quarta-feira, 7 de maio de 2025

A evolução da corrupção no Brasil - Paulo Roberto de Almeida

A evolução da corrupção no Brasil

Paulo Roberto de Almeida

        O Brasil conheceu vários ciclos econômicos que se sucederam e conviveram durante cinco séculos, alguns ainda bem presentes. Do status colonial, à monarquia pós-independência e ao regime republicano, também em diferentes modalidades de sistemas políticos, uma coisa manteve-se estável e supreendentemente resiliente ao longo dos séculos: a dominação oligárquica e, com ela, o persistente patrimonialismo e as altas, fortes e constantes práticas de corrupção. 

        Usando a terminologia marxista, é possível, porém, distinguir o “modo artesanal de produção da corrupção”, caracterizada pela apropriação em geral individual de bens públicos, no máximo em escala familiar. Esse modo atravessou os séculos e veio até a República de 1946 e conseguiu resistir até à ditadura militar, supostamente moralizadora, mas tão corrupta quanto as velhas oligarquias.

        Na Nova República um valor mais alto se alevanta, que é a República Sindical Corrupta, temporariamente contida durante o regime militar. Mas ela “desabrochou” neste século e acabou implantando uma etapa superior, em termos leninistas, da corrupção sistemática, que é o seu do “modo industrial de produção da corrupção”, juntando o partido da “justiça social” e as mesmas velhas máquinas do sindicalismo corrupto; foi uma explosão da corrupção, não mais no velho estilo artesanal, mas organizada burocraticamente, para a maior produtividade e rentabilidade da corrupção dos novos oligarcas.

        Nada expressa e representa tão bem esse modo superior de produção da corrupção, até confiante na sua durabilidade e continuidade, do que o assalto metódico aos proventos dos aposentados e pensionistas do INSS pela República Sindical da Corrupção, talvez uma das formas mais rendosas e menos sofisticadas de assalto, não mais diretamente aos cofres públicos (embora esse continue existindo de forma pujante, por exemplo, pelo “estupro orçamentário” das emendas parlamentares), mas mais focadas nos magros rendimentos do pessoal mais pobre, menos educado, e menos consciente de que estava sendo assaltado sem qualquer arma de fogo, apenas a conivência criminosa entre funcionários públicos do INSS e a corja larápia da República Sindical. 

        Creio que em termos históricos, o assalto aos aposentados mais pobres e aos pensionistas mais humildes do INSS terá o dom de consolidar o dominio perene da corrupção em praticamente todas as esferas da vida pública e privada no Brasil. Creio que será um forte concorrente do Mensalão, do Petrolão e outros “ãos” da triste história da corrupção no Brasil, não tanto, talvez, em volume de  recursos desviados, mas em tetmos de amplitude da população sugada, milhões de simples beneficiários que não sonhavam que um órgão público pudesse servir de correia de transmissão aos abutres inevitáveis da corrupção nacional. 

        Não sei se será um propulsor de uma reforma relevante no domínio previdenciário, de um sistema de “repartição”, do tipo pay as you go, para um regime de capitalização individual, uma “poupança forçada” muito mais útil e propensa a altas taxas de investimento do que a administração pública dos depósitos e recolhimentos compulsórios num órgão centralizado (e assaltado), poius que administrado pelo governo (sabemos que ele é cercado e roubado pelas matilhas de lobos famintos e de abutres registrados) de plantão, como em qualquer governo.

        Enquanto persistir o regime fascista dos sindicatos tutelados pelo Estado essa forma de corrupção tem sempre portas abertas em qualquer tipo e orientação política de governos partidários, especialmente aqueles que prometem justiça social e repartição equitativa da renda nacional.

Paulo Roberto Almeida

Brasília, 7/05/2025


terça-feira, 6 de maio de 2025

Wild Bunch: os apoiadores de Putin em Moscou - Paulo Roberto de Almeida

 Wild Bunch...

Dezenove chefes de governo ou de Estado presentes nas "comemorações" de 9 de maio em Moscou. De todos eles, só dois foram democraticamente eleitos, do Brasil e da Eslováquia, todos os demais golpistas ou literalmente autoritários, além dos vassalos de Moscou desde os velhos tempos da URSS ou até do Império Czarista, que Putin se esforça em restabelecer na sua inteireza (vai ser difícil: alguns já são da OTAN).
Todos eles, Lula inclusive, são aliados declarados ou implícitos de Putin, ou seja, não se importam que ele seja um criminoso de guerra, contra a humanidade, e que tenha violado abertamente a Carta da ONU, as regras mais elementeres do Direito Internacional, ademais dos protocolos humanitários sobre a guerra, tratamento de prisioneiros ou proteção de crianças.
Não sei exatamente o que Lula ganha por estar nesse tipo de companhia: o Itamaraty vai certamente soltar uma nota dizendo que o presidente brasileiro se esforça para alcançar a paz entre os adversários (colocados no mesmo plano por ele).
Lamento pela perda de credibilidade da diplomacia brasileira.
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 6/05/2025

Ida ao Dia da Vitória em Moscou coloca Lula ao lado de líderes autoritários - Lourival Sant'Anna (CNN)

 Ida ao Dia da Vitória em Moscou coloca Lula ao lado de líderes autoritários

Único governante eleito democraticamente é o primeiro-ministro da Eslováquia, ultraconservador aliado de Putin
Lourival Sant'Anna
CNN, 06/05/2025
https://www.cnnbrasil.com.br/blogs/lourival-santanna/internacional/ida-ao-dia-da-vitoria-em-moscou-coloca-lula-ao-lado-de-lideres-autoritarios/

A presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em Moscou nessa sexta-feira (9), para a celebração dos 80 anos da vitória dos Aliados sobre a Alemanha nazista, coloca o Brasil ao lado de ditaduras e de governos ultraconservadores alinhados com o autocrata russo Vladimir Putin.
As democracias da Europa, Estados Unidos, Canadá, Austrália, Japão e Coreia do Sul, entre outras, ignoraram o convite, como têm feito desde a primeira invasão da Ucrânia ordenada por Putin, em 2014.

Da América Latina, além de Lula, confirmaram presença até agora apenas os ditadores de Cuba, Miguel Díaz-Canel, e da Venezuela, Nicolás Maduro. Da Europa, só o primeiro-ministro da Eslováquia, Robert Fico, ultranacionalista e conservador, aliado de Putin, contrário à imigração e às minorias.
Aleksander Vucic, presidente da Sérvia, havia anunciado sua ida também, mas está doente. Os sérvios são tradicionais parceiros da Rússia na disputa por influência dos cristãos ortodoxos contra católicos croatas e muçulmanos bósnios e kosovares.

Em contrapartida, Lula estará ao lado do ditador chinês, Xi Jinping, que aliás visitará na sequência, em Pequim; de Belarus, Aleksander Lukashenko, aliado de Putin na agressão contra a Ucrânia; das cinco ex-repúblicas soviéticas da Ásia Central, Armênia e Azerbaijão, além da Mongólia, todos satélites da Rússia.
A lista de confirmados até agora inclui também o capitão Ibrahim Traoré, homem-forte de Burkina Faso, que depende do grupo mercenário russo Afrika Corps, ligado a Putin, para permanecer no poder contra a ameaça de células jihadistas. E o presidente da Autoridade Palestina, Mahmud Abbas.

Antes da invasão da Ucrânia em 2014, Moscou recebia os mais importantes líderes ocidentais nas comemorações do Dia da Vitória, celebrado na Rússia um dia depois dos países europeus, por causa do fuso horário.

Em 2006, por exemplo, no 60º aniversário da derrota nazista, quanto Putin já estava no poder, estiveram presentes em Moscou o presidente americano George W. Bush, o francês Jacques Chirac, o chanceler alemão Gerhard Schröder e o primeiro-ministro japonês Junichiro Koizumi.

Depois da invasão, no entanto, deixou de ter sentido, para americanos, europeus e japoneses, celebrar a data junto com Putin. Afinal, a celebração é sobre a paz e o respeito à soberania, que o ditador russo atropelou. Hoje ele representa a ameaça, além de ser réu em um processo do Tribunal Penal Internacional, do qual o Brasil é integrante, por ter ordenado a sequestro de milhares de crianças ucranianas.
O governo brasileiro pretende justificar a ida como um esforço para mediar a paz entre Rússia e Ucrânia. As inúmeras declarações a favor de Putin e contra o presidente ucraniano, Volodymir Zelensky, privam Lula de credenciais perante a Ucrânia e a Europa, além da própria irrelevância do Brasil no contexto do Leste Europeu. A ida a Moscou nessa data simbólica não ajudará a reforçar essas credenciais.

Curiosamente, em seu apreço por Putin, Lula se aproxima do ex-presidente Jair Bolsonaro, que visitou o ditador russo uma semana antes da segunda invasão, em fevereiro de 2022, e disse: “Somos solidários à Rússia”.

Bolsonaro explicou que o ponto de convergência eram a religiosidade e a crença de que a família devia ser formada por um homem e uma mulher. Putin patrocinou a aprovação de leis na Rússia que impedem os homossexuais de se casar e adotar filhos.

Os motivos da afinidade de Lula por Putin são de outra natureza: ele tenta restaurar o antigo império soviético e representa, na visão da esquerda, um contraponto ao poder dos Estados Unidos. Sob o governo de Donald Trump, no entanto, esses alinhamentos se embaralharam: o presidente americano também é um admirador da forma como Putin concentra o poder político e econômico em suas mãos e se perpetua no Kremlin.

Alguém precisa contar toda a História a Lula - Paulo Roberto de Almeida

 O Lula que vai a Moscou, a convite de seu amigo Putin, participar das comemorações da vitória da Rússia sobre o nazifascismo em 1945, provavelmente ignora que foi justamente a “colaboração” da Rússia soviética com o nazismo hitlerista que permitiu o início da mais terrível guerra global em 1939. Alguém precisaria dizer isto a ele. 

Meu alcance é limitado a postagens como esta.

Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 6/05/2025

A Alemanha dá uma lição de democracia nos EUA

 A Alemanha dá uma lição de DEMOCRACIA aos Estados Unidos trumpista, que pretendem defender o partido alemão neonazista:

From: Noah Barkin:

“One of the most extraordinary diplomatic exchanges I can remember. The top diplomat of the United States, which helped liberate Germany from Nazi terror, publicly excoriates the country for cracking down on neo-Nazis. And Germany responds with a lesson on democracy, the rule of law and combating extremism: “We have learnt from our history that right-wing extremism must be stopped”. Very difficult to imagine the transatlantic relationship surviving four years of this nonsense. Anyone who pretends otherwise is dreaming.”

Secretário de Estado Marco Rubio acusou a Alemanha de “tirany in disguise” pelo fato do órgão de inteligência da RFA ter classificado o partido AfD como neonazista e de ser uma ameaça à democracia.

Ministério alemão das Relações Exteriores respondeu dizendo que a Alemanha aprendeu a defender a sua democracia contra aqueles que pretendem destruí-la e que o extremismo de direita precisa ser contido.

Bravo Alemanha!

segunda-feira, 5 de maio de 2025

Uma escolha infame - Paulo Roberto de Almeida

Uma escolha infame

Lula deixará, neste mês de maio de 2025, uma marca vergonhosa para a diplomacia profissional brasileira ao visitar e apertar a mão de um criminoso de guerra em Moscou, confirmando, mais uma vez seu apoio objetivo ao violador deliberado da Carta da ONU e destruidor de vidas e de todo um país.

Um gesto indigno das tradições democráticas e humanistas da diplomacia brasileira.

Deveria estar comemorando, no dia 8 de maio, a memória da FEB e os 80 anos da vitória aliada contra o nazifascismo europeu. Em lugar disso, está escolhendo a companhia de um legítimo representante daqueles que iniciaram a guerra mundial em 1939, ao atacar conjuntamente a Polônia.

A Ucrânia de hoje é a Polônia de 1939.

Paulo Roberto Almeida

Brasília, 5/05/2025


Collor vai cumprir prisão domiciliar em cobertura avaliada em R$ 9 milhões - Marina Verenicz (InfoMoney), Ricardo Bergamini

 Ricardo Bergamini quer cumprir a pena de Collor, gratuitamente, nas mesmas condições:


Coloco-me à disposição do ex-presidente Collor para cumprir a prisão em seu lugar, gratuitamente (Ricardo Bergamini)

Prezados Senhores
Com base na Constituição espero que todos os presos no Brasil, nas mesmas condições de saúde, migrem para a prisão nas suas comunidades.
Com base nessa decisão a pena máxima de Bolsonaro já está previamente definida, como sendo na sua mansão.
Está ficando difícil para a sociedade brasileira escolher entre o estado corrupto e desorganizado e o crime organizado.

Collor vai cumprir prisão domiciliar em cobertura avaliada em R$ 9 milhões
Marina Verenicz
InfoMoney, 02/05/2025

O ex-presidente da República Fernando Collor de Mello, preso desde o último dia 24, foi autorizado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a cumprir pena em prisão domiciliar humanitária. A decisão foi assinada nesta quinta-feira (2) pelo ministro Alexandre de Moraes, relator do processo, e segue parecer da Procuradoria-Geral da República (PGR).
Collor, de 75 anos, cumprirá a pena em seu apartamento de cobertura na orla de Ponta Verde, em Maceió (AL). O imóvel, com cerca de 600 metros quadrados, foi avaliado em R$ 9 milhões pela Justiça do Trabalho em 2023, quando foi alvo de penhora judicial para pagamento de uma dívida trabalhista de R$ 264 mil envolvendo um ex-funcionário de uma empresa da família.

Matéria completa clique abaixo:
https://www.infomoney.com.br/politica/collor-vai-cumprir-prisao-domiciliar-em-cobertura-avaliada-em-r-9-milhoes/

Postagem em destaque

Livro Marxismo e Socialismo finalmente disponível - Paulo Roberto de Almeida

Meu mais recente livro – que não tem nada a ver com o governo atual ou com sua diplomacia esquizofrênica, já vou logo avisando – ficou final...