogs de Paulo R. de Almeida 
Ativamos a detecção automática de spam para os comentários. Ocasionalmente, você poderá verificar alguns comentários na pasta Spam da sua caixa de entrada. Saiba mais sobre a detecção de spam ou como comunicar problemas no Blogger.

  Diplomatizzando 
418117 pageviews
- 5052 posts, última publicação em 02/09/2011
- 426 followers

Textos PRA
 41810 pageviews
- 604 posts, última publicação em 21/08/2011
- 52 followers

  DiplomataZ
 5964 pageviews
- 42 posts, última publicação em 14/08/2011
- 28 followers

  Shanghai Express
 23837 pageviews
- 558 posts, última publicação em 14/07/2011
- 16 followers -

  Book Reviews
 18417 pageviews
- 250 posts, última publicação em 29/05/2011
- 5 followers -

Alguns diziam que eu escrevia mais rápido do que eles podiam ler.
Parece que agora eu tenho mais comentários do que posso administrar.
Está na hora de contratar um assistente de blogs... Ou assistente, tout court...

Paulo Roberto de Almeida

 PS.: Aproveitei para olhar rapidamente as estatísticas de visita ao blog Diplomatizzando, e constatei estes resultados:

 Visualizações de página de hoje: 445
Visualizações de página de ontem: 1.013
Visualizações de página do mês passado: 32.005
Histórico de todas as visualizações de página: 418.131

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Direitos humanos e ação diplomática - Antonio Patriota (FSP)

Devagar com o andor, senhores da ONU...

TENDÊNCIAS/DEBATES
Direitos humanos e ação diplomática
ANTONIO DE AGUIAR PATRIOTA
Folha de S.Paulo, 1 de Setembro de 2011

Devemos evitar posturas que venham a contribuir para o estabelecimento de um elo automático entre a coerção e a promoção da democracia

Comprometido no plano nacional com os direitos humanos, com a democracia, com o progresso econômico e social, o Brasil incorpora plenamente esses valores a sua ação externa.
Diante dos eventos da Primavera Árabe, expressamos nossa solidariedade à mobilização social por maior liberdade de expressão e avanços políticos e institucionais em países submetidos a regimes autoritários. Tanto no Conselho de Segurança quanto no Conselho de Direitos Humanos da ONU, condenamos as violações cometidas pelos regimes líbio e sírio.
Ao velar para que o compromisso com os valores que nos definem como sociedade se traduza em atuação diplomática, o Brasil trabalha sempre pelo fortalecimento do multilateralismo e, em particular, das Nações Unidas.
A ONU constitui o foro privilegiado para a tomada de decisões de alcance global, sobretudo aquelas relativas à paz e à segurança internacionais e a ações coercitivas, que englobam sanções e uso da força.
Ações militares sem a legitimação do Conselho de Segurança da ONU, além de trazerem descrédito para os instrumentos internacionais subscritos pela comunidade internacional como um todo, tendem a se transformar em fator de instabilidade, violência e violações de direitos humanos em grande escala, como demonstrou a intervenção militar no Iraque.
Não nos esqueçamos de que o primeiro direito humano é o direito à vida. A primeira obrigação da comunidade internacional ao deparar com uma situação de crise é a de evitar o agravamento de tensões.
Cada vez que a violência se dissemina, as primeiras vítimas são os segmentos mais vulneráveis: as crianças, as mulheres, os idosos, os desvalidos.
Além de defendermos a legalidade das nossas ações coercitivas perante a Carta da ONU e o direito internacional, devemos sempre aplicar medidas adequadas, com os olhos voltados para os resultados almejados: a promoção da democracia, dos direitos humanos, a proteção da população civil, a criação de condições de estabilidade que geram oportunidade de progresso econômico e social.
A ordem internacional não se fortalece com interpretações livres de mandatos do Conselho de Segurança. E, sempre que a ordem se enfraquece, quem mais padece são os mais fracos. Como bem assinalou o professor Richard Falk, da Universidade Princeton, em entrevista à Folha, houve, no caso da Líbia, uma lacuna entre o que foi autorizado pelo Conselho de Segurança e a ação da Otan.
A relação entre a promoção da paz e segurança internacionais e a proteção de direitos individuais evoluiu de forma significativa ao longo das últimas décadas, a partir da constituição das Nações Unidas, em 1945. Não se pode afirmar que essa evolução, positiva em seu conjunto, seja obra de um grupo de países em particular.
Ela é fruto de um embate de ideias em que os militarmente mais poderosos não estiveram necessariamente na vanguarda dos clamores por justiça e equidade. Lembro que os primeiros esboços da Carta da ONU incluíam referências escassas aos direitos humanos por razões que hoje podem parecer surpreendentes.
Robert C. Hildebrand, que relata as negociações do documento em sua obra "Dumbarton Oaks", credita essa circunstância ao fato de que os Estados Unidos temiam questionamentos à segregação racial ainda vigente no país e à preocupação do Reino Unido de que sua soberania sobre um vasto império colonial viesse a ser posta em xeque -como efetivamente ocorreu.
A luta contra o apartheid proporciona um exemplo eloquente de ação conjunta do mundo em desenvolvimento contra práticas que atentam contra a dignidade humana. Quando o tema foi levado ao Conselho de Segurança da ONU, as objeções à aplicação de sanções contra o regime minoritário sul-africano partiram de membros permanentes ocidentais.
Desde a adoção da Carta da ONU, a relação entre promover direitos humanos e assegurar a paz internacional passou por várias etapas. Sofreu paralisia em função da rivalidade ideológica da Guerra Fria; beneficiou-se do breve momento de consenso internacional do imediato pós-Guerra Fria e da ação internacional pela reversão da invasão iraquiana do Kuait.
Em meados da década de 90 surgiram vozes que, motivadas pelo justo objetivo de impedir que a inação da comunidade internacional permitisse episódios sangrentos como os da Bósnia ou do genocídio em Ruanda, forjaram o conceito de "responsabilidade de proteger".
Embora a responsabilidade coletiva não precise se expressar por meio de ações coercitivas para ser eficaz, surgiram vozes particularmente intervencionistas e militaristas no chamado "Ocidente" que continuam gerando controvérsia e polêmica.
A Carta da ONU, como se sabe, prevê a possibilidade do recurso à ação coercitiva, com base em procedimentos que incluem o poder de veto dos atuais cinco membros permanentes no Conselho de Segurança -órgão dotado de competência primordial e intransferível pela manutenção da paz e da segurança internacionais.
O acolhimento da responsabilidade de proteger na normativa das Nações Unidas teria de passar, dessa maneira, pela caracterização de que, em determinada situação específica, violações de direitos humanos implicam ameaça à paz e à segurança.
Para o Brasil, o fundamental é que, ao exercer a responsabilidade de proteger pela via militar, a comunidade internacional, além de contar com o correspondente mandato multilateral, observe outro preceito: o da responsabilidade ao proteger. O uso da força só pode ser contemplado como último recurso.
Queimar etapas e precipitar o recurso à coerção atenta contra a "rationale" do direito internacional e da Carta da ONU. Se nossos objetivos maiores incluem a decidida defesa dos direitos humanos em sua universalidade e indivisibilidade, como consagrado na Conferência de Viena de 1993, a atuação brasileira deve ser definida caso a caso, em análise rigorosa das circunstâncias e dos meios mais efetivos para tratar cada situação específica.
Não há espaço, no estabelecimento de políticas consistentes na área dos direitos humanos, para generalizações ingênuas nem para facilidades retóricas.
Devemos evitar, muito especialmente, posturas que venham a contribuir -ainda que indireta e inadvertidamente- para o estabelecimento de elo automático entre a coerção e a promoção da democracia e dos direitos humanos. Não podemos correr o risco de regredir a um estado em que a força militar se transforme no árbitro da justiça e da promoção da paz.

ANTONIO DE AGUIAR PATRIOTA é ministro das Relações Exteriores.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Livros em espanhol na rede: Catedra Vargas Llosa

La Cátedra Vargas Llosa estudiará el futuro de la escritura en español
Infolatam/Efe
Panamá, 31 agosto 2011

La Fundación Biblioteca Virtual Miguel de Cervantes informó en junio del propósito de crear la cátedra con el nombre de su presidente y de la Biblioteca Virtual Miguel de Cervantes, un proyecto abierto a la participación de otras universidades, como las once que le honraron con su doctorado honoris causa,e instituciones culturales, y a empresas españolas y americanas,

La cátedra tendrá un espacio en la red que ofrecerá información sobre todas sus actividades.

Armas Marcelo adelantó que entre otras actividades figura una “gran exposición” sobre Vargas Llosa y celebrar, en 2012, un “foro internacional” de escritores iberoamericanos con ocasión de cumplirse el 50 aniversario de la publicación de “La ciudad y los perros”.

Entre los escritores que pueden ser invitados a este encuentro, que se celebraría entre Madrid y Alicante, según Armas Marcelo, están el colombiano Héctor Abad Faciolince, el mexicano Jorge Volpi, los peruanos Ivan Thays y Alfonso Cueto, el argentino César Aira y los chilenos Carlos Franz y Alberto Fuguet.

La Fundación, que preside el Nobel peruano, es una institución sin ánimo de lucro de ámbito internacional que desarrolla un ambicioso proyecto de digitalización a través de la Biblioteca Virtual Miguel de Cervantes (www.cervantesvirtual.com). Creada en 1999 por la Universidad de Alicante, la Fundación Botín y el Banco Santander, su objetivo es la difusión internacional de la literatura y las letras iberoamericanas, con mas 130.000 registros bibliográficos de libre acceso a través de la red.

Las claves
La Fundación, que preside el Nobel peruano, es una institución sin ánimo de lucro de ámbito internacional que desarrolla un ambicioso proyecto de digitalización a través de la Biblioteca Virtual Miguel de Cervantes (www.cervantesvirtual.com).
El periodista y escritor español Juan José Armas Marcelo dijo hoy que uno de los objetivos de la cátedra creada con el nombre del premio Nobel de Literatura Mario Vargas Llosa es provocar una discusión profunda acerca del futuro de la escritura. La Cátedra será presentada oficialmente el próximo día cuatro de octubre.

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