O Estado brasileiro contra o Brasil: a liberdade econômica no mundo e o caso do Estado ‘opressor’ do Brasil -I | ||
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Liberdade econômica no mundo: o relatório do Fraser Institute Os brasileiros pagaram mais impostos em 2010 do que eles haviam pago em 2009; mas eles já haviam pago mais impostos em 2009, comparativamente a 2008; aliás, 2008 também já tinha representado um aumento em relação a 2007, assim como 2007 tinha seguido essa mesma tendência, e assim por diante (ou, neste caso, assim para trás), até onde a vista alcança no passado. Desde a promulgação da Constituição de 1988, os brasileiros pagam progressivamente mais impostos a cada ano, quase como a “crônica de uma extorsão anunciada”. Mas não se pense que, antes, o cenário de espoliação fosse mais ameno para os contribuintes brasileiros; eles já vinham sendo espoliados de forma relativamente eficiente um pouco mais a cada ano, desde o início do regime militar. A Constituição de 1988 apenas consolidou esse processo, ao “encomendar” despesas sempre crescentes, a partir de todas as “bondades” prometidas a todos e a cada um. O pagamento de impostos, contudo, é apenas uma das categorias retidas pelo Fraser Institute, de Vancouver (Canadá), em cooperação com o Cato Institute, de Washington, para classificar os países segundo o critério básico das liberdades econômicas noEconomic Freedom of the World: 2011 Annual Report (disponível: http://www.freetheworld.com/2011...; para os outros anos: http://www.freetheworld.com/reports...). A metodologia utiliza mais de quatro dezenas de critérios, organizados em cinco grandes categorias, para atribuir uma pontuação comparativa a quase uma centena e meia de países, indo do mais livre (Hong Kong) até o mais “oprimido” (o Zimbábue, na 141a., e última, posição). As cinco grandes categorias em torno das quais são organizados os 42 critérios de avaliação da pesquisa sobre liberdades econômicas no mundo são as seguintes: tamanho dos governos (despesas, impostos, investimentos); estrutura legal e garantias quanto aos direitos de propriedade; disponibilidade de moeda estável; liberdade de transacionar no plano mundial; regulação do crédito, do trabalho e do ambiente empresarial. Os fundamentos das liberdades econômicas, na tradição dos inspiradores desse estudo – Adam Smith, Alfred Hayek e Milton Friedman –, são a liberdade de escolha, as trocas voluntárias e a existência de mercados abertos. Friedman, como se sabe, era um grande admirador de Hong Kong, não que isso significasse uma adesão da ex-colônia britânica às sua teorias: a ilha simplesmente seguia o pragmatismo britânico, tendo aliás superado a renda per capita da metrópole muito tempo antes de ser “devolvida” à China. Hong Kong, hoje uma região autônoma do gigante asiático, exibe 9.01 pontos de um máximo de 10, posição que ela vem ocupando de forma consistente desde 1980. O Zimbábue, por sua vez, não passa de 4.08 pontos, degradando por pouco o antepenúltimo lugar da Venezuela, que figura na lista com 4.28 pontos. Apenas antecipando a análise mais detalhada que se fará adiante, o Brasil aparece na posição 102o, com 6.19 pontos, sendo o pior dos Brics na categoria das liberdades econômicas, ainda assim superando com folga a vizinha Argentina, que persegue sua própria marcha para a opressão estatal. (a continuar...) 25/9/2011 Fonte: ViaPolítica/O autor Dados completos dos países, disponíveis em Excel, para o relatório anterior, o de 2010, podem ser obtidos neste link: www.freetheworld.com/2010/reports/world/EFWdataset2010 Paulo Roberto de Almeida é diplomata, professor universitário e autor de Globalizando. |
Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, em viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas.
O que é este blog?
Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;
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terça-feira, 27 de setembro de 2011
O Estado brasileiro contra o Brasil: carencia de liberdades economicas
O declínio do Brasil, ops, dos EUA - Arvind Subramanian
Vai demorar para consertar, daí essa possibilidade de declínio, ou de ser eclipsado por outros países que crescem mais rápido.Enfim, uma tartaruga, ou um cágado, para ficar na fábula habitual no Brasil. Não vamos tirar o acento...
Paulo Roberto de Almeida
Quem eclipsará os EUA?
Simon Johnson
Valor Econômico, 22/09/2011
Alguns anos atrás, algumas pessoas consideravam que o Japão tinha ultrapassado os EUA. A Europa também estava, supostamente, competindo pelo predomínio econômico mundial. Hoje, quaisquer dessas afirmações parecem absurdas.
Dissenso de Washington - livro de Rubens Antonio Barbosa
Timothy Garton Ash e a "decada perdida" dos EUA pos-11/09
Para o historiador britânico Timothy Garton Ash, a década que seguiu o 11 de Setembro marcou um (importante) desvio na História. Mas a estrada principal da história do nosso tempo, por assim dizer, será marcada pelo deslocamento de poder do Ocidente ao Oriente. Isso não significa que os atentados não tenham deixado um legado desafiador, como demonstra em seu novo livro, “Os fatos são subversivos: escritos políticos de uma década sem nome”, lançado pela Companhia das Letras. Em entrevista ao GLOBO por telefone da Califórnia, o professor da Universidade de Oxford diz que o custo da Guerra ao Terror foi alto demais para poucos resultados, e não hesita em afirmar que década foi perdida para os EUA.
O GLOBO: Em 2001, falou-se dos ataques como um novo marco na História, assim como a queda do Muro de Berlim. O senhor ainda concorda com essa visão?
TIMOTHY GARTON ASH: O período que vai entre o 9 de novembro de 1989 (a queda do Muro de Berlim, ou 9/11 no estilo europeu de escrever as datas) e o 11 de setembro de 2011 (ou 9/11 na forma americana), é um momento muito importante. Mas estou convencido de que o primeiro 9/11 foi mais marcante do que o segundo. Apesar de ter sido um evento de importância extraordinária, não acho que o 11 de Setembro represente o início de uma nova grande era. Não acredito que nossa época será marcada pela luta contra o terrorismo. Esta ameaça foi reduzida pelo que já foi feito contra ela, mas também pela Primavera Árabe. A grande história do nosso tempo não será essa, e sim a ascensão da Ásia, além do deslocamento do poder do Ocidente ao Oriente. Esta, sim, é a grande história do nosso tempo, que define a política de hoje.
● Dez anos após o 11 de Setembro, o senhor considera que o mundo é um lugar mais seguro ou mais perigoso?
GARTON ASH: O mundo sempre foi um lugar perigoso, e sempre será. Mas o risco ligado ao terrorismo será reduzido. Há outros, no entanto. Estados nucleares, aquecimento global, superpopulação, falta d’água... Além disso, como falei, estamos num período de deslocamento de poder. Na História, podemos observar que costumam ser períodos de riscos crescentes, e estou certo de que este também será.
● Como você avaliaria os anos de guerra contra o terror?
GARTON ASH: O governo Bush cometeu grandes erros. Acredito que a invasão do Afeganistão tenha sido necessária, mas poderíamos ter saído de lá mais cedo. O Iraque foi um erro. Além do custo humano altíssimo, houve um custo financeiro altíssimo. US$ 4 trilhões... dá para imaginar o que poderia ter sido feito com esse dinheiro?
● O que devemos esperar do Iraque e do Afeganistão?
GARTON ASH: Temos a maior potência militar do mundo nesses dois países, mas em nenhum deles a guerra acabará em vitória. Houve uma incrível perda de vidas humanas, mais de sete milhões de refugiados de Afeganistão, Paquistão e Iraque. E o Iraque, hoje, não é um país livre. Não tenho nenhuma hesitação em dizer que o mundo seria um lugar melhor hoje se EUA e Reino Unido não tivessem ido ao Iraque. Mesmo no Afeganistão, o que teremos conquistado será muito modesto. Além disso, é o Paquistão o maior desafio hoje. Talvez no futuro vamos perceber que Obama deveria ter se concentrado no Paquistão.
● Mas, nesse caso, haveria um fim? Um dia Afeganistão, depois Paquistão...
GARTON ASH: Em geral, os problemas não são resolvidos, eles são ultrapassados por outros problemas. Estou aqui nos EUA, e o Iraque não é mencionado nenhuma vez na TV. Há dois anos, só se falava nisso. Talvez os problemas não sejam resolvidos, mas eles acabam desaparecendo da mídia.
● Diria que foi uma década perdida para os EUA?
GARTON ASH: No meu livro, digo exatamente isso. Foi uma década perdida. Se os EUA soubessem no início da década para onde estávamos indo, talvez tivessem gastado esses trilhões em educação, desenvolvimento, e estariam em situação melhor.
● Ainda não há uma definição internacional do terrorismo...
GARTON ASH: Terrorismo deveria ser usado no plural: terrorismos. Matar civis é errado, mas há uma diferença entre as mortes causadas pelo movimento antiapartheid liderado por Mandela, por exemplo, e o terrorismo internacional. No caso do terrorismo nacional, se você resolver o problema político, o terror pode acabar. No caso de Bin Laden, não há nada a fazer. Você tem que lutar contra ele.
● Você era um crítico da política de George W. Bush para o Oriente Médio. Como avalia Obama nesse quesito?
GARTON ASH: Bom, há um comentário famoso em Washington: “Na Primavera Árabe, Obama tem liderado por trás.” Há uma ponta de verdade nisso. Ele não deu uma grande prioridade à democracia na região, mas as pessoas de lá deram. Com o tempo, ele melhorou, e acho que tem feito um ótimo trabalho em empurrar a solução de dois Estados para Israel e Palestina.
● Para o senhor, a integração de imigrantes muçulmanos nos EUA e na Europa é um dos principais fatores para prevenir ataques terroristas nesses países. Como estão lidando com isso?
GARTON ASH: Esse é um problema muito maior para a Europa, que tem uma população envelhecendo dramaticamente enquanto, do outro lado do Mediterrâneo, há uma população constituída em sua maioria por jovens. Já nos EUA, esse é um problema menor, pois os muçulmanos são mais integrados, educados. Para nós, na Europa, é um grande desafio, e estamos lidando muito mal com isso.
● A Primavera Árabe pode resultar num fortalecimento de islamistas e tornar a região mais radical ou é o contrário?
GARTON ASH: Esse é o episódio mais esperançoso do século. Devemos acolhê-lo sem hesitação. Mesmo se o Islã político subir ao poder, teremos que aceitá-lo. Claro que falo num tipo de islamismo moderado, ao estilo turco. Se radicais começarem a colocar bombas, será diferente.
● Tony Blair chegou a dizer que a Primavera Árabe justificou, a posteriori, a invasão ao Iraque, mostrando que as pessoas queriam mudanças...
GARTON ASH: É completamente diferente. De um lado temos um movimento espontâneo, vindo de baixo. Do outro, o que os neoconservadores viam como democracia no Oriente Médio. O que vemos hoje na Síria, por exemplo, é uma resistência civil impressionante. Essa população que está na rua tem menos de 30 anos. No final, se eles ficaram desapontados após terem arriscado suas vidas, vão deixar o país. E vão aonde? A Europa está tão obcecada com a crise do euro que não está em condições de dar uma resposta à altura. Mas é ela que será afetada se der errado. Como num ciclo vicioso.
Politicas politicamente corretas na Bolivia: vamos parar tudo...
Cesar Maia contra o voto de lista: germe do autoritarismo
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Stimulus and the Depression: The Untold Story - Wall Street Journal
By HAROLD L. COLE AND LEE E. OHANIAN
The Wall Street Journal, September 26, 2011
The U.S. doesn't need another war to revive the economy.
Narcotrafico na Bolivia: crescimento sustentado...
"La política antidrogas de Bolivia no solo genera tensión con Estados Unidos, sino también cada vez más con varios países vecinos y de la Unión Europea"
Brceu Bagley, experto en política antidrogas
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