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quinta-feira, 3 de setembro de 2009

1345) A via "chinesa" de volta ao capitalismo tentada por Cuba

O único problema, ao que parece, é que cubanos não são chineses. Minha impressão pessoal é que não vai dar certo, e que a perestroika cubana vai ser um desastre, econômico e político:

Cuba planeja privatização dos serviços do setor de alimentação
Folha de S.Paulo, 2.09.2009

O governo de Cuba planeja descentralizar a venda de alimentos e fechar refeitórios de empresa administrados pelo Estado, como forma de dinamizar a economia e cortar gastos, informaram ontem fontes do governo. Essas são as mais recentes de uma série de medidas descentralizadoras feitas pelo governo de Raúl Castro.
Como compensação pelo fechamento dos comedores, trabalhadores cubanos passarão a ter uma remuneração adicional referente à alimentação.
Em condição de anonimato, uma fonte do governo relatou que a ordem já está pronta para fechar os refeitórios dos ministérios em Havana e para pagar aos empregados mais 15 pesos por dia. Ele disse ainda que, se a medida der certo, outras cantinas poderão ser fechadas na cidade e em todo o país.
Assim como outros países do Caribe, Cuba foi bastante atingida pela crise econômica mundial, que reduziu os recursos das exportações e do turismo.
O governo cubano cortou as importações em 30%, assim como 10% do Orçamento, e implantou medidas de economia de energia. A estimativa oficial de crescimento do PIB neste ano caiu de 6% para 1,7%.
A decisão de fechar os refeitórios acontece no momento em que o governo estuda passar para o controle de trabalhadores -por meio de cooperativas- alguns estabelecimentos que vendem alimentos no varejo e aumentar a concessão de licenças para comerciantes privados de alimentos, o que estava congelado nos últimos anos.
Essa é a segunda grande reforma econômica desde a descentralização da agricultura e o empréstimos de terras improdutivas do Estado, anunciados em março.
Segundo um comunicado do Partido Comunista, o líder máximo de Cuba, Raúl Castro, considera a descentralização e a busca de novas fórmulas para liberar o potencial produtivo do país ações fundamentais para a política econômica até o fim do ano e para 2010.
Em um recente encontro de contadores a portas fechadas, o ministro do Planejamento e da Economia pareceu ter defendido o sistema cooperativista ou até o de pequenos negócios privados. O ministério se tornou o centro dos esforços para melhorar a economia desde que Raúl substituiu em março todo o gabinete econômico herdado de seu irmão Fidel Castro.
Com agências internacionais

1344) Russia reconhece que o pacto nazi-sovietico de 1939 foi "imoral"

Demorou, para chegarem a esta conclusão...

PUTIN DIZ QUE PACTO URSS E ALEMANHA NAZI FOI IMORAL!
H. Pmeraniec - Clarin - Polônia, 01.09.2009

Aos 70 anos do início da segunda guerra mundial, o primeiro-ministro russo condenou o pacto Hitler-Stalin, firmado em 1939, dias antes da invasão da Polônia, chamando-o de "imoral". "O pacto Molotov-Ribbentrop, firmado em agosto de 1939, pode ser condenado sem nenhuma dúvida e com toda a razão", escreveu Putin em artigo no jornal polonês Gazeta Wyborcza. Mas explicou que as razões estariam nas boas relações dos governos europeus com a Alemanha nazi. Putin reconheceu o papel dos poloneses, pois a agressão nazi provocou a morte de 20% da população do país. Veja imagens russas de época em 50 segundos. Clique abaixo:

http://www.youtube.com/watch?v=UkLP4gG-Ob0

1343) As 50 melhores universidades do mundo

As vinte primeiras são todas americanas. A primeira "estrangeira" é a Cambridge, em 22o. lugar. Bem, já sei onde vou dar aulas, depois que cansar das universidades brasileiras...

Top 6000 Universities

POSITION

WORLD RANK UNIVERSITY COUNTRY SIZE VISIBILITY RICH FILES SCHOLAR

1 Massachusetts Institute of Technology us 2 1 1 7
2 Harvard University ** us 7 2 12 1
3 Stanford University us 4 4 2 24
4 University of California Berkeley us 8 3 5 32
5 Cornell University us 1 5 9 37
6 University of Wisconsin Madison us 3 10 6 71
7 University of Minnesota us 6 15 7 22
8 California Institute of Technology ** us 18 6 20 30
9 University of Illinois Urbana Champaign * us 17 7 13 51
10 University of Michigan us 10 8 18 55
11 University of Texas Austin us 12 11 8 44
12 University of Washington us 22 9 4 94
13 University of Chicago us 42 16 44 2
14 Carnegie Mellon University us 5 24 3 93
15 University of Pennsylvania us 16 14 33 26
16 Columbia University New York us 19 12 21 95
17 Texas A&M University us 31 31 11 17
18 University of Maryland * us 37 22 17 52
19 University of California Los Angeles us 13 17 26 110
20 Purdue University us 14 34 14 46
21 Johns Hopkins University ** us 59 27 49 3
22 University of Cambridge uk 26 13 70 86
23 Pennsylvania State University ** us 27 29 16 102
24 University of Tokyo jp 32 26 65 31
25 University of Arizona us 20 36 19 134
26 National Taiwan University tw 34 33 79 18
27 University of Florida us 28 40 10 130
28 University of Toronto ca 51 32 42 40
29 Virginia Polytechnic Institute and State University us 11 45 48 38
30 University of North Carolina Chapel Hill us 65 23 22 192
31 Michigan State University us 52 28 23 147
32 New York University us 30 21 40 181
33 North Carolina State University us 9 73 35 42
34 Rutgers University us 23 42 15 176
35 University of California San Diego us 53 30 24 142
36 Yale University us 55 18 61 242
37 University of Pittsburgh us 98 44 34 33
38 Universidade de São Paulo br 76 54 53 20
39 Princeton University us 97 25 36 158
40 University of Virginia us 73 20 37 299
41 University of British Columbia ca 118 37 31 83
42 University of Oxford uk 122 19 51 157
43 Duke University us 75 35 29 163
44 Universidad Nacional Autónoma de México ** mx 61 69 56 21
45 Georgia Institute of Technology us 119 79 25 16
46 Swiss Federal Institute of Technology ETH Zurich ch 84 49 76 43
47 University of Southern California us 49 41 62 135
48 University of Colorado Boulder us 89 43 27 189
49 Kyoto University jp 56 52 157 34
50 University of California Davis us 47 56 32 204

Fonte: Ranking Web of World Universities

1342) Petroleo do Pre-Sal: Mais um alerta precaucionario

Petróleo na urna
Editorial da Folha de S. Paulo, 2.09.2009

Governo tenta atropelar Congresso com proposta inconvincente de marco regulatório, repleta de armadilhas estatistas

CONSUMOU-SE , na explicitação dos projetos do Planalto para o pré-sal, a revanche contra a abertura do mercado e contra a quebra do monopólio da Petrobras, efetivadas na década passada. A antecipação do calendário eleitoral, motivada pela iniciativa do presidente Lula de viabilizar a candidatura Dilma Rousseff, atropelou o interesse público.
Propor a tramitação em 90 dias, no regime de urgência constitucional, de um programa que subverte todo o modelo de exploração, tributação, concorrência e partilha de recursos fiscais em curso -e que, além disso, exige emissão de mais R$ 100 bilhões em dívida pública, o equivalente a dois meses de arrecadação federal- é um acinte.
O governo federal e a Petrobras, que passaram 14 meses confabulando para chegar à sua proposta, não são os únicos interessados na discussão. A mudança afeta toda a sociedade, detentora das riquezas do subsolo. A tramitação dos quatro projetos de lei pelo Congresso é a oportunidade de dar a Estados, municípios, trabalhadores, consumidores, empresários, ambientalistas e técnicos o tempo que for necessário para que se façam ouvir.
A precipitação de Lula chega a ser ridícula diante do fato de que não se sabe, com o mínimo de segurança, qual a dimensão da renda petrolífera que se quer, desde já, dividir. A que ponto a província do pré-sal vai elevar as reservas recuperáveis de petróleo do Brasil, hoje em 14 bilhões de barris? A que custo de extração?
Na falta de mapeamento da região de 149 mil km2 (equivalente à área do Ceará), campeia uma incrível dispersão de palpites. De 30 bilhões de barris a 300 bilhões de barris, vai uma diferença oceânica. No primeiro caso, o Brasil apenas administraria pelas próximas décadas a autossuficiência energética já obtida; no outro, seria alçado à condição de potência exportadora.
Em vez de mapear as riquezas antes -até para convencer o público de que seria preciso mudar o modelo-, o governo passou diretamente à fase seguinte. A urgência eleitoral prevaleceu e deu passagem a propostas estatistas de fazer inveja aos "desenvolvimentistas" da ditadura militar.
Na partilha de produção, o governo divide o lucro da empreitada, na forma de óleo, com o consórcio empresarial contratado para explorar os campos. Mas, para chegar ao lucro, é preciso definir antes os custos de cada empreendimento específico, o que não é trivial numa atividade complexa e intensiva em capital como a petrolífera.
O governo cria, então, a Petro-Sal para controlar os custos de cada campo, entre outras funções -como cuidar dos trâmites de comercialização do óleo estatal- que deveriam ser eminentemente técnicas. Capaz de influir em decisões empresariais básicas, caso da contratação de fornecedores, e sujeita a controle político do governo de turno e de sua sempre notória "base aliada", a Petro-Sal seria uma porta escancarada para corrupção, negociatas e privilégios.
Outro ponto vulnerável à politização e à má alocação de recursos, bem como à acomodação típica dos monopólios, é a regra que torna a Petrobras parceira obrigatória da União em todos os campos do pré-sal, com participação mínima de 30%. Dispensada da concorrência, terá no entanto de participar mesmo das empreitadas as quais o cálculo frio recomendaria recusar.
O poder discricionário do Executivo amplia-se também por outros meios. Mesmo fora do pré-sal, onde continuam valendo as regras da concessão -empresas disputam livremente o direito de exploração num processo licitatório, e vence a que oferecer o maior lance-, o governo poderá intervir. Basta que considere, num simples decreto, a região como de "interesse para o desenvolvimento nacional" e ela será retirada da competição.
Além disso, o privilégio já oferecido à Petrobras poderá ser ampliado. A fim de preservar o "interesse nacional", sem definir bem o que isso significa, o governo poderá contratar apenas a Petrobras, sem licitação, para operar determinados campos.
Até aqui o governo Lula não demonstrou que a sua proposta será capaz de assegurar os investimentos necessários para a exploração das novas jazidas petrolíferas. Tomando-se os "chutes" mais conservadores acerca do potencial do pré-sal, não é difícil que essa cifra ultrapasse meio trilhão de dólares -ou 30% do PIB-, diluído ao longo dos anos. O modelo de concessões oferece uma resposta satisfatória a esse problema, pois amplia as fontes de investimento, por meio de uma competição de escala global, e propicia antecipação de receitas ao governo.
A experiência mundial, decerto, mostra que modelos não são decisivos para o sucesso de um país na exploração do petróleo; por vários caminhos e ajustes se chega a um bom arranjo. O fundamental é o governo ampliar, por meio de tributação ou dispositivos análogos, a sua participação na renda gerada pela atividade -e ser proibido, por lei, de torrar os recursos em despesas de custeio. Dadas a rarefação de parâmetros técnicos e a falta de definições que prevalecem na proposta do Planalto sobre o pré-sal, nem isso está garantido.
Por ora, o "passaporte para o futuro" anunciado pelo presidente Lula pouco se distingue de um panfleto eleitoral que já chega embolorado -tal o grau de dirigismo, privilégios e distorções nele estampados.

1341) O petroleo do pre-sal comeca cheirando mal

E, na verdade, ninguém sabe quanto vai custar. Aliás, é típico desse governo tomar decisões sem qualquer processo decisório, isto é, sem saber, ou pelo menos sem apresentar, os custos, os empregos alternativos de capital, os prços de entrada e de saída, enfim, uma base técnica mínima para que se possa fazer conjeturas sobre o acertado da decisão.
Foi assim com o oba-oba em volta do biodiesel de mamona -- eu jamais vi um cálculo sequer quanto ao custo da produção, e como seriam cobertos os acréscimos obrigatórios de 3 e 5% do biodiesel no diesel de petróleo --, foi assim com a bolha do etanol -- que está dando prejuizo a muita gente do setor, pois é, e era, evidente que o mundo não estava preparado para nos nossos zilhões de hectolitros de etanol -- e parece que vai ser assim com o petróleo do pré-sal.
Este governo é especialista em vender a pelo do urso antes de tê-lo matado.
Abaixo uma entrevista com quem entende um pouco mais do que os bárbaros do PCdoB atualmente no comando da ANP.
PRA, 3.09.2009

'A Petro-Sal se torna uma ANP do B'
Entrevista com David Zylbersztajn
O Globo, 02/09/2009

Ex-diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo critica falta de argumentos para mudar regime de concessão

A criação da Petro-Sal e sua influência no controle das atividades ligadas às áreas do pré-sal no regime de partilha lança dúvidas sobre o papel da Agência Nacional do Petróleo (ANP) no novo modelo, diz o especialista em energia e ex-diretor-geral da ANP David Zylbersztajn. Para ele, a nova estatal será uma espécie de "ANP do B" e essa alteração deverá reduzir o poder da ANP no novo modelo, o que poderá torná-la apenas um braço de auxílio nas futuras licitações. Zylbersztajn também critica a falta de argumentos concretos para que o atual regime de concessão seja substituído pelo de partilha. Para ele, o atual modelo é bem-sucedido, ainda oferece condições de aumento da arrecadação por parte do governo e tornou viável que se chegasse ao pré-sal.

Erica Ribeiro

O GLOBO: Como o senhor vê a atuação da Agência Nacional do Petróleo (ANP) com as novas regras para o pré-sal?
ZYLBERSZTAJN: A ANP continua atuando, gerindo, dentro do que já está licitado pelo regime de concessão, inclusive as áreas de pré-sal que já passaram pelo processo de licitação, como Tupi e Iara (ambas na Bacia de Santos). Porém, nas futuras áreas, se aprovadas no Congresso as regras previstas no projeto, há novas situações onde a ANP pode se tornar um braço de auxílio. A dúvida é sobre o papel da agência reguladora com a PetroSal. Quando se tem uma estatal como a Petro-Sal controlando as atividades do présal e o ritmo como tudo será feito, ela, a Petro-Sal, se torna uma ANP do B e o poder da ANP fica reduzido nesse caso.

Como o senhor avalia a mudança do atual modelo de concessão para o de partilha?
ZYLBERSZTAJN: Ficou faltando o governo apresentar com cálculos, com alguma planilha, algo que mostrasse o real motivo de substituir o modelo de concessão pelo de partilha. Essa conta não foi feita e até agora ninguém perguntou sobre ela. O modelo de concessão se mostrou eficaz todos esses anos e a arrecadação é significativa. Foi com esse modelo, inclusive, que se chegou ao pré-sal.

O que, por exemplo, deveria ser melhor explicado?
ZYLBERSZTAJN: Se alguém falasse, concretamente, por exemplo, que se chegou ao limite de arrecadação pelo modelo de concessão e que o ideal é mudar o modelo, tudo bem. Mas sabemos que o modelo atual ainda não chegou no limite. Ainda é possível aumento de arrecadação com as participações especiais.

Faltou mostrar as vantagens e desvantagens de cada modelo para que fosse aberta uma discussão sobre o projeto.

Como é em outros países?
ZYLBERSZTAJN: Em geral, o que se vê em países onde há modelo de partilha em vigor é uma relação promíscua entre empresas e governo. São países com regimes autoritários, com baixo IDH (Índice de Desenvolvimento Humano).

O novo modelo oferece riscos à competição?
ZYLBERSZTAJN:Nessa nova circunstância, há uma empresa do governo, a Petrobras já tem no mínimo 30% de participação nas áreas e pode disputar os outros 70%. O que quer dizer que o parceiro da Petrobras pode não ser uma empresa de petróleo. Pode ser um banco ou investidores. Pode haver uma ameaça à entrada de mais empresas. É preciso ver que empresas vão se sujeitar aos novos controles. O modelo pode ser um risco.

Antes, pelo modelo gerido pela ANP, todos eram concessionários, inclusive a Petrobras.

E quanto à capitalização da Petrobras? Como o senhor vê a medida?
ZYLBERSZTAJN:Acho que estamos nadando em incertezas, dando um cheque pré-datado sem saber ainda quanto vamos ter de fato lá na frente, no futuro. Estamos falando de algo para acontecer daqui a 15, 20 anos. Será preciso, antes de mais nada, confirmar as expectativas de reservas. Acredito que isso deverá se confirmar.

Mas faltou novamente alguém explicar quanto vai custar extrair o petróleo da área de pré-sal a 300 quilômetros da costa e qual é o ganho real ao se calcular este custo no negócio. Se o governo licitasse pelo regime atual as áreas, ao contrário de emprestar US$ 50 bilhões, embolsaria US$ 50 bilhões.

O governo cita a criação de um Fundo Social com recursos do pré-sal para que a União possa investir em educação, saúde, meio ambiente, cultura, ciência e tecnologia...
ZYLBERSZTAJN: Mais uma vez, ninguém mostrou de quanto será o ganho pelo modelo de partilha. Os mesmos US$ 50 bilhões poderiam ser usados em projetos de educação e saúde hoje. A necessidade existe hoje. Só daqui a uma década esse fundo começa a arrecadar dinheiro. Na minha opinião, o governo deveria guardar uma distância sanitária de vender petróleo.

Mas é bom para o país ter um bom sistema de arrecadação.

1340) Integracao energetica: um longo caminho a percorrer na America do Sul

Integração energética - uma visão brasileira
Mário Augusto Santos *
Monitor Mercantil, 26 de agosto de 2009

Já estamos acostumados a ouvir falar de integração energética. Políticos e diplomatas recheiam pronunciamentos com o tema e hoje quase todos os documentos diplomáticos sul-americanos o mencionam. De tanto ouvir falar, convencemo-nos de que deve ser coisa boa. No entanto, não se tem notícia de ninguém, nem de documento oficial, que explique direito o que vem a ser integração energética.

Como o debate é a melhor maneira de esclarecer assuntos complexos, dou aqui minha opinião sobre o que poderia ser integração energética - do ponto de vista brasileiro. Sim, pois me parece que integração, qualquer que seja seu conteúdo, só pode fazer sentido se espelhar os interesses do país que a deseja.

Para facilitar, limitemos o debate à energia elétrica, pois sua natureza difere substancialmente de petróleo e gás.

Se olharmos o mapa da América do Sul, salta aos olhos que a integração elétrica do continente só poderá ser realizada com a participação central do Brasil. O mapa mostra que o Brasil ocupa o centro do continente, com 12 vizinhos, dos quais 10 são limítrofes. Portanto, sem o Brasil, qualquer esquema de intercâmbio elétrico na América do Sul só poderá ser realizado lateralmente, de um vizinho para outro, mas não muito além. Dificilmente se pode conceber, nas atuais condições políticas, econômicas e sociais, uma ligação, digamos, da Venezuela ao Chile atravessando a Colômbia, Equador e Peru. Com a participação o Brasil, tal integração poderia viabilizar-se, desde que formulemos claramente uma política que reflita nossos interesses e que deixe claro para nossos vizinhos as condições de nossa participação.

Na ausência de tal política, é muito provável que estaremos a reboque de iniciativas vicinais que atritarão com nossos interesses, o que acarretará desgaste político para rechaçá-las ou a necessidade de renegociá-las, a fim de adaptá-las ao nosso planejamento energético.

Como o Brasil detém a maior economia da região, é natural que nossos vizinhos queiram vender-nos energia, para viabilizar sua participação até em empreendimentos praticamente financiados só por nós, ou comprar energia brasileira para não realizar pesados investimentos.
Propostas como essas podem ser interessantes, desde que diminuam custos para ambas as partes e ajudem a consolidar o arcabouço das relações bilaterais.

Poder-se-ia, portanto, deduzir que interessaria ao Brasil desenvolver uma política de integração elétrica em bases bilaterais, de negociar com cada vizinho um programa em longo prazo de intercâmbio elétrico, mantendo assim sólido controle sobre o processo.

Que condições deveriam governar a negociação de tais programas?

Seriam várias, mas aqui me deterei em uma que considero crucial. Trata-se da quantidade de energia elétrica que deveríamos importar de cada parceiro. Quando se traz eletricidade de outro país, uma parte da economia do país importador fica refém daquela energia e, portanto, sujeita às instabilidades políticas e econômicas do país exportador, sobre a qual o importador não possui nenhum controle, o que evidencia que o intercâmbio de eletricidade é um relacionamento estratégico, que implica uma grande confiança mutua entre os parceiros. Qual o grau de confiança que o Brasil poderá ter em vizinhos, a ponto de lhes entregar o poder de decidir sobre quinhões de nossa economia à eletricidade importada deles?

A história recente da América do Sul na área energética não é animadora. Num exemplo recente, a Argentina cortou sem aviso prévio o fluxo de gás natural que alimentava termelétricas chilenas, produzindo séria crise naquele país.

Como resultado, o Chile está procurando diversificar suas fontes de gás, trazendo-o inclusive da Ásia. Vê-se logo que, se formos importar eletricidade, tem de ser em quantidades que posam ser imediatamente substituídas por produção nacional e utilizando nosso sistema interligado. Só assim poderemos evitar crises induzidas e chantagens políticas.

Como resultado de acordos mal negociados, o Brasil está sujeito a dificuldades nos seu relacionamento energético com a Bolívia e o Paraguai.

No caso específico do Paraguai, estamos vendo que um tratado internacional não nos exime de permanente cobrança com respeito a Itaipu, com a perspectiva de que o acordo recentemente negociado e ainda sujeito à aprovação do Congresso não satisfará o apetite paraguaio por mais dinheiro.

Um aspecto do acordo, inclusive, suscita preocupação à luz do que foi dito acima sobre confiabilidade entre parceiros energéticos. Diz o acordo que o Paraguai poderá vender quotas crescentes de sua parte da energia da binacional no mercado livre brasileiro. Essa energia vem sendo, de acordo com o Tratado, comercializada pela Eletrobrás, mas pelo esquema negociado, caberá agora à Ande (Administracion Nacional de Eletricidad) essa tarefa. Em outras palavras, o acordo tira da Eletrobrás, empresa em que a economia brasileira deposita total confiança, e colocará sob controle da Ande, que jamais gozará do mesmo grau de confiabilidade, 10% (a parte que cabe ao Paraguai na binacional) das necessidades de eletricidade da economia brasileira. Até prova em contrario, esse item do novo acordo dará ao Paraguai maior alavancagem ainda a exigir de nos mais concessões.
_____________
* Mário Augusto Santos é diplomata. Participou das negociações que deram origem ao Tratado de Itaipu

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

1339) Pedagogia da jabuticaba e a jabuticaba da pedagogia...

A pedagogia é uma jabuticaba?
João Batista Araujo e Oliveira
Folha de S.Paulo, 18/08/2009

"A escola pode mudar a trajetória de vida das populações mais pobres. Não se trata de afirmação vazia. A evidência científica demonstra isso. Mas essa é ainda uma realidade de poucos países, notadamente Coreia, Hungria e especialmente Cuba.

Qual o segredo? Nenhum. A pedagogia não pode ser uma jabuticaba brasileira. Basta copiar o que fazem as boas escolas: programas de ensino claros, professores bem formados antes de entrar para o magistério, gestão escolar eficiente e uso de pedagogias adequadas.

O Brasil recebe, agora em agosto, um expert internacional para discutir com nossos especialistas a importância da pedagogia. Trata-se do professor Martin Carnoy, que, sob o patrocínio da Fundação Lemann, lança aqui o livro A Vantagem Acadêmica de Cuba, em que compara a eficácia do ensino naquele país com a ineficácia de Chile e Brasil.

Também em agosto um ciclo de seminários trará a seis capitais do país renomados especialistas como Clermont Gauthier (Universidade de Laval, Canadá), Roger Beard (Universidade de Londres), José Morais (Universidade de Bruxelas) e Nuno Crato (Academia Portuguesa de Matemática) para debater as pedagogias eficazes. O tema volta à cena e é um convite à reflexão.

Quem faz diferença, professor ou pedagogia? A resposta: os dois. A pedagogia sozinha não faz nada. O professor sem pedagogia também não. Bom professor é o que usa as pedagogias adequadas. Resta saber quais são essas pedagogias adequadas.

Nos últimos 30 anos, os tigres asiáticos e os países desenvolvidos descobriram que a qualidade da educação é o seu trunfo na economia global. Isso tem suscitado inúmeros avanços no conhecimento sobre o que funciona em educação. Métodos de pesquisa mais rigorosos têm propiciado conhecimentos cada vez mais consistentes e seguros nesse campo.

O que não funciona é quase tudo o que se apregoa nas faculdades de educação brasileiras. Os resultados disso são conhecidos. Confundimos pedagogia tradicional com tradição pedagógica e, usando esse pretexto, praticamente abolimos as pedagogias eficazes da sala de aula.

Mas, afinal, o que funciona? Quais as pedagogias eficazes? O leitor vai se surpreender com a falta de novidades.

Primeiro, precisamos ter objetivos claros sobre o que ensinar. Antigamente isso se chamava programa de ensino. Nos países desenvolvidos ainda responde por esse nome.

Segundo, devemos ter metas ambiciosas, estabelecidas por escolas e professores. Nos países da OCDE, mais de 80% dos alunos atingem as metas mínimas ao final do ensino fundamental.

Terceiro, o ensino deve ser organizado, o professor apresenta a matéria, explica, serve de modelo, dá exemplos, interage com os alunos. Revisões e a avaliação são frequentes -normalmente é semanal, no máximo, mensal. O dever de casa é regular -de todas, essa é a pedagogia mais eficaz.

O resto são detalhes específicos de determinadas disciplinas. Alguns exemplos: o currículo em espiral, que repete um pouco de tudo a cada ano, pode ser eficaz no ensino da língua, mas é comprovadamente desastroso em matemática: é preciso saber diminuir antes de aprender a dividir, por exemplo. A contextualização excessiva em matemática, que pode servir para motivar, dificulta o processo de transferência de aprendizagem: o ensino mais eficaz é o que leva rapidamente à abstração.

A superaprendizagem é fundamental -por isso os bons alunos sabem a tabuada de cor e resolvem muitos problemas.

Em ciências, a aprendizagem sólida dos conceitos e a capacidade de relacioná-los são mais importantes do que usar ou não laboratórios ou atividades práticas.

Saber fazer perguntas é mais significativo do que conhecer a resposta correta, mas fazer boas perguntas exige capacidade de observar e a orientação sobre o que e como observar.

Na alfabetização, métodos fônicos são superiores aos demais. Na leitura, é essencial adquirir e desenvolver fluência para poder compreender o que se lê. Dominar a ortografia e a sintaxe libera o cérebro para cuidar do sentido do que se escreve. No ensino da língua, o ensino da gramática no contexto da sintaxe da frase é mais eficaz do que o ensino de regras de aplicação genérica. E por aí vai.

Nada disso, é claro, funciona sem um professor que conheça o conteúdo, tenha o domínio da turma e a capacidade de ensinar de maneira organizada. Assegurado o conhecimento do conteúdo, o professor é tão bom quanto os métodos pedagógicos que domina. Portanto, o resgate do professor passa, necessariamente, pelo resgate da tradição pedagógica.

A evidência científica em todas as áreas de ensino é francamente favorável ao modelo instrutivista em contraposição ao modelo construtivista."

João Batista Araujo e Oliveira, psicólogo, doutor em educação, é presidente do Instituto Alfa e Beto e membro do grupo de estudo da ABC sobre aprendizagem infantil. Foi secretário-executivo do Ministério da Educação em 1995. Veja seu artigo publicado na Folha de S.Paulo:

1338) Receita para o fracasso, com sucesso

Também acho que a Argentina é o mais bem sucedido exemplo de fracasso que temos no continente. Existem outros, mas ela ganharia um Prêmio Nobel da involução econômica, do retrocesso e dos equívocos continuados...

Sete receitas para fracassar com sucesso
José Pio Martins
Economista e Vice-Reitor da Universidade Positivo

Administradores e economistas gostam de travar batalhas verbais. Aqueles dizem conhecer os casos de sucesso do passado. Estes se esmeram em montar modelos de fracasso do futuro. Os primeiros lidam com a objetividade do fazer. Os segundos pretendem conhecer as fórmulas de crescer. Os administradores estudam os campeões, que chegam em primeiro. Os economistas gostam de examinar os cadáveres, que terminam em último. Na verdade, tanto economistas quanto administradores falam coisas boas e coisas ruins; coisas certas e coisas erradas. Todavia, tanto uns como outros falham em suas análises. Felizmente, a Constituição Federal protege o direito de enunciar bobagens. Então, aí vai minha contribuição.
Apesar do fracasso das teorias econômicas e de administração em explicar o que deu errado no mundo e qual o modelo seguro para o êxito, ao examinar os cadáveres insepultos das diversas crises é possível senão conhecer o caminho da salvação, pelo menos entender a receita da perdição. Confesso que me atrai, de forma especial, o retumbante fracasso da Argentina, que se transformou do sexto país mais rico do mundo num caso perdido devastado pela inflação.
Não tenho a pretensão de estar certo, mas listei seis receitas aplicadas na Argentina nos últimos 80 anos que, se não foram os únicos tiros no coração da economia portenha, seguramente estão no cerne do fracasso do país vizinho. Promover o desenvolvimento econômico não é tarefa fácil, sobretudo quando se parte do estado natural de pobreza. O que não dá para entender é como um país rico em recursos naturais, e um dos mais ricos do mundo em riquezas artificiais, tenha conseguido a proeza de trilhar o caminho inverso, descendo a ladeira da riqueza para a pobreza vigente, hoje, no país.
Seis são, a meu ver, as principais receitas que fizeram a Argentina fracassar com sucesso:

1) emitir moeda acima do crescimento da produção por anos a fio, criando uma história de inflação e destruição da moeda nacional;
2) eleger, por décadas, governos irresponsáveis e gastadores, fazendo do déficit público uma prática contumaz;
3) estatizar, privatizar e reestatizar importantes setores da infraestrutura nacional;
4) hostilizar sistematicamente o capital estrangeiro, por meio de legislação contra a entrada de empresas e de tecnologias de fora;
5) desenvolver a cultura do calote internacional, deixando de pagar os credores por diversas vezes, tirando o país da rota dos investimentos estrangeiros;
6) dar calotes sistemáticos na dívida pública interna, atirando contra a própria população, destruindo a cultura da poupança e fomentando a fuga de capitais;
7) desenvolver a crença, já enterrada no mundo inteiro, de que o desenvolvimento econômico é obra do governo e não dos empresários e das forças produtivas privadas.

Confesso que a Argentina é um país intrigante. Seria apenas intrigante não fosse trágico. Aquele povo não merece o destino que o país trilhou nos últimos 60 anos, e não é bom para a América do Sul que esse vizinho fracasse. Sobretudo porque quanto mais o país afunda, mais os políticos parecem acreditar que a salvação está exatamente nas teorias e nas receitas que destruíram a economia nacional.
Tenho um amigo Argentino que fez uma irônica piada. A Argentina – diz ele – segue, na economia, a mesma lógica do tango: só é interessante se for trágico, e se alguém morrer no fim. Você pode ver: na maioria dos tangos, sempre morre um argentino – encerrou ele. Ironias à parte, a Argentina é um laboratório de tudo o que não se deve fazer em matéria de gestão macroeconômica de um país.

Fonte:
Prof. José Pio Martins
Vice-Reitor
Universidade Positivo
(41) 3317-3010

1337) O Apartheid em construcao no Brasil

Os comentários abaixo, encaminhados pelo Vinícius Portela, devem ser lidos em conexão com este post em outro blog meu.
Segunda-feira, Agosto 31, 2009
501) O apartheid em construcao no Brasil: NÃO no que depender de Demetrio Magnoli

Limito-me, neste momento, a transcrever estes comentários, sem adentrar no mérito dos argumentos, com os quais posso, ou não concordar.
Mas se trata de um assunto suficientemente importante para não passar à margem de nossas reflexões diárias. Apenas a falta de tempo me leva a deixar de formular comentários mais substantivos...

Transcrevendo:
"É curioso como na universidade é muito difundida a concepção de que nossa sociedade se apropria de ideologias exógenas. Contra essa "imposição da lógica do dominador", certos círculos universitários – para não fazer uma generalização indevida e de maneira a contemplar as dissonâncias, mesmo que tímidas – aguerridamente assumem uma postura combativa. A despeito da conotação ideológica, tal idéia não está de todo errada, visto que – parafraseando Millôr Fernandes – as ideologias, quando ficam velhinhas, vão morar no Brasil. Isso reflete em parte nosso debate pobre e desqualificado em que mesmo as idéias tidas como de vanguarda e contestatórias proferidas por certos membros insignes de nossa intelligentsia são compradas nos antiquários estrangeiros, como é o caso desse mito universitário.
Toda essa discussão acerca das cotas me fez lembrar quando, ainda bastante jovem, com 17 anos, fui ver uma palestra em que falava Abdias Nascimento. Foi nessa ocasião, em 2003, que ouvi falar pela primeira vez das ações afirmativas e na Fundação Ford. Elisa Larkin Nascimento, mulher de Abdias, foi quem explicou as ações afirmativas, salientando que as cotas raciais eram apenas um tipo de ação afirmativa que deveria andar junto com uma série de medidas para a integração do negro à sociedade e para a conseqüente eliminação do racismo, e não uma ação pontual para o benefício de negros, como defendiam os detratores de sua opinião – infelizmente, passados quase 6 anos não me lembro muito bem de suas palavras. Eu fiquei decepcionado com aquele encontro, eu esperava muito mais, esperava que ligassem a questão do negro à do pobre e propusessem ações concretas e eficazes para a superação dessa situação. Mas eles se contentavam, praticamente, só em entoar mantras lastimosos sobre a discriminação que sofriam e mais com a idéia de união do movimento, do “povo negro”, com todas as construções “imaginosas” típicas das afirmações de certos grupos e pouco calcadas numa avaliação mais sensata e apurada da realidade. Não estavam ali para uma discussão racional do problema. Isso me causou um certo desconforto, mas não o suficiente para me desviar o foco dalgo que me chamou muito a atenção: os tentáculos da FUNDAÇÃO FORD em dar muito do suporte ideológico para esses movimentos. Salvo engano, Elisa era ligada à essa fundação.
Este ano, tive aula com um professor favorável às cotas raciais. Basicamente, sua defesa estava pautada pelo argumento da filosofia prática desenvolvida nos EUA de que seria justo o tratamento desigual quando beneficiador dos desfavorecidos em condição imerecida. Assim, os negros não teriam culpa de serem, em geral, muito mais pobres do que os brancos, pois sua situação seria fruto quase que exclusivamente da escravidão a que foram submetidos no passado e da falta de políticas Estatais que viessem a integrar o negro à sociedade após a abolição da escravatura – no caso Brasileiro. É claro que essa é uma redução bastante grosseira de seu argumento. No entanto, com isso creio poder afirmar que seu argumento é muito mais elaborado do que o de Frei Davi e de muitos dos engajados no movimento negro.
Entretanto, penso que ignore muitos aspectos importantes que concorreram para a formação dessa realidade, pois se em geral, no Brasil, os negros constituem maciçamente aqueles que vivem em situação de miséria, na região sul, por exemplo, serão encontrados muitos brancos também, índios, mas é, claro, basicamente mestiços. Assim, o negro não é miserável, não é pobre porque é negro, ou por simples preconceito, mas por uma série de motivos de diversas ordens, dentre os quais a escravidão, mas que não podem ser reduzidos unicamente a este. Disso se segue que o argumento da “dívida histórica” com a população negra é extremamente discutível. Em verdade, se presta mais a uma figura de retórica na boca de líderes carismáticos e demagogos com um forte apelo emotivo.
Reuniões como aquela a que me referi, me fazem lembrar do que li em um certo livro de Peter Berger. Este ao se referir ao caso do negro nos EUA, dizia que era um ato de “má fé” tratar um ser humano exclusivamente como “negro”. Que esses receptores dessa identidade negativa eram muito propensos a aceitar as categorias de seus opressores, mas atribuindo um valor oposto a essa ficção. Assim, se impunha, em suas palavras, “um ‘orgulho de raça’ em lugar da vergonha anterior, construindo assim uma contraformação de racismo negro que não passa de sombra de seu protótipo branco”. Berger não descarta a utilidade de contraformações desse tipo para a organização da resistência à opressão, mas ressalta que “seja como for, estão fundadas em “má fé”, cujo poder corrosivo por fim cobra seu tributo, quando aqueles que adquiriram dolorosamente ‘orgulho de raça’, descobrem que adquiriram na verdade algo de muito vazio”.
Face a isso, penso que tais ecos dessas idéias no Brasil, além de não darem uma boa solução ao problema, criam outros também danosos, ao transpor para cá um modelo que nasceu numa sociedade de forte caráter sectário, de um racismo muito mais aflorado e concentrado, que teve leis discriminatórias como reflexo disso, diferente da sociedade brasileira que, a despeito de um racismo difuso, superou em parte tais problemas ao se “mestiçar” em um grau “incomparavelmente” maior. Uma semente de racismo made in USA.
Por fim, essas discussões sobre as cotas são um tanto infrutíferas e apresentam um forte viés “eleitoreiro” e – ressalto novamente – demagógico, pois tiram a atenção sobre os investimentos necessários na educação básica e profissionalizante – um dos meios efetivos que, aliado a outros, contribuem para a superação da pobreza – para se focar no acesso de certas “minorias” à universidade. Algo compreensivo, visto que no primeiro caso seria um investimento a longo prazo sem efeitos imediatos e sem a visibilidade que as ações afirmativas universitárias dão, além de que também se beneficiariam disso os estratos mais pobres da população, mas estes não são tão organizados quanto os estudantes universitários, na maior parte não estariam em idade de votar, nem agem como formadores de opinião. Realmente, é muito mais lucrativo afagar nossos universitários, bem como a tantos outros que vivem nas franjas r dos favores de nosso Estado paquidérmico. Para nossa desgraça, o tratamento objetivo de problemas e a proposta de políticas de Estado que os solucionem é algo muito mais raro em nossa política e no debate nacional, como bem prova a energia gasta com as cotas."
Vinicius Portela

1336) Ranking das universidades latino-americanas

Link para a América Latina aqui.

CONTINENT RANK UNIVERSITY WORLD RANK

1 Universidade de São Paulo 38

2 Universidad Nacional Autónoma de México ** 44

3 Universidade Estadual de Campinas 115

4 Universidade Federal de Santa Catarina Brasil 134

5 Universidade Federal do Rio Grande do Sul 152

6 Universidade Federal do Rio de Janeiro 196

7 Universidade de Brasília 204

8 Universidad de Chile 227

9 Universidade Federal de Minas Gerais 241

10 Universidade Estadual Paulista 269

11 Universidad de Buenos Aires 291

12 Universidad Autónoma del Estado de México 348

13 Universidade Federal do Paraná 352

14 Pontificia Universidade Católica do Rio de Janeiro 354

15 Universidad de Guadalajara 385

16 Universidad de Costa Rica 386

17 Tecnológico de Monterrey * 391

18 Universidade Federal do Rio Grande do Norte 419

19 Universidade Federal da Bahia 422

20 Universidad de los Andes 459

21 Universidad de Concepción 497

22 Universidade Federal do Ceara 503

23 Universidade Federal Fluminense 517

24 Universidade Federal de Pernambuco 522

25 Universidad de la República ** 530

26 Universidad Nacional de Colombia 541

27 Universidad de los Andes Mérida 564

28 Pontificia Universidade Católica do Rio Grande do Sul 566

29 Pontificia Universidad Católica de Chile * 633

30 Universidad Nacional de la Plata 659

31 Instituto Politécnico Nacional 716

32 Universidad Simón Bolívar Venezuela 729

33 Universidade do Estado do Rio de Janeiro 733

34 Universidad Autónoma Metropolitana 744

35 Universidade Federal de São Paulo 759

36 Universidad de Antioquia 761

37 Universidad Nacional de Cordoba 762

38 Universidade do Vale do Rio Dos Sinos 768

39 Fundação Getulio Vargas 773

40 Universidade Estadual de Maringá 777

41 Universidad de Puerto Rico Mayaguez 779

42 Universidade Federal de Lavras 807

43 Pontificia Universidad Católica del Perú 827

44 Universidade Federal de Viçosa 856

45 Universidade Federal de Uberlândia 862

46 Universidade Federal de Goiás 870

47 Universidade Federal de São Carlos 900

48 Universidad Nacional Mayor de San Marcos 906

49 Universidade Federal de Santa Maria 909

50 Universidad Austral de Chile 932

51 Centro Universitário Senac Servico Nacional de Aprendizagem Comercial 949

52 University of the West Indies 951

53 Pontificia Universidad Javeriana 975

54 Pontificia Universidade Católica de São Paulo 981

55 Universidade Estadual de Londrina 984

56 Universidade Federal da Paraíba 990

57 Universidad del Valle 994

58 Universidade Federal do Pará 998

59 Universidade Regional de Blumenau 1,006

60 Universidade de Santa Cruz do Sul 1,007

61 Pontificia Universidad Católica de Valparaíso * 1,027

62 Escuela Superior Politécnica del Litoral 1,059

63 Universidad Autónoma de Nuevo León 1,065

64 Universidad Tecnológica Nacional 1,069

65 Universidad Nacional del Nordeste 1,095

66 Universidade Federal do Espírito Santo 1,098

67 Universidad Técnica Federico Santa María 1,146

68 Universidade de Passo Fundo * 1,178

69 Universidade do Estado de Santa Catarina 1,181

70 Universidad Veracruzana 1,183

71 Universidade Federal de Campina Grande 1,198

72 Universidad de Puerto Rico 1,224

73 Universidade Federal de Juiz de Fora 1,227

74 Pontificia Universidade Católica do Minas Gerais 1,231

75 Universidade de Taubate 1,234

76 Universidad de Sonora 1,252

77 Universidad Autónoma de Baja California 1,257

78 Universidad Nacional de Rosario 1,262

79 Universidad Nacional de Colombia Medellín 1,277

80 Escuela de Administración Finanzas y Tecnología Medellín 1,294

81 Universidad Nacional Costa Rica 1,316

82 Colegio de México 1,317

83 Universidad Católica Argentina 1,343

84 Universidad de Santiago de Chile 1,350

85 Universidad de San Carlos de Guatemala 1,351

86 Universidad de Talca 1,385

87 Universidade Federal do Rio Grande 1,391

88 Universidad Iberoamericana 1,396

89 Universidad Autónoma de Puebla 1,399

90 Universidad Nacional de Cuyo Mendoza 1,414

91 Pontificia Universidade Católica do Paraná 1,415

92 Universidad Central de Venezuela 1,416

93 Universidad Michoacana de San Nicolás de Hidalgo 1,425

94 Universidad de Colima 1,437

95 Universidad Nacional del Sur 1,444

96 Universidad Autónoma de Tamaulipas * 1,447

97 Universidade Presbiteriana Mackenzie 1,454

98 Senac São Paulo 1,462

99 Pontificia Universidade Católica do Campinas * 1,470

100 Universidad de las Américas Puebla 1,478

Metodologia:
About the Ranking


Objectives of the Webometrics Ranking of World's Universities

The original aim of the Ranking was to promote Web publication. Supporting Open Access initiatives, electronic access to scientific publications and to other academic material are our primary targets. However web indicators are very useful for ranking purposes too as they are not based on number of visits or page design but on the global performance and visibility of the universities.

As other rankings focused only on a few relevant aspects, specially research results, web indicators based ranking reflects better the whole picture, as many other activities of professors and researchers are showed by their web presence.

The Web covers not only only formal (e-journals, repositories) but also informal scholarly communication. Web publication is cheaper, maintaining the high standards of quality of peer review processes. It could also reach much larger potential audiences, offering access to scientific knowledge to researchers and institutions located in developing countries and also to third parties (economic, industrial, political or cultural stakeholders) in their own community.

The Webometrics ranking has a larger coverage than other similar rankings (see table below). The ranking is not only focused on research results but also in other indicators which may reflect better the global quality of the scholar and research institutions worldwide.

We intend to motivate both institutions and scholars to have a web presence that reflect accurately their activities. If the web performance of an institution is below the expected position according to their academic excellence, university authorities should reconsider their web policy, promoting substantial increases of the volume and quality of their electronic publications.

Candidate students should use additional criteria if they are trying to choose university. webometrics Ranking correlates well with quality of education provided and academic prestige, but other non-academic variables need to be taken into account.

Design and Weighting of Indicators

The unit for analysis is the institutional domain, so only universities and research centres with an independent web domain are considered. If an institution has more than one main domain, two or more entries are used with the different addresses.

The first Web indicator, Web Impact Factor (WIF), was based on link analysis that combines the number of external inlinks and the number of pages of the website, a ratio of 1:1 between visibility and size. This ratio is used for the ranking, adding two new indicators to the size component: Number of documents, measured from the number of rich files in a web domain, and number of publications being collected by Google Scholar database.

Four indicators were obtained from the quantitative results provided by the main search engines as follows:

Size (S). Number of pages recovered from four engines: Google, Yahoo, Live Search and Exalead.

Visibility (V). The total number of unique external links received (inlinks) by a site can be only confidently obtained from Yahoo Search.

Rich Files (R). After evaluation of their relevance to academic and publication activities and considering the volume of the different file formats, the following were selected: Adobe Acrobat (.pdf), Adobe PostScript (.ps), Microsoft Word (.doc) and Microsoft Powerpoint (.ppt). These data were extracted using Google, Yahoo Search, Live Search and Exalead.

Scholar (Sc). Google Scholar provides the number of papers and citations for each academic domain. These results from the Scholar database represent papers, reports and other academic items.

The inclusion of the total number of pages is based on the recognition of a new global market for academic information, so the web is the adequate platform for the internationalization of the institutions. A strong and detailed web presence providing exact descriptions of the structure and activities of the university can attract new students and scholars worldwide.

The number of external inlinks received by a domain is a measure that represents visibility and impact of the published material, and although there is a great diversity of motivations for linking, a significant fraction works in a similar way as bibliographic citation.

The success of self-archiving and other repositories related initiatives can be roughly represented from rich file and Scholar data. The huge numbers involved with the pdf and doc formats means that not only administrative reports and bureaucratic forms are involved. PostScript and Powerpoint files are clearly related to academic activities.

More info:
Aguillo, I.F.; Ortega, J. L. & Fernández, M. (2008). Webometric Ranking of World Universities: Introduction, Methodology, and Future Developments. Higher Education in Europe, 33(2/3): 234-244.
Ortega, J. L., Aguillo, I. F. (2009). Mapping World-class universities on the Web. Information Processing & Management, 45(2): 272-279
Aguillo, I. F.; Granadino, B.; Ortega, J. L.; Prieto, J. A. (2006). Scientific research activity and communication measured with cybermetric indicators. Journal of the American Society of Information Science and Technology, 57(10): 1296-1302
Aguillo, I. F.; Granadino, B.; Ortega, J.L. & Prieto, J.A. (2005). What the Internet says about Science. The Scientist, 19(14):10

1335) Ranking de universidades: USP em 38o. lugar

Eu sempre desconfio dessas classificações e acho que, no caso do Brasil, existe muita embromação, mas pode ser que os espanhóis tanham sido sérios. Em todo caso, o progresso foi um pouco rápido demais, para corresponder a uma melhoria por saltos. Nessas matérias, os avanços são graduais...

USP É CLASSIFICADA A 38ª MELHOR UNIVERSIDADE DO MUNDO EM RANKING
Folha Online, 31.08.2009

A USP (Universidade de São Paulo) foi classificada como a 38ª melhor melhor universidade do mundo em um ranking elaborado por um órgão de pesquisa do governo espanhol. O ranking, elaborado duas vezes por ano pelo Conselho Superior de Pesquisas Científicas do Ministério da Educação da Espanha, classifica 6.000 instituições do mundo, dentre 17 mil avaliadas. A base da classificação é a visibilidade e o desempenho global da universidade, o que inclui indicadores de pesquisa e de qualidade de estudantes e professores. A USP foi a única universidade brasileira a figurar entre as cem primeiras da lista e foi a primeira da América Latina. A Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), a segunda brasileira citada, ficou na 115ª posição. Em relação à edição de janeiro, a USP subiu 49 posições. Em relação à edição do ano passado --quando ficou classificada na 113ª posição --a universidade subiu 75 posições.

Na primeira colocação, aparece o Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, na sigla em inglês), seguido pela Universidade Harvard e a Universidade Stanford em terceiro. As três são dos Estados Unidos, país que ocupa as 21 primeiras posições da lista. A primeira não norte-americana é a Universidade de Cambridge, da Inglaterra (22ª). As outras instituições brasileiras citadas entre as 300 primeiras são: Universidade Federal de Santa Catarina (134ª), Universidade Federal do Rio Grande do Sul (152ª), Universidade Federal do Rio de Janeiro (196ª), Universidade de Brasília (204ª) e Universidade Federal de Minas Gerais (241ª).

Um dos principais indicadores avaliados pelo ranking --chamado de "Webometrics Ranking of World Universities" (Ranking Mundial de Universidades na Web, em tradução livre)-- é o número de acessos, via internet, dos artigos produzidos pelas escolas. "Essa classificação demonstra que a USP consolida seu perfil como universidade de classe mundial, produzindo, cada vez mais, pesquisas na fronteira do conhecimento e de nível internacional", afirmou, em nota, a reitora Suely Vilela. Diversas instituições fazem rankings de universidades. Entre os mais tradicionais estão o da Universidade de Jiao Tong (China) e das publicações "US News & World Report" (Estados Unidos) e "Times" (Inglaterra). Um dos objetivos dessas listas é indicar aos alunos as melhores instituições para se estudar

1334) Progressos do socialismo do seculo 21: um manifesto, agora

Pessoalmente, tenho vontade de conhecer esse livro prometido pelo presidente Chávez, durante sua visita na Libia, conforme matéria abaixo. Como sou um leitor compulsivo e um escrevinhador costumeiro, terei certamente o que comentar a partir da leitura de obra tão relevante do pensamento socialista mundial.
Para os que não sabem, já efetuei uma leitura modernizada do Manifesto Comunista original, de Marx e Engels, em minha obra Velhos e novos Manifestos (ver neste link).
Quando li, não encontrei nada de excepcional no Pequeno Livro Vermelho do Presidente Mao, uma coleção de banalidades incitando ao trabalho e à vigilância revolucionária durante a então Revolução Cultural naquele grande país asiático.
Também não encontrei nenhuma novidade, do meu ponto de vista, no Livro Verde do Coronel Kadhafi, do qual li largos excertos transcritos no Le Monde, quando ainda morava na Europa como estudante.
Pode ser que esse livro Manifesto, prometido por Chávez, seja uma nova maravilha do pensamento socialista mundial, mas tenho o direito de desconfiar.
Se se situar no mesmo nível das banalidades conceituais que ele expressa frequentemente, como abaixo registrado, então deverá ser muito aborrecido.
A conferir.

Presidente Chávez propone crear Manifiesto Socialista de los Pueblos
Ofreció una conferencia en el Centro Mundial del Libro Verde
El objetivo es acelerar la propuesta del socialismo. Invitó a celebrar un encuentro de los poderes populares entre Libia Venezuela. Con este acto finaliza su visita a Libia
Crear un manifiesto socialista de los pueblos planteó el presidente Hugo Chávez, este martes en el Centro Mundial del Libro Verde de la capital libia, donde ofreció una conferencia sobre el socialismo del siglo XXI.
“Así como tenemos el Manifiesto Comunista, el Libro Verde, y tantos documentos que han surgido de la mente brillante de muchos hombres, ya es tiempo de que surja algo así como el Manifiesto Socialista de los Pueblos”.
El objetivo de esta iniciativa es acelerar el socialismo. “El socialismo es el camino a la vida. No queremos barbarie, queremos vida. Queremos un mundo de justos e iguales, y ese mundo se llama el socialismo”.
Así mismo, invitó a organizar encuentros entre los poderes populares de Venezuela y Libia. “Ya es hora de cruzar nuestras experiencias. Aprender unos de otros. Los gobiernos populares tienen que juntarse. Y nosotros desde los gobiernos y las instituciones impulsar esta alianza popular”, dijo.
"La unión en la que creo es la que se soporta en la complementación de las fortalezas, y creo que hemos entrado en una etapa de mayor profundidad, la unión de los pueblos".
Con este acto, el presidente Hugo Chávez finaliza su visita a Libia. Este miércoles estará en Argelia.

Prensa Presidencial / 1 de septiembre 2009
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Fuente: www.minci.gob.ve

terça-feira, 1 de setembro de 2009

1333) Ipea: pegando um gatuno no ato...

Desculpe pela comparação, mas não encontrei algo melhor para classificar a tentativa canhestra de justificativa não justificada, em torno da inacreditável peça de ficção econômica, que foi servida a todos nós pela inacreditável (desculpem o excesso de adjetivos inacreditáveis, mas acho que são justificados) direção política daquilo que outrora foi uma séria instituição de pesquisa econômica (lamento pelos seus técnicos não tabajaras).

A arte de abater fraudes em pleno vôo
Refiro-me, obviamente à fantástica fábrica de chocolate econômico do atual presidente do Ipea, que em sua mais recente aventura pelo terreno pantanoso do surrealismo econômico, apresentou-nos uma verdadeira revolução científica na medição da produtividade do setor público brasileiro.
Eu pensei que depois de ter sido desmascarado por gente mais competente do que ele, o cidadão em questão -- que certamente não merece o título de economista, muito menos a função -- enfiaria a viola no saco e ficaria quieto, até passar a lembrança do triste episódio e ele não precisar pedir demissão por incompetência.
Pois não é que ele reagiu -- mal, como sempre -- e tentou vender nova versão de sua fraude continuada?
Eu comentei a carta (não assinada) mandada por um inefável Ipea à jornalista Miriam Leitão, que tinha transcrito uma nota técnica rebatendo o chocolate azedo do presidente do Ipea.

Os interessados em seguir o fio da meada até essa fase, podem se referir ao meu último post de uma série memorável (não pelas boas razões, obviamente), neste link, que remete aos posts anteriores:
1320) O Ipea persiste na enrolacao: deixa a substancia de lado e se refugia na tergiversacao

Agora os mesmos economistas que desmantelaram a fraude subeconômica do fantástico e inacreditável comandante dos tabajaras econômicos respondem com argumentos técnicos à canhestra carta justificatória. Segue abaixo o seu teor.

28/08/2009
Cara Miriam Leitão,
O objetivo do senador Tasso Jereissati é sempre contribuir para o bom debate técnico. Causou-nos surpresa a nota enviada elo IPEA ao seu blog, pois não há a mínima justificativa técnica para a nota da presidência de número 27 que é objeto da controversa.

Apenas para dar um exemplo, a réplica do IPEA enviada ao blog da jornalista Miriam Leitão afirma que:
"A consulta à literatura especializada ou à própria Assessoria de Comunicação do Instituto permitiria constatar que o método de aferição da produtividade na administração pública e privada no Brasil – utilizada no estudo – encontra-se em plena conformidade com aquele adotado por outras instituições de pesquisa aplicada, como, por exemplo, Centre for the Measurement of Government Activity (Inglaterra), Partnership and Productivity in the Public Sector (Nova Zelândia) e National Center for Public Productivity (Estados Unidos), entre outras. Todas de referência internacional. Como o Ipea."

Infelizmente, a assessoria do presidente do IPEA se enganou mais uma vez. Por exemplo, o Centre for the Measurement of Government Activity (Inglaterra) faz exatamente o oposto do que o IPEA fez. O Professor Atkinson coordenou um grupo de trabalho e escreveu um relatório final em 2005 justamente alertando sobre os problemas do calculo da produção do setor público como estava sendo feito pelo governo Britânico. Esse relatório deu origem a criação do Centre for the Measurement of Government Activity como um departamento do "the Office for National Statistics (ONS)" justamente para tentar modificar a forma de medida da produção do setor público pela metodologia das contas nacionais. As principias conclusões do relatório foram que:
(i) Era necessário melhorar a contabilidade pública para que se pudesse medir de fato o que está sendo produzido pelos gastos com os serviços públicos;
(ii) Não se deve continuar assumindo que os gastos são simplesmente iguais ao produto em uma parte tão importante da economia, que reponde por um quinto do PIB na Inglaterra; e
(iiii) O UK Office for National Statistics está no caminho correto de tentar introduzir medidas para mensurar diretamente a produção do governo, mas essas estatísticas governamentais precisam ainda ser melhor desenvolvidas.

A íntegra do citado relatório final está disponível no seguinte link:
http://www.statistics.gov.uk/about/data/methodology/specific/PublicSector/Atkinson/final_report.asp

Em resumo, o relatório traz propostas de como modificar o calculo do setor público nas contas públicas justamente por esse cálculo ser baseado na igualdade entre os custo do setor público e produção como acontece no Brasil e nos Estados Unidos, o que impede que se possa medir produtividade do setor público a partir das contas nacionais. O que o IPEA fez foi justamente o contrário das próprias instituições que o próprio instituto cita para se defender: utiliza a medida errada para calcular o crescimento de produtividade do setor público e ainda comparar com o setor privado. O IPEA deveria sim ter proposto medidas alternativas de mensurar a produtividade do setor público como fez Centre for the Measurement of Government Activity (Inglaterra).

Como podemos ver na justificativa do relatório assinado pelo Atkinson, em um resumo que fez do seu trabalho que deu origem ao The Measurement of Government Activity (Inglaterra), publicado no "Journal of the Statistical and Social Inquiry Society of Ireland, Vol. XXXIV (2005)" pp. 153:
"For many years, the contribution of the public sector to national income was measured by simply assuming that output = input. It was taken for granted that you get out what you put in. This assumption is clearly unsatisfactory, since it tells us nothing about how the productivity of the public sector is changing over time. Some countries, such as the US, still measure the output of the government by the inputs, but this is no longer regarded as good statistical practice. More than 10 years ago, in 1993, the UN System of National Accounts (SNA) was revised to recommend that countries drop the assumption that output = input and seek to measure directly the output of public services (United Nations, 1993). The SNA recommendations are not mandatory, and, as just noted, the US is not following them, but in the case of the European Union (EU), they were legally adopted. Under a decision of December 2002, EU Member States are required to introduce direct measures of public sector output in time for the 2006 national accounts (with the exception of Denmark, which secured a derogation until 2012)."
Disponível em: http://www.tara.tcd.ie/handle/2262/8840?mode=simple

Traduzindo a frase sublinhada acima: por muitos anos, a contribuição do setor público para as contas nacionais foi mensurada assumindo simplesmente que produto = insumos. Tomou-se como verdadeira a hipótese de que você produz o que você gasta. Essa hipótese é claramente insatisfatória pois nada informa sobre como a produtividade do setor público está se modificando ao longo do tempo".

Em resumo, a própria instituição britânica citada pela carta do IPEA enviada a este blog mostra porque não se pode calcular a produtividade do setor público pelas contas nacionais.
Atenciosamente,
Assessoria Econômica do Senador Tasso Jereissati

========

PS PRA: Até quando os tabajaras vão continuar insistindo em comandar uma instituição séria? Quando eles decidirão se penitenciar por este enésimio petardo subeconômico?
Quando eles vão se mudar para Roraima, onde poderão desfrutar de salários elevados, mesmo sem nenhuma produtividade que os justifiquem?
Até quando, para parafrasear um desses antigos famosos da velha Roma, eles vão continuar a abusar da nossa paciência?

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

1332) Chavez desistiu do Mercosul, ao que parece...

Talvez seja mesmo uma desculpa para uma decisão que os (poucos) empresários venezuelanos (que sobraram), nunca aprovaram de verdade.
PRA

Presidente Chávez: En América Latina hay una dinámica integradora que trasciende el Mercosur

“El no ingreso de Venezuela como miembro pleno del Mercado Común del Sur (Mercosur) no significa para nosotros que se va a detener el avance de los planes de integración de América del Sur, porque en el continente hay una nueva dinámica integradora y apunta a otras direcciones”, afirmó el presidente Hugo Chávez Frías.

En un encuentro con corresponsales de medios internacionales expresó que “sea cual sea la decisión sobre el ingreso de Venezuela al Mercosur, nosotros seguiremos avanzando”.

“Venezuela salió de la Comunidad Andina de Naciones (CAN), ¿y en qué nos ha afectado? Desde nuestra salida se incrementó aún más el comercio con Colombia y se está incrementando con Bolivia y Ecuador”, señaló.

Igualmente, precisó, como ejemplo, que las relaciones comerciales con Argentina y Brasil siguen en aumento: “Así que no es imprescindible estar en el Mercosur o en la CAN para continuar avanzando en la (Unión de Naciones Suramericanas) Unasur, Petrocaribe, en la integración y unidad en todos los sentidos con el resto de las naciones”.

Agencia Bolivariana de Venezuela (ABN) (Domingo 30/08/2009)

1331) Decisao da OMC sobre o caso do algodao, Brasil vs EUA

WTO ISSUES ARBITRATION REPORTS IN US-BRAZIL COTTON DISPUTE
The WTO today (31 August 2009) issued two reports covering the arbitration proceedings dealing with the US-Brazil cotton dispute (DS267).
Decision of the Arbitrator.

L'OMC PUBLIE DES RAPPORTS D'ARBITRAGE CONCERNANT LE DIFFÉREND ETATS-UNIS/BRÉSIL SUR LE COTON
L'OMC a publié aujourd'hui (31 août 2009) deux rapports d'arbitrage concernant le différend Etats-Unis/Brésil sur le coton (DS267).
La décision de l'arbitre.

1330) Ingresso no Itamaraty: pequena polemica em copo d'agua

Uma matéria publicada no caderno de fim de semana do jornal O Globo (30.08.2009), sob a assinatura da jornalista Fátima Sá, despertou bastante interesse nos candidatos à carreira diplomática. Um deles me escreveu o que transcrevo mais abaixo, a que respondi o que segue in fine. Primeiro a matéria do Globo.

Quem quer ser um diplomata?
Por Fátima Sá - Enviada especial a Brasília
O Globo, Revista da Semana, 30.08.2009

Novas regras no concurso para o Itamaraty e maior projeção do Brasil no cenário mundial atraem candidatos dos mais diferentes perfis

Metido num terno cinza escuro, gravata caprichosamente apertada, sapato recém-engraxado, Amintas Angel Cardoso Santos Silva vive, sem se dar conta, um momento histórico.
Nascido há 32 anos num bairro de classe média baixa de Salvador, filho de professores duros mas que investiram tudo na educação da família, Amintas fez o que deu até chegar ao terno cinza escuro. Estudou psicologia, ensinou violão, foi recepcionista bilíngue da Prefeitura de Santos, trabalhou concedendo crédito agrícola para famílias pobres no sertão da Bahia e comandou até pesquisas de opinião em borracharias.
Há pouco mais de duas semanas, mudou-se para Brasília. E no último dia 12, deu nó na gravata, botou o celular pré-pago no bolso e correu para o Palácio do Itamaraty.
Aprovado no último concurso realizado pelo Instituto Rio Branco, entre março e junho deste ano, Amintas foi o 72º diplomata empossado naquela tarde no Ministério das Relações Exteriores.
Seus colegas de turma começaram a chegar ao Itamaraty uma hora antes da cerimônia de posse. Dois vinham do Piauí, um do Acre, três de Goiás, 59 do Rio e de São Paulo... Eram 109, ao todo — a maioria bacharéis em direito e relações internacionais.
Mas também havia físicos, jornalistas, engenheiros e até um zootécnico entre eles.
Do total, 70% eram homens. O mais jovem, com 22 anos. O mais velho, com 47. Uns poucos eram filhos de diplomatas, como Pedro Penha Brasil, que nasceu em Brasília e passou a maior parte de sua vida no exterior. A maioria não tinha mesmo qualquer contato com a carreira, como a carioca Paula Cristina Pereira Gomes, formada em história, filha de um bancário aposentado e de uma cabeleireira.
A turma reflete uma mudança de perfil que vem ocorrendo nos últimos anos entre os aprovados pelo Rio Branco.
Se no passado os diplomatas ficaram conhecidos por punhos de renda, o clichê da vez podem ser as mangas arregaçadas. E isso se deve a um conjunto de fatores, a começar pela própria diplomacia brasileira, que cresceu e apareceu.
— O país ganhou peso no cenário internacional, está mais atuante, é candidato declarado e reconhecido ao Conselho de Segurança da ONU, tem participação importante na Organização Mundial do Comércio e papel nevrálgico na América do Sul. Tudo isso fez as pessoas perceberem como a diplomacia é importante e tornou a carreira mais atraente — diz o embaixador Fernando Reis, diretor-geral do Instituto Rio Branco.
Luiz Fellipe Schmidt, aprovado em segundo lugar no concurso de 2007, reconhece que achava a carreira um bocado obscura a princípio. Engenheiro de telecomunicações, ele entrou na faculdade em 1999, um ano após a privatização das teles. Quando saiu, o mercado de trabalho era o paraíso. Mas logo vieram as fusões, as empresas começaram a se reestruturar, o cenário mudou do vinho para a água. Luiz Fellipe, que já sentia que faltava alguma coisa, começou a pesquisar e decidiu tentar o concurso.
Promovido recentemente, já é segundo secretário, lotado na Coordenação-Geral de Contenciosos do ministério.
— Tem todas as áreas: cultural, educacional, aeroespacial, ambiental, de direitos humanos, de direito internacional.
Isso aqui é um microcosmo do mundo — ele diz.
E esse microcosmo ganhou tanta importância que em 1998 havia apenas cinco cursos de graduação em relações internacionais no Brasil e hoje existem 150. Ao mesmo tempo, o concurso para o Itamaraty começou a chamar a atenção também pela oferta de vagas. Em 1999, eram apenas 20. Desde 2006 são mais de cem por ano.
A tendência é que o número seja mantido até o ano que vem.
Por tudo isso (e, naturalmente, pelo salário inicial, que já foi muito baixo mas hoje é de R$ 10.906,86), os candidatos à diplomacia triplicaram. Eram 2.500 há dez anos. Hoje, são mais de nove mil.
Professor de história com mestrado em relações internacionais, João Daniel Almeida tinha 26 anos quando percebeu o início dessa onda.
Vira e mexe era procurado por candidatos ao Itamaraty que queriam aulas particulares. E saiu-se tão bem que os alunos logo começaram a pedir indicações também de bons professores de inglês, português, geografia. Foi assim, “por acidente”, como ele diz, que nasceu o Curso Clio, um fenômeno na preparação de candidatos ao Instituto Rio Branco. Dos 109 aprovados no concurso deste ano, 98 passaram pelo Clio, o que fez de João uma espécie de celebridade na cerimônia de posse.
Junto com a professora de inglês Raphaela Serrador, João Daniel inaugurou o Clio em 2003, numa salinha alugada em Vila Isabel. Tinha 18 alunos.
Hoje, o curso ocupa parte de um prédio no Centro, tem filiais em Brasília e em São Paulo e soma 1.105 estudantes.
Desses, 176 têm bolsas que vão de 5% a 100%. Até o fim do ano, o curso pretende abrir unidades em Porto Alegre, Salvador, Florianópolis, Curitiba, Recife e Belo Horizonte.
Para 2010, há mais 12 cidades na mira.
Atualmente, as provas do Itamaraty acontecem em 18 capitais, mas houve um tempo em que era preciso ir a Brasília para a seleção. A exigência já tirava do páreo candidatos que não podiam viajar naquele momento.
— Quando entrei no Itamaraty, nos anos 60, a grande fonte de futuros diplomatas era a Zona Sul do Rio de Janeiro.
Agora o processo está mais democrático. Há mais candidatos de outras cidades, com idades e histórias mais variadas. Afinal, o ministro Celso Amorim costuma dizer que nossa diplomacia deve ter o rosto do Brasil — lembra o embaixador Reis.
O professor João Daniel faz coro: — Os diplomatas de hoje são mais coloridos, pragmáticos e experientes. Podem não saber quem compôs “As bodas de Fígaro”, mas têm condições de refletir sobre a política internacional, porque estudaram bastante o assunto.
A citação à ópera de Mozart não é gratuita. Até o início da década, a primeira fase do concurso para diplomatas (que elimina mais de 90% dos inscritos) era composta de questões de conhecimentos gerais como essa. Havia perguntas sobre música (dodecafônica, até), literatura, artes plásticas e filosofia grega, que mediam muito mais o verniz do candidato do que sua capacidade de raciocínio e conhecimento real. Levava vantagem, naturalmente, quem vinha de um ambiente mais erudito e sofisticado. A maioria dos aprovados hoje ainda é de classe média alta, mas há um programa de estudos claro, que todos podem seguir.
— Antes era uma prova que media os conhecimentos de uma certa cultura aristocrática.
Selecionava quem vinha desse ambiente — diz o sociólogo e doutor em geografia humana Demétrio Magnoli, que integra o Grupo de Análises de Conjuntura Internacional (Gacint) da USP. — Os novos diplomatas eram os filhos dos diplomatas. E as mudanças que aconteceram no exame, de modo geral, democratizaram o acesso.
Vivendo no Qatar desde 2008 como segunda secretária e assessora direta do embaixador, a carioca Claudia Assaf conheceu os dois momentos da prova. Neta de sírios, formada em matemática, com pós em análise de sistemas, ela trocou um emprego na IBM pela possibilidade de estudar e praticar o idioma árabe na Universidade de Damasco.
Depois, rodou o mundo como aeromoça na companhia Gulf Air, do Barein. Quando batia saudade do Brasil, corria para uma embaixada e ficava lá, falando português e lendo revistas e jornais brasileiros. Foi numa dessas que teve a ideia: a diplomacia era o caminho ideal para continuar conhecendo outras culturas e, ao mesmo tempo, manter uma ligação forte com o Brasil. Em 1996, marcou férias para a época do concurso e veio fazer a prova.
— Eu não tinha ideia daquilo.
Keynesianismo, Diego Velázquez, Kant? Desisti e voltei para o Golfo desiludida — lembra ela, por email, de Doha, onde, entre outras ações, já ajudou a libertar uma brasileira que era mantida em cárcere privado pelo marido estrangeiro.
Em 2002, Claudia decidiu. Ia investir o que tinha na preparação.
E tentaria quantas vezes fosse preciso, até 2009. Afinal, o concurso mudou, mas ainda é difícil. E muito. Para ajudar, Claudia foi fazer um curso de relações internacionais. E em 2004 fez o concurso pela primeira vez “pra valer”. Passou na terceira tentativa e tomou posse em 2006, prestes a fazer 35 anos e duas semanas antes do nascimento de seu primeiro filho. Como todos os diplomatas recém-empossados, ela passou um ano e meio estudando no Instituto Rio Branco. Ao fim do curso, dedicou sua monografia à memória dos avós sírios, que eram muito pobres, analfabetos e a principal inspiração para ela estar ali.
Os diplomatas são empossados como terceiros secretários, passam seis meses apenas estudando no Instituto Rio Branco e, depois, estudam e fazem algum estágio no ministério.
Concluído o curso e passados um ou dois anos, podem ficar em Brasília ou parar em locais tão diferentes quanto Belmopan ou Paris.
Alexandre Siqueira Gonçalves, de 29 anos, tomou posse ano passado e faz estágio no cerimonial. No dia 12 de agosto andava de um lado para o outro trabalhando na cerimônia de posse, enquanto o secretáriogeral Samuel Pinheiro Guimarães discursava sobre diplomacia e os quatro milhões de brasileiros que moram no exterior.
Alexandre é doutor em engenharia química, formado nos Estados Unidos graças a uma bolsa de estudos. Mas jura que sua turma não sonha com postos em Londres ou Nova York.
— O pessoal está querendo desafios — ele diz.
Outra mudança que vem procurando democratizar o acesso à carreira é o programa de ação afirmativa. Criado em 2002, ele seleciona candidatos afro-descendentes por meio de provas e entrevistas para receber uma bolsa de estudos de R$ 25 mil.
Não é cota. O dinheiro deve ser gasto em cursos, livros e no que mais for necessário para que o candidato se prepare para o concurso. Amintas, Paula e outros dois diplomatas empossados com eles foram bolsistas do programa. Desde 2002, 170 candidatos já receberam a bolsa, e 15 deles conseguiram passar no concurso. O programa é polêmico.
Num país cujo corpo diplomático está muito distante de espelhar a diversidade étnica das ruas, há quem veja a bolsa como um ótimo instrumento de democratização. E quem pense o contrário.
— Sempre são lembradas as histórias de quem conseguiu entrar graças a programas assim.
E nunca as de quem ficou de fora por causa deles — pondera Demétrio Magnoli, que também vê com ressalvas a campanha brasileira por uma vaga no Conselho de Segurança da ONU. — É um objetivo que o Brasil não pode alcançar por meios próprios. E engajar a política externa numa campanha assim nos leva a desperdícios e distorções. Um reflexo disso é a recusa do país em condenar certas ditaduras.
Para ampliar a influência do Brasil lá fora, o governo Lula abriu 36 novos postos diplomáticos, em locais como Tanzânia, Bangladesh e Sri Lanka.
Temos hoje 1.623 diplomatas e 203 embaixadas, consulados, viceconsulados, representações e escritórios lá fora. Um deles fica em Kuala Lumpur, na Malásia, onde está o segundo secretário Luiz Fernando Deo Evangelista, que trabalha como chefe do setor comercial desde abril. Luiz Fernando é outro exemplo desses novos ventos no Itamaraty. Até 2007 era cirurgião do Hospital Miguel Couto.
Desanimado com os rumos da medicina pública, emocionado com a experiência que tinha vivido numa missão humanitária no Sudão e de olho na diplomacia, ele mudou de vida.
— Percebi que muitos problemas podiam ser resolvidos com iniciativas políticas, muitas vezes mais eficazes do que as pequenas ações que médicos praticam no dia a dia. O interesse por outras culturas e um certo ecletismo também contribuíram para a escolha.
Luiz Fernando tinha 41 anos quando tomou posse, em 2007.
Não teria a mesma chance se isso fosse antes de 1999. Até lá a idade máxima para ingressar na carreira diplomática era de 35 anos. Hoje não há mais limite.
Para disputar o concurso, basta ter curso superior. Qualquer um, de qualquer área.
Para passar, em 2007, o médico Luiz Fernando começou a se preparar seis anos antes. Fez relações internacionais, entrou para o curso Clio e surpreendia os colegas de plantão com a quantidade de livros que carregava para cima e para baixo.
A maioria nem desconfiava do motivo. O cirurgião só deixou o hospital quando passou na prova e, no Itamaraty, aprendeu que diplomacia, ao contrário de emergência médica, exige um tempo mais lento, conversa, digestão e avaliação.
Quem se prepara para enfrentar a maratona do concurso precisa mesmo aprender a lidar com o tempo. Passada a primeira fase, que é só de questões objetivas de história, português, direito, economia, política internacional e geografia, vêm as provas discursivas das várias disciplinas. Francês, antigamente, entrava na primeira fase. E já eliminava um monte de gente de cara. Hoje, é prova apenas classificatória, como espanhol.
Inglês era eliminatória até 2005. Deixou de ser, o que causou a maior polêmica. Mudanças como essas, além da abertura de mais vagas, têm deixado diplomatas mais conservadores indignados.
— Um ótimo inglês é prérequisito indispensável. É bom democratizar, sim, mas o corpo diplomático de um país tem que reunir sua elite intelectual — diz um egresso do Rio Branco que prefere não se identificar.
Os candidatos, por outro lado, juram que a prova ficou mais difícil. Em alguns dias do concurso, chega-se a ficar sete, oito horas fazendo provas — escrevendo, em média, duas páginas e meia por hora.
Henrique Paiva Nascimento da Silva, 28 anos, faz simulados periodicamente para se preparar para o próximo concurso.
Apaixonado por diplomacia, ele estudou na Academia Militar das Agulhas Negras e tinha esperança de ser um “militar diplomata”.
Com o tempo, viu que isso não dependia dele e ainda podia levar 30 anos para se realizar. Henrique estava a caminho de virar capitão quando decidiu “trocar o muito certo pelo extremamente duvidoso”.
Deixou o Exército e entrou no curso Clio. Hoje, dedica 12 horas por dia à preparação. Só não abre mão do chope sagrado das noites de sexta. Bate ponto, com a turma do Clio — incluindo aí o professor João Daniel — no sebo e bar Al-Fárábi.
Um jeito democrático de aliviar o estresse sem culpa, com cerveja.
Mas cercado de livros.

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On 30/08/2009, at 22:04, [Fulano] wrote:

Caro Professor Paulo,
Primeiramente, desculpe importuná-lo.
Hoje no jornal O Globo saiu uma matéria onde afirmava que o Itamaraty estava de cara nova, sobretudo, devido as medidas socioafirmativas que incluíram dentre o corpo dos neófitos diplomatas, indivíduos que seriam inimagináveis a pouco tempo.
Sem adentrar no mérito das medidas “inclusivas” a qual compartilho a sua opinião de repulsa contra esse racismo velado, o que me preocupou foi um comentário de um anônimo, mas ao que parece membro do corpo diplomático, que ganhou coro. Esse indivíduo afirmou que paira no Instituto e nos corredores do Itamaraty que os jovens diplomatas são despreparados e que o ensino ministrado está bem aquém dos anos anteriores. Credita, o comentarista, essa piora a democratização do acesso ao IRBr.
Então, caro professor, como membro respeitado e dileto professor do IRBr (ao qual, conforme promessa feita a mim, ainda será meu orientador de Economia e Ciências Políticas), queria saber se esse tipo de impressão procede. Há uma deteriorização do ensino e, sobretudo, da chancelaria brasileira?
Faço essa pergunta, pois não nego, somente pude cogitar ser um “filho do Barão” com a democratização (aumento de vagas e modificação das provas) do acesso ao IRBr, pois por mais que me destacasse na minha terra, acreditava que estar no círculo pensante brasileiro era algo impossível para alguém de uma região incrustada no semi-árido brasileiro. Mas essa democratização, pelo visto, está dissolvendo uma parte que eu considero essencial do “ser diplomata” que é o amor a estudo, ao conhecimento.
E fico com medo de ingressar no IRBr (se Deus assim quiser ...) e for taxado como uma massa favorecida por medidas governamentais e não ser submetido ao estudo dado a tantas gerações de indivíduos que lá freqüentaram.
Não quero reviver essa mesma história, pois ao ser membro de uma classe de cotistas na Universidade, por mais que eu tenha sido aprovado pelo método tradicional (sem cotas ou nenhuma benesse estatal), era hodiernamente colocado em situações onde era taxado como pertencente a “turma de cota”. Não queria facilidades, não queria um ensino diferente. Queria ser tratado com o mesmo rigor dado a tantos outros. Deixar ao arbítrio da seleção natural selecionar os mais aptos, mas isso era repudiado por esses métodos socioarfimativos.
Desculpe-me esse desabafo e a pergunta indigesta, caro professor, mas ressalto a profunda admiração, pois retrata aquilo que coloquei como meta de vida: Ser um indivíduo crítico e pensante pela minha própria cabeça. Um Cogitant Homines.
Obrigado pela parcimônia.
Abraços.
[Fulano]

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Minha resposta:

Caro [Fulano],
Essas "percepcoes" de perda de qualidade da nova geracao de diplomatas sao eminentemente impressionistas e subjetivas. Elas so poderiam ser confirmadas numa avaliacao comparativa, numa série de anos, caso os requisitos de acesso fossem os mesmos e o recrutamento diminuisse; ou, ao contrario, caso esses critérios tivessem se tornado menos exigentes, justamente, e com isso se tivesse uma "enxurrada" de candidatos de baixo nível, o que obviamente não ocorre. Nenhuma das duas hipoteses, portanto, é valida, pois as informacoes de que disponho sao as de que os exames de selecao continuam tao rigorosos quanto antes. Eu até diria que os novos entrantes são melhores do que as gerações passadas, pois a idade média aumentou, muitos vêm com mestrado completo, vários com doutorado, a maioria com experiência de mercado e uma vida mais diversificado do que os "velhos" diplomatas, que entraram no segundo ou terceiro ano da universidade, como era o caso antigamente.
Nao creio, tampouco, que seja o caso do sistema de acao afirmativa. Podemos até contestar uma bolsa de 25 mil reais para poucos privilegiados ditos afro-descendentes, posto que isso é racismo declarado, mas isso nao interfere no recrutamento e selecao, que continuam a ser feitos com base em provas não indetificadas. Pode-se argumentar que isso deu uma vantagem indevida a um pequeno grupo de candidatos, mas o mesmo ocorre com filhos da classe média alta, que passaram o tempo todo estudando, sem precisar trabalhar e sem limitacoes na compra de livros e cursinhos preparatorios. Pode-se dizer que dinheiro publico está sendo distribuido com base em criterios racialistas, mas esse tipo de deformacao das politicas publicas ocorre amplamente em outras esferas das politicas publicas desde varios anos, tendo sido acelerado no governo atual, mas ja era praticado no governo anterior.
Acredito que se você pretende se preparar, deve faze-lo de modo totalmente independente desses comentários e programas de ação afirmativa. Você será tratado como qualquer outro candidato, posto que será um concurseiro completamente desconhecido até o resultado final...
Espero ter respondido a suas preocupacoes.
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Paulo Roberto de Almeida

domingo, 30 de agosto de 2009

1329) De novo a questao da Petrobras (e seu capital)...

O capital insociável da Petrobras
VINICIUS TORRES FREIRE
FOLHA DE S PAULO, 30.08.2009

Na véspera da festa do pré-sal, ainda era medonha a confusão sobre quem vai deter o capital da maior empresa do Brasil

A HISTÓRIA do aumento do capital da Petrobras começou a vazar em agosto de 2008 (uma empresa aumenta seu capital quando vende novas ações: fica "maior" e com "mais dinheiro"). Em março de 2009, ouvia-se, aqui e noutras páginas, que o governo compraria de "R$ 40 bilhões a R$ 70 bilhões" das novas ações da Petrobras.
Quitaria a operação por meio da transferência de blocos do pré-sal para a Petrobras, áreas não licitadas nem avaliadas. Ou, então, a Petrobras não precisaria pagar dividendos à União até a quitação do negócio. Ou, ainda, o governo federal faria dívida para comprar ações e, assim, reestatizar parte da empresa.
A amplitude da estimativa e dos esquemas de financiamento ilustra o tamanho dos delírios brasilienses, para nem mencionar a dificuldade de quitar a compra de ações por meio de um ativo do qual não se conhece nem o tamanho nem o preço (as tais áreas do pré-sal).
Em abril, a troca de ações pelas reservas "havia sido descartada por Lula". A capitalização também deixava de ser líquida e certa: "era muito lobby da Petrobras", dizia um ministro. Mas, em julho, Lula de novo "queria prestigiar a estatal". Na verdade, havia se decidido que a empresa teria papel relevante na gerência e na exploração de todas as áreas do pré-sal, o que demandaria capital extra em quantidade que a Petrobras não seria capaz de levantar no mercado por meio de mais dívida.
No final de julho, um ministro dizia que a capitalização seria de "R$ 30 bilhões a R$ 80 bilhões" (sic), e, outra vez, que a União pagaria as novas ações com as áreas do pré-sal.
Nesta semana, houve relatos de que a capitalização poderia ser de até R$ 100 bilhões. Um ministro da área econômica, tão (ou tão mal) inteirado como outros da comissão do pré-sal, dizia na sexta que "isso [R$ 100 bilhões] é só o que a Petrobras quer".
Então chegamos na véspera da festa da campanha do pré-sal nesta confusão a respeito do que será da maior empresa do país e da Bolsa;
que investe tanto ou mais que o governo federal; que tem o maior plano quinquenal de investimentos do mundo, empresa que será, aparentemente, dominante no pré-sal.
Não se sabe se o governo vai reestatizar parte da Petrobras "no grito", superfaturando reservas incógnitas do pré-sal, ficando assim com ações demais. Ou se o governo pode comprar as ações por meio de endividamento, dívida que seria paga quando e se se soubesse o valor das áreas do pré-sal que seriam transferidas à Petrobras. Quantos áreas teriam de ser entregues à estatal? Vai ser uma graça ver como essa conta vai ser feita.
Outra graça vai ser um bloco de uns 2 milhões de ações sendo ofertado no mercado de uma só vez.
Se a capitalização vier e se houver respeito aos acionistas minoritários, o valor da empresa pode até dobrar (na sexta, valia R$ 320 bilhões). Se os minoritários não tiverem dinheiro bastante, podem sofrer uma diluição pesada (sua fatia no capital cai, assim como seus rendimentos).
Levando a mixórdia da discussão a um dos absurdos que a confusão do governo permite, o que será do câmbio se estrangeiros em massa comprarem ações da estatal? E tudo é discutido à matroca, com vazamentos disparatados a respeito de uma empresa que está na Bolsa.

1328) Alho e oleo, com pouco sal, por enquanto...

Editorial do jornal O Globo, deste domingo 30.08.2009, sobre o novo modelo de exploração de petróleo no Brasil.

RETROCESSO
EDITORIAL
O GLOBO, 30/8/2009

Qualquer que seja a proposta que o governo deverá anunciar amanhã para a exploração da chamada cada de pré-sal, em uma celebração para a qual foram convidadas cerca de três mil pessoas — em grande número não relacionadas com a atividade do petróleo — significará um retrocesso. Face à expectativa da existência de enormes reservatórios (confirmados inicialmente em alguns blocos da Bacia de Santos, licitados pelas regras ainda em vigor) de óleo e gás no pré-sal, o governo simplesmente resolveu abandonar a experiência acumulada desde a abertura do mercado brasileiro no setor e deve partir para uma aventura.
O modelo de concessão, posto em prática a partir de 1997, mostrou-se eficaz em todos os sentidos — tanto que, sob ele, foram encontradas estas reservas. A Petrobras deixou de ser uma estatal cheia de amarras e condicionada ao monopólio, e se transformou em uma companhia apta para concorrer em qualquer parte do mundo, multiplicando sua capacidade de investimento por meio de diversas parcerias.
Outras empresas de petróleo vieram para o Brasil, trazendo contribuições importantes para a indústria.
Surgiram também companhias nacionais, de pequeno, médio e grande portes, com grande probabilidade de êxito.
A formação de especialistas e a pesquisa, antes circunscrita à Petrobras, por causa do antigo monopólio, espraiou-se por universidades do país inteiro. A atividade da indústria do petróleo tem reforçado diretamente economias até mesmo de estados não produtores.
E os cofres da União efetivamente arrecadam somas consideráveis de recursos, provenientes de diferentes impostos, royalties e participações especiais. Eles recebem 50% dos royalties.
A título de melhor distribuir as riquezas que poderão ser geradas na exploração do pré-sal, o governo pretende adotar um novo modelo, o de partilha, extremamente controverso por ser o mais usual em países com regimes autoritários e que apresentam elevados índices de corrupção. É um modelo centralizador e estatizante. Portanto, um retrocesso em relação ao que está em vigor.
O potencial econômico do présal é de fato muito alto, e justificaria a aplicação de regras específicas para sua exploração.
No entanto, os marcos regulatórios atuais são suficientemente flexíveis e capazes de levar o governo a atingir os objetivos supostamente pretendidos. A parte que já leva a União lhe permite exercitar o distributivismo com outros estados e municípios, sem atropelar a legislação e punir outras unidades da Federação, como o Rio de Janeiro, que recebem royalties e participações especiais, alvo da ganância tributária do Planalto.
Há um temor, que vai se tornando cada vez mais verdadeiro pela maneira que o governo tem conduzido toda esta questão, de as autoridades estarem usando o pré-sal apenas como pretexto para retornar ao velho e retrógrado monopólio, induzidas pela ideologia estatizante que reina em Brasília. É um saudosismo sem fundamento, que até já conseguiu interromper o transcurso de novas concessões nos blocos fora do pré-sal.
Amanhã não haverá o que se comemorar.
A razão da mudança no modelo do petróleo é ideológica.

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Nota final PRA: Eu acrescentaria um outro argumento: o governo está vendendo a pelo do urso (ou do leão, como se queira) antes de matá-lo. São altamente incertas as condições de exploração do présal, assim como seus custos de extração.
O governo está pretendendo (aliás, já está fazendo) colocar dezenas de bilhões de reais na Petrobras (mais de cem, ao que parece), o que vai redundar, inevitavelmente, em comprometimento dos recursos do Tesouro, e do BNDES, com um financiamento que as empresas exploradoras (Petrobras e outras) poderiam conseguir facilmente nos mercados financeiros internacionais, deixando todo o risco para as próprias companhias. Ou seja, ele retira dinheiro que poderia estar servindo para melhorar a saúde e a educação dos brasileiros, para alimentar um sonho ideológico.
Nota zero, ou menos dez, para o governo...

1327) Peru a brasileira e outras jabuticabas

Reflexões sem juizo (à maneira de Millor)

Algumas reflexões a partir de palestras, seminários e outros encontros acadêmicos.
Cada vez que, em palestras ou seminários aos quais sou convidado, formulo algumas considerações sobre outros países, logo ouço, de comentaristas ou curiosos, que talvez aquele caso mencionado não serve como exemplo para o Brasil, por uma razão ou por outra (geralmente porque o país é muito grande, ou porque é muito pequeno, ou porque é mais pobre, ou porque é mais rico, e por aí vai).
Obviamente, eu nunca pretendo que o Brasil repita a experiência de qualquer outro país, o que é literalmente impossível, apenas que ele aprenda com seus acertos e erros.
Eu me refiro, na maior parte dos casos, aos tipos de politicas econômicas empregadas para ajuste macro-estrutural, para preservação da estabilidade, crescimento, etc.
Inevitável que nessas circunstâncias surjam referências aos exemplos positivos e negativos da China, da Irlanda, da Argentina, da Venezuela, dos EUA, e de outras experiências, como os casos do Chile e do México, também.
Nao adianta alguem dizer que tal e tal caso não se aplica ao Brasil, que, por exemplo, o Chile e a Irlanda são economias pequenas, com inserção definida na economia mundial, muito diferente da do Brasil e coisas do genero. Isso é elementar.
Mas, como já dizia o Mario Henrique Simonsen, "à brasileira" existem muitas coisas, como o peru, a caipirinha, a broa de milho, o tutu à mineira, a feijoada, o jeitinho e a jabuticaba.
Mas, economia é uma ferramenta, cujos mecanismos podem ter aplicacao universal, pois se trata de equações matemáticas e relações de causa a efeito.
Déficit público constante sempre vai impactar a relação dívida/PIB e o nível dos juros, quer você esteja no Equador ou na Antartida.
Emissionismo irresponsavel sempre vai causar inflação, a quaisquer condições de tempo e temperatura.
A economia desconhece a geografia e apenas se ocupa de relações entre fatores produtivos e ambiente de negócios, sendo o Estado um importante ator, no mais das vezes distorcendo as condições de mercado e "poluindo" as regras do jogo. Externalidades são uma importante área de atuação do Estado, mas burocratas incompetentes e politicos mal instruidos podem provocar danos irreversiveis ao crescimento econômico, ao emprego e ao bem estar.
Geralmente eu me refiro apenas a isso em minhas palestras.
Exemplos bem sucedidos devem, sim, ser estudados, pois não é todo dia que paises inteiros (como a China, por exemplo) dobram o PIB per capita em poucos anos.
Exemplos de fracassos tambem devem ser estudados (não precisa pensar na Argentina, pois há vários outros), pois nos trazem lições sobre o que não fazer.
O que quer que se possa dizer no plano ideológico, experiências exitosas de crescimento sustentado devem ser estudados, e em qualquer hipotese Chile e Irlanda devem ser considerados como "exemplos", nao como modelos, para o Brasil.
Da mesma forma, a Africa e boa parte da América Latina devem figurar entre os exemplos de fracasso e tambem merecer estudo atento.
Nós somos, aliás, um notavel exemplo de fracasso: não precisa ir muito longe para perceber o que fizemos de errado.
Se alguém desejar, eu posso fazer uma lista enorme de erros monumentais em política econômica, e ela não começa pelos juros altos do BC, que é mera consequência de erros anteriores, acumulados e repetidos...
Apeans uma reflexão...

Brasília, 30.08.2009

1326) A rainha das diárias (aliás, um congresso de rainhas, se tal fosse possivel)

O post abaixo foi pesacado na internet, de um outro blog, e precisa ainda ser confirmado por quem de direito.
Mas, posto que sou eu, e você, caro leitor, que pagamos as diárias desta rainha do abuso, cabe, de fato, esclarecer os fatos...

A rainha das diárias
A Secretaria Especial de Políticas e Promoção da Igualdade Racial, aquela entidade onde reinava a Matilde Duty Free, tem uma sucessora à altura: a assessora internacional Magali Silva Santos Naves que, apenas nos primeiros quatro meses do ano, faturou R$ 52.581,73. Em maio, foram mais de R$ 25 mil, uma média maior do que R$ 1 mil por dia, em termos de dias úteis. É a campeã entre as companheiras do governo Lula, quando o assunto é "diárias".

Com a palavra, o ministro corregedor, ou seja lá que nome tenha...